O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 29
Vigésimo Oitavo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Bem, só posso pedir e desculpas e prometer uma coisa: em julho vai ter capítulo toda semana! Guardem isso! Vai chover capítulo ♥



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Estou com medo de mim mesmo nesse momento. Não consigo imaginar como pude fazer isso. Eu gritei que o odiava, eu me tranquei no quarto e soltei aquelas malditas palavras. Agora vejo que acabo de fazer uma tragédia, ele está lá fora com minha mãe. Não posso imaginar o que ele está fazendo com ela.

 E então eu choro, como se fosse um bebê. Por que Max diz que sou tão forte? Por que Austin me chama o tempo inteiro de ‘Lutador’?

Não consigo mais entender nada. Só dei alguns livros que a biblioteca descartou para Max e ajudei Austin em uma briga de rua que custou um lindo olho roxo, único hematoma que fiquei feliz em ter, tudo por não ser culpa do meu pai.

Eu só queria que essa zona de guerra voltasse a ser um apartamento velho e de quatro cômodos estreitos.

            25/04/2014”.

Olhei para a folha amarelada, enquanto meia dúzia de suposições ruins passava pela minha cabeça. O que acontecera com a mãe de Christopher?

Uma batida na porta me fez dar um pequeno pulo na cama e esconder o diário instantaneamente debaixo dos cobertores. Meu pai entrou sério e já com suas roupas de dormir, que consistiam em uma calça de moletom e uma blusa confortável de algodão.

—Queria conversar um pouco – disse, puxando a cadeira da escrivaninha e colocando perto de mim. – Sobre Christopher e Ezequiel. Temos um jantar com eles amanhã, não temos?

Fiz que sim com a cabeça, tentando tirar toda a tensão de meus músculos rígidos. Até que me lembrei daquela garota estranha que encontrara na praça, o conselho dela era para pedir desculpas primeiro e talvez fosse a melhor opção no momento.

—Tenho que te dizer algo também – falei, vendo o olhar altruísta que tomava o rosto de meu pai. – Posso falar primeiro?

—Claro, querida – disse, dando um pequeno sorriso.

Coloquei meus dedos no diário de Christopher sob as cobertas para dar confiança e então disse:

—Eu queria te pedir desculpas. Acho que você só está tentando me proteger ao conhecer melhor meus amigos, sabe? Deve ser algum sexto sentido paterno... – ele riu, me fazendo perceber que o humor era a única forma de tornar o momento menos tenso. – Ou talvez insegurança por ver que eu estou fazendo amizades masculinas.

Meu pai riu ainda mais, ficando descontraído e um pouco feliz.

—Bem, eu queria te pedir desculpas também, filha – sorriu. – Acho que você estava certa ao dizer que mal os conheço e já estou julgando.

—Você vai conhecê-los amanhã, pai. Tenho certeza que gostará dos dois, até mesmo de Christopher, ele é muito inteligente.

Ele suspirou, talvez com um pé atrás quanto a Christopher.

—Por que não me fala como vocês se conheceram?

A pergunta me pegou de surpresa, mas tentei não demonstrar o pânico que se instalou em mim. Não podia dizer sobre Harrison e nem sobre a briga.

—Ele senta atrás de mim – expliquei. – Fizemos uma atividade no primeiro dia de aula juntos e depois ele começou a falar comigo regularmente, me convidando para lanchar junto dele e Ezequiel – tentei me lembrar de mais coisas que poderia falar e que deixaria meu pai menos desconfiado. - Na aula de Educação Física a professora me pediu para ajudá-lo com o basquete. Acho que isso tudo nos aproximou.

Os olhos de meu pai brilharam ao ouvir a última frase.

—Então vocês são bons amigos? – ele arqueou uma sobrancelha. – Ou mais que isso?

Por um motivo não muito específico, corei. Lembrando que havia sido beijada duas vezes e por dois garotos diferentes.

—Apenas amigos, pai – falei baixo, olhando para a parede ao meu lado para não precisar encará-lo.

—Se quiser um dia confessar algo, saiba que pode confiar em mim, filha.

Minhas bochechas ficaram de uma cor irreconhecível, tudo apenas por causa de um comentário malicioso.

—Tudo bem – falei, querendo cobrir meu rosto com as cobertas enquanto meu pai se levantava e colocava a cadeira de volta à escrivaninha.

