O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 21
Vigésimo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

E esse é o último do ano. Queria agradecer por ter tantas pessoas me acompanhando e favoritando a fic, uma já até recomendou kkk ♥ Obrigada a todos! Espero que vcs continuem comigo nesse novo ano cheio de bençãos que deve ser 2016.
Aqui vai um presentinho de Natal para vocês.
Boa Leitura!



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Eu estava escrevendo algumas palavras sem nexo em meu caderno de poesia, já deitada na cama e com meu edredom mais quente, quando escutei um barulho na janela. Não precisei nem de um relógio para saber que já eram onze da noite.

Deixei apenas o abajur ligado para dar um sinal de vida a Christopher.

Ele estava com o tênis velho, a calça surrada e aquele casaco com touca. Deveria ser sua “roupa-camuflagem”.

Quando ameacei me levantar da cama, Christopher fez um sinal para eu parar e ficar em silêncio. Ele entrou silenciosamente no quarto, pisou com cuidado na madeira e veio até mim.

–Seu pai... – sussurrou e apagou o abajur. – Ele vai desconfiar se a luz estiver ligada.

Assenti. Não sabia que meu pai estava até tarde trabalhando, pois se estava até essa hora acordado, não seria fazendo outra coisa.

–Você viu o que ele estava fazendo? – perguntei, baixinho também.

A luz da lua dava uma boa iluminação no quarto, então eu podia ver claramente o rosto de Christopher. Ele estava cheirando a sabão de coco, um cheiro fraco e agradável.

–Lendo papeis – respondeu. – Vários, para ser mais específico.

Deveria ser o caso do Senhor Medeiros.

–Christopher... – chamei, minha voz estava um pouco fraca. O garoto loiro me olhou atentamente. – Sabe se... Ezequiel e a família dele estão... hãm... bem?

Ele soltou uma curta risada nasal e se sentou na beirada da cama, me afastei para dar mais espaço.

–Estão, Blakely – respondeu. – Por quê?

–Meu pai está cuidando de um caso e envolve o pai do Izzy, então eu pensei que... – me lembrei de que aquilo tinha a ver com estupro e que também não era da minha conta nada daquilo.

Christopher então se afastou um pouco, parecia abalado, como se uma grande tragédia tivesse acabado de acontecer.

–Ele nunca disse nada do meu segredo para ninguém, acho que é justo eu guardar o segredo dele também, Blake – Christopher parecia triste, mas mesmo assim sorriu levemente para mim. – E o que você estava escrevendo? Um poema?

Ele queria mudar de assunto e talvez insistir só pioraria tudo, por isso cedi. Prometi a mim mesma que nunca mais conversaria com ele sobre Ezequiel daquela forma.

–Não. Estava só escrevendo palavras que me vinham à cabeça.

Christopher arqueou a sobrancelha. Ele fazia isso quando ficava um pouco curioso a respeito de algo.

–E o que você vai fazer com elas?

–Normalmente, eu as uso como inspiração para um poema, Christopher – estávamos ainda sussurrando, com medo de sermos pegos. – Mas no momento estou sem inspiração alguma.

Ficamos em silêncio. Coloquei o caderno preto de lado. Eu havia meio que “fechado” a conversa e agora não sabia o que dizer. Christopher me encarava com um sorriso mínimo nos lábios.

Desconfortável, disse a primeira coisa que me veio à cabeça:

–Você estava com roupas novas hoje.

Tanto assunto nesse mundo, Blakely...

–Ah, sim. Foi o Caleb –disse ele. – Fui pedir ajuda, sabe? Não consegui achar nada para incriminar a Jane...

–Mas você parecia saber que era maquiagem – interrompi, um pouco ansiosa demais com a explicação.

