Sete dias com Leo escrita por Dama Magno


Capítulo 8
Dia 7


Notas iniciais do capítulo

Já são quase 4 da manhã e eu estou aqui, com sono, atualizando. Faço isso com o maior carinho e dedicação, estou super feliz com a recepção que essa fic teve. Foram comentários lindos um atrás do outro, agradeço a todos vocês que estão acompanhando essa história.

Esse capítulo é especialmente dedicado a Biz Andrade, que deixou uma maravilhosa recomendação que me motivou ainda mais a terminar esse capítulo (mesmo depois de um problema que tive com o Drive fdp). E adiciono um pedido de desculpas pela demora, já que prometi que atualizaria a fic no fim de semana ainda (não pense em se divorciar antes do casório, Kaito Felipe!).

Deixarei para responder os comentário que faltam do capítulo passado mais tarte, estou caindo de sono aqui asuhaushauhsaushahsuasuahsa

É isso, espero que gostem!



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Sexta-feira, último dia dos encontros que teria com Jason. Ele não podia estar mais ansioso.

Leo tinha passado por muitos momentos incríveis com o loiro, lembranças que ele guardaria para sempre no coração. A maior delas, talvez, fosse quando ele estava deitado no sofá da casa do amigo e este quase o beijara.

Por que não beijou?!, se perguntava enquanto revirava na cama.

— Percy foi muito esperto em dizer para eu fazer isso, mas teria sido melhor se tivesse funcionado – falou para si enquanto cobria o rosto com o travesseiro.

Percy, após ouvir uma conversa que Leo estava tendo com Nico pelo Skype, aconselhou que ele fingisse estar dormindo na primeira oportunidade que tivesse.

"Digo por experiência própria, Valdez, vai funcionar. Jason não vai resistir."

Claro que Jason era diferente de Percy no quesito autocontrole (ou ele estava se referindo ao Nico?). Era frustrantemente esperançoso saber que o loiro quase o beijara.

— Leo, você vai se atrasar! – Seu tio gritou atrás da porta.

Em um pulo e sacolejando o corpo para espantar a ansiedade, o garoto foi tomar um banho rápido e se arrumar.

Havia preparado algo especial para esse último dia, ele só esperava que tudo desse certo.

Π

Jason acordara muito disposto naquela manhã, mesmo tendo dormido pouco (o que ele esperava não se tornar um hábito).

Havia passado boa parte da noite pensando em muitas coisas, após receber uma mensagem de Leo dizendo que para o último dia eles fariam algo especial.

Último dia. Em algum lugar da sua mente, ao ler aquela frase, uma voz disse que aquele não poderia ser o final.

Jason estava realmente gostando de Leo. E não negando mais o que sentia, ele conseguia entender as palavras de Thalia e Percy.

Até certo ponto, as coisas que faria por Leo e o que sentia perto dele não eram muito diferentes do que com qualquer outro amigo. Porém, elas mudavam de figura no ponto em que Jason não apenas se sentia confortável perto do moreno, mas se sentia completo e seguro.

Saber que podia contar com o amigo para qualquer coisa e que ele sempre estaria ao seu lado, oferecia ao loiro a certeza de que era capaz de qualquer coisa. Poderia escalar a montanha mais alta do mundo, derrotar um titã e salvar o a humanidade quantas vezes fosse necessária, se Leo dissesse que ele era capaz disso.

Nunca antes havia percebido a profundidade do que isso significava, acreditava – ou melhor, queria acreditar que eram apenas ótimos amigos e que não passava disso, porque não era possível ele gostar de um cara.

Mas gostava e seria ridículo, àquela altura do campeonato, tentar negar. E foi pensando que não havia motivos para correr, que Jason entrou no banho.

Haviam marcado de se encontrarem no Central Park às 10h. De lá eles iriam para a estação, onde Leo tomaria frente e guiaria o amigo até o local misterioso.

Quando Jason chegou ao lugar combinado, sentia que o coração queria sair do peito. Não negava mais seus sentimentos, porém ainda não descobrira o que deveria fazer.

O que Leo esperava? O que ele queria? Um beijo? Mãos dadas? Já haviam feito isso, mas agora as coisas tinham outras proporções. Jason deveria dar o primeiro passo? Ele se sentiria bem se fizesse isso em público? O que aconteceria se seu pai descobrisse?

Eram muitas questões a serem respondidas, cada uma aumentava ainda mais o nível de ansiedade do loiro – que havia chegado cedo demais e agora teria que esperar pelo amigo.

