Segredos de vida escrita por Lana Talita


Capítulo 7
Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Oooi gente! Bom, primeiramente me desculpem pela demora, eu ia postar ontem só que fiquei tão enrolada que acabei de escrever ontem umas onze e pouco da noite. Então nem revisei. Boa leitura!



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Ela era cruel. Capaz de mover montanhas para ter o que desejava, sem se importar com quem vai sair prejudicado. Para ela, tudo o que importava era a própria felicidade.

Eu a olhei deitada em sua cama e depois olhei em volta. Seu quarto estava todo escuro e abafado e ela estava nua e apagada na cama. Daria tudo para saber onde ela passara à noite anterior e porque estava nua, já que nunca dormira dessa forma. Mas ela não me contaria, apenas diria palavras ofensivas, colocaria muita maquiagem e iria trabalhar. Saí do quarto de minha mãe e fui para a cozinha onde Vidal estava preparando o almoço, depois da minha conversa com Marcela decidi que observaria Vidal e o investigaria. Se ele era um homem perigoso precisava alertar meus pais sobre isso, porém tinha que ter provas antes.

Ao chegar à cozinha vi Vidal parado em frente a pia, uma mão estava apertando a blusa e a outra segurando o celular na orelha. Ele falava baixinho e cada vez mais apertava mais forte a camisa, me escondi atrás do portal e tentei escutar algo. Esperei, esperei, esperei e nada. Desisti de escutá-lo e fui até o escritório. No escritório havia uma mesa antiga e pequena de madeira, aonde papai costumava ficar horas avaliando os casos que pegava, nessa mesma mesa havia duas gavetas, uma em cima da outra, que continha todas as informações pessoais e profissionais dos empregados que já passaram pela casa. Depois que meus pais se separaram papai tirou cópia dos documentos e falou deles para mamãe, mas ela apenas os jogou nas gavetas e trancou. Desde então estão esquecidos por qualquer um na casa. Precisava achar a chave das gavetas, pois só assim conheceria de verdade quem era Vidal e a esposa. Abri a cômoda que ficava ao lado da mesa e procurei em cada parte dela, mas não achei nada, então fui para uma mesa com uma gaveta, impressora e notebook no canto da sala. Mas também não achei nada.

De repente uma luz acendeu em minha mente, lembro-me que quando mamãe trancou as gavetas a vi indo com a chave para seu quarto. Fui até o quarto dela e entrei na ponta dos pés para não acordá-la, procurei em seu armário, entre as caixas que ficavam os roteiros, na cômoda, até que voltei para o armário e abri um porta-joias branco e preto em formato de piano. Ao abri-lo vi um monte de brincos e colares, mas embaixo de tudo lá estava. A chave dourada. Corri de volta para o escritório e abri as duas gavetas, nelas tinham várias pastas. Peguei uma pasta marrom da gaveta de cima com uma etiqueta branca escrita Fernando Vidal Silva. Abri a pasta com as mãos tremendo, de repente não me sentia mais preparada para conhecer mais sobre Vidal. As primeiras folhas era apenas os dados profissionais dele, recibo de salários, tabela de horas trabalhadas, etc.

Depois vieram duas páginas de dados pessoais. Com quem Vidal era casado, o nome de Rafael e que nascera em mil novecentos e noventa e seis (dois anos antes de mim), nome da ex-esposa, alergias. Papai tinha relatado desde onde os pais de Vidal moravam até onde ele costumava almoçar nos domingos com a família, o que passava a impressão de que ou papai era algum tipo de perseguidor ou desconfiava de Vidal.

Em seguida larguei a pasta que segurava na mesa e abri a sobre a esposa de Vidal, Helena Silva, novamente as primeiras páginas foram os dados profissionais. Ao chegar à última folha me surpreendi, estava escrito apenas o nome do filho, que era casada com Vidal a vinte e três anos e tinha uma foto dela colada no meio da foto. A ficha estava incompleta em comparação com a do marido. Por que papai registraria tanto sobre Vidal e quase nada sobre Helena? Fechei as pastas e quando ia guarda-las ouvi passos no corredor, imediatamente as joguei na gaveta, com meu coração já querendo sair pela boca, e vi Vidal aparecer na porta. Ele se aproximou da mesa, levantou a sobrancelha e perguntou:

– O que está fazendo aqui minha menina?

– Me escondendo. Mamãe está dormindo no quarto, então não queria que ela me visse quando acordasse, e como ela nunca vem aqui...

– Certamente, é um bom lugar para se esconder dela. O almoço está pronto, se quiser posso servi-la, mas antes teria que acordar a patroa. Sabe como ela odeia não almoçar na hora que está pronto.

– Não, tudo bem, eu mesma me sirvo. Pode ir lá acordá-la.

