O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 13
Décimo Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Como dito antes, os dias de postagem são na segunda e sexta, caso eu tenha mais tempo. Serão na quarta também :) Eu estou amando os comentários e queria agradecer as pessoas que estão me ajudando com a fic. Obrigada, Lara, Tati, Isa e todos que comentam, tipo a Lyn e a Rosa



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Christopher estava mais diferente nos últimos dois dias.

Eu estava lendo o livro que meu pai me emprestara pelos cantos da escola. E como eu esperava, Ezequiel se afastara um pouco de mim, mas não tanto. Me cumprimentava e sempre trocava ideias comigo nas aulas, só que sempre tomava cuidado com as palavras que usava para conversar comigo, como se qualquer ventinho pudesse derrubar esse castelo de cartas que era nossa amizade, o que me deixava ainda mais curiosa para descobrir o que quer que fosse que Christopher Robinson e ele escondiam de mim.

Mas a questão era Christopher. Ele andava agora com uma camiseta preta por baixo da camisa branca com que sempre vinha à escola, escondendo os braços. Me perguntei que tipo de hematoma havia naqueles braços para ele esconder daquela forma. O garoto não falava com mais ninguém, apenas com Ezequiel, o que eu flagrava sempre pelos corredores do colégio, mas tirando Izzy, ele não falava com ninguém, nem com Tiffany Queen.

Quando o sinal do intervalo bateu, a animação de Christopher parecia estar no chão, era como se houvessem pesos de cinquenta quilos em suas pernas e ele não conseguisse levantar. Os olhos focavam no chão e sua autoestima estava tão lá em baixo, mas tão lá em baixo que pensei em fazer algo.

Olhei para os lados e não vi nenhum aluno ou professor na sala, nem mesmo Izzy. Talvez eu pudesse dividir o pouco lanche que eu trouxera, eram apenas três pãezinhos com queijo e presunto, mas talvez fosse o suficiente para satisfazê-los.

Peguei minha vasilha branca e separei um pãozinho para mim. Christopher sentava logo atrás da minha mesa e parecia não prestar atenção em nada, apenas vidrado em sua própria angústia. Então, devagarinho, estiquei a vasilha para perto do seu campo de visão. Ele piscou os olhos por alguns segundos e depois olhou em minha direção com aqueles lindos olhos.

Sorri timidamente.

–Eu não sou de comer muito – falei.

Christopher pareceu um pouco tenso. Com base no que eu lera no livro sobre linguagem física, ele parecia pensar se devia ou não pegar os pãezinhos, vendo os prós e contras. Só que então esticou a mão e pegou um deles.

–Obrigado – disse, sua voz um pouco falha e rouca.

Um pequeno sorriso se formou em seus lábios, o que me fez pensar que ele já estava um pouco mais confortável e menos tenso. Por isso, me sentei de volta em minha cadeira e o observei dar uma mordida enorme no pãozinho. Comi uma parte do meu também.

–Isso está muito bom – Christopher comentou. – Quem fez? Você?

Assenti com a cabeça.

–Foi o máximo que consegui fazer na correria da manhã – sorri. – Sempre durmo uns cinco minutinhos a mais e o meu quarto é uma bagunça.

Ele colocou o resto do pão na boca e mastigou rapidamente.

–Te entendo – disse. – Dormir é a melhor coisa que existe – eu podia ver que Christopher parecia feliz, sua linguagem corporal dizia isso, mas então ele suspirou triste e sussurrou algo quase incompreensível, porém captei: - Pena que ele não me deixa dormir.

Aquilo era um fato. Oh, sim. Era muito suspeito.

–O que disse? – perguntei, para ver se ele repetiria aquela frase estranha.

–Nada, Blake – sorriu, porém eu podia ver que era um sorriso falso, seus olhos e corpo emanavam outro sentimento.

Ele esticou a mão para pegar o outro pãozinho e então notei algo que me assustou. Era o começo de um hematoma, dessa vez bem mais escuro, quase preto.

–Christopher... – sussurrei, eu sabia que não era um hematoma pequeno e meu lado “maternal”, que toda garota tem, entrou em ação. – No seu braço...