Se desesperar não vai ajudar em nada, pensava enquanto inalava e exalava lentamente em uma tentativa de se acalmar.

Resolveu ouvir música, pois isso sempre o relaxava. Porém, ao colocar a mão no bolso da bermuda notou que havia esquecido os fones em casa.

— Que maravilha – resmungou carrancudo, então ouviu alguém chama-lo ao longe.

Quando virou a cabeça para ver Leo se aproximando, Jason sentiu como se seu estômago havia resolvido pular de um precipício.

Com certeza ele não conseguiria tomar alguma atitude. A consciência dos próprios sentimentos havia servido mais para acovarda-lo, e ver o moreno todo animado e sorridente criara uma barreira estranha impossível de transpassar.

As coisas acabavam de ficar mais complicadas.

Π

Os dois entraram no vagão e rapidamente acharam um lugar vago. O mais alto fez um gesto com a cabeça, como se mandando o outro sentar; que foi o que Leo fez.

— Quando pretende me dizer para onde estamos indo? – Jason perguntou olhando o amigo de cima.

— Você vai ver quando chegarmos, não se preocupe – respondeu sorrindo.

Durante todo o caminho, os dois ficaram conversando sobre coisas aleatórias, como sempre. Começaram falando sobre o último episódio de alguma série e terminaram em um debate sobre qual o melhor sabor de gelatina, sem nem saberem como foram parar nesse assunto.

— Vamos descer. – Leo anunciou quando já estavam chegando à estação onde deveriam desembarcar.

Jason assentiu e foi para perto da porta, junto ao amigo. Ao saírem, uma mulher com uma bolsa enorme e gritando ao telefone passou entre os dois, empurrando Leo que quase caí, mas conseguiu manter o equilíbrio.

— Você está bem? – O Grace perguntou preocupado.

— Estou, mas a bolsa daquela delicada moça cortou meu braço – queixou-se erguendo o antebraço para ver um corte pequeno, mas que ardia como as almas no inferno.

O loiro então fez algo um tanto inusitado: tirou um band-aid da carteira.

— Sempre prevenido, como esperado de um futuro melhor médico do país. – O mais baixo brincou enquanto tinha o braço puxado pelo amigo, que colocou o curativo sobre o machucado.

— Não exagere. – Sorriu em resposta, então surpreendeu o Valdez mais uma vez quando pousou os lábios sobre a ferida coberta.

Leo soltou o ar com força quando viu o loiro fazer aquilo e sentiu o rosto esquentar. Envergonhado e com o coração acelerado, soltou uma piada antes que a ficha de Jason caísse:

— Posso ganhar um pirulito, Dr. Grace?

— Vou pensar no seu caso, pequeno Valdez. – Riu bagunçando os cabelos do menor, que fez uma cara emburrada.

— Certo, vamos. Temos que chegar antes do almoço – falou puxando o amigo para fora da estação.

Π

— Esse é o lugar especial? – O Grace indagou curioso quando pararam em frente a um casarão pintado em tons pastéis.

— Exatamente! – O mais baixo respondeu orgulhoso ao mesmo tempo em que puxava o amigo pela mão.

Ao entrarem no lugar, Jason percebeu de que se tratava e imaginou o motivo de Leo querê-lo ali. O nervosismo que havia sentido no começo da manhã voltara quando uma mescla de ansiedade e hesitação fez seu estomago dar um mortal de costas.

— Venha, quero que conheça alguém. – Leo disse depois de ter trocado algumas palavras com o homem na recepção.

Enquanto seguia o moreno, Jason deixou que seus olhos percorressem pelos rostos envelhecidos dos moradores da casa de repouso e também pelos jovens que lá trabalhavam. Notou que tudo ali parecia adaptado para o conforto e segurança dos idosos (como o chão bem nivelado).

Estava impressionado com o lugar, mas ficou ainda mais admirado quando chegaram a um salão amplo e bem iluminado, onde o ritmo da salsa ecoava junto aos sons feitos pelos pés dos idosos. A frente uma mulher ensinava os paços da dança enquanto seu parceiro, um senhor baixinho e animado, fazia graça.

Ali ele viu pessoas, cuja velhice apenas aparecia no exterior; um mar de cabeças grisalhas que se moviam ao som da música.

— Muito bem, vovô! – Leo gritou ao final da aula.

O homem que estava junto à professora se aproximou dos dois, ainda agitado pela música. Ele tinha a mesma estatura que o moreno, sua pele era bronzeada e os cabelos encaracolados, brancos; na face estava o maior sinal de semelhança entre o avô e o neto: o sorriso travesso.

