School Days escrita por Isa


Capítulo 124
Capítulo 124: Emily




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Isaac acordou por volta das onze da noite, graças aos berros da irmã ao telefone. Definitivamente, nunca a tinha visto tão estressada com Matt antes. Nem mesmo em alguma crise aleatória de ciúmes. Porém, aquela briga em especial já durava tempo demais. Ao menos, para os dois que quase nunca discutiam.

Ficava incomodado, precisava admitir. Não apenas por ser acordado assim, de repente, mas também porque a situação o recordava da época em que Noah e Frannie namoravam. Mais especificamente, durante o “pré-término”. Conhecia-a bem demais, portanto conseguia prever quando a paciência dela estava quase se esvaindo.

Por que isso o preocupava? Bem, porque Matt a fazia feliz e não duvidava que, ao contrário de quando fora com Noah, ela acabaria se arrependendo cedo ou tarde, caso terminassem. E mesmo que passasse 99,9% do tempo a zoando – o que ela, carinhosamente, retribuía –, odiava mais que qualquer outra coisa no mundo vê-la triste. Até porque, isso a tornava a garota mais insuportável do planeta. Além de fazê-lo se sentir culpado a cada piada em momentos indevidos que fazia sem pensar.  

“Talvez eu apenas deva parar de me preocupar...” Pensou. Tecnicamente, o problema não era dele, certo? Se Frannie decidisse, por qualquer razão que fosse – ainda não haviam conversado a respeito da razão de todo o “drama” –, terminar com o quarterback, ela teria que lidar com isso, não é verdade? Bastaria se esforçar um pouco para não incomodá-la demais durante a fase de “recuperação” e tudo ficaria bem.

Droga, era péssimo para lidar com pessoas magoadas, claro que nada ficaria bem. Do jeito que conseguia ser inconveniente, acabaria piorando ainda mais a situação.

— Não vai voltar a dormir?

Ouvir a voz de Terry o tirou de toda a “paranoia” – que nem deveria existir, já que não havia um único motivo concreto para ter se convencido daquilo – relacionada ao possível término.

Hm? Ah, sim. Só estava... Pensando, um pouco.

Olhou para ela, com um pequeno sorriso. Era uma das raras vezes em que tinham permissão para passarem a noite juntos. Isaac mal podia esperar pela formatura... Logo, teriam liberdade para desfrutarem o quanto quisessem da companhia um do outro, sem que consultar os pais fosse necessário.

— Sobre...?

— Nada demais. – Afirmou. Realmente, não era. Ele apenas ficava neurótico diante de ter de lidar com uma Frannie triste. Se ela “naqueles dias” já ficava difícil de aturar, não queria nem pensar na combinação disso + um coração partido. – A gritaria também acordou você?

— Como não? – A gordinha questionou, retoricamente. Ele riu. De fato, a irmã havia exagerado “um pouquinho” no tom. – Falando sério agora, por que eles brigaram?

Suspirou.

— Não faço ideia. Sempre que tento tocar no assunto, ela se esquiva.

— Deve ser algo bem sério, para estar durando tanto... 

— Você acha? – Riu debochado, recebendo um olhar de reprovação. – Desculpa. Mas qual é, Terr... Sabe muito bem que a Fran às vezes exagera no drama.

— Não sei não... Acho que o Matt deve ter feito besteira sim.

— Pode ser. – Deu de ombros, contraditoriamente não dando a mínima para o motivo da discussão. – Bom, melhor voltarmos a dormir...

— Tem razão. Não podemos mesmo perder a hora amanhã. – Enfatizou o “mesmo”. Para ela, os últimos dias do ano sempre eram os mais complicados em Roosevelt. O diretor Kemmer e os professores ficavam estressados e acabavam descontando nos alunos. Além disso, os formandos que chegavam atrasados sempre acabavam sendo escolhidos como “mão-de-obra” para ajudarem na organização da cerimônia, o que sem dúvidas não queria.

Isaac então voltou à cama, deitando-se com ela e a envolvendo em um abraço. Terry simplesmente não conseguia deixar de sorrir diante daquilo. Amava tê-lo ali, ao seu lado. Havia algo sobre o gamer que conseguia, estranhamente, fazer tudo perfeitamente bem. Ficava imensamente feliz por não estarem enfrentando problemas no relacionamento tão próximos da formatura, como Matt e Frannie.

— Ei, Terr... – Ele sussurrou próximo ao seu ouvido. Respondeu apenas com um “hm?”, embora o sorriso permanecesse. – Eu te amo. Sabe disso, certo?

