Malfoys e suas ruivas escrita por Tia Vênus


Capítulo 1
A Mulher no Escritório dos Retratos


Notas iniciais do capítulo

Pra você que nunca leu uma fic minha...Na Mansão Malfoy, existe um escritório, conhecido como Escritório dos Retratos. É mais ou menos como a tapetaria dos Black - que mostra a árvore genealógica da família Black. Só que só tem os retratos dos Malfoy que levaram a família (por isso também é chamado de o Escritório dos Herdeiros). Bem... é isso...Comentem, ok?



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A Mulher no Escritório dos Retratos

Lúcio sorria observando Draco brincar com sua vassoura pelo escritório. Ele voava com graça, apontando o dedo para os vários retratos com os nomes de seus antepassados e falava seus nomes. O garoto, mesmo tendo apenas seis anos, já sabia todos de cor e sempre que recitava o nome de um dos Malfoy, o retrato sorria com orgulho.

Draco adorava o escritório do pai. Adorava o olhar de satisfação do pai sempre que ele acertava o nome de todos os retratos. Abraxas, Belic, Azaz, Lúcio, Hypérion... Todos Malfoy. Todos loiros de olhos cinzentos.

Era conhecido por todos que os Malfoy sempre procuravam esposas loiras, para manter o padrão entre eles. Por isso haviam muitos casamentos com os Rowle e os Rosier, que eram em sua maioria loiros. Alguns Prewett também. Poucas vezes com os Black, ou os Lestrange. Os Malfoy queriam ser reconhecidos onde quer que chegassem. Que as pessoas não precisassem de apresentações para reconhecê-los.

E durante muitas gerações, esse padrão foi repetido.

Draco gargalhou voando alto, por cima das estantes de livros e Lúcio se permitiu sorrir ao escutar a gargalhada infantil de seu único filho. Mas quando Draco perdeu o equilíbrio, Lúcio sentiu seu sorriso morrer. O garoto tentou apoiar-se numa das estantes e ela caiu com estrondo, enquanto ele ficou pendurado na vassoura, com os pés balançando sem apoio.

Lúcio pegou a varinha e fez o filho flutuar com leveza até o chão. Draco olhou para seus próprios pés, envergonhado e com medo de levar uma bronca. Ele não temia apanhar, pois seus pais nunca tinham batido nele, mas o olhar de descontentamento de seu pai era muito mais assustador do que a ameaça de uma surra. Ele sabia que provavelmente ficaria de castigo por aquela bagunça. Os livros estavam espalhados pelo chão. A estante jogada no chão também e vários pedaços de papel estavam espalhados por todo o escritório.

– Draco! – ralhou Lúcio. O menino ainda olhava envergonhado para o chão, com os olhos brilhantes e assustados – Precisa ser cuidadoso. É por isso que eu e sua mãe não gostamos que você brinque com sua vassoura dentro de casa. E nem que voe tão alto. Você poderia ter se machucado...

Mas Draco já não mais olhava para o chão. Ele olhava para a parede que antes estivera escondida pela estante. Havia um retrato ali. Um retrato diferente de todos os outros. Primeiro porque era uma mulher. Só haviam retratos dos herdeiros naquele escritório. Na verdade, em toda Mansão, só existia um retrato feminino: o de Ishtar Malfoy, que foi a viúva de Belic Malfoy I, quem comprara a Mansão, dezesseis ou dezessete gerações atrás. E nem mesmo ela estava ali naquele escritório. Ela ficava na sala de jantar, observando seus descendentes se reunirem para os jantares, ceias e reuniões formais.

Mas a mulher daquele retrato não era Ishtar. Draco nunca a tinha visto. Ela era bonita, é verdade, mas era muito diferente de um Malfoy. Ela era ruiva. Ruiva com os olhos azuis e uma expressão triste e melancólica. Ela piscava, como se a luminosidade ferisse seus olhos, provavelmente por ter ficado atrás daquela estante durante tanto tempo.

Draco olhou para ela com censura, se perguntando quem seria aquela pessoa tão diferente e o que ela estaria fazendo ali, no escritório dos herdeiros. Se nem a sua mãe poderia estar ali um dia, aquela mulher certamente não merecia aquela posição. Afinal, para Draco Malfoy, não existia mulher mais nobre e perfeita do que sua mãe.

– Quem é ela? – perguntou o pequeno com tom de acusação. Lúcio soltou um suspiro, se lembrando de quando ele mesmo apontou para aquele retrato, muitos anos atrás, com o mesmo tom de acusação, querendo explicações de seu pai.

– Ela é uma vergonha para a nossa família. – respondeu Lúcio olhando severamente para o retrato de Astaton Malfoy, que olhava tristemente para o retrato da ruiva.

– Uma vergonha? Por que? E o que ela faz aqui? – perguntou Draco olhando para ela.

Lúcio soltou um suspiro se perguntando se aquela estante sempre cairia, para revelar o retrato daquela mulher para alguma jovem criança Malfoy. Quando ele era criança, estava escalando a estante para pegar um livro, quando tudo desabou sobre ele. Sua sorte foi que um elfo o viu e o impediu de ser esmagado. Levou uma bronca de seu pai, mas logo quis saber explicações sobre aquele retrato na parede.

– Essa mulher é a esposa de Astaton Malfoy II. – explicou Lúcio. Draco piscou parecendo confuso.

– O que ela fez de tão importante para estar aqui e de tão terrível para ser escondida? – perguntou o garoto, completamente curioso.

Lúcio sacou sua varinha e olhou para o retrato de Genebra Malfoy. A semelhança com Moira Prewett era realmente gritante. Com exceção dos olhos, é claro, que eram azuis, enquanto os de Moira eram castanhos.

– Astaton Malfoy era o único filho de Póllux Malfoy. – começou Lúcio – Ele ficou órfão aos quinze anos e teve que assumir a responsabilidade da família muito cedo, antes mesmo de terminar seus estudos. Por sorte, seu futuro já estava muito bem arranjado. Ele estava noivo de Helena Lestrange desde os cinco anos de idade, e os negócios da família iam muito bem. Os Malfoy já tinham bastante prestígio naquela época... – Lúcio soltou outro suspiro, olhando para seu filho, que estava sentado no chão, o olhando com atenção – Mas crescer sozinho, sem orientação, causou alguns danos nele. Ele não se sentia assim tão obrigado a seguir as boas orientações de seus pais... Ele achou que poderia fazer o que bem entendesse, sabe? Afinal... quem iria castigá-lo? Repreendê-lo? Ele era dono de si mesmo. Por isso ele tomou muitas decisões idiotas...

