School Days escrita por Isa


Capítulo 1
Capítulo 1: Dia-a-dia




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Para a grande maioria dos perdedores de Roosevelt High School, a temporada de jogos era a melhor época do ano. Afinal, os jogadores geralmente estão tão focados em se esforçar ao máximo para vencer que não têm tempo para atormentá-los. Infelizmente, quando essa temporada acaba, o time decide compensar o tempo perdido. E bem, a maior diversão de Caleb Grayson, Jefferson Harper e Charles Samson era atormentar Joshua Carter. O garoto gay os incomodava mais do que qualquer outro "loser" naquela escola.

Inclusive, naquele exato momento, os mais altos despejavam toda a sua raiva em Josh. E era em momentos como aqueles que o mais novo desejava nunca ter se assumido. Talvez se ele tivesse uma namorada, não tivesse que passar por aquilo. E ele estaria disposto a ser infeliz, apenas para se livrar daqueles idiotas que ele tanto odiava.

- O que vai fazer, mocinha? - Perguntou Caleb, rindo.
Jefferson pegou Joshua pela gola da camisa, levantando-o e o empurrando contra os armários. Os outros dois estavam prontos para machucarem o menino, quando:

- O que pensam que estão fazendo, seus idiotas? - Indagou um Matthew Carter furioso, atrás de seus jogadores. - Esqueceram que ele é meu irmão? Se se aproximarem dele novamente, fiquem sabendo: eu acabo com vocês.

- M-Matt? - Caleb se surpreendeu ao vê-lo ali. - Pensei que estivesse no treino... - Sim, ele tinha medo do Quarterback. Matt era a única pessoa no mundo que poderia ameaçar a ele e seus "amigos" e sair ileso disso. - Não fizemos nada demais... Só estávamos tentando fazê-lo ser normal...

- Ele é normal. - Disse Matthew, irritado. - Caiam fora! - Berrou, segurando-se para não fazer com eles o mesmo que pretendiam fazer com seu irmão.

Os "bullys" saíram rapidamente, visivelmente assustados. Sabiam que se ficassem ali não apenas estariam fora do time como também acabariam com alguns ossos quebrados.

- Eles machucaram você? - Indagou o quarterback.

Josh negou, dizendo que ele não precisava se preocupar e o agradecendo por chegar na hora certa.

Eles não eram irmãos de sangue. Matt era adotado. E mesmo assim, ele havia recebido a melhor criação possível pelos pais de Joshua. E eles haviam crescido juntos, eram melhores amigos. E Matthew não conseguia aceitar que ninguém tentasse machucar pessoas próximas dele. Menos ainda seu irmão adotivo, que havia feito tanto por ele.

(...)

O horário de almoço era um verdadeiro inferno para Gwen Collins, Terry Harris e Isaac e Francine Clark. Embora não passassem pelo mesmo problema que seu amigo, os populares faziam questão de tornar cada segundo do dia deles uma tortura. No caso dos irmãos Clark e de Terry, era apenas pelo fato de serem considerados nerds, já que tinham as maiores notas do colégio. Eram empurrados nos corredores e recebiam uma "adorável" saudação acompanhada de um bom copo de café quente sendo jogado em seus rostos.

Já no caso de Gwen, a história era um pouco diferente. Embora tivesse como amigos boa parte dos perdedores daquele colégio e se enquadrasse nesse mesmo grupo, ela também era amiga de alguns populares. Noah Laurent, um dos astros do time de futebol, por exemplo, era seu ex-namorado e atual melhor amigo. Já Brittney Wright, uma das líderes de torcida, era sua amiga, não muito próxima, mas ainda sim, era sua amiga. Sua amizade com Britt e Noah chegou até mesmo a fazer Becky Evans - melhor amiga de Brittney - parar de perturbá-la. Mas ao contrário de Becky , Elizabeth Harrison, a rainha absoluta de Roosevelt, parecia ter alguma obcessão em fazer da vida de Gwendolyn um eterno martírio.

Por alguma razão que ela nunca conseguiu entender, a loira que namorava Matt a odiava. Não era como a maioria das líderes de torcida que simplesmente se divertiam fazendo comentários maldosos e recebendo-a com os mesmos copos de café quente que eram recebidos os seus amigos.

