Mesmeric escrita por éphémère


Capítulo 1
Parte 1 — Levicorpus


Notas iniciais do capítulo

Olá olá gente, sei que tenho estado MUITO sumida ultimamente, mas, como dizem os adultos, eu estou "em uma fase de transições". Várias coisas que aconteceram me deixaram sem criatividade nos últimos meses, mas felizmente estou de volta, e isso é o que importa.
Essa fanfic e uma two-shot, ou seja, dois capítulos de Teddy e Victoire pra vocês, um casal bem pouco-explorado da nova geração (eu, particularmente, amo/sou esses dois).
Meu agradecimento especial de hoje vai para você, que está lendo o que escrevi com tanto carinho. Obrigada de verdade ♥
Espero que gostem da leitura, e aproveitem c:



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O nariz de Teddy estava grudado no vidro da janela escondida pela enorme árvore de Natal na sala de estar dos Weasley, observando com certa satisfação a neve espiralar do céu e cobrir o chão de branco, adquirindo-lhe um aspecto genuinamente limpo e imaculado. Uma das razões do Lupin adorar aquela época do ano era que sua avó, Dromeda, o vestia com as melhores roupas de seu guarda roupa e o levava para passar o Natal n’A Toca, espremido em algum lugar da mesa de jantar entre os filhos de seu padrinho, Harry.

Sim, ele adorava a comida que a vó Molly preparava e adorava desembrulhar sua pequena pilha de presentes pela manhã, mas era mais que aquilo; ali ninguém o encarava como se fosse algo incomum, nunca o deixavam sozinho e sempre ouviam o que ele tinha a dizer. Estar entre os Weasley era o mesmo que ter uma família de verdade, e aquilo bastava. Até Dromeda não parava de sorrir em datas como aquela.

Teddy alisou a frente de seu suéter azul onde uma enorme letra T amarelo mostarda estava estampada, e sorriu ao lembrar-se do descontentamento de James ao receber outro suéter cor de tijolo. Assim que teve certeza de que estava sozinho, mergulhado no silêncio da sala, o garoto puxou do bolso traseiro de suas vestes uma fotografia velha com as pontas arredondadas e gastas, onde uma mulher pálida de olhos pretos e brilhantes sorria e apontava para a câmera. O formato de seu rosto assemelhava-se ao de um coração, e seus cabelos rosa chiclete espetavam-se para cima, assim como as madeixas azuis revoltosas do bebê que segurava. Atrás dos dois, um homem de cabelos castanhos prematuramente grisalhos e olheiras escuras tinha seus braços envoltos na mulher e no bebê, parecendo frágil e cansado enquanto fixava os olhos também castanhos na câmera. Sua aparência era das mais simples e doentias, linhas claras e profundas demarcando seu rosto, mas seu sorriso era um dos mais brilhantes e sinceros que Teddy já vira.

O Lupin abriu um sorriso triste e passou o dedo pela fotografia. Era tão frustrante sentir a dor da saudade por algo do qual você nem se lembrava. O garoto soltou um suspiro e olhou para a neve do lado de fora, imaginando como as coisas teriam sido se seus pais ainda estivessem ali.

— Feliz Natal, pai — seu desejo foi jogado contra o vento, seguindo o sussurro da brisa de inverno —, feliz Natal, mãe.

— Tenho certeza de que eles podem te ouvir — a voz feminina e suave veio de algum lugar à esquerda de Teddy, soando tão sincera quanto podia, fazendo-o guardar a fotografia apressadamente no bolso da calça.

Ele sentira a proximidade de Victoire antes mesmo que ela conseguisse se espremer entre a árvore de Natal e a janela, arrastando seu corpo esguio até toca-lo com o ombro. Ela fixou seus olhos curiosos e sutis sobre ele, quase como se tivesse medo de que o Lupin fugisse se fosse menos cuidadosa, então se encolheu onde estava, abraçando seus joelhos, sem saber o que fazer ou dizer. Sabia que tinha adentrado em território proibido ao falar sobre os pais de Teddy, mas o garoto era sempre tão fechado e quieto que, quando se tratava dele, a loira enchia-se de incertezas.

— Obrigado, Vic — ele murmurou após alguns segundos mergulhados em silêncio, a voz rouca e enfraquecida fazendo com que um arrepio percorresse a Weasley dos pés a cabeça.

O canto dos lábios do Lupin curvou-se em um sorriso instável e seus dedos, estranhamente inquietos, começaram a brincar com a manga de seu suéter. Quando era menor e decidia andar pelos jardins d’A Toca, sabia que Victoire estava sempre em seu encalço, e sua companhia silenciosa tornara-se tão frequente que o garoto passara a entender a pequena sem precisar de muito.

— Dromeda costuma falar que, onde quer que eles estejam, estão orgulhosos do homem que estou me tornando — ele apontou para o topo de sua cabeça, onde os fios azuis de seu cabelo despontavam em todas as direções em uma definição charmosa de desleixo, e continuou —, mas às vezes acho que meu pai só está torcendo para que eu arranje algum pente.

Ele voltou-se para a Weasley, observando-a enquanto ela tentava, em vão, segurar o risinho que surgiu no canto de seus lábios cheios, levando a mão até a boca e olhando acusadoramente para o Lupin; depois de um breve instante, ele juntou-se a ela, rindo por não conseguir conter a felicidade que o consumia diante daquele belo sorriso.

— Então — Victoire disse, respirando fundo enquanto tentava cessar o ataque de risinhos que teimava em continuar —, por que está escondido aqui? Andromeda estava te procurando na última vez que estive na cozinha, e parece que ela quer ir embora.

Teddy ficou sério, fixando seus olhos escuros sobre o rosto de feições delicadas da loira — o desânimo que ouvira naquelas últimas palavras sussurradas fez algo em seu peito se agitar e um verdadeiro rebuliço tomar conta de seu estômago.

A Weasley sentiu o calor tomar conta de suas bochechas antes que a cor chegasse a elas e, torcendo para que o garoto não notasse, voltou-se rapidamente para a janela, como se os flocos que caíam do lado de fora fossem a coisa mais interessante no momento. A garota suspirou, frustrada, e colocou delicadamente a franja atrás de sua orelha; por anos ela ficara em silêncio, observando-o, e agora que tinha a chance de se fazer notar, não conseguia pensar em nada além do olhar perfurante do metamorfomago sobre si e em como era difícil se concentrar diante dele.

Imperceptivelmente, ele moveu-se mais para o lado, encostando o ombro no dela, e antes que ela pudesse processar aquilo, disse:

— Espero que a vó Molly tenha um espacinho para mim até o final das férias de Natal.

Quando voltou os olhos para o lado e deparou-se com as íris escuras de Teddy, Victoire abriu um enorme sorriso, o rosto corado pouco lhe importando diante da satisfação silenciosa de tê-lo sorrindo de volta para ela. Isso, ou as orelhas pontudas do garoto adquirindo um forte tom de escarlate.

Para a garota, não havia nada mais magnífico que o rosto do Lupin, nem nada que superasse o charme de seu nariz comprido e os grandes olhos castanho-escuros. Seu cabelo azul, raspado nas laterais, era inigualável, e apesar de nunca ter gostado de garotos com brinco, não havia nada mais atraente que os piercings na orelha do garoto.

Não se importaram em continuar ali, escondidos, pelo resto da tarde. Enfim, quando a luz opaca do sol foi dando lugar ao breu da noite, eles saíram de seu esconderijo, sorrindo um para o outro.

Teddy sentia-se tão leve.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e deixe um review para que eu saiba como me saí ;)
Beijos, até logo ♥



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