— Leo, meu neto favorito! – O homem disse animado, enquanto abraçava o mais jovem.

— Sou seu único neto – retrucou retribuindo o abraço.

— E eu não poderia ter pedido um melhor. — Riu então seus olhos caíram sobre o loiro. — Você deve ser o jovem Grace.

— Ah... Sim! Sou Jason Grace – falou um pouco atordoado. — Muito prazer.

— Precisa de um lenço, rapaz? – perguntou brincando sobre o suor na mão que lhe fora estendida.

— Sinto muito – respondeu enquanto a esfregava na bermuda, envergonhado.

Jason estava nervoso com aquele encontro. Conhecia Leo há anos e nunca havia visto o avô dele sem ser em fotos, então tudo aquilo o lembrava de quando teve que conhecer os pais das ex-namoradas; tinha que causar uma boa primeira impressão.

— Parece até que te conheço há muito tempo, meu jovem. – Deu uma batida de leve nas costas do mais alto e então o analisou de cima a baixo. — Se bem que não parece tão bonito quanto meu neto o descreveu.

Abuelo! – Leo gritou enquanto estapeava a própria testa, constrangido.

O senhor gargalhou e pediu desculpas ao mesmo tempo em que arrastava os dois jovens para fora do salão. Jason tinha um pequeno sorriso na face, estava inesperadamente feliz em saber que o amigo havia falado sobre ele com o avô – e coisas boas, aparentemente.

Π

Não foi preciso muito tempo para que o loiro notasse que as semelhanças que Leo tinha com o avô eram muito mais que física. Nos primeiros trintas minutos que passara ao lado do homem ele já havia feito piadas de todos os tipos, tirado onda com amigos e até assustado uma das funcionárias (que até tentou ficar brava, mas acabou rindo).

Agora os três estavam conversando do lado de fora da casa, sentado em uma mesa perto da piscina onde alguns conhecidos do mais velho participavam da hidroterapia.

Hijo, pode pedir para Natasha me dar um daqueles pudins que estão na cozinha, por favor? – pediu o homem se referindo à mulher que havia assustado.

Leo assentiu e foi procurar a moça. Jason automaticamente o seguiu com os olhos desde o momento em que ele se levantou, até sumir atrás de si; mordia o lábio inferior, tentando não sorrir.

— Então, Jason. O que pretende fazer após se formar? – A voz do outro chamou sua atenção tão repentinamente, que ele demorou um pouco para assimilar a pergunta.

— Pretendo fazer faculdade de medicina, senhor. Quero ser pediatra, senhor – respondeu adquirido uma postura rígida. Aquela pergunta estava diretamente ligada à interrogação que os pais faziam ao pretendente de sua filha.

— Relaxa garoto. Estou apenas curioso. – Riu. — Algum motivo especial para querer seguir essa profissão?

— Bem, eu gosto de crianças – falou baixo tentando relaxar. — E um dia, quando eu era pequeno, vi um noticiário sobre um garotinho que havia falecido por conta de um diagnóstico errado – total descaso do médico. Sempre gostei de ajudar as pessoas também, então... – Não concluiu a frase, constrangido pela atenção que suas palavras estavam recebendo do homem.

— Nesse momento você quis ser um médico para pode ajudar outras crianças, como aquele menino – afirmou.

— Também – concordou. — Mas eu também não quero ver outra mãe chorando pela perda do filho que acabou de ter, simplesmente porque não deram a devida atenção ao problema – concluiu.

— Muito nobre da sua parte. — O senhor sorriu ao mesmo tempo em que olhava para a corrente de ouro que erguia com os dedos grossos. — Você lembra o meu mais velho, o pai de Leo.

— Como ele era? – indagou um pouco hesitante, mas curioso. O amigo pouco falava sobre os pais.

— Era um homem maravilhoso – começou a contar, já com nostalgia nos olhar. — Tinha um ótimo coração, cheio de sentimentos altruístas. – Pigarreou, tentando manter a voz firme. — Ele disse uma vez que queria ser médico, mas também quis ser um super-herói. – Riu. — No final acabou sendo um mecânico, como todos na família.

— Leo parece que vai seguir o mesmo caminho. – Jason constatou, também rindo.

— Meu neto tem talento, é melhor que todas as gerações juntas – falou com orgulho, o loiro concordou com um aceno de cabeça. Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que o homem voltou a falar, perguntando: — Ele já te contou que eu não tive uma boa relação com o tio dele?

