O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 37
Trigésimo Sexto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Muita coisa aconteceu, essa é minha explicação! Eu tive uma viagem de formatura para ir, meu aniversário (que foi sabado, 22 agora) e fechei um bimestre na escola. Eu passei de ano ja! Nao tenho mais tanta pressao nos ombros e então vou escrever mais daqui para frente.



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—Blakely! – escutei meu pai chamar-me. Agucei os sentidos e pude escutar seus passos subindo a escada.

Fui tirada bruscamente de meus pensamentos com aquilo. Estava ainda encarando aquela polaroid maravilhosa com lágrimas nos olhos, que tratei de jogar instantaneamente debaixo da cama, antes que meu pai a visse.

Limpei também minhas lágrimas e tratei de levantar-me do chão, sentei na cama e aguardei que a porta fosse aberta.

—Filha? – meu pai disse enquanto entrava no quarto, não precisei nem responder, ele logo sorriu ao me ver. – Preciso conversar com você um minuto, tudo bem?

Assenti com a cabeça, colocando meu caderninho preto de lado. Meu pai sentou-se ao meu lado na cama.

—Conversei com o Mark sobre você hoje de manhã – ele sorriu amigavelmente. Eu não me sentia constrangida, sabia que aquilo aconteceria mais cedo ou mais tarde. Tentei não parecer nervosa, já que eu estava começando a sentir o suor em minhas mãos.

—O que ele disse? – perguntei, mesmo já sabendo que tudo o que eu dissera já não estava mais entre mim e Mark.

—O suficiente para eu e sua mãe sabermos que você ficará bem – disse ele.

Desviei o olhar, sentindo um pequeno nó se formar em meus neurônios. Fiz quase uma careta.

—Ele não te contou tudo o que eu disse? – perguntei, sentindo o nó se apertar ainda mais em minha cabeça.

Meu pai suspirou, olhando-me pacientemente.

—Mark não pode me contar tudo o que você disse e confiou a ele, é antiético da parte de um psicólogo – explicou-me, eu mal podia acreditar que aquilo era verdade. – Se Mark me contasse tudo, que é exatamente o que eu adoraria que ele fizesse – soltou uma curta risada –, ele poderia perder seu Exame de Ordem. É uma lei.

Olhei para a parede de meu quarto, absorta em pensamentos.

Eu poderia ter realmente desabafado com ele. Ter contado de Christopher, Hunter, Ezequiel e Katherine. Poderia ter realmente contado TUDO. Mas não, eu mentira em grande parte da consulta, negando qualquer coisa a respeito de Katherine, dizendo que não sabia sobre várias coisas que Mark me perguntara a respeito do estupro...

—Eu não sabia disso – fui sincera, talvez pela primeira vez em tempos com o meu pai. Sentia-me tão mal de estar mentindo a respeito de tudo e todos.

—Blakely, - meu pai me deu um abraço de lado. – se quer saber o que Mark me disse, não se preocupe, te contarei tudo agora mesmo. Ele me acalmou quanto a seu estado psicológico, disse que gostaria de conversar com você novamente, se possível, e me orientou a te dar mais segurança e confiança – os olhos azuis de meu pai foram de encontro com os meus olhos castanhos e tristes. A vida toda eu passara desejando aquela genética para mim, só que eu já não me importava mais com aquilo, na verdade, achava até meio bobo importar-me com algo tão banal. – Querida, eu amo você. Eu sei que... Talvez por causa de ser advogado penal, não ficar muito tempo em casa, a gente se distancie um pouco, mas isso não muda o fato de eu te amar e só querer o melhor para você. O mesmo com sua mãe... Nós dois te amamos. E eu gostaria que voltássemos a ser a família unida e feliz de antes!

Aquilo fora como um tapa em meu rosto. Como doera!

Eu não sabia nem o que falar, apenas sorrira um pouco ao escutar aquilo, mas também senti uma grande dor no peito ao escutar aquela última frase. Nós já tínhamos sido uma família unida e feliz antes? Bem, eu não sei...

—Também amo você, pai – foi a única coisa que consegui falar e, ao mesmo tempo, tive que lidar com uma luta interna contra as lágrimas.

Eu o abracei, sentindo meu peito doer ainda mais. Melancolia, dor, tristeza... Tive que suportar essa guerra interna até que meu pai finalmente saísse de meu quarto. Quando escutei o barulho da porta se fechando, foi o momento que eu comecei a chorar.

As lágrimas traçavam novamente seu caminho em meu rosto, talvez pela milésima vez na semana.

Como eu queria abraçar Christopher naquele momento, ou então ler o Diário e me sentir dentro de um refúgio. Eu me sentia desolada... Estiquei o braço para debaixo da cama e tentei achar a polaroid novamente. Assim que a peguei, senti-me aliviada.

Era a única coisa que ainda me ligava a ele.

Coloquei-a no peito, como se estivesse abraçando-o. Acho que àquele ponto eu não podia negar meus sentimentos. Suspirei, limpando algumas lágrimas.

Não entre em colapso, Blakely. Minha consciência me disse, lembrando-me vagamente do senhor Parrish na sala de aula me dando aquele conselho.

Fechei meus olhos com força. Só havia uma coisa a ser feita...

Eu tinha que correr atrás de Christopher, mas eu também não podia deixar Ezequiel.

Limpei as lágrimas, enquanto continuava com os olhos fechados. Um plano se formava em minha mente, um plano que não era muito interessante e seguro, que envolvia mentiras e perigo. Seria mais um sacrifício, e talvez o último.

Eu já fora na casa de Ezequiel, ir outra vez não seria muito difícil... Meu peito doeu novamente, teria que mentir ao meu pai para isso. Tinha quase certeza de que ele nunca me deixaria visitar Ezequiel, ainda mais em um momento tão insano para o garoto.

Mal conseguia me erguer e ficar de pé, mas tinha que fazer um último sacrifício. Fui até o meu caderninho preto e o peguei, junto de uma caneta. Vesti um casaco verde-escuro, pois o dia estava realmente muito frio.

—Força, Blakely! – sussurrei para mim mesma.

Respirei fundo.

Depois de criar coragem, desci as escadas rapidamente, antes que aquele sentimento se esvaísse de mim. Vi que meu pai estava assistindo algum seriado na televisão, logo me sentei ao seu lado e ele me encarou com um sorriso acolhedor. Outra facada...

—Queria te pedir uma coisa... – disse vagamente. – Será que posso dar uma volta para esfriar a cabeça? Dá última vez deu certo e me ajudou bastante.

Meu pai observou por alguns segundos meu rosto, enquanto passava levemente sua mão em meu cabelo.

—Claro que sim! – disse, dando-me um beijo na testa. – Só não vá muito longe e não demore também. Sua mãe chega daqui à meia hora, estava pensando em irmos jantar fora. Você topa?

Fiz um sinal positivo com a cabeça, dando um pequeno sorriso forçado.

—Obrigada! – agradeci. – Não vou demorar, pai.

Fui em direção à porta, antes que me arrependesse. Naquele momento, eu sentia que não podia mais voltar atrás da minha decisão, mas o medo de desistir de tudo ainda me impregnava.

Quando abri a porta, senti o vento frio londrino bagunçar meu cabelo e congelar-me. O pior é que ele não só congelou a minha face, mas também as lágrimas que já teimavam em cair.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por nao me abandonarem! Perdão... perdão mesmo! ♥