Previ o que ele faria. E rapidamente segurei seu pulso, antes que ele escondesse o braço de mim e mentisse que estava bem. Eu não aguentaria vê-lo tentando sorrir só para me confortar, como ele fizera naquele dia no banheiro.

–Christopher, o que é isso? – perguntei, arregaçando a manga de sua camiseta preta e vendo o enorme roxo escuro em seu braço.

Naquele segundo, o ar entrou com um pouco mais de dificuldades em meus pulmões. A visão daquele hematoma era desconfortável e só de imaginar a dor que ele sentira, já me fazia entrar em desespero.

–Como se machucou assim? – olhei profundamente em seus olhos, vendo que ele estava em pânico, sem saber o que dizer. Apenas parado.

–Blakely... – sua voz era fraca. – Por favor...

Minhas mãos afrouxaram seu pulso e Christopher afastou seu braço de mim, ainda em pânico. Dessa vez ele não ficou com raiva ou foi bruto comigo, ele ficou com... medo?

É. Acho que sim. Mas talvez seu medo e sua fraqueza tenham sido resultados por algo. Ou... alguém!

Pena que ele não me deixa dormir.”

Mas quem é ele? Eu não podia simplesmente perguntar, tinha que descobrir aos poucos, juntando pistas que ele deixava sem querer em pequenos sussurros ou frases, como ele fizera.

–Chris...

–Não me pergunte nada, Blake – minhas mãos suaram frio e os olhos de Christopher me imploravam para não dizer mais nada. Era difícil negar àquilo. – Não vou ter coragem de te explicar e mesmo se tivesse, não diria.

–Mas...

–São problemas meus! – ele me cortou novamente. – Esqueça isso, okay?

Fechei os olhos por alguns segundos e tentei assimilar o que acabara de acontecer. Eu sabia que nunca mais esqueceria aquele hematoma no braço de Christopher e que minha preocupação não acabaria logo por ali.

Às vezes, eu odiava ser tão sensível!

–Se é o que você quer... – respondi, esticando a vasilha branca com o último pão para mais perto dele. Odiava também como ele sempre me fazia ceder.

–Obrigado – Christopher respondeu, se levantando da cadeira e inclinando um pouco o corpo. Seus lábios próximos ao meu ouvido. – Obrigado mesmo, Blakely. Por tudo.

Tudo? Eu não fizera nada!

Aquele sussurro me fizera arrepiar até o último fio de cabelo. E tudo que escutei foram os passos dele atravessando a sala.

***

Ezequiel estava andando tranquilamente pelos corredores de Dallington e, melhor ainda, sozinho. Essa era a chance.

–Izzy, espere aí!

Apareci no corredor e segurei sua mão antes que ele pudesse sequer pensar em fugir. Ah, mas ele não iria escapar de mim. Não agora.

–Se tiver a ver com o Chris... – ele disse.

–Não, não é isso! – balancei a cabeça, mas tudo indicava que sim, tinha a ver com o Robinson. – Veja bem minha situação, Ezequiel. Você tem algo que eu quero e eu preciso muito disso, tudo bem?

Ele arqueou uma sobrancelha e me olhou de um modo estranho, me analisando.

–O que eu tenho, Blake? – perguntou.

Então, tudo que eu lera naquele livro sobre manipular respostas e conseguir informações com base na linguagem corporal, se esvaíram de mim em um segundo.

Prensei Ezequiel na parede. Uma força surgiu em minhas mãos, uma força que eu nem sabia que tinha.

Eu estava prestes a explodir. Precisava contar a alguém e eu só conseguia confiar nele.

–Eu sei que você sabe o que ele esconde, Izzy. Vi o hematoma no braço dele hoje – eu estava falando alto demais, porém não havia ninguém naqueles corredores. - Eu não li o diário dele, mas eu sei que tem algo estranho nessa história. Por favor, eu preciso que você me conte o que é. Preciso que diga, porque estou preocupada com Christopher.

Os olhos de Ezequiel se arregalaram e em questão de segundos ele se livrou da sensação de surpresa. Segurou forte em meus braços e virou o nosso jogo, prensando-me na parede.

–Você não vai conseguir nada de mim! – retrucou. – Não importa sua preocupação. Todas as escolhas são de Christopher e ele não quer que você saiba!


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Notas finais do capítulo

Só por curiosidade, como vcs imaginam os personagens?