Vidal me olhou de cima a baixo por alguns segundos, como se tentasse descobrir a verdade por debaixo das minhas palavras. Quando ele saiu meu coração finalmente se acalmou, fechei a gaveta e desci para a cozinha. Quando cheguei à cozinha vi minha mãe sentada na cadeira usando um moletom grande e branco que fora do meu pai e um short curto preto. Ela estava com a cabeça encostada na mesa e batendo o pé no chão sem parar.

– Não sabia que tinha guardado esse moletom do papai. – Comentei.

– Não guardei.

A olhei sem entender, então ela levantou a cabeça e instantaneamente desejei que não o tivesse feito. O rosto dela estava inchado, os olhos vermelhos e a bochecha possuía um grande hematoma circular. Ela abaixou a cabeça novamente, portanto comecei a almoçar em silêncio. Quando Vidal apareceu e a serviu ela almoçou sem deixar de encarar o prato. Assim que acabei de comer pedi para Vidal nos dar licença e perguntei:

– O que aconteceu?

– E você se importa?

– Por mais que seja difícil de acreditar, me importo sim.

– Bom, digamos que eu fiz uma visitinha pro seu pai e a noivinha ontem à noite.

Senti meu corpo enfraquecer, minha boca se abriu e não quis fechar e minha cabeça disparou mil pensamentos.

– O que você fez? – Balbuciei.

– Porque você não vai ao seu pai conferir por si mesma, vai ser melhor do que qualquer explicação.

Minha mente gritou que não era uma boa ideia ir, mas meu corpo como se tivesse vontade própria pegou as chaves do carro e se dirigiu até o motorista. Ao chegar ao apartamento do papai bati três vezes antes de ele me atender, sua aparência era de cansaço e os olhos estavam inchados de chorar. Ele foi para a sala e se sentou no sofá branco, encostou os cotovelos nas coxas e tapou o rosto com as mãos. Nunca tinha visto meu pai tão frágil antes. Ele nunca mostrava dor e fraqueza, era como se fosse feito de ferro. Continuei entrando no apartamento, quando cheguei ao quarto que papai e a noiva dividiam vi Juliana sentada no chão com as contas encostadas na cama, abraçando as pernas e com a cabeça encostada nos joelhos. Sentei ao seu lado sentindo uma dor dilacerar-me, encarei o teto por alguns minutos sem saber o que fazer até que tomei coragem para falar.

– Oi.

– Você já sabia?

– Já.

– Por que não me contou?

Senti todo o ar ficar preso em meus pulmões e uma raiva enorme percorrer cada centímetro de meu corpo.

– Me desculpe. Eu só... só não podia, não vou me meter nesse tipo de coisa e eles são meus pais também. – Respondi.

– Sim entendo, no seu lugar faria o mesmo, mesmo se não fossem meus pais.

– O que aconteceu? Como você soube?

– Sua mãe apareceu aqui ontem de madrugada. Moacir foi atendê-la, ela o agarrou. Eu acordei e fui ver quem era então ela me viu. Tivemos uma pequena briga, eu soquei a cara dela. Ela saiu daqui irritadíssima e meu noivo foi atrás dela! Meu noivo! Aquilo foi horrível, não imaginava que Moacir iria atrás dela. E bom, nessa confusão ela ainda levou o moletom que ele estava usando.

– O soco foi bem merecido, ficou roxo. – Brinquei.

– Sim. Eu não sei o que fazer, a ideia de deixá-lo machuca muito, mas também não posso ficar.

– Meu pai é um safado, então aconselho a fazer o que for melhor pra você mesmo. Sem pensar nele.

Ela sorriu e apoiou a cabeça na cama, algumas lágrimas escorreram por seu rosto até que se tornaram um pranto feroz. A abracei e passei as mãos em seus cabelos, uma tentativa falha de acalmá-la. Permanecemos assim por horas. Ao voltar para casa mamãe estava sentada no sofá da sala, senti meu coração acelerar e a raiva me invadir novamente. Respirei fundo e perguntei:

– Como você pôde fazer isso?

– Fazendo. Eu já estava beijando seu pai quando aquela mulher apareceu, eu comecei a xingá-la e então ela me socou, valeu a pena. Você não parece surpresa.

– Já sabia sobre vocês, às vezes escutava os dois à noite. Eu não acredito que teve coragem! Você mereceu isso, ele não te ama e nunca vai amar. Se vocês continuarem se vendo espero que ele arranje outra e namore-a, pra que você nunca saia do posto de amante.

– Fique quieta! Você não sabe o que fala, ainda é uma menina! Imagina o choque que foi chegar lá e do nada ver aquela mulherzinha! Eu me senti usada, fiquei com tanta raiva! Tudo o que eu queria era arrancar o coração dela e esmagá-lo lentamente enquanto ela agonizava de dor! – Gritou.