Sei. – Confirmou, esperando não soar narcisista. – E eu também te amo, Isaac.

(...)

Josh estava feliz naquela manhã por vários motivos.

Primeiro: seria o penúltimo dia de aula antes da formatura e mal podia conter sua ansiedade pela cerimônia. Queria se formar, ir para a faculdade, estudar cinema ao lado de uma de suas melhores amigas e morar com seu incrível namorado. Tudo bem que, graças à superproteção bizarra do pai de Gwen – que usando alguma bruxaria desconhecida, conseguiu “contaminar” os dele – não seriam apenas os dois, mas isso não tornaria de forma alguma as coisas menos mágicas. Muito pelo contrário, inclusive. Exceto por Liz, seriam algumas das suas pessoas favoritas com ele no tal apartamento. Certo que Matt andava meio chato nos últimos dias, mas nada que o tornasse insuportável. O compreendia, afinal de contas. Segundo: o colégio sempre ficava mais divertido no final do ano. Roosevelt, pelo menos, era assim. Os professores pegavam mais leve e o diretor Kemmer não saía por aí tomando celulares alheios. Com as férias se aproximando, todos ficavam felizes. Terceiro: havia acordado ao lado de Rony, que agora trocava de roupa. Sem dúvidas, namorar um atleta tinha seus benefícios...

— Pervertido. – O loiro “acusou”, rindo, quando notou o olhar nada inocente que o mais baixo lhe direcionava.

— Eu?! – Josh colocou a mão sobre o peito, abrindo a boca em um perfeito “O”, fingindo indignação e choque. – Que blasfêmia! Sou um jovem rapaz puro e inocente.  

— É, com certeza... – Falou Rony, claramente irônico. – Ontem, inclusive, foi um dos seus dias de maior pureza e inocência

— Ei! Sabe como é difícil meus pais decidirem passar o dia inteiro fora?

— Como se com eles aqui não fizéssemos nada. – O jogador disse zombeteiro. – Não é à toa que o Matt levou tanto tempo para se acostumar com as minhas vindas aqui. 

Ah, ele também não pode reclamar de nada não. Vivia trazendo a Fran aqui...

— Verdade. Mas ela nem de longe faz tanto barulho quanto você. – Um sorrisinho malicioso surgiu involuntariamente nos lábios do loiro, enquanto ele se vestia e ia até o outro, sentar-se ao lado dela.

— Por que todo mundo exagera tanto sobre isso? – Josh indagou, revirando os olhos. – E, só deixando claro, eles não reclamam apenas de mim, okay?

— Tanto faz. – Rony deu de ombros, em seguida se inclinando para dar um rápido selinho no namorado, que prontamente o puxou, iniciando um beijo “de verdade”. Quando notou as mãos de Josh começando a erguer sua camisa, precisou interromper: – O que aconteceu com o “puro e inocente”?

— Sério mesmo? – A incredulidade se fez presente na expressão do irmão de Matt.

— Foi mal. – O kicker— que, eventualmente, ocupava outras posições no time, devido ao seu talento – se desculpou, ainda que risse.

Quando iam se beijar novamente, a porta do quarto foi aberta, revelando um Matthew Carter com uma cara de quem não havia dormido direito.

— A mãe mandou chamar vocês dois. O café está pronto.

E então saiu, sem dizer mais nada.

Caramba, ele está péssimo!

Josh simplesmente murmurou um “eu sei”, começando a se preocupar com o estado do irmão, que até então acreditava – baseando-se em experiências anteriores, todas causadas por Liz Harrison – ser passageiro.

(...)

 Brittney mal podia acreditar no que via: Becky e Claire estavam, verdadeiramente, conversando como amigas de longa data. Aquilo a deixava imensamente feliz. Como se não bastasse, Ashley conseguia ser bastante simpática com ela, sem crises malucas de ciúmes da amizade que tinha com a ex.

Encontravam-se, todas as quatro, em uma lanchonete próxima à Roosevelt, esperando que os portões fossem abertos. Pelo menos, as duas morenas, pois a loira pretendia passar o dia com Claire para matar a saudade. De qualquer forma, no momento conversavam sobre as universidades nas quais haviam sido aceitas.

Dentre elas, a única que parecia ter dúvidas sobre o futuro era Ashley. Nada que fosse muito gritante, apenas ficava meio óbvio que ela não tinha absoluta certeza sobre ter escolhido a melhor opção de onde estudar. Mesmo assim, a garota sabia o que queria. Por alguma razão que ninguém ali compreendia, ela desejava ser professora.

