O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 14
Décimo Terceiro Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee. Bem, eu sinto muito pela demora. Tinha combinado dias de postagem e tals, mas foi mal gente.
MASSSSS. EU RECEBI UMA RECOMENDAÇÃO SEUS GATOSOS hajsjbhlKVBDJwufllb (sim, isso foi uma convulsão).
Nanda Chan. Esse é para você, um dos melhores capítulos da história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625715/chapter/14

E novamente ele se afastava de mim.

Christopher agora sim estava distante, mas distante mesmo. Saía quando eu chegava. Me evitava ao máximo. Era o primeiro a se retirar quando o sinal batia. Já Ezequiel, bem, o caso dele era outro. Ele também me evitava, mas de uma forma mais discreta que Christopher.

Izzy sorria para mim ás vezes, dizia “oi” e “tchau” todos os dias. Só que eu percebi que algo nele havia mudado, algo que não foi minha culpa ou que eu desencadeei. Era algo só dele. Em seus olhos castanhos podia-se ver a perda do brilho, como se ele estivesse morto por dentro. Então lembrei que o Senhor Medeiros contratara meu pai como advogado, mas por que o contratara?

Meu pai tratava de casos mais... pesados. Ele era um advogado penal e normalmente era procurado por vítimas ou família que procuravam justiça contra agressores e ladrões. Ezequiel perdera a mãe, mas será que ele a perdera de forma trágica?

Eu não podia perguntar nada ao meu pai. Seria falta de educação da minha parte, mais falta de educação ainda seria se eu perguntasse ao próprio Ezequiel. Talvez fosse melhor deixar isso quieto. Não queria magoar Izzy, ele era um bom amigo, embora distante. Era uma ferida que não deveria cavar, talvez colocar um band-aid e pronto, deixar.

Também andei escrevendo bastante no caderno preto. Eu deixara as rimas de lado e me focara apenas em Christopher Robinson. Anotei sobre aquele sussurro estranho. Sobre o novo hematoma. A respeito de como era estranho o pai de Ezequiel ser cliente do meu pai. Resumindo, tudo que eu pensava, acabei colocando em palavras.

Girei a caneta nos dedos e a guardei no estojo, faltavam poucos segundos para o sinal da saída bater. Até que em fim!

E bateu. A sirene consumiu meus ouvidos, junto com o grito de um idiota do fundão que tentava imitar o barulho.

Quando é que certos garotos iriam crescer?

Como esperado, Christopher foi um dos primeiros a sair. Ezequiel demorou um pouco mais, me disse um rápido “Tchau” e saiu.

–O que foi, Blakely? – escutei a voz aguda da professora Susan, de história.

–Hãm? – pareci acordar de um transe. – Nada! Eu só...

Até esqueci o que ia falar. Apenas me levantei e recolhi meus materiais.

–Até amanhã, professora.

Susan apenas acenou de volta. Enquanto eu abria a porta e saía pelos corredores já vazios de Dallington School. Minha mãe atrasaria, ela disse no café da manhã que meu pai e ela teriam que trabalhar nos mesmos horários e que ambos estavam com bastantes afazeres. Eu não me incomodava de esperar uns vinte ou trinta minutos a mais. Então nem liguei.

Pensei em esperar próximo a arquibancada do ginásio, dava para ver os carros que passavam. Caso eu conseguisse ver o Chrysler 200 prata passar, era só correr o mais rápido que minhas pernas aguentassem.

Foi isso que fiz. Me sentei na arquibancada, no degrau mais alto, e estiquei minhas pernas ali mesmo, estando o máximo possível confortável. Peguei meu caderno preto e a caneta, era um bom momento para fazer uma rima. Fiquei olhando para as linhas azuis da folha branca por um tempo. Minha mente não tinha muita criatividade no momento. Tinha que pensar mais... Pensar e repensar!

Penso

E logo repenso

O que rima com penso?

Penso... Penso... Penso...

