O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 35
Trigésimo Quarto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Olha quem chegou??? Euuu! Bem, eu estou muito feliz e grata pelos comentários no último capítulo e pelos leitores, que a cada dia crescem mais.
Sério, muito obrigada! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625715/chapter/35

Eu sentia que podia chorar no ombro de meu pai naquele momento. Sentia que podia contar todos os meus segredos – que há tempos eu estava omitindo. Sentia que podia voltar a ser a sua menininha. Mas não! Não mais... Eu chegara a um ponto alto demais para desistir.

Aguentei tudo sozinha. Ajudei Christopher sozinha.  Li aquele diário sozinha.

Eu estava deixando de ser uma boneca de porcelana para uma menina de carne e ossos que pensava e tomava decisões. Estava orgulhosa do meu progresso, só que minha mente estava enevoada, doente, em crise...

Meu coração estava machucado, minha mente cansada. Eu deveria morrer. Sim, eu deveria me matar. Era a única forma de talvez conseguir uma liberdade.

Ah, como eu queria que isso se apaziguasse por um minuto!

—Vamos passar por isso juntos – disse meu pai em um deliberado momento.

Eu não acreditava mais nas palavras dele, nem nas palavras de mais ninguém. Não havia sentido em nada. Meus pais queriam que eu contasse o que estava acontecendo, só que eu não podia. Se era para superar, eu tinha que fazer isso sozinha.

Talvez eu pudesse superar tudo com uma faca no peito...

Havia algo de errado em toda aquela situação... Será que estava certo eu sentir a dor de alguém? Será que estava certo eu me envolver com os problemas de outra pessoa?

                                                           ***

A sala era completamente branca, desde as cadeiras até as paredes e o chão. Um ambiente bem planejado, em minha opinião. Alguns cactos estavam na janela, eles erama única cor daquela pequena sala. Eu estava sentada em uma poltrona confortável, olhando para o teto e quase me cegando com todo o branco. Notei que havia uma pequena câmera me filmando em um dos cantos, suspirei ao entender o que iria acontecer.

A porta se abriu, fazendo um barulho tão mínimo que, se não fosse pelo silêncio, eu nem iria notar. Vi um homem entrar e se sentar de frente a mim, já que havia outra poltrona branca ali.

—Bom dia, Blakely! – disse ele em tom de voz amigável. – Eu me chamo Mark William, sou um amigo de Andrew. Seu pai está preocupado com você e pediu para que eu conversasse com você sobre como anda se sentindo nos últimos dias.

Mark era um homem de cerca de trinta anos, tinha a pele branca, não tanto quanto a minha, mas ainda assim branca, tinha cabelos castanhos claros etinha olhosverdes. Vestia-se não muito formalmente.

—Olá, Mark – cumprimentei-o quase em um sussurro.

—Olá! – ele sorriu, mostrando dentes tão brancos quanto aquela sala. A cor já estava a me irritar. – Como você está se sentindo hoje, Blakely?

Pensei por alguns segundos.

—Estou... – tentei achar uma palavra que pudesse descrever tudo. – Cansada...

Mark balançou a cabeça em sinal positivo.

—Cansada de quê exatamente? – perguntou, tentando cavar o problema e chegar a sua raiz.

Àquele ponto, já estava super na cara que ele era um psicólogo.

—Fisicamente – expliquei, começando a sentir o suor gelado nas mãos. – Mentalmente – sussurrei, talvez Mark não tivesse escutado, pelo menos eu torcia para que não.

Uma coisa estava certa: eu não iria dizer nada e aquele psicólogo não iria “ler” meus sentimentos e pensamentos.

—Os últimos dias foram cansativos?

—Um pouco – tentei sorrir para mostrar que estava bem. – A vida de um adolescente é sempre cansativa.

Mark sorriu também, talvez achando que nós estávamos “enturmando”.

—Você tem razão! – disse ele. – A escola exige demais, as responsabilidades aumentam, os hormônios ficam praticamente em ebulição, tem que fazer sua escolha profissional e ainda lidar com sua sexualidade, seu primeiro amor e várias outras coisas... É realmente um caos se pensarmos por esse lado, mas tudo tem seu lado bom, não é?

—De acordo – falei, tentando usar o mínimo de palavras possíveis.

—Você já experimentou um primeiro amor ou algo do tipo?

Mark me pegou de surpresa com aquela pergunta e se ele fizera aquele tipo de pergunta, então era porque meu pai desconfiava de um envolvimento amoroso entre eu e Christopher.

Eu já estava surpreendida. Era tarde demais. Mark já havia percebido, mas talvez eu ainda pudesse mentir.

—Sim – abaixei a cabeça, fingindo estar triste. – Só que foi platônico.

Mark suspirou.