Parecia estranho, especialmente para Britt que não aguentava mais a rotina colegial, alguém querer permanecer naquele ambiente. Por mais que fizessem parte do “grupo”, a verdade precisava ser dita: adolescentes conseguiam ser bem irritantes, principalmente em salas de aula.

Hm... Becky? – Ashley chamou, notando o repentino “sumiço” dela na conversa.

— Ali... – Ela murmurou, olhando discretamente para a mesa ao lado. – Estão falando de nós.

— E...? – Brittney perguntou, retoricamente. 

— Não se sente desconfortável? – Becky estranhou. – Quero dizer, eu tenho certeza que ouvi um deles dizer “absurdo”.

A loira simplesmente deu de ombros.

— Isso ainda incomoda você? – Foi a vez de Claire se surpreender. – São só uns idiotas.

— Óbvio que sim. – A resposta outra apenas surpreendeu a namorada de Brittney ainda mais. – Claro que não sinto vergonha de estar com a Ash... – As duas morenas sorriram uma para a outra, carinhosamente. – Mas continua sendo horrível as pessoas estarem sempre falando pelas minhas costas desse jeito.

— Eu também me sinto meio mal, de vez em quando. – Admitiu Ashley, pousando a mão sobre a dela. – No colégio, todo mundo parece estar bem mais acostumado, mas agora que estamos tão perto da formatura, me preocupo um pouco que as coisas possam... Piorar.

As outras duas ficaram caladas por alguns segundos, não sabendo ao certo como responder. Não tinham chegado a pensar sobre aquilo. Logo, Britt:

— Ah, não vamos ficar falando nisso, ‘né? Melhor focarmos na parte boa de estarmos nos formando: estamos, finalmente, saindo do ensino médio!

— Não entendo toda essa sua empolgação. – Claire riu. – Sério. A faculdade nem deve ser assim tão diferente...

(...)

Gwen estava na biblioteca, mexendo em seu celular, entediada. Infelizmente, tinha um horário vago, então acabava ali, contando os minutos para que o diretor Kemmer decidisse “devolver” Liz. Nessas horas, namorar uma aluna que – literalmente – nunca tirava menos que B se tornava algo insuportável. Deveria saber que, com a formatura se aproximando, sua loira seria obrigada a ajudar na organização da cerimônia... Bem, tecnicamente sabia, só não esperava que fosse demorar tanto.

O quão patético era estar com saudades de alguém que havia visto no começo daquela manhã?

Hey! – Levou um leve susto ao ouvir a voz de Noah atrás de si. – ‘Tá fazendo o quê?

Ela suspirou, entediada, para depois resmungar um “nada”, irritadiço.

— Estou na mesma situação que você, baixinha. – Disse ele, embora nem longe aparentasse estar com o mesmo mau humor da melhor amiga. – Jenn também foi convocada pelo Kemmer.

— Qual a necessidade disso, afinal? – Gwen questionou, revirando os olhos. – Ele é assim tão incompetente, que precisa de ajuda dos alunos para organizar essa porcaria de cerimônia?

— Bom, até que existe uma lógica razoável por trás disso. Sabe, porque adolescentes sabem o que outros adolescentes gostam e tal...

— É só uma formatura. Não precisam fazer nada demais. Basta entregarem os diplomas e voilà, problema resolvido.

Então, Noah riu.

Caramba, você é mesmo dependente dela, hein?

— Não sou “dependente”. – Ela fez aspas com os dedos. – Só não estou acostumada a passar muito tempo longe dela.

Isso só serviu para fazê-lo rir ainda mais.

— Ou seja...?

Gwen revirou os olhos castanhos.

— São coisas diferentes, Noah! Pessoas com dependência emocional costumar ser...

— Eu sei, eu sei. – A interrompeu, antes que um monólogo chato sobre o transtorno da personalidade dependente tivesse início. – Sério. Há quantos anos me conhece, babe? Precisa parar de levar a sério as coisas que eu digo.

Não sabendo como responder – devido ao nível de idiotice do amigo – ela o ignorou, voltando a pegar o celular, na esperança de encontrar algo interessante para fazer. Previsivelmente, nada.

— “Babe”? – Assim que ouviu a voz de Liz – não verdadeiramente enciumada – ela se virou, com um sorriso enorme no rosto. Noah, por sua vez, observou a expressão da amiga, intrigado. Como a “velha” Gwen, que vivia reclamando quando ficava com alguém muito grudento, havia chegado àquele ponto. Não que pudesse falar algo, já que sabia por experiência própria que amar levava a situações parecidas. – Depois ela ainda fica brava comigo, quando reclamo da relação de vocês...