—Boa noite – ele disse, sorrindo.

—Boa noite.

                                                      ***

Um som irritante ecoou por toda a casa, como eu estava na sala e era a mais próxima do telefone, o peguei rapidamente para parar com a barulheira. Odiava coisas escandalosas.

—Alô? – falei, já imaginando ser um cliente de meu pai.

—Oi, Blakely – levei quase um susto ao escutar meu nome. – É o Ezequiel.

Minha garganta secou, soltando um som parecido com um gemido.

—Ah... Oi! – me recuperei rapidamente.

—E-eu só quero perguntar que horas devo chegar a sua casa para o jantar – gaguejou.

Eu esquecera por breves momentos que aquele jantar era daqui menos de quatro horas. Apenas me preocupara em relaxar de frente à televisão.

Avistei minha mãe entrando na sala com uma louça e um pano de prato em mãos. Ela instantaneamente me olhou interrogativa.

Pus o telefone um pouco longe de mim.

—Que horas Ezequiel deve chegar para o jantar? – perguntei em tom baixo.

—Lá pelas seis... – respondeu e logo voltou apressadamente para a cozinha, com certeza preparando a comida para hoje à noite.

Voltei ao telefone.

—Lá pelas seis – repeti para Ezequiel, mesmo sabendo que havia uma grande probabilidade dele já ter escutado.

—Obrigado! – disse, quase pude ver o sorriso do outro lado da linha.

—De nada.

Estava quase tirando o telefone do ouvido, até que escutei a voz de Ezequiel me dizendo o contrário.

—E-eu... Queria te fazer outra pergunta – disse, fazendo-me perceber claramente que tinha relação ao beijo.

—Diga.

—Nada entre nós mudou, não é? Quero dizer... Depois de... Eu te beijar... Nada mudou, não é? Aquilo não significou nada, eu nem deveria ter feito aquilo para falar a verdade.

Sorri, sentindo seu nervosismo tocar no fundo do meu coração. Por mais que aquilo tenha sido estranho, eu já havia quase aniquilado aquela memória do meu cérebro.

—Nada mudou – respondi. – Continuamos sendo os mesmos Ezequiel e Blakely de antes.

Minha garganta coçou, eu queria perguntar sobre Christopher, se ele já sabia sobre nosso beijo e o que achava, só que talvez não fosse o momento.

 –Te vejo daqui a pouco – Ezequiel falou, dessa vez mais relaxado.

 Não disse mais nada, apenas desliguei o telefone e voltei a ver a série que passava na televisão. Porém, um sorriso involuntário apareceu de repente em minha face, provavelmente significando que tudo estava em paz por um minuto.

                                              ***

 Ao ver que já eram cinco e meia da tarde, comecei a me arrumar. Fui para o meu quarto e suspirei por um segundo.

 O que eu iria vestir?

 Odiava quando essa dúvida me atormentava, mas criei coragem e abri o guarda-roupa, vendo que eu era mais desorganizada do que achava. Uma meia quase caiu em cima de mim, só que dei um passo para trás e ela foi de encontro ao chão.

 As divisórias em quadrados guardavam apenas roupas amassadas e do avesso. Os cabides estavam ainda piores, cada um estava com três vestidos jogados e do avesso também. Tentei me lembrar de alguma roupa que eu tinha que fosse simples e bonita, até que vi uma manga cinza para fora de uma das gavetas internas do guarda-roupa. Puxei-a e vi que era uma blusa simples e com manga até os cotovelos.

 Era perfeita, eu poderia usá-la com uma calça preta e um tênis qualquer.

  Okay. E como acharia uma calça preta nessa bagunça?

 Vesti de uma vez a blusa, apenas para não perdê-la novamente, coisa que era bem capaz de eu fazer.

 Abri outra gaveta e percebi que ali só havia meias e lingeries. Na terceira e última, só consegui ver algumas blusas dobradas e outras jogadas. Estava quase desistindo, até que vi algo preto no meio dos vestidos que estavam em um dos cabides. Puxei, até que vi que era realmente a calça que eu queria.

 Vesti-a rapidamente e então me apressei em pegar um par de meias e um tênis branco que eu tinha, os encontrei de primeira, apenas por sorte.  Fui até o espelho e tentei ver se estava bem.

 Sim, eu estava bem. Mas e o cabelo?