–Não, eu soube disso apenas hoje de manhã – Christopher explicou, deixando a mostra uma linha de expressão na testa. – A minha mãe é secretária do Caleb e ele gosta muito dela, ele a enxerga com outros olhos, entende? Mas não sabe sobre o meu pai, por isso pensa que tem algum tipo de chance com ela. Quando fui pedir ajuda ao Caleb, já sabia que aceitaria na hora, só que também sabia que ele iria querer algo em troca. Então disse que me ajudava, se eu aceitasse as roupas e a mochila.

–Ele é uma boa pessoa – falei, abraçando meus joelhos, que estavam cobertos com o edredom. – Por que não o deixa se aproximar de você?

–Porque minha mãe o ama – em seus olhos havia um brilho, um brilho que me deixava triste. Era algo melancólico e que me fazia pensar se era ou não remediável. Queria que aquele garoto parasse de ser sempre tão depressivo e misterioso, queria que fosse alguém comum. – Mas tem o meu pai – prosseguiu. - E o melhor jeito de protegê-lo é deixando-o de fora da situação, Blakely. Por isso eu não queria que você soubesse de nada, estava com medo do que meu pai poderia fazer e não sabia se você aguentaria um segredo desses.

–Eu aguentaria qualquer coisa, Christopher – respondi, olhando profundamente em seus olhos. – Qualquer coisa.

–De qualquer forma, o problema não é seu – falou, sorrindo triste.

Abaixei a cabeça e me encolhi mais ainda.

Eu queria tanto ajudar. Mas não podia fazer nada!

–Não fique assim – Christopher estava com os olhos fechados, só que a luz da lua tinha feito algo brilhar em sua bochecha. Uma lágrima. – Você não sabe como é horrível...

O sussurro era tão fraco, que ele mal terminou a frase. Meus olhos embargaram ao ver sua íris azul quase sem vida. Christopher Robinson não podia desistir, mas queria muito.

Uma lágrima traçou caminho por minha bochecha e nos encaramos. Ele também chorava silenciosamente.

–Me desculpe, eu... – sussurrou e novamente não conseguiu terminar a frase.

–Você não deve desculpas a ninguém – aproximei minha mão esquerda de seu rosto.

Christopher deixou com que eu o tocasse. Sua pele bronzeada era quente e macia. Ele se aproximou, enquanto eu acariciava suas bochechas. E continuou se aproximando, até que percebi o que estava acontecendo entre nós.

Limpei sua lágrima na bochecha esquerda, mas isso não impediu mais lágrimas de caírem. Também chorei em silêncio.

Quando percebi, estávamos a centímetros um do outro. Faltava pouco.

Fechei os olhos.

Senti seus lábios avermelhados e macios nos meus alguns segundos depois. Christopher pareceu demonstrar toda a sua fraqueza e sensibilidade em nosso beijo, pois era cuidadoso comigo e não fazia muitos movimentos com a boca. Nossas lágrimas salgadas se misturaram, se transformando em apenas um choro silencioso. Quando o ar faltou, ele se separou aos poucos de mim, como se fosse uma tortura fazer aquilo. E para nós era.

Abri os olhos.

Minha mão continuava em sua bochecha. Christopher me olhava de um modo tão doce que acabei corando. Ele colocou delicadamente seus dedos sobre minha mão, acariciando-a.

–Eu tenho que ir, querida – sussurrou, dessa vez mais forte, voltando a ser o Christopher Robinson de antes.

Ele me chamara de querida.Estremeci.

–Prometa que vai voltar.

Não queria que Christopher fosse. Não queria mesmo. Queria que ele ficasse e que continuássemos com aquilo.

Acariciou minha mão levemente e sorriu, agora sem lágrimas. Ele permaneceu ali por mais alguns minutos, até que pegou minha mão e deixou alguns beijos em meus dedos.

Cada vez que seus lábios avermelhados tocavam minha pele e eu me lembrava de que ele teria que partir, era uma facada em meu coração.

Mas então, docemente, ele disse:

–Eu sempre vou voltar para você.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do presentinho no final do capítulo?
Feliz Natal!! Feliz Ano-Novo!! Continuem sendo essas pessoas simpáticas que vcs são.
2016... vamo que vamo!