Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 9
O Legado das Espadas! A Pestinha da Marinha


Notas iniciais do capítulo

Olá, minna-san!! ~ Antes de qualquer coisa, tenho um anuncio para vocês (se preparem): Eusófaleiesseoizinhorápisomesmo,porqueorestodanotaserácomanossaqueridaMokeyD.Luna.Entãoaproveite,tchau!!
Luna: Olá, leitores que acompanham minhas aventuras! Obrigada por darem ânimo à Nina-sama, assim ela escreve ainda mais, e eu e a Ohana aprontamos ainda mais, shihihihi. :D
Agora, vamos aos avisos e agradescimentos que a Nina-sama me passou *pega umas folhas totalmente amassadas do bolço* Primeiramente, temos as desculpas à Isabella Caregnator Black pela demora em responder o seu review. Juro que de amanhã não passa! Vou ficar no pé da Nina-sama pra ela lembrar.
E também temos uma nova favoritação! Obrigada mesmo, Luna Mirage (minha chará ^-^).
Aos demais que comentaram e que acompanham a fic, obrigada. Eu e a Ohana ainda estariamos só na cabeça da Nina-sama se não fosse por você. E por isso eu agradeço mesmo, é bem apertado lá dentro :P
E por falar na Ohana, ela é a estrela desse capítulo! Então espero que aproveitem e se divirtam com a pequena aventura da minha melhor amiga.
Um beijo para todos e boa leitura ^-^



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Roronoa Ohana é inegavelmente uma mistura perfeita de seus pais. Isso ficou claro desde seu nascimento, graças ao cabelo verde-escuro que possuía (mescla dos negros de sua mãe com os verdes de seu pai).

Ao longo dos anos, com os traços e personalidade se definindo, essa afirmação apenas se confirmou ainda mais. Claro que Ohana era Ohana, tinha características próprias e só dela, mas todos sabiam de onde vinha sua inteligência e amor à leitura, sem falar de sua teimosia e preguiça em certas horas.

Hoje, a pequena Roronoa está com seis anos, e como já foi dito, é uma verdadeira rata de biblioteca. Aprendera a ler muito cedo e com esforço e ajuda de Robin já sabia muito mais do que se passava no mundo, fora das histórias de "Era uma vez". Sua esperteza não tinha limites e seu apetite por livros era tão grande quanto o de sua mãe. Estava mais parecida com Robin a cada dia.

Porém, como eu mencionei logo no início do capítulo, Ohana é uma mistura perfeita dos pais. E algo perfeito está sempre em equilíbrio.

Se engana quem pensa que o passatempo preferido de Ohana é ler, pois ela deixa qualquer livro ou brincadeira de lado quando seu pai começa a treinar. Ela simplesmente amava assistir Zoro treinando com as Katanas, sempre teve grande interesse naquelas lâminas e nos golpes com elas executados.

E foi naquele dia, uma terça-feira qualquer no meio do Oceano, que Ohana repentinamente decidiu: Queria fazer mais do que só olhar.

— Tou-san. – Chamou pelo pai, que dormia encostado na proa do navio. E continuou dormindo, pois não respondeu. – Tou-san! – Chamou mais alto. Sem resposta de novo. – Tou-san, acorda! – Dessa vez Ohana se agachou, para cutucar Zoro na bochecha. Que mesmo assim continuou dormindo!

A garota se ergueu novamente, pensando se seu pai estava dormindo mesmo ou só zoando com a sua cara. Ahh, se fosse a segunda opção, ele iria pagar caro. O sorriso arteiro que nasceu em seu rosto não deixava brechas para dizer o contrário. Chamaria a atenção de Zoro do único modo que, sabia, ele nunca ignoraria.

— KYAH!! – Repentinamente gritou, usando seu melhor tom assustado. – Socorro, um pedófilo!!

— Fique longe dela, maldito! - A reação foi imediata. Zoro acordou e levantou-se num pulo, já com duas de suas katanas a postos e os olhos procurando o adversário. Porém, tudo o que viu foi o resto da proa, totalmente vazio.