Oh, então você reclama? – Como se não vivesse presenciando momentos do tipo, ele perguntou, falsamente surpreso. – Poxa, Gwendy... Por que mentiu ‘pra mim? Achei que estivessem em um relacionamento aberto! Agora estou me sentindo mal pelas vezes em que demos uns amassos no meu quarto.

Vendo a expressão nem um pouco bem humorada da loira, Gwen acabou rindo junto dele e decidindo entrar na brincadeira:

— Ah, que isso! Ela não se importa com essas coisas. Não é, amor?

Liz suspirou, enquanto sentava-se – propositalmente – entre os dois.

— Finalmente chegou, hein? – Noah disse, divertido. Ao receber um olhar confuso da líder de torcida, prosseguiu: – Digamos que a Gwendy aqui estava desesperada para te ver.

— Eu não diria “desesperada”. – Opôs-se Gwen, meio envergonhada. – Eu só fiquei com saudades.

Liz sorriu, docemente. Em seguida, beijou-a no rosto.

— Eu te amo... – Falou, carinhosa.

— Eu também te amo... – Gwen respondeu, para então fechar os olhos ao ter os lábios da mais alta pressionados contra os seus.

Conforme elas se beijavam, Noah arregalava os olhos, maravilhado e abismado com a forma como as duas pareciam terem se esquecido de sua – e de qualquer outra pessoa naquela biblioteca – presença. Porém, não muito tempo depois se lembraram de onde estavam e se afastaram, envergonhadas ao notarem o olhar do amigo.

(...)

Caleb era observado por Jefferson Harper, Charles Samson e – embora não fossem amigos – Cooper Clarington. Os três prestavam muita atenção no colega de time, por uma razão muito simples: ele andava de um lado para o outro e parecia muito preocupado. Além de aquela ser a sexta vez que o viam falando ao telefone naquela manhã. Definitivamente, algo muito sério o afligia.

Assim que o viram guardar o aparelho no bolso, tentaram disfarçar, falhando miseravelmente. O slotback então caminhou até eles, com uma expressão não muito boa. Porém, ao contrário do que esperavam, Caleb não queria brigar:

— Caras, eu preciso de um favor.

— Favor? – Jefferson ergueu as sobrancelhas, surpreso. – Que favor?

O pouco mais velho suspirou.

— Preciso sair daqui, mas não tenho tempo para pedir autorização. Se o treinador ou outro professor perguntar, digam que eu passei mal ou sei lá. Beleza?

— Certo. – Charles concordou, assim como os outros, que fizeram que sim com a cabeça. – Mas o que aconteceu?

— Eu explico depois. – Caleb asseverou. – Eu realmente preciso ir agora. – Frisou o “realmente”. – Até outra hora...

Sem ao menos esperar uma resposta dos nem-tão-amigos, ele correu. Correu o mais rápido que pôde – não que fosse adiantar muito – até o estacionamento e, em questão de minutos já estava em seu carro, rumo ao hospital, onde Sue se encontrava.

A namorada havia dado início ao trabalho de parto há algumas horas, no meio da madrugada. Por ele, teria ficado ao lado dela todo o tempo, mas Susan praticamente o tinha obrigado a comparecer às aulas. Afinal, com a formatura tão próxima, não deveria correr o risco de perder algum aviso importante. Porém, não podia deixar de estar presente em um momento tão especial.

Mal podia acreditar que o momento estava chegando. O nascimento de sua filha...

“Eu serei pai.” Era o pensamento que passava repetidas vezes por sua mente, acompanhado de uma imensa e indescritível alegria.

Um tanto quanto desajeitadamente – por conta do nervosismo –, estacionou. Mais uma vez, correu, adentrando o hospital e tropeçando algumas vezes no caminho. Logo, viu os avós de Sue, sentados na sala de espera.

Constance! – Ele chamou – sim, pelo primeiro nome –, soando “meio” desesperado. – Como ela está? É normal demorar tanto, certo?

A mulher idosa sorriu gentil. Ela claramente gostava de Caleb, mesmo ele tendo engravidado sua netinha querida. O mesmo valia para Robert, seu marido. O rapaz se sentia sortudo por ter a aprovação deles.

— Relaxe, filho. Ficará tudo bem. – Constance respondeu, calmamente. – Não sabemos ao certo quanto mais irá demorar, varia de mulher para mulher.

Uma das enfermeiras deixou a sala que, se ele bem lembrava, era aquela em que Sue se encontrava. Logo suas suspeitas foram confirmadas, pois a mulher – que aparentemente o conhecia – veio em sua direção, dizendo:

— Graças a Deus você chegou.