Jason negou surpreso com a revelação.

— Acho que sabe que meu filho tem gostos... diferentes do tradicional – disse, o mais jovem concordou fazendo alguma ideia ao que ele se referia. — Me olhando você pode até não acreditar, mas eu já fui um homem muito rígido. Fui criado em uma família muito tradicional, a do tipo que ensina que homem é o provedor e a mulher deve cuidar da casa e dos filhos – explicou. — Não me orgulho de dizer que já fui muito preconceituoso.

O homem suspirou e se acomodou melhor na cadeira, sua postura e voz exalando a sabedoria que apenas alguém da idade dele poderia ter. O loiro ficou atento a cada palavra que ele soltava, como em uma aula importante.

— Quando soube que meu filho estava se envolvendo com outros rapazes, eu fiquei indignado. Lembro que pensei que aquilo não era normal, que ele deveria estar sendo influenciado por alguém de má índole e até passamos a frequentar a igreja mais vezes na esperança dele mudar – contou. — Claro que não adiantou. Então eu fiz a pior coisa que poderia ter feito: bati e o expulsei de casa, ele nem havia se formado ainda.

Jason engoliu em seco, nunca havia imaginado que aquele tipo de coisa tivesse acontecido. Ainda mais porque sempre soube de quão amorosos os três eram um com o outro.

— Eu disse coisas ao meu filho que jamais me perdoarei. – Balançou a cabeça, indignado com as próprias atitudes. — Então, comecei a fumar mais do que já fumava, até que tive um infarto. Eu achei que ia morrer e a única coisa que pensava era que não veria minha família outra vez – confessou com lágrimas nos olhos. — Naquele momento, eu orei a Deus para que Ele me desse outra chance; que se eu vivesse, iria correndo abraçar meu filho que não via há mais de três anos.

O garoto suspirou, piscando repedidas vezes para afastar as lágrimas que ameaçavam vir. Ao contrário do mais velho, que as deixava rolar livremente pela face marcada pelo tempo e pela dor.

— Quando eu acordei no hospital, a primeira pessoa que eu vi foi ele. – Soluçou. — Ele havia passado a noite ao meu lado, mesmo depois de todas as coisas horríveis que disse a ele; coisas que doeram mais que os tapas que dei. Foi naquele instante que eu tive a certeza de que ele continuava sendo o meu filho, o garotinho que criei e amei, que não importava se ele gostava de homem, mulher ou os dois; ele continuava o mesmo de sempre e aquilo não fazia dele uma pessoa ruim.

Quando o homem terminou de contar a história, ele fungava. Jason limpou os olhos, pois não conseguira segurar o choro.

— Hoje em dia temos uma boa relação, mas ainda é frágil – revelou após se recuperar. — Talvez um dia ele me perdoe totalmente, mas eu não acho que conseguirei fazer o mesmo por mim. Por isso que hoje faço de tudo por Leo, ele é a segunda chance que pedi a Deus de fazer o certo; de apoiar com todas as minhas forças.

No mesmo momento, Leo voltou resmungando e com o pudim do avô em mãos. O homem parou de falar e sorriu para o neto, que estendia o doce e reclamava de como fora difícil encontrar a Natasha.

— Eu vou ali falar com o Ernest e já volto, aquele velho lobo do mar perdeu no pôquer ontem e agora está me devendo – falou se levantando segurando o pudim, mas parou por alguns segundo ao lado de Jason; tempo suficiente para se curvar e cochichar ao garoto: — Faça meu neto feliz.

— O que ele disse? – perguntou o mais baixo, intrigado, vendo o avô se afastar.

— Nada que eu já não estivesse pensando em fazer – respondeu misteriosamente e sorrindo para Leo de uma maneira que fez prender o ar.

Π

Os garotos passaram praticamente o dia inteiro na casa de repouso, se divertindo e ouvindo histórias que o avô de Leo e seus amigos contavam (coisas da época que eram jovens). Para Jason havia sido uma experiência incrível e muito esclarecedora, pois aprendera mais coisas sobre a vida do que poderia imaginar.

Já não estava mais assustado com a possibilidade das coisas darem errado, já não ligava mais para detalhes que nunca deveriam importar mais que a própria felicidade. Sabia o que queria e o que faria agora.

Apenas esperaria o momento certo para dizer a Leo.