A forma como Elizabeth - ou Liz, como todos a chamam - tratava Gwen poderia facilmente ser definida pela palavra "perseguição". A loira fazia questão de atormentá-la de todas as formas possíveis, seja espalhando boatos, ofendendo-a das mais diferentes maneiras, fazendo desenhos esquisitos e colando por aí, descobrindo e contando para várias pessoas na escola fatos de sua vida pessoal que ninguém naquela escola precisaria saber... Sem falar é claro, da questão que a mais alta fazia empurrá-la, xingá-la, derrubar seus materiais quando a via indo em direção ao próprio armário... E seria quase um crime esquecer das vezes que ela ia até ela, jogava uma mistura nojenta que a morena preferia não tentar descobrir o que era e dizia para que ela sumisse da sua frente.

A baixinha até pensou em tentar reclamar com o diretor, mas sabia que de nada adiantaria, já que Elizabeth era uma das alunas com as mais altas notas e maior participação nas atividades extracurriculares do colégio. Era a aluna perfeita. E isso obviamente influenciava no julgamento do Sr. Kemmer.
Com o tempo, Gwen simplesmente parou de se incomodar. Sabia que cedo ou tarde Liz perceberia que já não a atingia mais e acabaria por desistir. Aliás, nem deveria se importar com as atitudes infantis da capitã da torcida. Se ela queria agir como uma criança, a morena deixaria que ela o fizesse. Perder tempo se incomodando com isso só a faria perder o foco de coisas mais importantes. Ela sempre havia sido tratada assim em suas outras escolas, então já estava acostumada. No momento precisava se focar no que realmente importava: os estudos e seus amigos.

(...)

Matt havia brigado com sua namorada. Outra vez. Estava começando a ficar difícil aceitar algumas atitudes da garota. O quarterback não entendia o porquê dela se divertir tanto com a humilhação dos amigos do seu irmão. Aliás, alguns deles eram amigos dele também. E apesar de não conhecer bem Gwendolyn Collins, ele sabia que ela era uma boa pessoa. Se não fosse, Josh não andaria com ela. Ele achava estranho que mesmo que ela nunca tendo feito nada de ruim para Liz, a loira insistia em fazer de tudo para irritar a mais baixa.

Não podia mentir, ficava chateado quando discutia com a Elizabeth. Ela era especial para ele. Havia sido sua primeira paixão, seu primeiro beijo. Ainda não haviam feito sexo, mas definitivamente era com ela que ele queria ter a sua primeira vez... Nunca havia saído com mais ninguém, nem mesmo sentia vontade de fazê-lo. Talvez ele pudesse dizer que realmente a amava...

- Ei! - Ouviu a voz de seu melhor amigo, Noah, o chamar. - Brigou com a Liz?

- Está assim tão óbvio? - Perguntou.

- Só duas coisas nesse mundo te deixam com essa cara de morto-vivo: perder um jogo importante e brigar com a Lizzie. - Falou Noah. - O que aconteceu?

- O mesmo de sempre... - Disse Matt, suspirando pesadamente. Ao parar para analisar melhor as feições do amigo, reparou que ele também não parecia estar em seu melhor dia. Deduziu rapidamente quem poderia tê-lo deixado naquele estado. - Frannie?

- Está assim tão óbvio? - O running back repetiu as palavras que Matt havia dito anteriormente.

(...)

Liz não estava triste por ter brigado com Matt. Eles não se falavam há dois dias e ela não se sentia incomodada com isso. Verdade seja dita: ela não dava a mínima para o garoto. Estava com ele apenas por serem o casal perfeitinho do colégio. Ele o quarterback do time de futebol e ela a líder de torcida. A popular que namorava o garoto popular.

O relacionamento deles seguia o padrão de muitos outros naquela escola: macho alfa e namorada troféu, os que ganhavam os votos no último ano do ensino médio. Aqueles que sempre são nomeados para Rei e Rainha do Baile. O casal que todos odeiam amar.

Contudo, ela se odiava por se importar tanto com sua reputação. Por se esforçar tanto para passar a imagem de perfeição. Por ter dentro de si essa obsessão de querer que todos a invejem e queiram ser como ela.

E era isso que mais a irritava em Gwendolyn Collins.
A baixinha não se importava se era ou não popular. Pior que isso, ela não se importava com o que os outros pensavam dela. As pessoa podiam inventar boatos, a empurrarem no corredor, fazerem comentários cruéis e mesmo assim a morena não se deixaria afetar. A opinião daqueles que não eram seus amigos não importava.

