Segredos de vida escrita por Lana Talita


Capítulo 10
Capítulo dez


Notas iniciais do capítulo

Oooi galera, desculpa a mega demora, mas foi mega dificil fazer esse capítulo. Queria algo bonito, mas um pouco mais comum, mostrar coisas normais que a personagem faz. Enfim, prometo tentar fazer o próximo capítulo mais rápido. Espero que gostem ( me falem, porque se não tiver pelo menos no nível dos outros capítulos irei reescrever). Boa leitura!



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Eu estava na cozinha vendo Marcela preparar uma torta de frango para o jantar, ela era uma ótima cozinheira e sempre que podia estava na minha cozinha preparando algo. Em poucos minutos Rafael chegaria com o amigo que nos ajudaria com a investigação e Marcela insistiu em estar presente no momento, pois não me deixaria sozinha com dois homens. Segunda ela não era prudente ficar sozinha com um garoto que baba em mim e outro que nem conheço. Mas a verdade é que ela só queria falar sobre o Rafael e estava curiosa para ver como era esse outro menino.

Ela se remexia ao lado do forno e tentava prestar atenção na torta que estava assando, seus dedos pequenos faziam cachos no curto cabelo castanho e a boca era mordida ferozmente. Marcela sempre ficava assim quando estava cozinhando, dizia que era a ansiedade de ver se a comida ficou saborosa junto da fome que só aumentava. No entanto ela parecia ainda mais ansiosa, não era só pela torta que seus lábios estavam sendo punidos.

– Não sei mais como ainda tem boca, para de mordê-la! – Mandei.

– Desculpe, você sabe como fico na cozinha.

– Sim eu sei, mas não é só isso que está te deixando ansiosa. Eu te conheço

– É que não paro de pensar em como você parece não estar pensando direito para está se metendo na vida do Vidal.

– Relaxa, vai ficar tudo bem.

Marcela bufou e voltou a olhar para o forno, ela sentia tudo intensamente. Quando ficava preocupada agia como uma mãe superprotetora, quando estava triste fazia tanto drama e passava o máximo de tempo possível trancada no quarto, quando estava feliz presenteava as pessoas com um sorriso bobo e quando estava apaixonada Marcela virava outra pessoa. Quando ela estava apaixonada parecia que tudo ao seu redor ganhava uma cor diferente, ela era mais leve, mais feliz, sua alegria era tão contagiante que eu me sentia feliz só por estar ao seu lado. Marcela já se apaixonou tantas vezes e por motivos diferentes que era até difícil lembrar de todas as paixões. Já se apaixonou pela pintura, pelas crianças do abrigo que visitava, por um homem, pela própria vida.

Passado mais alguns minutos Marcela tirou a torta e deixou em cima do fogão, tentei pegar um pedaço, mas ela deu um tapa na minha mão e disse que devíamos esperar os convidados já que a torta era para eles também. Suspirei fundo e fiquei namorando a comida enquanto escutava o tic tac do relógio, quando o relógio desse vinte horas Rafael chegaria e eu poderia acalmar os nervos um pouco, minha ansiedade era tanta que parecia que o ponteiro ia mais devagar propositalmente. Sentei-me à mesa ao lado da minha amiga e revirei os olhos irritada, entendendo minha ansiedade ela passou os braços ao redor do meu pescoço e começou a fazer carinho na minha cabeça, sempre me acalmava quando ela fazia isso e às vezes acabava dormindo.

De repente mamãe entrou na cozinha fazendo Marcela se afastar de mim rapidamente e ficar com o corpo tenso, minha mãe tolerava Marcela desde o primeiro momento em que seus olhos se encontraram com os dela. No dia vinte de abril eu estava parada em frente à porta de casa com Marcela ao meu lado, meu corpo suava e minhas mãos tremiam exageradamente, portanto coloquei a chave na fechadura lentamente e entrei torcendo para que minha mãe não estivesse em casa, pois se estivesse era capaz da minha convidada ir embora assustada com as grosserias grátis que certamente receberia de mamãe. Sentamos no sofá e começamos a conversar amenidades, depois de muita conversa me sentia calma e com a certeza de que tudo ia ficar bem. Passado algumas horas peguei um pote de sorvete de chocolate e subi com Marcela até meu quarto, coloquei um filme no DVD, desliguei as luzes e puxei Marcela para cima da minha cama.

