O Diário Secreto de Christopher Robinson escrita por Aarvyk


Capítulo 10
Nono Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Eu não iria conseguir.

Christopher mal falou comigo nos últimos dias. Só não fiquei triste por causa de Ezequiel. Ele sim falava comigo e me dava um pouco de atenção. O pedido de desculpas na advocacia tinha sido uma das melhores coisas que eu já escutara na vida. E ganhar um amigo como Ezequiel era uma experiência nova para mim, mas eu acho que estava me saindo bem.

Christopher Robinson ficava mais misterioso a cada segundo e eu realmente não sabia o que fazer para reverter essa situação.

Ele estava logo ali, sentado na arquibancada de modo despojado e olhando para Tiffany Queen. Nos últimos dias, ela e ele andavam bem próximos. Logo vi aquela patricinha sentar do lado dele.

Eu estava quase ficando vermelha de raiva, quando alguém se sentou ao meu lado e começou a rir.

—Olha só, a Lauren Cartier caiu do banco – Ezequiel disse, se segurando para não rir alto demais e a garota ouvir.

Lauren era uma chata. Mas eu continuava a encarar Tiffany, que jogava seus braços ao redor de Christopher e ria junto dele.

—Ah, Blake, se você continuar encarando o Robinson assim, sua retina vai secar – Ezequiel sorriu para mim, me fazendo desviar o olhar da nojenta daquela patricinha e do idiota de Christopher. – Sério, não tente compreender aquele garoto, porque ele é mais complicado que uma mulher em TPM.

Dessa eu tive que rir, nem que fosse só um pouquinho.

—É, acho que você tem razão, Ezequiel – respondi.

—Pode me chamar de Izzy – ele disse, um pouco sem jeito. – Pelo menos é assim que eu gostaria de ser chamado, já que Zeke não tem muito a ver com meu nome.

Sorri, também sem jeito.

—O seu nome é diferente – comentei, olhando para meus sapatos e tentando desviar o foco do garoto, já que estava começando a ter um ataque de timidez.

—Sim, minha mãe era brasileira, meu pai é daqui mesmo – percebi que ele ficou um pouco triste e percebi também que ele disse “era”. A mãe dele morrera, eu tinha certeza. – Falando nele – Izzy mudou de assunto e voltou a sorrir como de costume, era uma das pessoas cujas nunca queria demonstrar abatimento. Ele eram um guerreiro. – Hoje iremos até a advocacia. Seu pai está ajudando em um caso novo.

—Ele me disse – falei. – Mas nem comentou muito a respeito.

Izzy murmurou algo incompreensível, só que eu estava ocupada demais para perguntar o que era, pois meu olhar voltou a Tiffany Queen, que dava um beijo na bochecha de Christopher. Aquilo foi o suficiente para eu parar de olhar naquela direção.

                                               ***

Mais tarde, na saída. Estava andando animadamente com Ezequiel, ambos conversávamos sobre algumas bandas antigas que tínhamos em comum. Até que esbarramos em algo, ou melhor, alguém.

Era Christopher.

—Ah, vocês estão aí – ele disse, sem demonstrar emoção alguma na voz ou no semblante, que parecia fechado e carrancudo.

Tentei não demonstrar o quanto me sentia incomodada por vê-lo com tanta intimidade com Tiffany, mas logicamente não consegui.

—Sim, estamos aqui – falei do mesmo jeito, sem emoção alguma, apenas raiva. – Eu e Izzy estávamos indo embora.

Ele olhou para Ezequiel, atrás de mim, ao meu lado direito, arqueou uma sobrancelha e pareceu flamejar de raiva.

—Izzy? – Christopher disse, meio que rindo nervoso. – É sério isso? Deram apelidos um ao outro e compraram pulseirinhas com as iniciais dos nomes de vocês também?

—E você? – finquei as unhas na pele. – Já comprou alguns chocolates e escreveu C&T em uma árvore? – no final eu já estava praticamente gritando.

Droga! Eu não me importava. Quer dizer, me importava sim, mas não queria mostrar que me importava, porque se demonstrasse eu seria fraca.

Vi que Christopher iria responder com mais ofensas, por isso saí correndo até a saída. Meus olhos não seriam vencidos por lágrimas dessa vez. Minha mãe já estava a minha espera no carro.

Eu apenas entrei. Deixando para trás qualquer vestígio de decepção ou raiva.

                                             ***

—Como foi a escola hoje, querida? – meu pai perguntou, sorrindo e me dando um beijo na testa.

—Normal – respondi, me sentando à mesa para almoçar. Eu já estava sem paciência com as pessoas e precisava urgentemente ficar um pouco sozinha.

Mas então lembrei de algo que ficara num canto escuro da minha mente nos últimos dias. Para ser mais específica, era um nome.

—Pai?

—Diga, Blake – ele se sentou de frente para mim.

—Quem é Caleb Dwayne?

Meu pai franziu o cenho e então me respondeu alguns segundos depois:

—É um empresário artístico londrino, ele é bem conhecido por seus investimentos em escolas. A propósito, - fez uma curta pausa– acho que ele doa dinheiro para Dallington. Mas por que a curiosidade, querida?

Minha mãe veio da cozinha trazendo a salada em um prato e se sentou ao meu lado, sorrindo.

—Nada demais – murmurei, sabendo que aquela informação era como ouro para mim.

Olhei para meu prato e remexi um pouco o Sunday roast que mamãe prepara deliciosamente para mim. Dei uma boa e grande garfada na carne, enquanto raciocinava.

Christopher era um garoto pobre, sem pai e mãe secretária. Estudava, magicamente e milagrosamente, em Dallington School, uma das escolas mais caras de Londres. Caleb Dwayne era um empresário rico, investidor de Dallington. Mas pelo que Roy dissera, ele acompanharia a mãe de Christopher na reunião que teriam junto com os pais de Harrison, que eram um casal pródigo e nariz empinado, também investidores de Dallington, só que pelo que eu já escutara em fofocas, os pais de Harrison eram relativamente ricos, então se Caleb Dwayne estava se envolvendo com a mãe de Christopher, é possível que ele não tenha tido problemas com Amelia Forsyth e suas punições para alunos indisciplinados.

Mas como tudo isso se interliga? Como a mãe de Christopher conheceu Caleb? Seria por interesse? E por que Christopher o odiava?

Eu tinha perguntas demais na minha cabeça e talvez uma pessoa pudesse me ajudar com elas. Ou melhor, pudesse responder a elas e ouvir o que eu tinha a dizer.

—Pai – chamei. – Posso ir com você no trabalho?

Eu precisava urgentemente falar com Ezequiel.


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Notas finais do capítulo

Em breve vocês descobrirão o que Chris esconde. Em breve.