—Isso é bem normal na sua idade, sabe? Quando eu tinha cerca de uns dezesseis anos, também fiquei profundamente triste por causa de uma menina – disse ele, querendo me reconfortar. – Por quem você se apaixonou? Um colega da escola?

Continuei com a cabeça abaixada, se eu tivesse que olhar nos olhos de Mark, provavelmente vacilaria.

Bem, ele estava ali a minha disposição e com certeza meu pai estava o pagando. Eu não deveria desperdiçar aquele dinheiro, mas também não queria revelar sobre o pai de Christopher. Só que de uma coisa eu tinha certeza, eu sentia alguma coisa quando estava com Ezequiel e outra alguma coisa quando estava com Christopher, até porque aquele nosso beijo fora completamente inesquecível.

Eu tinha a opção de não dizer nada a Mark e continuar a deixar meus pais preocupados, tinha a opção de contar tudo de uma vez e tinha a opção de revelar apenas parte do todo, dizendo sobre meus sentimentos pelos dois garotos e fazendo daquilo a raiz do problema, dessa forma meus pais pensariam que eu só estava confusa em meio a um triângulo amoroso e ainda teria a chance de conseguir um bom conselho. Eu não estaria mentindo, só estaria omitindo o verdadeiro problema.

—Sim! – olhei para os olhos verdes de Mark. – Ele é da minha sala na escola.

—Qual o nome dele, Blakely? É um garoto bacana?

Sorri verdadeiramente, talvez pela primeira vez na semana.

—Christopher Robinson.  Ele é espetacular!

Mark sorriu também, orgulhoso de seu “progresso”.

—E o que faz Christopher tão espetacular?

Respirei fundo, pensando em milhares de adjetivos ao mesmo tempo, mas sendo incapaz de fazer uma seletiva entre eles.

—Talvez a personalidade e o fato de ser uma pessoa interessante. Eu não sei como explicar, Mark – falei. – Ele é tão inteligente...

—Parece ser um garoto realmente muito bacana – Mark disse. – Mas você disse que foi um amor platônico... O que houve de errado?

Novamente eu não sabia como responder.

—Eu... – pensa, Blake!— Eu menti para você... Não foi um amor platônico, na verdade foi bem pior do que isso. Christopher meio que gosta de mim e Ezequiel, um amigo nosso, também. Ambos são espetaculares, inteligentes e interessantes. Não sei o que fazer!

Eu não havia mentido em nenhum momento. Porém, era meio chocante escutar aquilo saindo da minha boca. Eu praticamente ainda não havia parado para pensar no que estava sentindo por Christopher e por Ezequiel.

Éramos um triângulo amoroso. E era chocante admitir isso.

—É meio complicado, entende? – disse Mark, pensando bem nas palavras. – Sua idade é tão pouca ainda. É difícil dizer que é amor... Mas parece que eles fazem você se sentir especial. Gostam de você.

Concordei com a cabeça, enquanto apoiava meu queixo na mão e o cotovelo na perna. Esperava um bom conselho vindo de Mark.

—Você gosta deles também?

Pensei por alguns minutos. O beijo entre mim e Christopher fora verdadeiro. O beijo entre mim e Ezequiel fora completamente inesperado e até meio forçado. Quando estava com Christopher eu sentia um misto de emoções confusas. Quando estava com Ezequiel eu me sentia bem e feliz.

—Talvez mais de Christopher – falei, só que então me lembrei da tarde no museu, eu não tivera uma tarde daquelas com Ezequiel. – Eu conheci mais Christopher do que Ezequiel. É até injusto.

—Bem, o amor não envolve justiça, Blakely – Mark riu. – Apenas o que você sente em seu coração!

Soltei um rápido suspiro. Ele tinha razão.

—Se você acha que gosta mais de Christopher, então tudo bem, não é injusto com Ezequiel. Para falar a verdade, se ele gosta de você e te quer feliz, vai aceitar que seu amor por ele não é recíproco.

—Mas eu não tenho certeza de nada... – falei em seguida, já demonstrando certo desespero. – Como vou saber se realmente gosto de um ou de outro?

Mark olhou-me de uma forma reconfortante.

—Você não vai saber. Vai sentir.

Fechei meus olhos por uma fração de segundos e, naquele pequeno instante, consegui sentir como se meu coração estivesse curado.

—Tem razão! – falei, dando-me por vencida. Mark sabia de tudo o que eu estava sentindo e não demoraria muito para meus pais também soubessem.

Já estava feito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado. Bem, não se preocupem quanto ao Christopher... Logo, logo ele volta e não vai só voltar, ele vai voltar com TUDOOOO!!!
Um beijo a todas que leram até aqui ♥ Muitos pokemons para vcs...