Perto da metade do filme alguém abriu a porta do meu quarto junto com o barulho de trovão no filme e a protagonista gritando, a pessoa estava mergulhada na escuridão já que já era de noite e a luz da televisão não chegava à porta, portanto ela esticou os braços e gritou o que está acontecendo aqui?! enquanto ligava a luz. Marcela que até então estava encolhida se jogou da cama e ficou em pé olhando assustada para minha mãe, eu tentei esconder o pote de sorvete atrás de mim e balbuciei algumas palavras. Minha mãe bufou e andou até mim, puxou o sorvete das minhas mãos e começou a brigar sobre comer dentro do quarto, no fim sua atenção foi dirigida a Marcela.

Mamãe fez um interrogatório para a menina, quis saber onde ela morava, a idade, por que não sabia que iria a sua casa, nome completo, quem era os pais, boletim escolar. A cada pergunta a minha amiga gaguejava e ficava cada vez mais vermelha e mamãe segurava o riso, ela estava se divertindo com o embaraço de Marcela. Por fim minha mãe lançou um olhar para Marcela que me fez ter calafrios, recebendo em troca um olhar arregalado e assustado e eu recebi um pedido de desculpas acompanhado de um eu tenho que ir, já está tarde e meus pais vão brigar comigo. Depois disso Marcela não quis mais ir à minha casa, disse que minha mãe era assustadora, mas conforme as semanas passavam ela se convencia que era imaturidade fugir da minha mãe. Então decidiu me visitar novamente, porém sempre que mamãe aparecia ela ficava rígida e tentava não respirar. Olhando para sua postura quando se afastou de mim assim que mamãe entrou na cozinha percebi que isso nunca mudaria.

– Marcela, você de novo por aqui. Seus pais não reclamam de você viver aqui não? – Mamãe perguntou.

– Mas... mas tem um tempão que não venho aqui. Assim, não tempão tempão, um tempinho. Meus pais sabem que estou aqui, eles até gostam. Porque... bom, ah, eles dizem que eu não saio. E... é... não faz bem não sair.

Marcela se calou e abaixou à cabeça, o chão sempre parecia mais interessante quando minha mãe estava por perto. Mamãe pegou o molho de chaves da casa e saiu rindo da cozinha e eu me segurava para não rir também, por mais que fosse errado o constrangimento que minha mãe fazia Marcela passar era engraçado ver suas bochechas vermelhas e sua cara de espanto. Depois de dez minutos que mamãe havia saído ouvi uma voz masculina chamando meu nome e a campainha, corri até a porta e a abri tentando segurar o sorriso ao ver Rafael. Ele usava uma camiseta vermelha e bermuda preta, me abraçou e depositou um beijo na minha testa. Atrás dele tinha um homem de blusa azul e calça jeans, moreno como Rafael, entretanto mais magro e igualmente bonito. Pedi para eles entrarem e sentarem no sofá da sala enquanto eu ia até a cozinha, ao chegar lá Marcela estava com a cabeça deitada na mesa, a chamei e pedi para ir comigo para a sala, ela se sentou na poltrona perto da televisão e eu no sofá ao lado de Rafael.

– Legal a sua casa. O Rafael disse que precisava da minha ajuda, não me explicou para o quê. – Falou Carlos.

Ao ouvi-lo falar fiquei sem reação, imaginava que Rafael já havia conversado com ele e não esperava que o próprio fosse abordar o assunto. Passei todos os acontecimentos na minha mente chegando à conclusão de que Carlos me acharia louca. Rafael me encarou a espera de uma resposta e Marcela pigarreou trazendo-me de volta a realidade.

– Cara, sai fora enquanto dá tempo, é maluquice. – Comentou Marcela.

Os dois meninos riram e eu sorri balançando a cabeça para Marcela em sinal de agradecimento. Comecei a falar tudo o que houve e Carlos ouvia sem esboçar uma reação. Quando finalmente acabei o menino respirou profundamente e disse:

– Bom, devo dizer que é mesmo maluquice e muito arriscado. Mas como você provavelmente não irão voltar atrás farei o possível para ajudá-los, mas já adianto que ajudo até certo ponto. Não estou disposto a correr perigo em excesso.

– Não se preocupe com perigo, você nem será visto pelo Vidal. Nós queremos que você vigie a esposa e ele, igual a esses detetives que são contratados para descobrirem se um homem comprometido tem uma amante. Sabe, tirar fotos, descobrir a rotina deles, tentar ouvir alguma conversa, essas coisas. – Falei.

