Pov. Lanna:

A paisagem da minha terra natal passava rapidamente pela janela da limusine, me trazendo a vaga sensação de estar em casa, pois minhas lembranças humanas eram sempre indistintas, como se tentasse ver através de uma nevoa escura sem sucesso algum. Mas assim que o carro de aproximava da casa dos meus avôs as lembranças se tornavam mais fortes.

–Vai ficar tudo bem.- Lukas sussurrou entrelaçando sua mão a minha e me aconcheguei mais a ele.

Sabia que sem ele acabaria desmoronando por que tinha certeza que meu avô não sobreviveria.

Assim que o carro parou na entrada da mansão descemos e logo fomos recebidos pela governanta dos meus avós.

–Lanna, querida.- Annie disse assim que me viu e corri para abraça-la.

Annie era governanta dos meus avós por 22 anos, e abraça-la era como abraçar outra avó minha.

–Senti tanta saudade Annie.- sussurrei enquanto ela me abraçava com mais força.

–Eu também querida.- ela disse antes de me afastar dela para me olhar.- Você está tão linda filha. Uma verdadeira princesa.

–Obrigada Annie.- disse sorrindo antes de olhar para a minha família.- Annie, este é o meu marido Lukas Cullen.

–É um prazer conhece-la Annie. Lanna sempre me falou de você, principalmente do seu chocolate quente.- Lukas brincou e ela sorriu.

–É um prazer conhece-lo Sr. Cullen.

–Por favor, apenas Lukas.- meu marido pediu e ela sorriu.

–E esses são nossos filhos, Nicolas e Nicole Cullen.- disse e as crianças sorriram.

–É um prazer conhece-los. Lanna eles são lindos.- Annie disse encantada e sorri orgulhosa.

–Obrigado.- meus filhos agradeceram sem graça.

– Mas que cabeça a minha, vocês devem estar congelando aqui fora, vamos entrar.- ela pediu nos conduzindo para dentro.

–Vou preparar uma xícara de chocolate quente para que vocês se aqueçam.- Annie disse prestativa e sorri agradecida.

–Annie, antes de você ir para a cozinha pode me dizer em que quarto ficamos? Gostaríamos de descansar um pouco antes de ir para o hospital.- pedi e ela sorriu amável.

–Claro querida. Vocês estão na área leste, onde ficava seu antigo quarto. As crianças estão na terceira e quarta porta antes da escada, e vocês estão na primeira porta depois da escada.- ela esclareceu e agradeci antes de levar todos para cima.

–Essa casa é maior do que a nossa.- Nicolas disse maravilhado e sorri.

–Podíamos ter dito uma maior que essa, mas sua mãe não quis.- Lukas disse me olhando enquanto subíamos as escadas em direção os quartos.

–Não sou fá de casas grandes querido, além do mais gosto da nossa casa.

–Eu também gosto, só acho que ela deveria ser um pouco maior. Já posso até vislumbrar as possibilidades...- Lukas disse empolgando com seu provável mais novo projeto.

–Nem pensar. Não vamos aumentar a casa.- disse seria enquanto parávamos nos quartos das crianças.- Esses são os quartos de vocês, aproveitem para descansar um pouco pela manhã por que a tarde vamos para o hospital.

–Claro mãe.- eles disseram antes de nos dá um beijo e entrar em seus quartos.

–Acho que devíamos seguir o seu concelho amor.- Lukas disse e concordei antes de irmos para o quarto.

Apesar de não dormir ou me sentir cansada a anos, minha mente parecia cansada naquele momento.

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Assim que estávamos devidamente descansados fomos direto para o hospital, pois segundo a minha avó, meu avô não tinha muito tempo.

–Que bom que vocês não demoraram para chegar querida.- minha avó disse assim que me abraçou.

–Como ele está vó? - questionei assim que nos separamos.

–Ah querida, o médico disse que talvez ele não consiga passar dessa noite.- ela soluçou suave e a abracei forte.

Estava tentando me fazer de forte mais sabia que não ia conseguir por muito tempo, mas ia tentar pela minha avó.

–Vou dizer a ele que vocês estão aqui.- ela disse suave antes de me soltar, beijar as crianças, cumprimentar Lukas e seguir em direção ao quarto do meu avô.

–Como você está? - Lukas questionou preocupado assim que se aproximou de mim.

–Estou bem.- sussurrei controlada e ele me olhou preocupado.

–Amor, não é errado cair agora com seu avô entre a vida e a morte.

–Ainda não é o momento para que eu caia Lukas.- sussurrei seria e ele concordou.

–Tudo bem, só quero que saiba que vou estar lá para ampará-la quando você cair.

–Sei disso amor, e te amo por isso.- sussurrei tocando seu rosto e ele beijou a minha mão.

–Lukas, Leonel gostaria de falar com você a sós.- vovó pediu assim que saiu do quarto do meu avô.

–Por que o vovô quer falar primeiro com o papai? - Nicole questionou tão confusa quanto eu.

–Talvez, ele queira me avisar de que vai me assombrar pela vida toda se fizer a neta dele sofrer.- Lukas brincou e bate no seu peito com força.

