Campinas, 10 de junho de 2015.

“Querido” Adolf Hitler,

Através deste papel venho lhe dizer algumas palavras. Não sei onde você está, mas creio que seja no inferno, um luxo para alguém como você.

Às vezes me pergunto como os homens conseguem construir prédios que tem mil vezes o seu peso e cem vezes o seu tamanho, mas não conseguem fazer a coisa mais simples da Terra: ser humanos.

Depois de muito pensar, a resposta é “juntos”. Os homens conseguem juntos. Foi essa a ideia que você quis passar para a Alemanha. A de que juntos em uma única ideologia, um único pensamento, vocês construiriam uma nação melhor. Mas ao invés de usá-lo para o bem, você usou esse termo para o mal, e destruiu milhares de famílias, milhares de vidas, milhares de sorrisos.

Muitas vezes me pego contando o tanto de coisas que eu faria só para saber, para entender uma mísera parte do que passava na sua cabeça. Se você não tivesse nascido, será que tudo teria sido diferente? Sim! Por isso eu te odeio, vou ser sincera. Queria que você nunca tivesse nascido. Queria que tudo tivesse sido diferente, que todos que se foram lutando pela pátria tivessem uma oportunidade de fazer tudo de outra maneira, mas isso não se pode mais mudar.

Hitler, você era um louco. Como ninguém percebeu isso? Será que todos eram tão loucos quanto você, para não fazerem nada e as coisas chegarem ao ponto em que chegaram?

Depois de ler o livro O Diário de Helga, eu entendi um pouco o sofrimento que você causou, e não consigo acreditar até agora que tudo isso aconteceu. É como se fosse uma história na história, ou uma história como as outras que a gente conta para os filhos antes de dormir.

Vou citar para você a dedicatória do livro em questão, um tocante testemunho que não pode ser esquecido:

“A todos os jovens, na esperança de manter o passado vivo na memória, e a todos os que nunca vão viver o que a minha geração teve que passar.”

Eu vou me lembrar.

Por aqui me despeço,

Guardiã