Sete dias com Leo escrita por Dama Magno


Capítulo 7
Dia 6


Notas iniciais do capítulo

Bom, como eu disse, eu vou adiantar esse capítulo. Ainda não terminei o próximo, mas a recomendação e os comentários me animaram demais.
O que me lembra, um beijo e um chero especial pro Kaito Felipe (meu noivo, gente, vamos casar na Grécia e estão todos convidados aushaush) e pra todos que comentaram (Funny e Biz Andrade, segurem as pontas que eu falo depois sobre Pernico, de buenas?)



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Leo já havia dormido na casa de Jason algumas vezes e vice-versa. Haviam sido noites de muita bagunça, em sua maioria, pois o mais baixo ficava elétrico de ansiedade com a presença do amigo e, por isso, conversavam até que ficassem cansados demais para pensar.

Naquela noite, porém, Jason não dormiu direito. E não foi por culpa de Leo, pelo menos não diretamente.

O loiro estava se rendendo a um sentimento que teimava não ter e isso o deixava desestabilizado. Teimara tanto com tanta gente, dizendo que nunca veria o Valdez de outra forma, mas lá estava ele, olhando o amigo e pensando em como ele ficava adorável enquanto dormia.

Havia tido muitos sonhos, cujos detalhes não se lembrava, mas sabia que foram estranhos por conta da sensação que deixaram em seu peito. Uma hora, depois de já ter acordando um par de vezes, ele desistiu de tentar dormir e ficou pensando em tudo e em nada, ao mesmo tempo.

Em dado momento, depois que o brilho do Sol começara a invadir seu quarto pela janela, Jason parou para velar o sono do amigo.

Ele não faz ideia do que está fazendo comigo, pensou com um pouco de frustração.

Cansado de ficar dando voltas no assunto – que ainda não chegara a uma conclusão por conta da própria teimosia –, Jason se levantou e foi à cozinha preparar o café da manhã.

Now Ive got you in my space, I wont let go of you – cantava enquanto fazia torradas e colocava a garrafa de suco sobre a ilha. — Got you shackled in my embrace, Im latching onto you.

Ele estava tão distraído com o que fazia e com a música que cantava que não viu Leo chegar. O latino teve que se segurar para não rir; Jason era bom em muitas coisas, mas cantar não era uma delas.

— Não estrague a música, cara – disse depois de um tempo, gargalhando quando Jason deixou cair um prato por conta do susto que levou com a aparição repentina.

— Porra, Leo! – esbravejou com a mão no peito. — Olha só a merda que fez. – Apontou para o prato despedaçado.

— Desculpa. – Continuava a rir. — Eu cuido disso.

O baixinho mal havia se aproximado de onde Jason estava e, repentinamente, se viu sobre o ombro largo do loiro e sendo carregado para fora da cozinha.

— Ei! Me coloca no chão! – pediu indignado, dando um tapa nas costas do Grace.

— Você está descalço, idiota, poderia cortar o pé – disse parando na sala, mas ainda com o amigo sobre o ombro.

— Tá, me desce logo. – Voltou a pedir, ignorando a preocupação desnecessária do mais alto.

— Tem certeza? – perguntou dando uma girada repentina, o que fez o mais baixo soltar um gritinho assustado.

— Vai ficar com dor no ombro, Grace! – Jason riu.

— Você é tão leve, que posso ficar horas assim! – Girou de novo, Leo se agarrou na camiseta do loiro e fechou os olhos com força.

Segundos transformaram o medo do moreno em risadas, que contagiaram o outro e logo os dois estavam gargalhando e girando feito duas crianças arteiras.

Estar com Leo era sempre assim, voltar a infância e ser o que queria sem ligar se era idiota ou não. Com Leo, Jason se sentia livre e leve.

— To tonto! – avisou rindo.

— Então para! – Leo também continuava a rir.

— Não consigo, estou no automático agora – dizia ficando sem fôlego e diminuindo o ritmo, mas sem parar.

Quando Jason finalmente conseguiu não girar mais, Leo escorregou do ombro do amigo para o chão. Porém eles continuavam segurando um ao outro, tentando recurar o equilíbrio e respirar normalmente.

— Minha barriga e bochechas doem. – Jason disse apoiando o queixo no topo da cabeça do mais baixo.

— Eu to chorando. – Leo confessou esfregando o rosto no peito do mais alto, limpando o rosto molhado.

Eles tentaram se separar, mas mal deram um passo para trás e caíram sentados.