– Como o que?

– Como ofender os Lestrange, recusando-se a se casar com Helena. E em seguida, casando-se com essa pobre coitada. Genebra Weasley.

Draco arregalou os olhos, com surpresa. Depois olhou chocado para a mulher. O garoto já tinha escutado seu pai falar mais de uma vez sobre os Weasley. Sobre como eram excêntricos, traidores de sangue e amantes dos trouxas. Sem nobreza, sem classe e sem dinheiro. Tão pobres que mal conseguiam sustentar a penca de filhos que tinham.

Mas olhando para aquele retrato, Draco não viu nada daquilo. Ela parecia mais acostumada com a luz e adquira um ar muito aristocrático e quase esnobe. Ela o olhava com algo que lembrava tristeza. Mas ela era, sem dúvidas, muito bonita. Realmente muito bonita. Os cabelos muito vermelhos, como fogo, as sobrancelhas bem feitas, finas, da mesma cor. Os olhos gélidos e penetrantes. A boca carnuda e séria. Séria como todos os Malfoy daquele escritório. Um pescoço comprido, enfeitado com uma gargantilha de rubi.

Lúcio reconheceu o mesmo fascínio nos olhos do filho que ele tivera quando viu aquele retrato pela primeira vez.

– Ela não parece ser uma pobre coitada. – murmurou Draco encolhendo os ombros.

– Não... – concordou Lúcio se lembrando de quando vira Moira Prewett pela primeira vez, no expresso Hogwarts. Como ficou chocado, achando que tinha encontrado Genebra Weasley em carne e osso. Moira tinha o mesmo semblante sério de Genebra. Passou boa parte de sua vida escolar tentando seduzi-la, em vão. E logo a mulher se envolveu com a pessoa que mais desprezava na escola. Arthur Weasley. Nunca superara aquilo e por isso sempre fez questão de desprezá-lo ou importuná-lo, se tivesse chance – Elas nunca parecem ser... mas é exatamente isso o que são. – adicionou se lembrando da coisa grotesca que Moira tinha se transformado. Ela costumava ser belíssima na época da escola. Mas mulher nenhuma poderia manter a beleza depois de sete filhos, vivendo na miséria, um marido paspalhão.

– O que quer dizer com isso? Por que o retrato dela está aqui? – perguntou Draco ainda sem entender como poderia aquela mulher estar no escritório dos herdeiros.

Lúcio sorriu da curiosidade do filho e se viu anos atrás querendo saber as mesmas coisas.

– Como eu disse... Astaton Malfoy não tinha ninguém para podá-lo e orientá-lo. – disse repetindo a história que seu pai lhe contara um dia. – E quando ainda estava em Hogwarts, em seu sexto ano... ele conheceu essa mulher. Genebra. O irmão dela era do mesmo ano que ele. Eles se odiavam, Astaton Malfoy e Galahad Weasley. Até onde Astaton sabia, Galahad era filho único, mas um dia, quando estava em um baile qualquer, ele reconheceu os Weasley, que eram amigos dos Lestrange. Foi quando ele a viu. Genebra Weasley. – Lúcio fez uma pausa, observando seu filho, que o olhava absorto – Quando ele descobriu que ela era a irmã mais nova de Galahad, quase morreu de raiva, pois, na opinião dele, Genebra era a mais bela mulher que ele já tinha visto.

– Ele não a viu em Hogwarts? – perguntou Draco franzindo a testa.

– Não. Genebra nunca chegou a ir para Hogwarts. – explicou Lúcio – O pai dela, Lance Weasley, não achava necessário pagar para a filha ir a escola. Ele mesmo a ensinou. É fácil de deduzir que ela não era lá grande coisa com magia. – adicionou acidamente para o retrato da mulher, que o encarou com asco.

– E o que Astaton fez? – perguntou Draco.

– A princípio, nada. Helena Lestrange era da idade de Genebra e estava frequentando Hogwarts, então ele não se casaria com ela tão cedo. Assim que Astaton terminou seus estudos, ele começou a se encontrar às escondidas com essa mulher. – disse acenando com a cabeça para Genebra – Ele se apaixonou cada vez mais por ela. Aparentemente ela sofria maus tratos da família. Há quem diga até que ela não tinha habilidade mágica e por isso os Weasley a escondiam do mundo. Mas um dia ela fugiu de casa e Astaton a acolheu.

– Ele a escondeu aqui na mansão? – perguntou Draco.

– Sim. E se recusou a deixá-la voltar pra casa. Ele não aceitaria mais que ela fosse machucada. Então ele cuidou dela e se cancelou o casamento com Helena Lestrange, para se casar com Genebra Weasley. Foi um escândalo. – adicionou Lúcio se lembrando de quando recebeu a notícia de que Moira iria se casar com Arthur. Do quão furioso ficou. Tão furioso e desesperado, que enviou uma carta para ela... Que ela nunca respondeu. Então ele se casou com Narcisa. Mas não se arrependia. Narcisa era perfeita para ele. Levantou os olhos para Genebra e agradeceu em silêncio por não ter feito nada idiota, como desistir de seu noivado com Narcisa, por conta de Moira Prewett. – É claro que os Weasley não concordaram com isso e vieram tentar recuperar a garota. Mas Genebra se tornou a senhora dessa casa e exigiu que o pai fosse embora. Mas Lance Weasley não iria aceitar aquilo. Ele ameaçou matar a filha, mesmo que ela já estivesse esperando um herdeiro. Então Astaton disse que se o sogro voltasse a pisar em suas terras, ele iria matá-lo.

– E ele matou? – perguntou Draco, com um sorriso.

– A palavra de um Malfoy...

– Vale mais do que todo o nosso ouro! – adicionou Draco. Lúcio concordou sorrindo e olhou para Astaton Malfoy.