— Hã? – Olhou-a, confuso. – Por quê? Ela está...

A enfermeira riu.

— Sim, ela está bem. Mas não para de chamar por você. Ao menos, eu acho. Seu nome é Caleb, correto?

Ele assentiu.

— Você pode entr...

 Antes que ela pudesse finalizar a frase, Caleb entrou na sala, avistando-a de imediato. A garota se encontrava suada, agarrada às bordas do colchão da cama já desfeita.

— Sue... – Murmurou, se aproximando. – Hey, Sue...

— C-Caleb. – Ela soltou uma mão do colchão e ergueu-a para ele, que prontamente a segurou, sentindo o aperto firme e forte.

O slotback agachou, ficando um pouco mais baixo que a altura em que a namorada estava. “Calma”, ele repetia. E, surpreendentemente, parecia funcionar.

(...)

Caleb acariciava os cabelos ruivos, esperando dar algum conforto a Susan, que respirava rápida e superficialmente.

— V-Você promete... Que vai estar...

— Eu estarei aqui por você, Sue. – Ele completou, olhando para o médico que passava a ligar os eletrodos na barriga da garota. – Sempre.

Cae...

Shh. Guarda o fôlego. Agora vamos ouvir outra vez o som mais lindo do mundo, okay?

— O coração dela. – “Adivinhou” Sue, abrindo um sorriso.

Algo estranho aconteceu, no entanto. Diferentemente da primeira vez, os batimentos estavam irregulares.

O médico olhou para a enfeira e acenou com a cabeça. A mulher saiu da sala, às pressas.

— Susan, precisaremos fazer uma cesárea. – Doutor Thompkins falou, enquanto retirava com a morena.

— O quê? Por quê? O que houve com os batimentos dela, porque eles estão assim? – Caleb disparou a perguntar.

— A bebê não vai aguentar esperar mais. – O mais velho explicou, afastando a aparelhagem, ao mesmo tempo em que três outras enfermeiras entravam na sala. – Precisamos fazer uma cesárea.

Caleb olhou para ela, notando a expressão apavorada de Susan.

— Ei! Calma, vai ficar tudo bem... – Preocupado, assegurou, por mais que não tivesse realmente como saber.

— Entra comigo! – Ela agarrou mais uma vez a mão do namorado.

— Desculpe Susan, mas ele não pode. – O médico respondeu.

Cae...

— Vai ficar tudo bem. – Caleb tornou a afirmar, tentando ao máximo ocultar suas inseguranças.

(...)

Para Caleb, toda aquela espera poderia ser facilmente classificada como uma tortura infernal. Não aguentava ficar sem saber o que estava acontecendo com a namorada e a filha, que deveria estar vindo ao mundo naquele instante. Odiava mais ainda, a ideia de não estar lá para vê-la nascer...

“Minha garotinha...” Ao pensar, abriu um sorriso bobo por um segundo. Mas logo as preocupações voltaram para atormentá-lo.

(...)

Susan respirava com a ajuda de equipamentos. Ela olhava ao redor, vendo as pessoas se movimentarem de um lado para o outro, conversando entre si coisas que ela não compreendia.

Querida, agora aplicaremos a anestesia, okay? – A anestesista “surgiu”. A mulher acariciou sua testa, querendo confortá-la.

— Por que ele não pode estar aqui comigo? – Perguntou, um tanto quanto agoniada. O “gesto” não funcionava sendo outra pessoa. Precisava ser Caleb para que ela conseguisse se acalmar.

— Ele estará aqui quando acordar, não se preocupe.

(...)

— Sue...

Ouviu o chamado e abriu os olhos, vagarosamente.  

Ela é linda. – Caleb disse, com os olhos brilhando e um sorriso de orelha a orelha.

— Onde ela está?

O namorado abriu a boca para responder, mas foi interrompido pelo doutor Thompkins:

— Aqui.

O médico se aproximou, colocando a menina em seu colo.

Um sorriso muito semelhante ao de Caleb surgiu em seus lábios, ao olhar para ela. Uma sensação diferente, porém boa, tomou conta dela naquele momento. Deus, como ela era linda... Queria chorar de alegria.

— Minha bebê...

— Emily. – Caleb disse, recebendo então a atenção da namorada. – O nome. Eu gosto de Emily. O que você acha?

— Eu gostei. – Sue afirmou, voltando o olhar para a filha novamente, com o mesmo sorriso de antes. – Emily...


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