School Days escrita por Isa


Capítulo 102
Capítulo 102: Sorte




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Sebastian não sabia ao certo que palavra usar para descrever como se sentia naquele momento. Sentado no topo das arquibancadas, bem distante de Gwen, assistia ao treino das líderes de torcida. Um ser humano desprezível, era como a baixinha o enxergava. Como podia ter deixado que a situação chegasse àquele ponto? Deveria ter pensado melhor e não agido impulsivamente. Nojo. Realmente, doía saber que a garota que amava sentia nojo dele. Por outro lado, não se arrependia nem um pouco. Em sua visão, a frase atribuída a Nicolau Maquiavel era nada menos que sábia, pelo menos naquela situação, especificamente. Usava uma lógica bastante simples: queria, mais do que qualquer coisa, conquistar Gwen Collins. E se para alcançar tal objetivo fosse necessário apelar para métodos não convencionais ou antiéticos, tudo bem. Os fins justificavam os meios, quando se tratava do amor... Se as outras pessoas conseguiam ser burras o bastante para não perceberem algo tão óbvio, o problema era exclusivamente delas.

Não pôde deixar de revirar os olhos ao ver Liz caminhar até Gwen, que a recebeu com um beijo mais longo que o necessário. A pior parte do seu plano acabou sendo a descoberta de que os sentimentos da loira eram genuínos. Mesmo assim, continuava achando que ela não merecia “sua” Gwendy. Infelizmente, já não podia fazer nada contra aquele maldito relacionamento por enquanto. Não queria despertar ainda mais ódio na morena.

Desistir por um tempo indeterminado. Era sua única opção. Não queria ser obrigado a aceitar uma derrota tão humilhante, mas não tinha escolha. Talvez, com o tempo Gwen percebesse o erro que cometia ao envolver-se com aquela vadiazinha metida e egoísta...

– Sabia que eu briguei com a Fran por sua causa? – A pergunta feita pela voz mais do que conhecida o fez olhar para o lado. Julgando por suas expressões faciais, Matt não parecia nada feliz.

“Bom, a culpa na verdade é sua por ser tão tapado.” Pensou, mas optou por não dizer, já que não queria acabar apanhando.

– Você, mais do que ninguém, deveria entender Mattie.

– Entender... – Matt repetiu, notavelmente irônico. – Acho meio difícil entender alguém que diz gostar de uma pessoa, mas não se importa com a possibilidade de machucá-la se for para conseguir ficar com ela.

Antes que pudesse, mais uma vez, tentar justificar com o intuito de continuar tendo pelo menos um amigo – já que todos os outros, sem exceção, estavam furiosos com ele –, o quarterback se levantou e rumou em direção ao campo, juntando-se aos outros jogadores. Não avistou mais nenhuma líder de torcida ali com eles, então presumiu que o treino delas havia terminado. Olhou novamente em direção aos últimos “degraus” da arquibancada. É, as duas ainda estavam ali, se beijando como sempre. Ou melhor, se atracando, porque as mãos não paravam quietas por nem mesmo um único segundo... Enojado, desviou o olhar, precisando se esforçar muito para não fazer nenhum comentário ofensivo ou pedir que procurassem um quarto, uma vez que “é bom nunca mais se atrever a vir falar comigo ou chegar perto da Liz” era uma mensagem indiscutivelmente clara.

O som do apito do treinador Walker chamou a sua atenção. Viu o amigo de Rony, Danny “alguma coisa”, separar uma briga entre Matt e Cooper Clarington. Nada muito surpreendente, levando em consideração o fato de que esse segundo queria tirar de seu amigo o posto de quarterback. Notou também que Noah olhava em sua direção, com uma expressão nada feliz. Ergueu ambas as sobrancelhas, como se perguntasse “perdeu alguma coisa?”. O gesto passou despercebido pelo running back, que continuou a encará-lo.

(...)

Geografia. Uma matéria completamente inútil aos olhos de Isaac. Qual, afinal de contas, a necessidade de alguém conhecer os tipos de relevo do país em que vivia? Não era como se em alguma viagem ele fosse parar e dizer: “Oh meu Deus, Terr! É um planalto, que incrível!”. Justamente por isso, havia decidido dar a si mesmo uma folga e passar os cinquenta minutos daquele horário no terraço, jogando a versão portátil de Final Fantasy para o PSP.

Infelizmente, a alegria acabou não sendo muito duradoura... Teve que se levantar e correr para esconder-se ao ver a maçaneta girando. Nenhum professor poderia vê-lo ali, caso contrário levaria, no mínimo, uma suspensão. Já estava arrependido por decidir matar aula...

Ao ver Frannie e Terry entrarem, suspirou aliviado, mas logo entrou em pânico novamente. As duas – a irmã, principalmente – se irritariam muito se o vissem ali.

– Isaac! – A namorada o chamou, surpreendendo-o. “Então elas já sabem que estou aqui?” Apesar do questionamento, decidiu continuar escondido. – Isaac, é sério, nós duas te vimos subindo as escadas.

– Droga... – Resmungou frustrado, indo até elas.

– Há! – Frannie exclamou, dando um soquinho no ar em comemoração. Atitude que o fez franzir o cenho, confuso. – Era mentira, irmãozinho... – Explicou, agora rindo. – Não te vimos entrar, mas sabíamos que viria aqui...