Quase chorei ao ver o ninho de passarinhos que aquilo estava, mas respirei fundo e pensei por alguns minutos.

Rabo de Cavalo. Era a única coisa que esconderia meu frizz.

Achar um elástico era fácil, eles sempre estavam pelo chão do meu quarto. Logo vi um perto da porta, olhei para o meu relógio e vi que já eram seis horas e quinze minutos, me apressei e fiz um rabo de cavalo alto. Eu já tinha até prática.

Desci as escadas e passei reto, indo para a cozinha, talvez minha mãe precisasse de ajuda. Porém, quando cheguei lá, vi que estava tudo limpo e cheiroso, não havia ninguém ali.

Fui até a sala de estar e tive uma surpresa. Tudo já estava pronto e arrumado em cima da mesa, os pratos, talheres e copos, todos em seus lugares. Um cheiro muito gostoso vinha de uma grande recipiente no centro. Era Rondeli, eu tinha certeza.

Não ousei tirar a tampa de cima, em vez disso, apenas me afastei da mesa para não fazer um pequeno acidente com um copo de vidro ou um prato.

—Rondeli – escutei a voz de meu pai.

Ele entrou na sala sorrindo, acho que era sua comida preferida.

—E então... – disse, sentando-se no sofá. – Está pronta, filha? Seus amigos devem chegar daqui a pouco e sua mãe ainda está vestindo a roupa.

Soltei uma pequena risada, até escutar o som da campainha e ficar totalmente séria e desorientada.

—Ahn... Pai... – não soube o que dizer, só sabia que não queria atender aquela porta.

—Blakely, são seus amigos - disse, levantando-se e vindo para perto de mim. – Acho que eles vão se sentir mais à vontade se você recebê-los.

Ás vezes eu esquecia que argumento era algo que meu pai dominava. Também imaginei se ele abrisse a porta e desse de cara com Christopher, não ficaria uma situação muito legal. Então eu mesma girei a maçaneta.

Era Ezequiel. E ele estava lindo.

Com uma calça jeans, uma blusa vinho e uma jaqueta também jeans, ele conseguia estar estonteante. O cabelo estava arrumado em um pequeno topete e havia um relógio em seu pulso direito.

—Oi – ele disse, sorrindo.

—Oi – respondi, um pouco envergonhada.

Abri um pouco mais a porta e dei espaço para Ezequiel entrar. Nós dois estávamos nervosos, eu podia sentir isso.

—Com licença – disse ao entrar.

Fechei a porta antes que um vento frio me atingisse. Meu pai levantou do sofá e veio cumprimentar Ezequiel.

—Sinta-se em casa – disse ele, deixando as pessoas à vontade como sempre gostava de fazer.

Ezequiel sentou-se no sofá. Eu já estava quase dando um passo em direção a eles, até que a campainha tocou novamente e dessa vez eu já sabia quem era.

Fui até a porta com um sorriso nos lábios e finalmente a abri, vendo Christopher Robinson. Achei que fosse impossível, mas meu sorriso se alargou ainda mais, me fazendo sentir uma leve dor nas bochechas.

O garoto loiro estava com o cabelo arrumado para o lado, usava uma calça jeans escura, a blusa branca de sempre e por cima uma jaqueta preta que eu acho que foi obra de Caleb Dwayne. Ele também estava bonito, quero dizer, ridiculamente bonito.

—Ezequiel já chegou, não é? – ele perguntou, parecendo um pouco indiferente por se achar retardatário.

—Sim – falei, enquanto abria mais a porta. – Entre.

—Com sua licença, senhorita – deu uma piscada brincalhona e logo depois entrou.

Tranquei a porta, sentindo um pouco de frio nos braços.

Virei-me para ficar ao lado de Christopher e percebi que ele olhava atentamente para o corredor, um barulho de passos vinha do corredor.

Então vi minha mãe estonteante com um salto médio e um vestido creme. Ela estava magnífica, como sempre. Quando me viu ao lado de Christopher, andou em nossa direção.

—Tudo bem? – perguntou a Christopher, sorrindo. – Sou Elizabeth Jones, mãe da Blakely.

Estendendo a mão, o garoto respondeu:

—E eu sou Christopher. Christopher Robinson, senhora Jones.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado e pf, nao fiquem bravos comigo. Eu estou com muito trabalho escolar e provas para estudar :)
Beijos!