–Isso não teve graça.- disse seria e ele sorriu antes de me dá um beijo e entrar.

–O que será que o vovô quer falar com o papai? - Nicolas questionou curioso enquanto ambos olhávamos para a porta.

–Não tenho a menor ideia filho, e nem consigo escutá-los.- disse confusa por não ouvir as vozes do quarto.

Pov. Lukas:

–Que bom que você veio.- Leonel sussurrou cansado e me aproximei dele.

–Jamais negaria um pedido seu.- disse segurando a sua mão.

–Ele veio com você?

–Sim, já deve estar no hospital.- disse e ele suspirou cansado.

–Assim que terminar minha missão poderei descansar.- ele disse exausto e fechou os olhos por alguns minutos antes de abri-los.

–Ela ainda precisa de você Leonel.- disse e ele sorriu triste enquanto me olhava.

–Não meu príncipe, Lanna tem você e as crianças.

–Mas você é o avô dele.

–Você sabe muito bem que não sou o avô dela, fui escolhido para protege-la e entregá-la a você Lukas.

–Mas, você amou e cuidou da minha filha como se fosse da sua família e isso eu jamais vou esquecer Leonel.- ouvi Alana dizer e virei para vê-la entrando no quarto.

–Você pode salvá-lo, não pode?!- pedi angustiado enquanto olhava para ela.

–Não posso Lukas, sinto muito.- Alana disse e olhei para Leonel com pesar.

–Tudo bem Lukas, já vivi demais. Apenas me prometa uma coisa.- ele pediu cansado enquanto me olhava nos olhos.

–Tudo que você quiser Leonel.

–Prometa que irá proteger meus netos. Que não deixará nada de mal machucá-los.- ele pediu e segurei sua mão um pouco mais forte.

–Nem que eu tenha que morrer para deixá-los seguros.- jurei e ele concordou antes de soltar sua mão.

–Tem certeza Leonel? - Alana questionou antes de segurar a sua mão.

–Tenho, não quero que meu poder se perca. Quero que ele seja útil.

–E será.- assegurei antes de Alana começar o feitiço que absorveria o poder da magia de Leonel e o armazenaria junto com o poder da minha família.

Pov. Lanna:

Depois de alguns minutos que Lukas havia entrado, ele saiu do quarto e pediu que entrássemos.

Meu avô começou a se despedir dos meus filhos antes de dizer adeus a minha avó que estava inconsolável.

–Oi vovô. – sussurrei com a voz chorosa e segurei a sua mão com força.

–Minha princesa. - meu avô disse sem forças. - Não chore querida, não quero que fique triste por mim.

–Não posso evitar. - sussurrei segurando suas mãos geladas.

–Eu sei querida, mas tive um sonho lindo hoje, e você estava nele.- ele sussurrou e sorri triste.

–É vô? E sobre o que era?

–Vi que você ganhará uma linda bebezinha em breve.- ele disse sem forças e olhei para Lukas confusa assim como ele me olhou.

–Vô, eu não posso ter filhos.- sussurrei triste e ele sorriu suave enquanto tocava meu rosto de leve.

–Existem inúmeras formas de ser mãe Lanna, e quando chegar a hora não a deixe escapar. Me promete?

–Prometo vô.

–Que bom, agora posso ter um último pedido?

–Tudo que você quiser vovô.

–Cante nossa música para mim querida, pela última vez.- ele pediu e respirei fundo segurando o choro antes de começar a cantar Fly Me To The Moon.

Assim que terminei de cantar não ouvi mais a respiração do meu avô e nem seus batimentos.

–Vô? - solucei com dor enquanto tentava acordá-lo em vão.

Desesperada comecei a fazer ás manobras de respiração, mas meu avô não respondia. Mas a sua falta de resposta não me faria desistir de reanima-lo.

–Lanna, já chega.- Lukas disse me impedindo de continuar.- Leonel se foi.

–Não ouse dizer isso. Meu avô está bem Lukas.- disse seria tentando me soltar dele enquanto o médico verificava a pulsação e os batimentos do meu avô.

–Me desculpem, não podemos fazer mais nada, o Sr. Sant Clair faleceu. - o médico constatou e todos começaram a chorar.

Desorientada sai do quarto sem saber para onde ir, tudo que podia fazer naquele momento era sair correndo pelos corredores do hospital sem rumo. Até que a dor me atingiu em cheio me impedindo de correr.

–Lanna.- Lukas disse tocando meu ombro e logo virei para abraça-lo com força enquanto desabava no choro.

Desorientada me separei dele querendo ir até o meu avô.

–Onde você vai? - ele questionou confuso enquanto segurava minha mão.

– Preciso falar com meu avô, se eu falar com ele sei que ele vai voltar.- solucei olhando nos olhos do meu marido que me olhou com pesar antes de acariciar meu rosto de leve.

–Ele... Ele não vai voltar amor. Seu avô morreu.- Lukas sussurrou triste antes de me abraçar.

–Quero meu avô de volta, Lukas.- solucei com dor enquanto chorava em seu peito.