Naquele momento eu sentia tanta raiva que queria destruí-la. Machucar cada pedacinho de seu coração desprezível, porque ela machucou a mulher que não tinha obrigação de me amar, mas amava. Porque ela me machucou a vida inteira.

– Isso é o que se ganha por ser alguém horrível! Ninguém poderia te amar mãe. Quem em sã consciência amaria alguém que nem se importa com a própria filha? Alguém bêbada e egoísta! – Gritei.

Então mamãe se calou. Ela se sentou no sofá com a respiração pesada e começou a chorar. Mas não me comovi, pois a raiva que sentia era maior que qualquer compaixão.

– Sabe, eu estava beijando ele e tirei o moletom que usava, aquele que viu mais cedo, quando ela apareceu. Senti uma dor tão grande, eu realmente o amo. Depois do soco eu saí de lá correndo, seu pai tentou me seguir, mas acabou desistindo. Fui para um bar qualquer, trouxe um homem para cá ontem à noite e acordei sozinha, pelada e sentindo uma tristeza enorme. – Mamãe falou.

Pela primeira vez senti pena dela. Ela era cruel e egoísta, mas tinha um coração. Um coração que precisava mendigar amor para se sentir bem. Queria entender a razão de ela ser assim, mas quaisquer esforços de desvendá-la eram inúteis. Minha mãe era fraca e imatura, uma mulher cheia de cicatrizes não curadas, e ao constatar isso minha raiva atenuou, mas a mágoa permaneceu a mesma. Não importava se o que ela fez tivesse me atingindo, ela se importava apenas com meu pai e choraria só por ele.

– Eu te amo mãe, mas você não merece meu amor. Saiba que só moro com você porque não quero sentir culpa de que algo aconteça contigo quando estiver bêbada e eu não estar para ajuda-la. Mas não ouse falar comigo enquanto eu lembrar dessa história, nem ao menos olhar para mim. Estou cansada e enjoada do seu rosto. – Falei.

Dito isso subi as escadas sem olhar para trás, sem me importar se o que falei quebraria ela. Entrei no meu quarto, deitei na cama e desabei. Depois de muito chorar tomei banho e dormi disposta a não pensar mais em minha mãe.

***

O dia seguinte era sábado, dia que ficaria com meu pai. No entanto liguei para ele e disse que dormiria na minha tia, queria era vê-lo e falar sobre Juliana e sobre os documentos de Vidal e Helena. Mas decidi que era melhor espera-lo se recompor. Fui para minha tia com receio de não ser bem recebida, pois não nos falamos desde que discutimos. Mas, para minha surpresa, ao entrar no apartamento ela me abraçou apertado e começou a beijar minha cabeça sem parar.

– Oi. Tudo bem? – Falei.

– Oi. Soube da situação com seu pai. Como se sente?

– Ah, é uma droga, mas o pior nem é isso. O pior foi que briguei com a minha mãe, e foi feio.

Contei para ela tudo o que aconteceu, foi como nos velhos tempos que não existiam segredos entre nós. Passávamos horas conversando, ela me contava sobre o trabalho e eu reclamava da escola e da mamãe. Por minutos esqueci completamente da minha briga com ela, até que os documentos de Vidal e Helena apareceram na minha mente e como não estava com disposição para mais brigas, resolvi fazer uma pergunta como se fosse mera curiosidade.

– Tia, se você tivesse empregados faria um relatório sobre a vida pessoal deles? Sabe, falando até dos lugares que costumam frequentar. Estou pensando em fazer isso quando tiver meus próprios empregados.

– Mas é claro e faça mesmo, temos que conhecer a fundo quem entra na nossa casa. Aprendi isso com seu pai, desde adolescente ele procurava o máximo de informações sobre os empregados. Dizia que tínhamos que estarmos preparados para qualquer surpresa que possa vir dos empregados. Sempre achei paranoico isso, mas peguei o hábito e agora faço isso com quem contrato na firma.

Antes que pudesse fazer outras perguntas Rafael apareceu na sala, usava uma bermuda verde, blusa branca e chinelos. Ele sorriu para mim e sentou ao meu lado no sofá, ficou me encarando enquanto eu sentia minha pele suar. Quando ia falar algo a tia Fernanda sussurrou no meu ouvido “cuidado que você está babando” e saiu de perto da gente.

– Oi ruivinha. – Falou.

– Você vai sempre me chamar assim?

– Mas é claro. Como está?

– Bem e você?

– Também estou, mas você não. Ouvi a sua conversa com a Fernanda. Desculpe-me por isso, mas não consegui evitar.