– Tentar ouvir conversa é um pouco complicado, então não posso garantir, mas o resto está tranquilo.

Depois de conversarmos mais um pouco fomos até a cozinha e terminamos a noite falando sobre jogos e séries e comendo a torta de frango com salsicha que Marcela havia feito.

***

Acordei no dia seguinte com o corpo de Marcela completamente em cima do meu e a campainha tocando incessantemente. A empurrei e desci as escadas lentamente, vi Vidal entrar com uma moça que não me era estranha. Ela se virou e por um segundo meu coração parou, era Juliana. Vidal me olhou de cima abaixo me fazendo lembrar que usava apenas um short curto e uma camisa velha que ia até meu umbigo, sorri para os dois sentindo minhas bochechas corarem e corri de volta para meu quarto. Meia hora depois voltei para o primeiro andar usando um vestido florido com um tecido leve, assim que me viu Juliana desencostou da parede perto da porta e veio até mim.

– É muita coragem você vir aqui depois de tudo. Mamãe poderia estar em casa. – Falei dando leves tapas na minha coxa.

– Sim, mas eu queria te ver. Senti saudades.

– Você sumiu, sabe, podia ter mandado uma mensagem, ter dito que ia mesmo terminar com papai, qualquer coisa. Eu soube pela minha tia, nem meu pai teve a decência de me encarar. Na verdade não o vejo desde que você foi embora.

– Eu sei, mas é que eu estava machucada e sem saber o que fazer, eu saí daquela casa em um impulso, em um momento estava no chão chorando e no outro estava com uma mala na mão juntando minhas coisas. E não me arrependo disso, mas me arrependo por vir te ver só agora.

Abaixei a cabeça sem saber o que falar, a verdade é que em nenhum momento fiquei magoada com ela. Eu a entendia, em seu lugar também iria embora sem avisar e desapareceria. Juliana se aproximou de mim e me abraçou, meu coração que antes batia descompassadamente se acalmou. Seus braços em volta do meu corpo trazia uma sensação que nenhum abraço da minha mãe conseguiu trazer desde que tudo mudou entre nós. Era um conforto, algo como estar em casa. Rompo o abraço e a levo até a cozinha, pego cereal e leite para tomar e café para Juliana, sorrio e peço para me contar o que tem feito. Contou-me que não havia falado com meu pai desde que voltou para seu antigo apartamento, e evitava o máximo possível pensar em seu ex-noivo assim como recusava todas as tentativas de contato que ele fazia.

Por fora ela parecia bem, estava mais bonita que antes, os cabelos com um brilho diferente e a pele mais bronzeada, mas por dentro estava quebrada. Não precisava me falar isso, eu a conhecia o bastante para saber. Depois de algumas horas, já perto da hora do almoço Marcela apareceu, usava short jeans e *tank top branca. Ela entrou na cozinha como um furacão, abriu a geladeira e pegou iogurte, foi para o armário e pegou o pote de biscoito recheado e despejou o conteúdo em uma vasilha que estava em cima da bancada. Juliana olhou espantada para a menina e gargalhou alto, fazendo com que eu e Marcela a encarássemos confusa.

– Você come em mulher!

– Juliana! Desde quanto tá aí? – Marcela perguntou com os olhos arregalados.

– Desde antes de você acordar, se não tivesse entrado igual doida aqui teria visto ela. – Respondi por Juliana.

Marcela bufou e voltou a comer os biscoitos recheados, Juliana riu dela e começou a perguntar sobre sua vida. Ela gostou da garota assim que a viu, segundo ela minha amiga era uma dessas pessoas que você bate o olho e já gosta, uma dessas pessoas que você quer conhecer e que vale a pena ter em sua vida. E de fato, Marcela às vezes podia ser muito difícil lidar, podia ser irritante, dramática e folgada, mas ela sempre será uma luz na escuridão. Ela te pega pela mão e, se você permitir, te dá forças para continuar vivendo. Olhando as duas conversarem senti meu coração aquecer e me peguei percebendo que elas também eram minha família e desejando que esse laço se rompesse apenas com a morte.


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Notas finais do capítulo

* Tank top: https://www.google.com.br/search?q=tank+top&prmd=is&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIk4zT-Im4xwIVxUOQCh0ycARv
É isso aí, desculpem os erros ( me avisem quais são) , espero que tenham gostado !!