– Ele matou o sogro e teve que usar de muito dinheiro e influência para não ser preso. Os Weasley eram uma família muito prestigiada e influente naquela época. – seguiu explicando – Mas os anos passaram e Galahad nunca aceitou aquilo muito bem. Então ele veio aqui tirar satisfação. Ele e Astaton duelaram mais uma vez e Astaton ficou gravemente ferido. Quase morreu. Galahad fugiu e Astaton ficou sob os cuidados dos curandeiros da época. Genebra sabia que aquela rixa entre as duas famílias só iria acabar quando ela voltasse pra casa...

– E então ela voltou? – perguntou Draco, chocado.

– Sim. Ela voltou. E Galahad a matou, como ela sabia que ele faria. – Lúcio respirou fundo e brandiu a varinha fazendo a estante voltar para seu lugar, escondendo o retrato de Genebra – Astaton ficou inconsolável. Ele era um tolo. Um tolo apaixonado. Por isso, afrontando todos seus antepassados, ele colocou o retrado dela naquela parede. Naquela época os retratos ainda falavam e todos a ofendiam o tanto que podiam. Astaton viu que sua esposa ficava cada vez mais infeliz... então...

– Ele fez os retratos pararem de falar?

– Alguns dizem que sim. Outros dizem que foi uma maldição dos Lestrange. Para que ele nunca mais ouvisse a voz dela novamente. – Lúcio soltou um suspiro e Draco olhou para ele com uma última dúvida.

– Por que ela fica escondida? Porque ela é uma mulher?

Lúcio sorriu e afagou os cabelos de Draco.

– Todos os Malfoy, desde Genebra, acabam vendo esse retrato... e então se apaixonam por uma ruiva. Mas nunca conseguem ficar com ela. – explicou Lúcio – Aconteceu com seu bisavô, com os três irmãos do seu avô e com o seu avô também...

– E com o senhor? – perguntou Draco. Lúcio Malfoy prendeu a respiração e desviou o olhar, se lembrando de Moira Prewett.

– É, eu também... mas não acho que tenha sido ruim. Eu gostei de uma ruiva uma vez, mas a sua mãe é a mulher da minha vida. – então Lúcio sorriu enigmático para seu garotinho – Tome cuidado, filho. Pois uma ruiva um dia ainda vai roubar seu coração.

A Garota de Cabelos Ruivos

Draco sentou na sala dos monitores, esperando o Monitor Chefe chegar, quando Ginevra Weasley entrou. Ela estava com o rosto inchado e parecia ter chorado. Desviou o olhar, sentindo o estômago dar uma cambalhota. Por que aquela garota tinha que ser tão bonita?

E por que tinha que ser uma Weasley? Logo uma Weasley? A irmã caçula de Ronald Weasley, que provavelmente estava apaixonada por Harry Potter. E estava sofrendo por causa do idiota do Thomas, um maldito mestiço.

Estava em seu sexto ano e fingir que Ginevra Weasley não fazia com que se sentisse calorento seria simplesmente mentir. Cruzou os braços, se recusando a olhar pra ela. Eles nunca conversaram. Ela já o tinha azarado umas duas vezes. Ele implicara com ela no segundo ano, quando ela mandou um cartão de dia dos namorados para Potter. Ninguém poderia sequer imaginar qualquer tipo de interesse da parte de qualquer um dos dois.

Draco soltou um muxoxo, desconfortável por estar sozinho com ela, quando a garota se virou para ele, furiosa.

– E VOCÊ! – gritou ela. Draco saltou de susto e a olhou surpreso – Com esse ar de superioridade. Sempre bufando quando eu chego perto. Minha presença te incomoda? Pois saiba que você me incomoda e MUITO! VOCÊ É UM BABACA, IDIOTA, METIDO E MIMADO!

Piscou confuso, sem saber o porquê daquele comportamento dela. Apenas desviou o olhar e deu de ombros. Deveria ser aquela época do mês ou qualquer coisa assim.

Mas Gina entendeu aquilo como deboche silencioso. Ela tinha acabado de terminar com Dino e estava simplesmente furiosa. Por isso queria gritar e discutir, pois não poderia fazer isso com Dino. O amava demais para gritar com ele. Mas ela desprezava Malfoy. Queria que ele fosse o nojento de sempre. Queria que ele falasse algo maldoso. Que lhe desse um motivo para extravazar toda a sua raiva.

Mas ele simplesmente deu de ombros, ficando em silêncio. Estava para voltar a gritar, quando ele suspirou e disse.

– Ok. E?

Ele parecia quase entediado.

– E? E? – repetiu ela como se ele tivesse dito a pior das ofensas – Por que vocês precisam ser assim? Mesquinhos e egoístas? – perguntou pensando em Dino, Harry, Rony, Miguel...

– O que foi que eu te fiz, Weasley? – perguntou Draco de saco cheio – Eu tenho absolutamente nada a ver com os seus problemas. Pare de me perturbar e vai brigar com quem merece sua raiva.

– Você me deixa com raiva! Com esses seus muxoxos de desaprovação. Essa cara de nojo, sempre que me vê! O que eu fiz pra você, heim? – perguntou furiosa.

– Nasceu ruiva. – respondeu ele. Mas então o garoto encolheu como se tivesse dito algo errado.

– E QUAL O PROBLEMA? – gritou zangada.

– Nenhum problema! Céus. Você é maluca! – resmungou Draco.

A porta da sala voltou a abrir e Granger entrou com o irmão da ruiva. Os dois olharam para ele, com censura.

– O que está fazendo com a minha irmã? – perguntou Rony, que havia escutado os gritos da irmã na metade do corredor.

– Estou querendo que ela pare de gritar comigo! – retrucou Draco. Então ele se levantou e rumou para sair da sala, só que o monitor chefe chegou no exato momento em que ele alcançou a porta.

– Pra onde você pensa que vai, Malfoy? – perguntou o monitor chefe. Draco revirou os olhos e apoiou as costas na parede, cruzando os braços. Só queria terminar logo com aquilo e voltar para a sala precisa.

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Então ela estava com Potter. Podia ver os dois se beijando na mesa da Grifinória. Draco voltou a encarar seu purê, brincando com as ervilhas.

– O que você tem, Draco? Parece tão desanimado. – murmurou Blair. Apenas deu de ombros. Estava exausto. Cada dia mais se convencia de que não conseguiria arrumar o armário do sumidouro.