Uma veia saltou em sua testa e seu olhar voltou-se para Ohana, que apenas o observava com uma sobrancelha arqueada. Ora, quem aquela pestinha pensava que era para fazê-lo de bobo?! Sorte que não tinha mais ninguém ali.

— Com isso você acorda? – A menina questionou-o, cruzando os braços para completar sua expressão de “Sério mesmo?”.

— Tsk. O que você quer? – Foi curto e grosso, guardando as espadas. Tudo bem que era levemente mais carinhoso com a filha, mas ela o havia provocado.

Zoro esperou qualquer coisa da filha, desde dizer que o almoço estava pronto, até que ele estava roncando muito alto. Mas o que ele não esperava, nem agora nem nunca, era ver Ohana se ajoelhar para lhe fazer uma reverência! Aquilo o surpreendeu, certamente.

— Ohana? – Tentou chama-la.

— Por favor, – Ela começou, fazendo o espadachim agarrar os olhos. Precisava leva-la à enfermaria imediatamente, Ohana nunca havia pedido “por favor” para ele! – Me treine para ser uma espadachim!

... Um segundo. Dois segundos. Três segundos...

— É o que?! – Zoro questionou, não acreditando nos próprios ouvidos.

— Você me ouviu muito bem. – Ohana ergueu a face séria para o pai. Pronto, já tinha feito o pedido “de modo respeitoso”, não precisava mais se humilhar daquela maneira. – Eu quero ser uma espadachim!

Você, caro leitor, consegue sequer imaginar a reação de Roronoa Zoro nessa hora? Com a filha que (ele talvez nunca admitisse em voz alta, mas) significava o mundo para ele, pedindo que a ensinasse a ser o que ele mais prezava na vida?? Não pôde evitar sorrir, embora sua vontade fosse de pegar a filha nos braços (como não fazia desde que ela aprendeu a andar) e girá-la enquanto gargalhava. Sua Ohana, sua pequena filha, queria ser uma espadachim! Poderia existir algo nesse mundo que ele almejasse mais do que isso?

— Ei, que sorrisinho é esse? – Ohana questionou, inflando as bochechas. – Eu estou falando sério.

— Está mesmo? – Ele questionou, querendo provocá-la. Sabia que ela realmente queria aquilo, ou nunca teria se submetido a reverenciá-lo. Não, sua menina nunca se curvava para ninguém.

— Sim!

— De verdade?

— SIM!

— Hm, não tenho muita certeza...

— Eu já disse que sim, caramba! – Agora Ohana estava ficando brava.

O sorriso de Zoro se abriu um pouco mais: - Está bem, então. – Declarou, chocando a garota. – Seu treinamento começa amanhã.

— Ehh? Por que não hoje?

— Porque eu tenho que procurar uma coisa antes de você começar. – Declarou simplesmente. Olhou mais atentamente para Ohana, analisando-a de cima a baixo. Ela ainda era pequena, tanto em tamanho quanto em idade; era esperta, tudo bem, mas para ser um espadachim força também era essencial. Teve de conter um suspiro. – Só vou avisar uma coisa antes: - Encarou-as nos olhos. – Esse é um caminho sem volta e eu não vou pegar leve. Você acha mesmo que está pronta para isso?

Ohana pensou, literalmente por um segundo, antes de dar um sorrisinho de canto. Para combinar com esse, as mãos foram para a cintura e uma sobrancelha se arqueou.

— E você já pegou leve comigo antes?

—8-8-8-8-8-8-8-8-8-8-

Três meses se passaram. Como Zoro prometera, o treinamento do Ohana começara no dia seguinte ao pedido e não cessara desde então.

No início foi meio conturbado, não vou mentir. Ohana estava tão focada no treino que acabou deixando a pobre Luna de lado, coisa que chateou bastante a ruivinha. Mas o pior era que a menina se esforçava demais, deixando-a exausta e dolorida. Teve até que pedir uma pomada contra dores musculares para Chopper!

A situação só se acalmou quando, um dia, Robin encontrou a filha desmaiada no convés. Zoro levou o maior sermão de sua vida graças a isso, obrigando-o a diminuir a intensidade do treino da menina.

Agora, as coisas estavam mais equilibradas e Ohana conseguia dividir seu tempo entre sua ambição e ser criança.