— Você é muito idiota, Jay. – Leo ofegava.

— Eu sei – concordou apertando as bochechas, tentando fazer a dor passar. — Mas foi divertido.

Leo encarou Jason por um tempo antes de sorrir e concordar. Ajeitou-se no chão de modo a ficar mais perto do amigo, tocou a mão direita dele com a ponta dos dedos e esperou para ver se ele se afastava; como isso não aconteceu, segurou-a com firmeza.

— O que quer fazer hoje? – O loiro perguntou.

— O que sugere?

— Primeiro podíamos tomar café e depois vermos o que dá pra fazer.

— Ótima ideia. – Sorriu. — Vai trazer algo para eu comer aqui na sala ou prefere me carregar até a cozinha?

— Você é muito folgado – acusou. — Coloca um chinelo e se vira, eu já tive o trabalho de preparar tudo. — Se levantou.

Leo revirou os olhos e mostrou a língua para o mais alto, que balançou a cabeça negativamente e, sorrindo, foi limpar a bagunça que estava à cozinha.

Π

Já havia se passado uma boa parte da manhã e ainda não havia decidido nada.

Jason estava deitado de lado no sofá, a cabeça apoiada na mão e com uma das pernas jogadas sobre o encosto. Os olhos claros correndo da tela ao topo da cabeça do amigo, que jogava concentrado.

— Não faço ideia do que podemos fazer hoje – falou após gritar para o outro jogar uma granada sobre os inimigos que avançavam.

— Você tem mais experiências em encontros que eu, deveria saber. – Leo, que estava sentado no chão, respondeu sem tirar os olhos da TV.

— Nem vem, a ideia de sairmos juntos foi sua – reclamou. — Atira nele!

— To tentando! Droga, eu odeio mirar com o analógico! – falou emburrado quando o personagem morreu.

— Você é muito ruim. – Jason zombou rindo.

Leo fechou a cara, olhou feio para o loiro e avançou sobre a perna que estava perto de sua cabeça, dando uma mordida nela.

— Filho da puta! – Jason gritou puxando a perna para perto do peito ao mesmo tempo em que se sentava.

— Acho que tem um pelo preso no meu dente – comentou enquanto passava o dedo na boca.

— Como você é nojento! – criticou rindo da careta que o moreno fazia.

— Fique quieto ou a mordia será mais em cima – ameaçou sem segundas intenções, mas ainda assim Jason engasgou ao imaginar outra coisa. — Pervertido! – Riu vendo a cara do amigo.

— Você está desviando todo o assunto! O que podemos fazer hoje?

O Valdez se levantou e sentou ao lado do mais alto, que ainda passava a não pelo local dolorido.

— A verdade é que eu tenho pouco tempo hoje. – Fez careta. — Prometi ao meu tio que iria ficar mais tempo na mecânica pra ajuda-lo com um pedido especial.

— Pedido especial? – perguntou curioso.

— O pai do Will quer dar um carro para ele. – Sorriu.

— E o que isso tem de especial? – Jason indagou tentando disfarçar o desgosto ao ouvir aquele nome.

— É uma relíquia, pertencia ao avô dele e precisa de muitos reparos – respondeu. — Eu quero ver a cara do Will quando vir o carro, ele tinha uma ligação muito forte com o avô.

Sentindo um incômodo ao pé do estômago, Jason se levantou abruptamente do sofá e foi para a cozinha sem dizer nada. Abriu a porta da geladeira com força desnecessária, pegou a garrafa de suco e tomou o resto de tinha. No final, jogou o objeto com violência no lixo.

— O que houve? – A voz de Leo soou confusa atrás de si.

— Nada. – Suspirou esfregando o rosto com as mãos.

— Não que eu esteja curioso, mas alguém vai precisar testemunhar a seu favor quando for acusado de ter agredido essa lata de lixo – brincou chegando perto do loiro, que respirou fundo e se virou para encarar firmemente o mais baixo.

— Você não pode... Não deveria...– Tentou falar, mas sua determinação estava vacilando. Coçou a nuca desconfortável.

— Acho que podemos dizer que você não é apto mentalmente para saber o que é certo ou errado.

— Pare de brincar, ok? Não é o momento. – Jason pediu olhando seriamente para Leo, que arqueou as sobrancelhas surpreso.

— Desculpa – pediu. — O que aconteceu? – perguntou o tocando no braço, preocupado.