– Ele está assim há séculos. – observou Daphne – E ainda não me respondeu sobre aquele assunto. – adicionou ela piscando. Draco se lembrou que Daphne tinha falado que a irmã dela estaria gostando dele. Mas ele não tinha tempo para mulheres.

– Céus. Que assunto? – perguntou Emília, morrendo de rir e de curiosidade.

– É um segredo. – riu Daphne.

Mais tarde Draco seguiu para a sala dos monitores. Pegou um livro que tinha encontrado, que parecia ser útil para arrumar o armário, e começou a ler, aproveitando que a sala ainda estava vazia. Minutos depois, a ruiva entrou com um sorriso contente e sonhador.

Draco fechou o livro rapidamente e o guardou na mochila. Então jogou a cabeça para trás, morrendo de cansaço. Não sabia o que era uma boa noite de sono há meses.

– Nossa. Você tá uma lástima. – murmurou Ginevra. Draco não se deu ao trabalho de responder. Ele sabia que estava – Por que saiu do time de quadribol? – mais uma vez ficou em silêncio. Como sentia falta do quadribol. De voar, de ouvir a Sonserina gritar seu nome, sempre que pegava o pomo... – Malfoy? Você poderia ter a educação de me responder? – mas ele seguiu calado. – Quer saber? Ótimo. Eu estou de excelente humor e não vai ser seu jeitinho que vai estragar o meu dia.

– Apenas me ignore, Weasley. Nós dois saímos no lucro se você fizer isso.

– Ótimo.

– Ótimo.

Ficaram em silêncio mais um tempo e então Ginevra voltou a falar.

– Ficou cicatriz? – perguntou ela.

Draco levantou a cabeça e a olhou confuso.

– Cicatriz?

– De quando... você e o Harry duelaram no banheiro... – explicou ela. Draco sentiu um frio lhe percorrer a espinha. Ainda se lembrava da dor e do desespero de achar que iria morrer e deixar sua mãe sozinha, já que o pai estava preso.

– Não. Tive sorte do professor Snape ter me achado na hora. – respondeu sem jeito.

– Eu sinto muito pelo que aconteceu... mas foi você quem atacou o Harry primeiro. Não foi? – perguntou ela com a voz baixa, olhando para ele constrangida.

Draco concordou em silêncio.

– Potter adquiriu uma mania irritante de ficar me vigiando. – respondeu sem humor – Ainda bem que agora ele tem você para distraí-lo. Estava começando a achar que Potter joga no outro time.

– Não seja idiota. É só que você está agindo de maneira suspeita o ano inteiro.

– Por que está falando comigo? – perguntou Draco franzindo a testa. Gina corou com a pergunta dele e cruzou os braços desviando o olhar.

– Esqueci que não sou boa o suficiente para estar no mesmo aposento que você, muito menos de ter uma conversa civilizada com você.

Draco deu de ombros, escolhendo o silêncio a uma resposta afiada.

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– Vai quebrar o pescoço, Malfoy. – provocou Vince. Draco piscou e corou, voltando a olhar para sua tarefa de transfiguração. Ginevra estava curvada sobre a mesa onde Granger estava, com o rosto apoiado nas mãos, o peso do corpo sobre os cotovelos. Isso fazia com que a saia dela mostrasse um contorno perfeito de seu traseiro.

– Ela está muito gostosa. – murmurou Greg.

– É uma Weasley nojenta. E ainda está namorando com Potter. Nojo. É o que vocês dois deveriam sentir. – Ralhou Vince.

– Nojo? – perguntou Greg voltando a olhar para a bunda de Ginevra Weasley – Se você tem nojo daquilo, Vince, é porque gosta do que balança e eu nunca mais vou tomar banho no mesmo banheiro que você.

– Oh! Cale a boca! – ralhou Vince, corando violentamente.

Draco olhou novamente para o traseiro da ruiva, achando o desenho muito sensual, quando ela se virou com censura. Desviou o olhar na mesma hora, voltando a se concentrar em sua tarefa atrasada. Já tinha levado duas detenções naquele ano por não fazer as tarefas de McGonagall. Não queria uma terceira. Mas as risadinhas de Granger e Weasley fizeram sua concentração morrer. Lutou para não corar, sabendo que não teria controle sob isso, e logo sentiu o rosto queimar de vergonha.

Existiam outras ruivas em Hogwarts. Por que tinha que ter interesse logo na droga da Ginevra Weasley?

[] [] []

Draco entrou no Expresso Hogwarts completamente constrangido. Ele sabia que ninguém poderia saber que ele fora o responsável pela morte de Dumbledore e pela entrada dos Comensais de Morte na escola, mas não conseguia deixar de sentir olhares acusadores sobre si.

Tinha absoluta certeza de que todos sabiam. Que ninguém entenderia, jamais, os motivos dele...

Vince, Greg, Blair e Pansy conversavam animados, felizes, sobre as mudanças que aconteceram em Hogwarts. Estavam todos felizes por o professor Snape ter se tornado o diretor.

E Draco estava realmente envergonhado por ter ganhado o distintivo de Monitor Chefe. Ele tinha sido um péssimo monitor e um péssimo aluno. Sabia que só tinha recebido a promoção por ordem do Lorde das Trevas, como prêmio por ter conseguido proporcionar a queda de Dumbledore.

– Vamos, Monitor Chefe? – perguntou Pansy, sorrindo para ele e abraçando seu braço – Temos que passar as instruções para os outros monitores.

Draco simplesmente concordou e seguiu com a colega para a cabine dos monitores. Pansy ficou tagarelando sobre seu maravilhoso verão e ele se contentou em escutar. Não estava no clima para conversas. Só queria voltar pra casa, fazer companhia para os pais. Mas, ao mesmo tempo, tinha medo de voltar. O Lorde das Trevas poderia estar lá... ou talvez sua tia Bellatrix, com o marido e o cunhado, que eram igualmente loucos.

Todos loucos. E ele iria terminar igualzinho a eles.

Logo os monitores foram chegando, apesar de alguns ele saber que não viriam. Como Granger. Nenhum nascido trouxa com cérebro voltaria para Hogwarts...