– O que eu te disse sobre matar aula? – Terry olhou-o com reprovação.

– “Amor, vamos matar aula para vermos Jogos Vorazes outra vez?”. – Repetiu a frase dita por ela alguns dias atrás.

A resposta fez a gordinha revirar os olhos e contraditoriamente rir logo em seguida.

– Além disso, Isaac!

– Ah, sim... – Ele sorriu. – “Você está precisando de pontos, tem que parar de matar aula...”.

– Então o que está fazendo aqui? – Interrogou Frannie, cruzando os braços.

– Jogando? – Sugeriu o óbvio. – Ei, não me olhem assim... – Reclamou. – Não estou precisando em Geografia...

(...)

– Um aplicativo? Sério mesmo?

Becky ignorou completamente o deboche presente no comentário da amiga e respondeu:

– Festas não têm funcionado.

– Continua sendo ridículo você apelar para esse tipo de coisa. – Afirmou Britt, dando de ombros. – E não é como se as garotas que tenham perfis nessa porcaria vão estar querendo algo diferente das que você conheceu.

– Pode, por favor, parar de destruir as minhas esperanças? – Becky pediu, em um tom minimamente divertido.

Britt murmurou um “não”, enquanto balançava a cabeça negativamente. Definitivamente, não queria que a outra começasse a namorar justo quando Claire se mudasse, mesmo isso parecendo um pensamento extremamente egoísta. Mas com Liz e Gwen juntas – não que estivesse reclamando, adorava o fato da outra loira finalmente namorar alguém com quem se importava de verdade – Becky acabaria sendo a sua única opção de companhia. E bem, não queria ter que ficar de vela. Sem falar que seria divertido poder dizer “eu avisei” caso os encontros dessem errado... As reclamações da amiga conseguiam ser impressionantemente engraçadas em alguns momentos.

(...)

Culpa. Essa era, muito provavelmente, a única definição satisfatória para aquela sensação desconfortável que impedia Gwen de se sentir completamente feliz pelas coisas entre ela e Liz terem voltado ao que costumavam ser. Às vezes, não entendia como sua própria mente funcionava. Como diabos podia ter sido suficientemente burra e estúpida para acreditar mais em Sebastian do que na namorada? Nem mesmo seu medo de perder a garota que amava – pela primeira vez na vida isso sendo uma certeza absoluta – para Allison justificava tamanha falta de noção...

Deixou um longo e pesado suspiro escapar, o que acabou chamando a atenção da loira, que respondia uma mensagem da mãe no celular.

– Está tudo bem? – Liz indagou, preocupando-se.

– Não muito... – Confessou, suspirando mais uma vez. – E-Eu... Eu sinto muito.

– Sente muito? – A expressão da líder de torcida mostrava total falta de entendimento. – Pelo quê?

– Por não confiar em você... – Murmurou, abaixando levemente a cabeça, um tanto envergonhada. – Eu não deveria ter acreditado nele, você nunca me deu qualquer motivo para ter qualquer dúvida, mas...

– Ei, pode parar por aí. – Liz a interrompeu, erguendo delicadamente seu rosto e dando um sorriso mínimo. – Eu entendo, de verdade... E no seu lugar, acho que eu também daria uma surtada. Na verdade, tenho certeza. Inclusive, nosso pequeno incidente com a Trisha é um bom exemplo disso. – Riu brevemente. – De qualquer forma, o importante é que depois da nossa conversa você escolheu confiar em mim, antes mesmo de ouvir a confissão involuntária daquele imbecil...

– Eu deveria ter confiado desde o início e...

Shhh... – Mais uma interrupção. Dessa vez, seguida de um rápido selinho. – Pare de se preocupar tanto, está tudo bem. Estamos bem. Okay?

A baixinha assentiu, finalmente sorrindo.

(...)

– Ei, Sebastiota! – Chamou Noah, alto o suficiente para que o outro garoto se virasse, retirando os fones de ouvido.

– Deixa eu adivinhar, veio aqui me dizer o quão babaca eu fui? – Perguntou Sebastian, arqueando uma sobrancelha.

– Na verdade... Não. – Noah riu. – Eu vim te dar um aviso.

– Olha, Laurent... Sem querer questionar a sua “autoridade de melhor amigo”... – Fez aspas com os dedos. – ... Mas sinceramente? Já desisti. Pelo menos, por enquanto.

– Por enquanto? – A expressão de Noah dizia claramente “sério?”. – Quer dizer que pretende voltar com essa merda em algum momento?

– Talvez sim, talvez não... – McKean deu de ombros. – De uma forma ou de outra, continua não sendo problema seu.

– Pode ser que não seja problema meu mesmo. – Noah “concordou”. – Mas a Gwendy é a minha melhor amiga e eu não sei se você e a sua mente problemática perceberam, mas estar com a Harrison a deixa feliz. Por culpa sua e daquela puta da Allison, ela sofreu. É bom que não decida fazer mais nada do tipo, porque se fizer...

– Você vai o quê? Me bater? – Sebastian questionou, entre risos.

Naquele momento, a paciência de Noah já tinha se esgotado completamente. Estava pronto para – literalmente – arrebentar a cara daquele filho da puta, mas para a sorte do mais alto, o sinal tocou.


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