— Nada, esquece. E não insiste – falou ao ver o menor abrir a boca. Leo, vendo a expressão do Grace, concordou com um aceno.

— Podemos ir ao parque, tomar um sorvete – sugeriu resolvendo o dilema anterior.

— Perfeito. – Sorriu agradecido pela mudança de assunto.

Os dois então foram ao quarto do loiro para pegarem suas carteiras e saíram. Já no elevador, enquanto Leo falava sobre a revista em quadrinhos que queria comprar, Jason ainda pensava no mal estar que havia sentido.

Nunca iria admitir que estava mordido de ciúmes.

Π

— Que horas você pretende ir embora? – Jason perguntou minutos depois, quando os dois já estavam no segundo sorvete e sentados em um dos bancos do Central Park.

— Bem depois do almoço. – O outro respondeu enquanto se lambuzava com o creme que derretia.

O maior recostou sobre a madeira e encarou o céu claro. Perguntou-se se algum dia teria imaginado estar naquela situação com Leo; rapidamente respondeu que não.

Era verdade que não se incomodava tanto quanto antes e sabia que estava começando a retribuir os sentimentos do amigo (talvez não com a mesma intensidade, mas ainda assim...). Entretanto, também não podia negar que só descobrira essa possibilidade por conta do pedido do outro; se não fosse por isso, tinha certeza que as coisas teriam continuado na mesma.

O quanto não teria perdido? O quanto não estava perdendo?

— Desde quando você gosta de mim? – indagou sem rodeios, mordendo o picolé de chocolate e sem tirar os olhos do céu (o que fez com que perdesse a careta engraçada do amigo).

— Que tipo de pergunta é essa? – Leo perguntou quase sem fôlego, havia perdido o ar com aquela curiosidade repentina.

— O tipo que seria legal ser respondida – rebateu, dessa vez deixando os olhos caírem sobre a face corada do moreno. — Vamos, eu quero saber. Aposto que foi amor à primeira vista – brincou.

— Nos seus sonhos – debochou. — A primeira vez que te vi, achei que era um riquinho metido e mandão. — Jason o encarou ultrajado, o que o fez rir.

— Isso é ridículo, todos dizem que eu sou muito simpático. – Tentou se defender, sua voz ficando fina de indignação.

— Eu to tirando onda. – Gargalhou, recebendo um tapa no ombro que teria derrubado o sorvete, se já não o tivesse terminado.

— Você deveria dizer: eu não sei quando comecei a gostar de você; na verdade acho que sempre estive apaixonado, apenas não havia notado.

— Isso é tão piegas. – Fingiu vomitar, mas em seguida sua face corou. — E eu sei quando me apaixonei por você – murmurou.

— Quando?!

— Você precisa mesmo parecer tão animado? – questionou constrangido ao notar como o loiro estava sorrindo. — Foi no meu aniversário de dezesseis anos... O presente que você me deu.

Leo enfiou a mão na gola da camisa e ergueu um pingente oval de prata. Abriu-o e encarou as duas fotos que estavam de cada lado, um pequeno sorriso saudoso adornando os lábios finos diante da imagem dos pais.

— Eu nunca tinha ganhado nada tão significativo assim – continuou. — Meu tio me disse que esse colar era da minha mãe e que estava com a irmã dela, imagino o quão foi difícil conseguir tirar ele das mãos daquela mulher.

Jason ficou em silêncio, respeitando a memória dos pais do amigo e o momento nostálgico. Leo coçou os olhos e riu abobalhado com as boas lembranças.

— Foi assim que eu me apaixonei por você. — Sorriu, sendo retribuído instantaneamente. — Podemos ir comer algo agora?

O loiro concordou, ainda sorrindo para o amigo. Levantaram-se e espreguiçaram demoradamente, depois seguiram lado a lado para o lugar mais próximo onde poderia se fartar.

— Me pergunto o quanto custou para conseguir o colar – disse no meio do caminho.

— Não muito. – Deu de ombros.

Ele ainda lembrava exatamente da expressão que Leo fizera ao receber aquele presente. E, bem...

Não existia nada no mundo que pudesse valer mais que aquele sorriso.


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Notas finais do capítulo

Ficou curto, né? Mas espero que tenham gostado, porque eu A-M-E-I escrever :)
O próximo será, tecnicamente, o último capítulo. Porém vai ter um epilogo, então vamos deixar pra chorar lá aushaushuahsuhauhsuahsuhaush
Até mais, pinguinmeus ~~