Mas quando Ginevra entrou, ele sentiu seu estômago se contorcer. Ela atravessou a cabine e lhe deu um tapa no rosto.

– Está louca, Weasley? – rosnou Pansy.

Draco olhou para a ruiva, que o olhava com um misto de raiva e desprezo.

Gina sabia de tudo. Harry tinha contado que fora Draco quem abrira o castelo para os comensais. Ele era o responsável por Harry ter ido embora, por Gui ter sido atacado por Greyback e por Dumbledore ter morrido. Sem falar no grande número de mortos e feridos no ataque... Era tudo culpa dele.

E Draco leu o olhar dela. Entendeu imediatamente que ela sabia. De alguma maneira, ela sabia. Então ele olhou para os próprios sapatos, envergonhado. Um pânico crescente dentro de si o foi dominando. Como queria que os comensais tivessem demorado mais para chegar. Como queria ter tido a coragem para pedir ajuda a Dumbledore... Queria não ter se envolvido com nada daquilo.

Estava tão envergonhado que escondeu o rosto com as mãos, como se isso fosse protegê-lo do olhar acusatório de Ginevra Weasley.

E ela notou imediatamente que Harry tinha razão. Draco teria desistido daquilo tudo se tivesse tido mais tempo.

– Draco, o que houve? – perguntou Astoria Greengrass, monitora do sexto ano, da Sonserina – Ela acertou o seu olho?

Draco negou em silêncio e Gina foi se sentindo cada vez mais confusa. Por um lado queria bater de novo nele. Por outro queria abraçá-lo. Sabia que ele precisava de um abraço.

Mas ela nunca, jamais, em hipótese alguma, abraçaria Draco Malfoy.

Cartas Secretas

Harry, Rony e Hermione tinham desaparecido depois do casamento de Gui.

A Toca nunca estivera tão vazia. Principalmente agora que Gina tinha voltado para a escola. Só podia rezar para que sua caçula estivesse bem, sã e salva...

Molly caminhou lentamente pela casa. Estranhando o silêncio. Se acostumara em ter a casa cheia de gente e agora o silêncio parecia simplesmente assustador. Subiu as escadas e foi para seu quarto. No caminho, arrumou um retrato na parede, que estava torto. Um retrato de seu casamento. Seguiu subindo as escadas e entrou em seu quarto.

Tudo impecavelmente arrumado e limpo.

Caminhou lentamente até o armário e pegou um baú antigo. Se sentou na cama, olhando o baú, sonhadoramente. O abriu com cuidado e então abriu a gaveta de sua escrivaninha. De lá tirou uma foto do casamento de Gui. Ela e Arthur, ao lado de Gui e sua nora, Fleur. Estava para guardar aquela foto em seu baú, quando resolveu olhar as fotos do baú de madeira.

Encontrou fotos de todos seus filhos, antes de partirem pela primeira vez para Hogwarts. Viu uma foto de Harry, que amava como a um filho. Encontrou fotos de Gui, quando ele ainda tinha cabelo curto e de Carlinhos, com a roupa de apanhador de quadribol, quando ela foi assistir o último jogo dele pela Grifinória, quando ele estava no sétimo ano.

Viu uma foto de seus gêmeos, em frente a sua loja de logros, com sorrisos e sardas idênticas. Encontrou uma foto de sua pequena Gina, com os olhinhos brilhantes e castanhos.

Achou uma foto que tiraram no Largo Grimmauld, no natal que passaram lá, quando Sirius ainda estava vivo. Sirius ao lado de Harry, com a mão paternalmente no ombro do afilhado. Harry o amava tanto... por que aquele garoto precisava passar por tantas provações? Queria poder abraçá-lo e protegê-lo de tudo...

Achou outra foto, quando estava grávida de Gui. Arthur ao seu lado, com todos os fios vermelhos em sua cabeça, sem pista alguma de que começaria a ficar careca em breve. Sorriu olhando para aquela foto e suspirou, sentindo falta do tempo em que era jovem e muito mais magrinha.

Seguiu olhando as fotos naquele bauzinho. Encontrou uma de sua formatura, ao lado de seus dois irmãos. Fabian e Gideon. Igualmente idênticos, como Fred e Jorge. Igualmente travessos...

Ficou sorrindo, ao ver uma foto sua com Joselyn Pride, sua amiga de escola. Ambas no uniforme escolar, perto do lago. Arthur quem tirara aquela foto. Ela não se mexia, pois ele usara uma máquina trouxa. A qualidade da foto era melhor, apesar disso. Logo encontrou uma foto de um baile do sétimo ano. Ela e Arthur, novamente. O homem da sua vida.

Foi quando sentiu uma vertigem. No fundo do baú, quase escondida. Molly pegou uma foto de seu quinto ano. Num baile de inverno. Ela e Lúcio.

Ficou olhando para aquela foto durante um tempo. Quantas escolhas erradas aquele homem tinha tomado na vida... Por um tempo, pensou que ele fosse apaixonado por ela, mas se convenceu que Lúcio não era capaz disso. Ele era o pretendente que seu pai desejara. Ele quis até conversar com os Malfoy, para arranjar um casamento. Mas Abraxas já estava combinando um casamento com uma das irmãs Black.

Molly pensou em rasgar aquela foto. Mas então resolveu por não fazer. Lúcio se tornara uma pessoa horrível. Desprezível. E ele estava pagando por aquilo... mas jamais desejaria mal a ele. Ele fora seu primeiro amor, apesar de tudo. Contudo, era grata por ter escolhido Arthur, no fim das contas.

Colocou a foto no baú e então achou as cartas que Lúcio lhe escrevera no tempo de escola. Nem se lembrava que aquilo estava ali.

Sabia que Arthur demoraria a chegar. Portanto pegou uma das cartas e a releu. Palavras doces e mentirosas de um homem que se dizia apaixonado. Mas ela tinha certeza de que ele apenas tinha segundas intenções. Ele somente queria se divertir às custas de sua reputação. Não seria a primeira e nem a última a cair na lábia de Lúcio Malfoy, se tivesse acreditado naquelas declarações de amor.

A última carta que Lúcio enviou, foi no dia de seu casamento... A carta seguia fechada. Nunca a tinha lido. Achava um disparate Lúcio Malfoy lhe mandar uma carta no dia de seu casamento...