“A ninguém eu compenso”

Ah, droga! Tinha que soar depressivo. Eu odiava essa mania de fazer apenas poemas e rimas tristes, mas era o que eu sentia, era o único sentimento com o qual eu já tinha um relacionamento mais direto. A dor. A tristeza. Infelicidade. Solidão. Era tudo isso que me consumiu nos últimos quatro anos, desde que entrei em Dallington, desde que ouvi falar em Harrison Wayne e seus comparsas.

Até hoje não entendo como tudo se sucedeu.

Eu estava andando, esbarrei em Harrison, derrubei seus livros no meu primeiro dia de aula e então isso me confinou para sempre.

Confinar. Algo sempre te confina. É até interessante.

E logo a morte estou propenso

Foi assim que terminei a rima. Porque tudo termina de um modo trágico. “Felizes para sempre” é algo que os contos de fadas criaram para nos os invejarmos e lermos milhares de vezes.

Guardei o caderno e relaxei por um minuto. Coloquei a bolsa como travesseiro e deitei a cabeça. Era a posição mais próxima de deitar que podia se ter naquela arquibancada.

Fechei meus olhos e relaxei por alguns segundos. Respirei fundos umas cinco ou seis vezes, quando escutei um barulho e depois outros em seguida. Meu coração palpitou mais forte, aqueles barulhos eram passos.

–Pronto! – escutei uma voz, era masculina e falava baixo. – O que queria dizer, Chris?

Christopher!

Abri meus olhos rapidamente. Aquela voz era de Ezequiel, eu tinha certeza.

Escutei mais passos. Não podia fazer um movimento brusco ou eles perceberiam, então permaneci quieta. Eu sabia que escutar uma conversa escondido era errado, mas eu não podia sair dali agora e também queria muito escutar.

–Diz logo, cara – escutei a voz impaciente de Ezequiel. – Meu pai já deve ter chegado.

Escutei os corpos de ambos se chocarem. Estavam se abraçando?

–Eu estou com medo, okay? – disse Christopher, eu reconheceria a voz dele de qualquer jeito, mas eu juro (juro!) que naquele momento ele estava chorando. Eu sei quando uma voz está embargada.

Então eu escutei. Escutei o choro de Christopher Robinson pela primeira vez – e talvez última. Não consegui acreditar que ele estava chorando. Não consegui mesmo.

Um soluço. Outro. E mais outro.

Até que ele parou.

–Medo de quê? – perguntou Ezequiel e sua voz também era embargada.

–Medo de ir para casa, cara. Não quero apanhar hoje.

***

Abri a porta do carro rapidamente. Não me importei se meu pai ou minha mãe acharam estranho, ambos foram me buscar naquele dia. Eu adorava quando isso acontecia, mas naquele dia não me importei muito.

Minha cabeça rodava. Meu corpo estava prestes a desabar. E eu estava quase chorando.

Subi os degraus até o meu quarto. Um por um. Ah, como minha cabeça doía. Eu estava prestes a deixar minhas lágrimas caírem, igual a Christopher. Agora eu o entendia. Entendia porque ele estava chorando. Entendia porque Ezequiel também estava quase chorando. E pior, entendia porque Christopher queria me manter longe dele.

“Pena que ele não me deixa dormir”

“Meu pai morreu há três anos”

“Medo de ir para casa, cara. Não quero apanhar hoje”

Era óbvio, era mais que óbvio. Como pude ser tão burra?

Os hematomas nos braços de Christopher agora faziam sentido. Os olhos roxos também. A raiva excessiva. O fato de o Senhor Medeiros ter perguntado a Izzy se Christopher passara fome. O medo de eu ter lido o diário. E mais, agora eu entendia porque meu pai, um advogado penal, estava sendo contratado pelo Senhor Medeiros.

Minhas pernas fraquejaram.

–Ah, meu Deus! – cobri a boca. – O pai dele bate nele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem revelador, né? Espero que vocês comentem o que acharam. U.U
Estou com saudades
Ah, estava quase esquecendo de avisar.
Mudei a idade dos personagens, ou seja, acrescentei um ano a mais a Blakely e Chris, mas eles continuam na mesma série. Também mudei o fato da Blake chamar o Roy de Roy, agora ele é Senhor Parrish.