O céu estava começando a ficar alaranjado quando eles saíram do lugar, ainda rindo dos momentos engraçados. Caminhavam lado a lado, bem perto um do outro com os braços se roçando levemente; Jason estava sentido que talvez fosse à hora perfeita para abrir o jogo, mas antes que pudesse sequer abrir a boca, uma voz vinda do outro lado da rua o interrompe.

— Jason!

Quando ele se vira, dá de cara com uma garota ruiva acenando efusivamente. Os cabelos cheios estavam presos no alto da cabeça e as roupas um pouco sujar de tinta, imediatamente ele a reconheceu.

— Rachel! – Sorriu, a menina atravessa a rua correndo e o abraça.

— Quanto tempo, você está maior. E mais forte. – Ela comenta apertando o braço do loiro, que apenas sorri sem graça.

— Obrigado – agradeceu olhando para Leo com o canto do olho esperando alguma reação, mas apenas o vê com uma expressão neutra. — Esse é o Leo, um... Amigo meu. Leo, essa é a Rachel; estudou comigo e com o Percy até pouco antes de você chegar – apresentou.

— Prazer. – O moreno disse com um sorriso falso.

— O prazer é todo meu. – Rachel respondeu, sem notar que para o mais baixo não era nada prazeroso conhecê-la. — Então, como estão as coisas com o pessoal? Annabeth e Percy finalmente estão juntos?

— Na verdade, eles até já terminaram – respondeu coçando a nunca, sem jeito.

— Tá brincando! Eu pensei que eles iriam ficar juntos pra sempre – falou chocada. — Talvez eu não devesse ter desistido dele – brincou.

— Eu não acho que você tenha o que ele procura – Leo murmurou, recebendo uma cotovelada do amigo.

— Como são as coisas aqui no Brooklyn? – Jason perguntou desviando a atenção do que o outro falou.

Rachel então se pôs a falar sobre o que havia acontecido na vida dela até agora. Os dois conversaram durante longos e intermináveis minutos – na visão de Leo, que havia sido deixado de lado e não estava nem um pouco contente com aquilo.

Era para ele ter, supostamente, toda a atenção do loiro naquele dia. Era o último dos encontros e ele estava apostando todas as suas fichas naquelas poucas horas que restavam, pois quando chegasse a casa seria o final. Mas aquela garota tinha que aparece em um momento crucial; já havia ouvido Jason falar sobre ela e o que escutara não ajudava em nada seu psicológico.

Claro, a primeira garota por quem ele se apaixonou e tomou um fora, tinha que aparecer!, queixou-se mentalmente.

Leo estava quase desistindo de esperar pelo amigo, iria embora sozinho. Então a conversa finalmente teve um final e eles se despediram da ruiva, seguindo direto para a estação.

— Fazia muito tempo que eu não tinha noticias da Rach, o Percy vai ficar louco quando souber que a encontramos hoje. – Leo franziu o cenho diante da animação do loiro.

— Claro.

— Quem poderia imaginar que vão fazer uma exposição na escola dela somente com as pinturas dela?! Isso é demais.

— Ela é demais – murmurou sarcástico.

— Sim, ela é demais – concordou e, como se não bastasse isso, suspirou.

O resto da caminhada foi feita em silêncio, então quando chegaram ao metrô e entraram no vagão, Jason pegou o celular e começou a digitar algumas mensagens.

— Eu disse que ele iria ficar doido. – Mostrou a resposta de Percy, que parecia tão idiota quando o Grace só pelo fato de ter notícias de uma velha amiga.

Normalmente Leo não ficaria tão incomodado com algo do tipo, mas aquela garota representava a resposta para aqueles sete dias que foram tão importantes para ele.

Jason nunca iria gostar dele da mesma maneira.

Aquele quase beijo provavelmente era motivado apenas pela curiosidade, por isso que não chegou a acontecer; o mais alto sabia que seria errado fazer algo do tipo quando sabia dos sentimentos do amigo e, justo como era, desistiu de experimentar.

— O que foi? Você está calado. – A voz do outro o tirou do mar de pensamentos negativos que estava tendo, suspirando ele respondeu:

— Não é nada. – Deu de ombros, mas o olhar preocupado do loiro o fez acrescentar: — Só uma dor de cabeça.

— Quer passar na minha casa antes e tomar um remédio? – perguntou, mas recebeu uma negativa.

— Eu só quero ir pra casa dormir – falou repousando a cabeça na janela e fechando os olhos.

— Ok...