Quantos anos tinham se passado? Vinte e sete anos de casada. Vinte e sete anos era tempo o suficiente para finalmente poder abrir aquela carta? A última carta de Lúcio Malfoy? Respirou fundo, perguntando se valia a pena desenterrar um fantasma há tanto tempo já enterrado.

Mas o que mais poderia fazer? Queria se distrair. Precisava se distrair.

Então, finalmente abriu a carta. Leu as primeiras palavras e sentiu uma vertigem. As primeiras palavras eram: “Minha querida Moira”.

Sempre tão presunçoso. Sempre tão confiante de si mesmo. A chamando de “minha”.

Seus olhos correram a carta e sentiu outro frio no estômago. Era Lúcio pedindo que ela não se casasse.

“Eu te amo.”

Leu aquilo de novo e de novo, sem acreditar naquilo.

“Eu te amo. Não case com ele. Eu romperei meu noivado com Narcisa Black e então caso com você. Não se case com Arthur Weasley, Moira. Eu amo você.”

Molly levantou os olhos daquela carta, completamente chocada. Depois voltou a ler. Palavras doces e românticas, de um homem que ela nunca julgou saber ser romântico. Promessas, juras, lembranças felizes, confissões.

Não conseguiu terminar de ler. Apenas pegou a carta, a guardou no envelope e então a escondeu no fundo do baú. Voltou a guardar tudo com cuidado. Lúcio não tinha o direito de escrever uma carta daquelas no dia de seu casamento. Não era justo. Que tivesse falado aquilo anos antes. Na época do colégio. Quando era uma menina tonta e apaixonada por ele.

Se levantou e guardou o baú no armário, sentindo-se estranha. Mesmo que tivesse lido aquela carta quando a recebeu, não seria capaz de desistir de Arthur. Eram feitos um para o outro. Mas aquilo certamente lhe faria pensar mais de uma vez...

Como teria sido... se ela tivesse escolhido Lúcio...?

Seria ela a ser refém dos comensais de morte? Teria sido uma esposinha quieta e obediente, aceitando as decisões dele sem questionar? Sabia que não. Nunca teria dado certo. Voltou a descer as escadas e mais uma vez olhou para o seu retrato do dia de seu casamento.

Sorriu para o retrato e beijou as pontas dos dedos, para tocar o rosto de Arthur com eles.

Era grata a Arthur por tudo.

Por tanto, quando ele chegou do Ministério, parecendo cansado e abatido, pulou nos braços dele e o beijou como há muito não beijava. Arthur a abraçou apertado e a puxou para ele.

– Eu estou bem, Molly. Eu estou bem.

– Eu te amo tanto, Arthur... – murmurou no ombro dele. Se afastou minimamente apenas para poder olhar nos olhos azuis dele. Arthur sorriu feliz também.

– Eu também te amo, Moliuóli.

Revendo Conceitos

Gina escutava horrorizada o diretor Snape falar que Hogwarts teria mudanças naquele ano. Em primeiro lugar, ele apresentou os dois novos professores: os irmãos Carrow. Depois Snape disse que todos aqueles que desobedecessem as regras, estariam passíveis a punições físicas, como ficar pendurado pelos calcanhares nas masmorras.

Draco escutou aquilo achando absurdo, mas nada disse. Sabia que não seria castigado. Ele estava protegido por ser um comensal de morte. Ele olhou para a mesa da Grifinória e viu Ginevra e Longbottom. Não podia dizer o mesmo deles.

E logo entendeu que estava certo. Estava indo para a aula de Runas Antigas, quando um aluno do primeiro ano veio correndo, falando que o professor Carrow queria falar com ele.

Foi até a sala do professor o mais rápido que conseguiu e assim que entrou, seu estômago remexeu-se com violência. Longbottom, Ginevra e uma garota da Corvinal, que usava um colar feito de rolhas de cerveja amanteigada, estavam lá. Todos de joelhos, com os pulsos amarrados nas costas. Olhou para o professor, sem saber o que fazer com aquilo.

– Me chamou, professor? – perguntou Draco evitando de olhar para Gina.

– Sim, Draco. Estou muito ocupado corrigindo essas tarefas. Você pode castigá-los por mim? – perguntou ele colocando um disco de vinil em uma vitrola.

Draco olhou para os três, sentindo o estômago afundar.

– Devo levá-los para o Filch? Eles devem limpar os banheiros ou coisa assim? – perguntou esperançoso.

– Limpar banheiros? É por isso que o problema de disciplina nessa escola está tão sério! Não... Nada de detenções bobinhas. Use a maldição cruciatus neles. Comece pela loira e deixe Longbottom por último. Ele é o líder delas, então vai ver as amiguinhas sofrerem por causa dele.

– Não! – gritou Longbottom se debatendo – Elas não estavam comigo!

– Eu estava! – gritou a ruiva.

– Eu também. – Disse a loira.

Draco olhou para eles, desejando estar em casa.

– Pode começar, Draco. – Disse o professor colocando uma música clássica pra tocar.

Gina olhou para o loiro e viu que ele realmente não queria fazer aquilo. Foi uma surpresa. Sempre achou que ele se divertiria em fazer os outros sofrerem... principalmente ela e Neville...

Draco sentia seu estômago se remexer furiosamente, mas apontou a varinha para a Luna. Ele fez uma careta e fechou os olhos, controlando o rosto e então adquiriu um ar indiferente. Mas Gina teve certeza de que ele estava fingindo.

– Crucio. – ecoou a voz de Draco.

– Malfoy, pare! – gritou Longbottom.

– Não faça isso, Malfoy! – pediu Gina.

Mas Draco não parou. Os gritos de Luna eram terríveis. Nem os apelos de Gina e Neville e nem a música do professor abafariam os gritos.

Gina viu Draco abaixar a varinha e Luna parou de gritar. Olhou para o professor, que cantarolava, riscando os pergaminhos. Draco também olhou para o professor, com um desprezo que ele normalmente reservava para Harry, Rony e Hermione.

Mas logo os olhos cinzas dele caíram sobre ela. Draco notou que ela o olhava bravamente. Trocaram outro olhar, onde ele pedia desculpas e ela dizia que entendia.

