Pov. Lanna:

Aquela manhã de sábado além de triste estava fria, segundo meus filhos.

Depois que todas as providencias haviam sido tomadas nos dirigimos para a igreja onde aconteceria o velório do meu avô, que escolheu Nicolas para fazer seu discurso fúnebre.

Me mantive forte ao lado da minha avó enquanto recebíamos as condolências de todos os nossos conhecidos. Mas tudo o que queria naquele momento era ficar a sós com meu avô, então me dirigi para a parte em que seu corpo estava aguardando para ser levado para o meio da igreja.

–Como você suportou tantas perdas, Lukas? - questionei assim que senti o perfume do meu marido.

–Sinceramente, eu não sei.- ele sussurrou enquanto caminhava para o meu lado.

–Cada pessoa que perdi é como se tivesse levado uma parte minha e isso dói tão.- solucei sem ar e ele entrelaçou sua mão a minha.- Não sei se vou conseguir superar isso um dia.

– A dor de perder quem amamos jamais é superada Lanna. Ela pode amenizar por um tempo, mas ser superada jamais. Acho que é a forma que temos de ter certeza que a pessoa que se foi existiu e significou algo em nossas vidas.- ele disse suave antes de beijar a minha mão.

–Pai, está na hora de levarmos o vovô.- Nicolas disse caminhando em nossa direção e concordamos.

Devagar me aproximei do meu avô e ajeitei sua gravata de leve antes de beijar sua testa.

–Não se preocupe, vou ficar bem. Eu prometo.- sussurrei para ele antes de voltar para a igreja.

Assim que me acomodei na primeira fileira com meu avô e Nicole o caixão do meu avô foi trazido por Lukas, Nicolas e os melhores amigos do meu avô.

–Hoje nos reunimos com dor para nos despedir de nosso amado irmão Leonel Sant Clair, que voltou para a casa do pai.- o padre começou a dizer assim que Lukas e Nicolas se sentaram ao meu lado.

Quando o padre terminou de falar foi a vez de Nicolas fazer seu discurso.

–É difícil dizer adeus para quem amamos. Nunca consegui pensar no quanto uma palavra tão pequena pode machucar tanto. Quando eu era criança meu pai sempre lia o pequeno príncipe para mim todas as noites e nunca entendia o porquê daquilo. Mas hoje eu sei.- ele disse enquanto olhava para todos.- Meu pai queria que eu aprendesse a ver cada pessoa como única no mundo. Ele queria que eu aprendesse a cativar e amar a todos que me cercavam e aprendi isso. Assim como meu bisavô fez isso todas as vezes comigo, com minha irmã e com a minha mãe. Tenho certeza que onde quer que ele esteja nos verá. Verá cada vitória nossa e cada derrota também, e mesmo não podendo nos acolher em seus abraços como antes ele sempre estará ao nosso lado. Por que quando amamos alguém de verdade e vice-versa jamais a deixaremos ir de verdade, por que ela ficará guardada em nossos corações.

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–Vou tomar um banho e me deitar.- minha avó sussurrou exausta assim que chegamos do enterro.

–Tudo bem vó, vou pedir para a Annie fazer algo mais tarde para a senhora.- disse e ela concordou antes de subir.

–Acho que foi subir um pouco para descansar.- Nicole disse cansada e concordei antes de receber um beijo da minha filha.

–Foi fazer o mesmo.- Nicolas disse antes de me dá um beijo e subir.

–Lanna, você está bem? - Lukas questionou e concordei antes de ir em direção ao escritório do meu avô e hesitar em abrir a porta.

–Tenho que arrumar as coisas dele, por que sei que minha avó não conseguirá.- disse antes de abrir a porta e entrar.

Aquele lugar me lembrava tanto meu avô, era como se ele fosse entrar a qualquer momento para me contar algo sobre seu dia ou me levar para a sala para dançarmos a nossa música.

–Não precisa fazer isso agora amor.- Lukas disse enquanto eu começava a guardar algumas coisas em uma caixa que havia ali.

–Preciso sim, quanto antes resolver tudo sentirei menos.- disse sem vê-lo e ele segurou as minhas mãos me impedindo de continuar.

–Você pode fazer isso daqui há alguns meses Lanna, agora se permita sofrer querida.- ele pediu me olhando nos olhos e neguei com a cabeça.

–Não posso permitir que isso aconteça Lukas.

–E por que não amor?

–Por que se eu permitir que essa dor que sinto agora saia, vou ficar em pedaços, Lukas.- solucei angustiada e ele se aproximou de mim antes de acariciar meu rosto de leve e me olhar nos olhos.

–Permita-se sentir toda essa dor amor, e quando tudo isso passar vou está ao seu lado para catar cada pedaço de você.- Lukas jurou e solucei de dor enquanto o abraçava com força.

Enquanto ainda chorava Lukas me pegou no colo e me levou para o nosso quarto.

Ele passou o dia todo agarrado comigo, me fazendo um carinho e prometendo que um dia não doeria tanto. Só queria que esse dia chegasse logo.

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–Como se sente vovó? - questionei assim que ela colocou sua xicara de chá em cima da mesa.

Já havia se passado um mês desde que meu avô tinha morrido. Lukas e eu decidimos passar esse tempo com ela para que não se sentisse tão sozinha nessa mansão.

Enquanto meu marido havia levados nossos filhos para um passeio pela cidade decidi passar a tarde tomando chá com a minha avó.

–Triste, desolada, perdida. - ela sussurrou e apertei a sua mão de leve.

–Eu sei vovó, também me sinto assim.

–Lanna, você tem uma vida pela frente querida, uma família linda. Não se prenda. - ela pediu e suspirei.

–Vó, não vou conseguir por enquanto e minha família entende.

–Eles só querem vê-la feliz assim como eu quero, e seu avô também vai querer de onde ele estiver. - ela disse suave e a abracei.

– Amo você vovó.

–Amo você querida. - ela sussurrou e acariciou meu cabelo suave, em seguida fechei os olhos aproveitando o seu carinho.