Π

Jason não estava gostando nem um pouco daquele Leo silencioso que estava ao seu lado. Era estranho e dava a sensação de que algo estava fora do lugar. E foi assim em todo o trajeto do metrô, o de ônibus – pois ele insistiu em acompanhar o amigo até em casa – e a caminhada do ponto até onde o moreno morava.

O loiro começava a se sentir sufocado por aquele clima pesado e antes que Leo pudesse abrir a porta do apartamento que ficava em cima da mecânica, ele o segurou pelo braço.

— Me diz o que está acontecendo, Leo – pediu quase desesperado.

— Eu só estou cansado – respondeu.

— Isso não é verdade, eu sei quando está mentindo e quando tem algo te incomodando. Abre o jogo – implorou.

— Se você me conhece tão bem, deve saber o porquê de eu estar assim – retrucou irritado.

E ele conhecia, então não precisou de muito tempo para saber quando e porque do amigo começara a agir daquele jeito.

— Você está com ciúmes da Rachel – afirmou um pouco surpreso.

— Talvez.

— Não tem motivo algum pra você sentir isso – garantiu, Leo apenas balançou a cabeça negando. Não acreditava naquelas palavras. — Leo, ela é apenas uma amiga que eu não via há anos.

— Não é da minha conta Jason, pelo o que me consta... Somos apenas amigos também – falou dando de ombros.

Pronto, aquele era o momento ideal para dizer o que sentia. Pensava que deveria falar quando o clima estivesse leve, parecido com os de filmes de romance, mas se enganara. Se não dissesse agora, poderia perder as chances e a coragem de dar o próximo passo.

— Você quer saber o que seu avô me disse naquela hora? – perguntou tão repentinamente que Leo precisou de um tempo para se lembrar do que ele falava.

— Por que isso agora? – Quis saber, seu tom de voz saindo aborrecido.

— Ele pediu para que eu te fizesse feliz – revelou, deixando o outro perplexo. — E é o que pretendo fazer.

— O quê? Como assim?

— Durante todo esse tempo eu achava que era impossível eu te ver como algo além do meu melhor amigo – confessou, colocou a mão sobre a boca do menor quando ele ameaçou dizer algo. — Mas a verdade é que eu nunca te vi apenas desse jeito.

Os olhos castanhos de Leo estavam arregalados e ele não piscava, Jason então pousou as duas mãos (que tremiam) sobre os ombros dele e continuou:

— Thalia e Percy ficaram repetindo que eu deveria aceitar, mas eu não sabia do que eles falavam. Até que ontem, quando eu li sua mensagem dizendo que esse seria o último dia dos encontros, eu finalmente entendi. – Respirou fundo, encarando o amigo nos olhos, como se assim conseguisse mostrar que tudo o que dizia era verdade. — Eu acho que sempre estive apaixonado por você, apenas não havia notado.

Após falar aquela frase, Jason sentiu o coração parar por alguns segundo e então acelerar de forma repentina. Seu corpo todo tremia de ansiedade, esperando uma resposta – ou simplesmente um piscar de olhos, já que Leo estava completamente parado.

— Você pode dizer qualquer coisa agora – pediu hesitante. — Sério, seria muito bom que você falasse algo, porque isso está ficando muito constra–

— Você fala demais, Jay – interrompeu e sem esperar um segundo sequer, jogou-se contra o loiro.

Qualquer palavra usada para descrever o que os dois sentiram ao finalmente se beijarem não faria jus ao verdadeiro significado.

Para Leo era a realização de algo que somente experimentara em seu mundo fantasioso e que não chegava nem perto de ser tão bom quanto à realidade. Já para Jason, era a certeza de que fizera a escolha certa em aceitar, de uma vez por todas, o que sentia. Para ambos significava a libertação do que os atavam.

Correntes forjadas no próprio medo e que foram quebradas ao final do sétimo dia.


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Notas finais do capítulo

E ISSO É TUDO PESSOAL!

Mentira, ainda tem o epílogo, hue.

Certo, antes de mais nada, não me perguntem de onde eu tirei que a Rachel foi o primeiro crush do Jason - assim como a presença do Will e o Jay pediatra, foi algo bem random.

Finalmente o tão esperado beijo! Terminou de uma forma meio poética, não? Bem, eu não sou muito fã de descrever o ato em si, mas espero que tenham gostado o/

Esse foi o maior capítulo da minha vida!!1!onze! Tirando algumas one-shots, mas isso não vem ao caso.

Bem, deixa eu me despedir, preciso dormir um pouco asuhauhsuhaushuahsuhasuh