– Crucio.

– Malfoy! Seu maldito! – gritou Neville.

Ela se contorcia no chão, gritando. Os gritos... Os gritos. Fechou os olhos e a magia parou. Não queria aquilo.

– Continue mais um pouco, Draco. Foi muito pouco. – Disse o professor Aminco sem encará-lo.

Draco respirou fundo. Gina respirava rapidamente, com a testa no chão, os cabelos escondendo seu rosto.

– Crucio.

Ela voltou a gritar. Se debatia com violência. Luna começou a chorar, implorando que ele parasse. Neville acusava Draco de ser um maldito comensal. A marca negra no braço do loiro coçou de leve. E Gina gritou. Gritou e se contorceu no chão, mas não pediu que ele parasse.

Depois de um tempo considerável, Draco baixou a varinha e tudo o que se escutava era o som da música, a pena do professor, riscando os pergaminhos, os soluços de Luna e a respiração acelerada de Gina.

Então Draco avançou até Neville. Ele o olhava com desprezo... Não... Não era desprezo. Era ódio, decepção, nojo... O loiro tinha pensado que seria mais fácil com ele, mas não foi.

– Crucio.

Neville se debateu no chão, gritando desesperadamente. Sua voz grave ecoando na sala, perfurando seus ouvidos. Sua mão tremia com violência, mas ele não a abaixou. Manteve o feitiço por um tempo. Então, quando achou que tinha sido o suficiente para agradar ao professor, baixou a varinha.

– Está satisfeito, professor? Eu realmente preciso ir para minha aula. – Disse ele, com a máscara de indiferença – Na verdade, se puder escrever uma nota para a professora Vector... Eu ficaria grato. Ela não tolera atrasos e eu não vou chegar a tempo.

–Claro, Draco. Claro. – Disse Aminco pegando um pedaço de pergaminho e escrevendo uma nota para a professora.

Draco pegou o bilhete e saiu, sem olhar para os três que seguiam ajoelhados no chão. Caminhou lentamente até o banheiro dos monitores, trancou a porta e então correu para o vaso e vomitou. Sentindo-se mal, se levantou e respirou fundo. Lavou a boca na pia, conjurou sua escova de dentes e os escovou. Depois de ter certeza de que estava totalmente recomposto, seguiu para a aula de Runas Antigas.

E aquela rotina se repetia todos os dias.

Mas torturar Ginevra era o pior.

E Gina sabia que ele não queria fazer aquilo. Mas o achava covarde por simplesmente aceitar. Ele poderia simplesmente se recusar. Mas não... ele aceitava tudo e fazia o que era mandado.

O ano foi passando de maneira terrivelmente lenta e desconfortável.

Até que um dia, Draco apareceu para aplicar seu castigo, por ela ter pintado em uma das paredes do quarto andar, com tinta permanente, “Harry Potter VIVE!”.

Ele a olhou e suspirou com desânimo.

– De novo? – perguntou ele – Você é masoquista? Sente prazer comigo te torturando?

– Cale a boca e cumpra sua missão de vida, cachorrinho do Snape. – rosnou ela.

Draco soltou um suspiro e fechou os olhos.

– Você não entende. Não venha me julgar. Eu odeio ter que fazer isso.

– Eu sei. Mas faz do mesmo jeito, não faz?

– E que escolha eu tenho? – perguntou Draco olhando para Ginevra. Ela nunca se parecera tanto com Genebra. Até o nome era parecido. Duas versões para o nome da esposa do rei Arthur...

– Você poderia se recusar a...

– E ser torturado com vocês? E ser acusado de ser um traidor? – perguntou ele. Gina iria responder, mas ele a cortou antes – E colocar minha mãe em perigo? E meu pai também? Se esqueceu que eles são reféns, Ginevra?

Sentiu um calafrio lhe subir a espinha. Era verdade que tinha se esquecido daquilo. E era a primeira vez que Draco a chamava pelo primeiro nome.

Desviou o olhar, constrangida e ficou em silêncio. Draco suspirou e se encostou na parede, sentindo-se cansado. Extremamente cansado. Gina o olhou sentindo pena dele.

– Desculpe...

– Não tem que se desculpar... eu vou torturar você. – murmurou ele infeliz. Infelicidade, essa, que não passou despercebida por Gina.

– Harry estava na torre, quando Dumbledore morreu...

Draco piscou surpreso e a olhou.

– O que?

– Ele escutou sua conversa com Dumbledore. – ela baixou o tom de voz, falando num sussurro – Ele disse que você ia baixar a varinha... você ia?

Draco a encarou assustado, mas em seguida concordou em silêncio.

– Não houve tempo. – respondeu ele escondendo o rosto com a mão que não segurava a varinha. – Ele ia me matar... ameaçou matar a minha mãe... meu pai estava em Azkaban... ela estava sozinha com ele... – confessou Draco sem conseguir olhar para os lados. Era a primeira vez que falava aquelas coisas para um vivo... a única com quem ele tinha conversado tinha sido a Murta Que Geme. – Ele me mandava ameaças, me mandou cabelos da minha mãe, depois unhas... sempre me lembrando que meu tempo estava acabando... eu estava completamente...

Mas ele se interrompeu. Sentiu os braços de Ginevra o envolverem.

– Eu sinto muito. – murmurou ela.

Draco sentiu o coração acelerar, olhando para aqueles cabelos vermelhos. Lembrou vividamente das palavras de seu pai: “Tome cuidado, filho. Pois uma ruiva um dia ainda vai roubar seu coração.”

Ele a abraçou levemente e respirou seu perfume. Tinha cheiro de flores. Flores do campo. Simples e doce. Então a afastou lentamente. Gina o olhou nos olhos.

– Eu preciso que você grite... o mais alto que conseguir. – murmurou ele.

– Agora? – perguntou ela o olhando nos olhos. Nunca tinha reparado que Draco Malfoy tinha olhos tão bonitos...

Eternidade e alguns segundos foram conceitos difíceis de se distinguir naquele momento. Um momento de confusão, entrega e segredos. Segredos que nunca deixariam aquelas masmorras...