Arregalei os olhos e dei um tapa no braço dele sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.

– Você precisa se distrair, então vai caminhar comigo. E é bom que me conte em detalhes o que aconteceu. Afinal, nada mais justo já que eu me abri contigo. Não aceito não como resposta. – Falou.

– Bom, se é assim... tudo bem.

Ele riu de mim e correu para dentro da casa, quando voltou disse que havia avisado para a tia Fernanda que íamos sair. Ele puxou meu braço e disse que íamos à praia, tivemos que andar uns vinte minutos para chegar lá já que o edifício da minha tia ficava longe da praia. O local estava lotado de pessoas, mal dava para ver um espaço vazio na areia. Comecei a sentir minha calça jeans grudar nas minhas pernas de tanto calor, imediatamente arrependi-me por não ter dado meia volta e trocado de roupa quando Rafael falou aonde íamos. Rafael estava animado, falando sem parar do quando gostava de caminhar na praia. Ao pisarmos na areia continuei de sandálias enquanto Rafael tirou os chinelos como se a areia não estivesse queimando.

– Vai ruivinha, me conta sobre a sua mãe e sobre ontem. Seu pai chegou chorando lá na casa da Fernanda, era de madrugada já, ouvi mais ou menos sobre a noiva e socos. – Falou.

Puxei o ar com toda a força que tinha e o soltei rapidamente, então comecei a contar sobre Juliana, sobre minha mãe ser amante do meu pai, da relação complicada que eu e ela temos, até da nossa briga de ontem. Por um momento senti que ele ia me julgar pelas coisas horríveis que falei para mamãe, mas ele sorriu e começou a enrolar uma mecha do meu cabelo.

– Isso é difícil e eu entendo você. No seu lugar teria dito coisas piores, isso se não tivesse ido para outro lugar ignorando deixando minha mãe falar sozinha. Mas você tem que se resolver com a Amanda, ela é sua mãe. – Falou.

– Eu sei, mas não quero. Não agora. E também não é como se ela se importasse de eu estar brigada com ela.

– Desejo muito que isso não seja verdade.

Continuamos conversando amenidades sem um momento de silêncio, pois os assuntos surgiam naturalmente. Depois de um tempo ele decidiu ir para água. Tirou a camisa e a bermuda e saiu andando, parecia que andava em câmera lenta só para provocar minha imaginação. Sentei-me na areia a poucos passos do mar observando ele mergulhar, depois de alguns segundos debaixo da água resolveu emergir. Fez um sinal com a mão para que eu fosse até ele, mas eu apenas sorri e balancei a cabeça em sinal negativo. Então ele andou até mim e sentou ao meu lado.

– Vamos, a água está ótima. – Falou.

– Eu estou usando roupas que não pretendo molhar.

– Mas elas já estão sujas de areia.

– Sujas não molhadas.

Rafael levantou e parou na minha frente, puxou meu braço em uma tentativa falha de me levantar. Coçou a cabeça e sorriu de forma sapeca. Quando vi ele tinha um braço ao redor da minha cintura e outro em baixo das minhas pernas, foi em direção ao mar comigo em seu colo. Eu comecei a gritar o mandando parar, dizendo que se desse mais um passo nunca mais falava com ele, porém de nada adiantou, seus pés cada vez mais chegavam perto do mar. Então quando a água estava na altura de sua cintura ele contou até três e me jogou no mar. A água bateu forte nas minhas costas fazendo-me contorcer de dor, a água entrou nas minhas narinas e boca, portanto subi para a superfície querendo afogar Rafael. Quando ele me viu começou a rir ignorando minha cara brava.

– Qual é ruivinha? Foi só uma brincadeira, se anima. – Falou.

– Uma brincadeira de mau gosto, poderia ter me machucado.

– Ok ok, me desculpe, não irá se repetir. Mas que foi engraçado foi.

Voltamos para o apartamento sem dizer uma palavra, vez ou outra ele me empurrava e soltava algumas risadas, mas eu apenas o ignorava. Ao chegar ao apartamento corri para o banheiro para tomar banho, enquanto ele contava para a tia Fernanda o que fez. Assim que saí do banho e desci para o primeiro andar vi bolo de chocolate e café em cima da mesa da sala de jantar, Rafael e minha tia já comiam e conversavam animadamente. Depois do lanche fizemos uma maratona de filmes de romance e comédias-românticas, Rafael protestou, entretanto assistiu do mesmo jeito. Quando a maratona finalmente acabou e eu deitei a cabeça no travesseiro, me sentia diferente. Mais calma, leve, talvez até feliz. Não... definitivamente não feliz, eu não sabia ser feliz.


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Notas finais do capítulo

Espero muitissimo que tenham gostado! Qualquer erro só falarem!