O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 25
Vigésimo Quarto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Com o início das provas, está bem complicado de escrever. Espero que me perdoem!
Boa Leitura



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O silêncio pairava no ar, mas a dor de cabeça que eu sentia fazia com que tudo continuasse uma bagunça. Pelo menos meu pai não havia se entregado a sua ansiedade e me bombardeado com perguntas a respeito de meu choro silencioso.

Cobri um pouco mais meus ombros com o cobertor. Queria ficar deitada em minha cama o resto do dia, mas isso logicamente não iria acontecer.

Respirei profundamente. Alguns segundos depois, escutei um leve bater na porta. Seria agora que todas as perguntas viriam, e eu torcia para virem calmamente.

Blake, posso entrar? – fiquei um pouco desorientada. Aquela não era a voz do meu pai, e sim a da minha mãe.

Antes que eu pudesse responder, ela já estava entrando. Sentei-me rapidamente e a encarei um pouco estupefata.

Mãe? – soltei sem querer.

Ela apenas sorriu, vindo em minha direção calmamente.

Eu queria conversar com você sobre o seu encontro – minha mãe dizia as palavras animadamente, como se ainda não soubesse o que tinha de fato acontecido no final desse “encontro”.

Mas... você não deveria... estar no trabalho?

Isso também era estranho. Ela amava ser arquiteta e é claro que eram raras às vezes em que chegava cedo do serviço.

Sei que deveria. Só que você é mais importante – explicou, o que me fez sorrir um pouco. – Me conte um pouco sobre esse rapaz que te levou ao museu.

Iria doer um pouco, mas talvez eu precisasse desabafar. Desabafar com cuidado.

Bem... – hesitei. – O que você quer saber?

Minha mãe sorriu e se sentou ao meu lado.

Queria saber como ele te tratou, se é um garoto educado ou não.

Ela estava tensa, sendo cuidadosa com cada palavra, porém demonstrara que já sabia do acontecido.

Sim, é educado – respondi, talvez um pouco séria demais.

E o que vocês fizeram no museu?

Eu não queria ser direta com minha mãe e nem respondê-la com grosseria, sabia que ela estava apenas querendo me ajudar.

Vimos a exposição do Leonardo da Vince e depois fomos até à cantina. Ele pagou tudo – não entrei em detalhes e fui o mais superficial que podia, mas ainda senti que fui idiota em falar daquela maneira.

Minha mãe suspirou profundamente e me olhou com um pouco de tristeza.

Então o que aconteceu? – ela perguntou, acariciando minha mão. Parecia preocupada. – Por que você chegou chorando, querida?

Não tive como me desvencilhar da pergunta. A culpa era toda minha. Christopher estava sofrendo e eu ainda complicava tudo para ele. Eu nem me lembrava mais do porquê de eu ter chorado, fora por besteira.

Se Christopher não me contara o que havia acontecido com ele, pouco importava. Ele me dera o diário dele, esse ato era o suficiente para eu ver que sua confiança em mim era total.

Fui uma idiota.

Eu... acho que não quero falar sobre isso, mãe – respondi, um pouco triste por saber que ela estava preocupada comigo. Não gostava quando meus pais sentiam pena ou preocupação. – Mas saiba que não foi nada demais. Christopher não fez nada de errado. Na verdade, foi até eu quem o magoei.

Minha mãe passou sua mão pelo meu cabelo e deu um leve beijo na minha testa.

Então você está bem? – ela perguntou.

Sim – forcei um sorriso.

Tem certeza?

Hesitei. Felizmente ela não era meu pai para perceber que eu estava dizendo meias verdades.

Tenho.

                                                      ***

Abri os olhos assustada. Podia jurar que escutara um barulho, eu tinha o sono muito leve e qualquer coisa me acordava.

Segundo meu despertador, eram uma e meia da madrugada.

Escutei novamente o mesmo barulho, vinha da janela. Me sentei na cama de modo que pudesse vê-la e fiquei olhando atentamente para ver se captava algo estranho.

Então eu vi! Era uma pedrinha ou algo parecido. Alguém estava jogando-a no vidro da janela e fazendo um barulho bem sutil, mas ainda sim um barulho que pudesse me acordar.

Não precisei nem me perguntar para saber quem estava fazendo aquilo.

Fui até a janela e a abri, o trinco era por dentro e ela abria como uma porta. Seria bem difícil conseguir abri-la por fora, a menos que a quebrassem.

Meus olhos procuraram uma silhueta ao redor da casa. Quando eu estava quase constatando que não havia sinal de ninguém, um arbusto do jardim da vizinha se mexeu.

O garoto foi bem rápido, correu silenciosamente até a minha casa e apoiou seus pés na janela que havia no primeiro andar e começou a escalá-la. Depois, segurou rapidamente no escapamento do esgoto e deu um impulso muito forte para cima, que o fez conseguir colocar uma de suas mãos na minha janela. Ele ficou assim por alguns segundos, pendurado por apenas uma mão. Apenas observei suas veias do braço se ressaltarem quando tentou apoiar a segunda mão também.

Christopher era forte demais. Me afastei alguns passos, um pouco assustada achando que aquilo era surreal.

Silenciosamente ele se esforçou, e pouco a pouco conseguiu subir e sentar na minha janela. Enquanto tentava recuperar o fôlego, eu o analisava.

Estava com a mesma roupa que sempre ia me ver, moletom acinzentado, calça jeans e tênis velho. Olhando-o daquela forma, me senti culpada por Christopher ter que fazer aquele esforço toda vez que fosse me ver no meio da noite.

Desculpe por te acordar – sussurrou, seus olhos pareciam tristes e sua voz apenas confirmava isso.

Eu também te devo desculpas – o sentimento de culpa aumentou dentro de mim.

Christopher me encarou e logo em seguida entrou em meu quarto.

Eu fui egoísta em achar que você deveria contar todos os seus segredos para mim – desviei o olhar e senti um suor frio nas mãos.

Vi pela visão periférica que ele deu alguns passos em direção à minha escrivaninha. Curiosa, o encarei.

Eu escrevi todos os meus segredos – respondeu baixinho, se virando para mim com o diário em mãos. – Só você que ainda não teve coragem para lê-los.

Prendi uma exclamação. Então era a fraqueza que me prendia. Havia alguns dias que eu não lia o diário e quando o lia, era no máximo duas folhas. Naquele momento eu soube que poderia ser mais fraca do que achava, mas também tinha medo de ler, de saber mais sobre o passado e presente de Christopher.

Meus olhos marejaram por um curto período de tempo, pisquei e engoli o choro. Não sabia o que fazer, o que sentir ou até mesmo se devia chorar ou não.

Inesperadamente senti braços ao meu redor. Era um abraço, um abraço cheio de carinho e consolo.

Não estou guardando as coisas para mim, Blake... – ele disse em meu ouvido.

Você tem razão... – sussurrei em seu ouvido com dificuldade, lutando contra a tristeza dentro de mim. 

Embora as folhas em árabe do diário dissessem o contrário, sabia que Christopher tinha razão. Ele estava tentando me fazer entrar.

E eu iria entrar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, foi mais um capítulo feito com carinho.