Na verdade, absolutamente tudo naquela garota a irritava profundamente.

O modo como ela gesticulava desenfreadamente com as mãos quando explicava algo para algum de seus amigos, a maneira como parecia ser impossível para ela parar de falar, o próprio som da voz de Gwen a incomodava.

Liz odiava os suéteres horrorosos que ela insistia em usar e odiava a forma como eles ficavam bem nela. Odiava a maneira como ela prendia o cabelo, odiava o sorriso alegre e simpático que sempre estava estampado em seu rosto, mesmo quando era atingida por copos de café quente pela manhã. Odiava o fato de que uma de suas melhores amigas fosse amiga dela. Odiava que ela fosse assistir o treino das líderes de torcida. E principalmente, odiava saber que não tinha motivos para odiá-la.

- Ei, Lizzie... - Escutou uma voz mais do que conhecida a chamar.

Se virou para encarar o namorado. Ela sabia que cedo ou tarde ele viria atrás dela.

- Me desculpe por gritar com você... - Disse ele, encarando o chão. - Ainda não acho certo o que você faz, mas... Acho que posso aprender a conviver com isso... Desde que você deixe Terry, Frannie, Isaac e Josh em paz. - Continou sem olhar para ela. - Eu não ligo se quiser continuar com a sua guerrinha contra a Gwen Collins, só... Me desculpa por gritar com você. Eu me exaltei.

A loira só provocava Joshua e os outros porque sabia que eles eram amigos de Gwendolyn. Afinal, haviam outros perdedores naquela escola que não faziam parte de sua lista de "alvos".

Liz precisava do namorado. Ele ele tinha participação importante no seu status. E embora fosse perfeitamente substituível, não seria assim tão fácil encontrar outro jogador que caísse de amores por ela. A maioria deles não está interessado em ter algum relacionamento duradouro que pudesse ajudá-la a ganhar votos para Rainha do Baile.
Sim, ela estava plenamente consciente do quão fútil era aquela preocupação.

- Está tudo bem, Matt. - Diz, abrindo um sorriso forçado. - Sabe que não consigo ficar brava com você por muito tempo.

O quarterback sorriu largamente. Estava feliz por ter sua namorada de volta.

(...)

Isaac Clark observava Gwen lendo na biblioteca. Ele adorava fazer isso. E fazia com muita frequência. Conhecia todos os seus trejeitos e amava todos eles. Achava adorável o modo como ela gesticulava com as mãos desenfreadamente quando explicava algo sobre um de seus assuntos favoritos, não podia evitar sorrir quando ela começava a tagarelar, o próprio som da voz da garota baixinha o deixava contente. Os suéteres incomuns que ela usava eram para ele mais uma prova de sua singularidade. E tinha absoluta certeza de que o sorriso dela era o mais lindo que já tinha visto.

Nem era assim tão próximo da garota, apenas tinham amigos em comum. No entanto, ela era tão linda e era uma pessoa tão agradável e divertida que o rapaz de cabelos cacheados e olhos azuis não pode evitar. Se apaixonou sem perceber. E agora, sua atividade favorita no dia era observá-la.

(...)

Terry e Gwen observavam Matt e Liz durante o intervalo. O casal se beijava ininterruptamente perto do laboratório.

- Como um cara tão legal pode namorar alguém como ela? - Demandou a mais alta, incomodada. Theresa era apaixonada pelo irmão de Matt desde sempre e não conseguia entender o porquê dele gostar de uma pessoa tão desagradável quanto Elizabeth Harrison.

A menor sabia muito bem o motivo.

Embora não gostasse nem um pouco da loira, não negaria: ela era absolutamente deslumbrante. Possivelmente a garota mais linda daquela escola. E bem, Gwen já havia se perguntado uma ou duas vezes como seria beijá-la. Não, ela não estava interessada na garota. Mas era bissexual. Qualquer pessoa que gostasse de garotas se faria essa pergunta em algum momento.

De qualquer modo, continuava sendo masoquismo gostar de Liz. A líder de torcida era, aos olhos da pequena, uma pessoa completamente fria e desprovida de emoções. Parecia mais do que óbvio que ela não amava o namorado e nem se importava com os amigos. Pensava apenas em si mesma.


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