O Ciclo Rompido

Draco estava no escritório de retratos, vendo Scorpius correr atrás de uma bola. O garoto estava já com seis anos e era agitado como uma lebre. Ele gargalhava sempre que jogava a bola contra os móveis e ela quicava de volta.

Mas num momento, ele jogou a bola contra uma estante específica e essa tombou para frente e começou a cair. Scorpius se assustou e pulou para longe a tempo de não ser esmagado. Draco levou um susto e olhou o filho, com preocupação.

– Está tudo bem, Scorpius? Se machucou? – perguntou ele.

Mas Scorpius não parecia machucado e nem parecia ter escutado. Ele olhava para a parede onde a estante estivera recostada. Draco também olhou e sentiu o estômago pular desconfortavelmente ao ver o retrato de Genebra Malfoy.

Lembrou-se que quando era criança, tinha decidido que quando herdasse a casa, não deixaria aquele retrato escondido. Mas olhar para ele era como ter uma foto de Gina em sua casa e isso era simplesmente desconfortável.

– Quem é ela? – perguntou Scorpius em um tom acusatório. Para ele, ter uma foto de uma mulher desconhecida, naquele escritório, era como se seu pai tivesse uma amante ali. Afinal, aquele era o escritório do herdeiros.

Draco olhou para o filho e reconheceu a si mesmo, anos atrás. O mesmo olhar acusador, como se fosse um absurdo ter aquele retrato ali. Não conseguiu não sorrir para o filho. Então se sentou e olhou para a foto de Genebra, que tanto lembrava Ginevra Weasley... Ou melhor... Ginevra Potter...

Nunca tinha contado para ela, sobre seus sentimentos. Era melhor assim. Era algo completamente ilógico, seus sentimentos por ela e tudo o que tiveram foi um beijo escondido em uma masmorra, num momento de loucura. Nunca falaram sobre aquilo. Fingiram que nunca tinha acontecido.

E pouco depois ele conheceu de verdade Astoria Greengrass, a mãe de seu filho, e sua amada esposa. Ginevra Weasley não foi mais que uma paixonite insistente de seu passado. A ruiva que roubara seu coração...

– Essa é Genebra Malfoy. – explicou Draco ficando de pé, ao lado do filho. Ambos olhando para os cabelos cor de fogo dela – Ela é a esposa de Astaton Malfoy. – continuou, se lembrando de quando seu pai lhe contou aquela história, muitos anos antes – Eu vou contar tudo...

E assim o fez. E quando terminou de contar, Draco fez a estante voltar a esconder o retrato e Scorpius prometeu a si mesmo que ele iria tirar aquela estante dali, para que Genebra Malfoy não ficasse mais escondida.

[] [] []

Draco e Astoria estavam conversando. Astoria estava angustiada com a ideia de Scorpius ir para a escola, enquanto Draco ralhava com ela, falando que aquilo iria acontecer. Ele precisava de uma boa educação. Foi quando Scorpius puxou sua capa.

– Papai! Olhe! Olhe!

– O que foi, Scorpius? – perguntou Draco.

– É Genebra Malfoy! – disse o garoto.

Draco se virou, chocado e viu Potter, com a esposa, ao lado de Weasley, todos com seus filhos. A princípio, achou que Scorpius falava de Gina. Ela o olhava serena e então sorriu. Draco acenou de volta e se virou.

– Quem é Genebra Malfoy? – perguntou Astoria.

– Ela vai ir para Hogwarts? Tem a minha idade! – disse Scorpius. Draco piscou confuso e olhou para trás novamente – Ela é tão bonita.

Foi quando viu uma menina ruiva, da idade de Scorpius. Os cabelos eram cor de fogo, os olhos eram azuis. Ela olhava corada de volta para Scorpius, enquanto o pai – Ronald Weasley – falava qualquer coisa para ela.

– Cuidado, meu filho... Essa ruiva vai roubar seu coração, se você não se cuidar. – disse Draco sorrindo para ele, bagunçando seus cabelos. – E saiba que a mãe dela é nascida trouxa. Vovô Lúcio nunca perdoaria você por se casar com uma mestiça.

– Draco! Que coisa horrorosa para se dizer! – ralhou Astoria. Mas Draco apenas riu, observando o filho, que olhava completamente enfeitiçado para Rose Weasley.

[] [] []

No primeiro ano, eles mal se falaram.

No segundo, também não.

Mas no terceiro, tinham aula de Runas Antigas, Aritmancia e Estudo dos Trouxas juntos. Então começaram a se falar.

No quarto brigavam o tempo todo.

No quinto ficaram amigos.

No sexto se apaixonaram.

No sétimo, resolveram contar para suas famílias.

Draco não ligou e nem Astoria. Astoria simplesmente não via problema e Draco sabia que aquilo iria acabar acontecendo. Mas Rony achou um absurdo e criou caso. Mas Scorpius não abriu mão. Não se deu por vencido e enfrentou o Weasley com bravura.

Quando terminaram a escola, os dois seguiram namorando e três anos depois, como Astoria imaginou que seria, Scorpius pediu Rose Weasley em casamento.

E quando Draco passou a casa para o filho, a primeira coisa que ele fez, foi tirar aquela estante da frente do retrato de Genebra Malfoy. Rose ficou observando sem entender o motivo de ter um retrato escondido ali.

– Quem é ela? – perguntou ela num tom acusatório.

Scorpius sorriu e retirou o retrato de Astaton Malfoy II da parede oposta e o colocou ao lado do retrato dela. Então Genebra correu para o retrato dele, finalmente livre da prisão em que estivera enclausurada.

Scorpius beijou Rose na têmpora e a abraçou pela cintura.

– Somos eu e você, tolinha. – respondeu ele. – Em outra vida.

– Eu e você? – perguntou Rose sem entender.

– Deixa eu te contar uma história. – riu Scorpius – Sobre Astaton e Genebra Malfoy...


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Notas finais do capítulo

PS.: Moliuóli é como a Molly gosta que o Arthur a chame quando estão os dois sozinhos (fala isso no Enigma do Príncipe! hehehehe)~~~~~+~~~~~~Comentem, pessoas. Estou muito sem tempo pra escrever. Minha cabeça tá fervendo de ideias e colocá-las no pc e postá-las no Nyah tá sendo difícil!!Me recompensem com comentários, recomendações, etc!!