— Há! - A espada de madeira acertou o alvo no boneco, feito especialmente para isso. - Há! Há-há! - E os golpes continuavam um atrás do outro.

— Ohana. - Robin chamou pela filha, adentrando a sala onde ela e Zoro sempre treinavam. Parou um pouco na porta, sorrindo ao ver a menina treinando. - Espero que não esteja se esforçando demais.

— Há! - Ohana deu um último golpe no boneco antes de se virar para a mãe e sorrir. - Estou bem, kaa-san, não se preocupe.

— Certo, mas agora dê um tempo aí. Estamos atracando e você precisa sair um pouco do navio.

— Hai. - Concordou, enquanto abria sua garrafinha d'agua para tomar boas goladas. Mesmo tendo diminuído um pouco, seu treinamento ainda era intenso, então precisava se manter hidratada.

Ambas, mãe e filha, seguiram juntas para o convés do navio. O Sunny Go havia atracado em um lugar extremamente lindo dessa vez! Só pela praia, já se tinha uma boa impressão da ilha, com a areia branca e águas calmas. A mata, apesar de profunda, não parecia ser densa, dando um aspécto tropical ao lugar. Com certeza, era uma ilha perfeita para relaxar.

— Ahh... - Nami se aproximou das duas, deliciando-se com aquela visão. - Finalmente um lugar pra descansar. Olá, sol e água fresca!

— Fesca! - Repetiu o pequeno Ichigo, de um aninho, no colo da mãe. O menino estava crescendo muito bem, a cada dia se parecia mais com Luffy. Fisicamente, porque graças aos céus, Ichigo parecia ter puxado a esperteza de Nami.

Vendo o pequeno, Ohana lembrou-se de algo. Ou melhor, alguém:

— Tia Nami, cadê a Luna?

— Ainda dormindo. - A ruiva suspirou. - Eu avisei para ela dormir cedo ontem, mas ela não quis me ouvir.

— Hm... - Ohana apenas murmurou, voltando a olhar para o horizonte, meio desanimada agora. Eram raras as vezes em que ela e Luna não iam explorar as ilhas juntas e nenhuma das duas gostava quando isso acontecia.

Logo o bando todo se reuniu, para decidir quem iria e quem ficaria. Franky disse que precisava terminar uns projetos e Robin também preferia ficar lendo, então os dois permaneceram no navio, junto de Chopper (e uma Luna adormecida).

Descendo do Sunny, cada um foi para um lado: Nami, Luffy e Ichigo seguiram para a área comercial; Usopp se encaminhou para a praia; e Brook... Ohana sinceramente não fazia ideia de porque ele foi se embrenhar no meio do mato.

Mas ela não poderia falar nada também. Saiu do navio sem ideia do que queria fazer ou para onde ir. Olhou em volta. Bom, o dia estava quente e com o sol forte (que não lhe incomodavam graças ao seu refrescante vestido vermelho), o que tornava a praia bem convidativa. É... um passeio à beira mar era uma boa ideia.

Enquanto isso, no outro lado da praia:

— Mamãe! Mamãe! - A garotinha chamava exasperada, pela mulher na cadeira de praia. - Vem ver, mamãe. Eu achei um lugar com várias conchinhas!

— O que?! Eu já disse para dar um jeito nisso! - Mas a mulher nem lhe deu atenção, ocupada com o den den mushi. - Não me interessa se... Só um minuto. - Ela botou o animal onde falava em espera apenas para pegar outro que tocava em seu bolço.

— Mamãe... - A menininha chamou de novo. E por um momento, a mulher voltou-se para ela, mas antes que pudesse falar algo, um agente da New-Marinha apareceu.

— Vice-almirante Tashigi! - Ele bateu em continência, dirigindo-se à mulher na cadeira de praia.

— O que foi?! - Tashigi questionou brava.

— Erm... hm... - O homem se embaralhou. Se pelo fato de sua superiora lhe encarar com raiva ou pelo fato de ela estar só de biquíni, isso não se sabia. – Precisamos da sua presença na reunião.

— Está bem, eu já vou. - Tashigi suspirou antes de levantar, pegando sua sacola de praia onde, na verdade, a capa com os kanjis de "justiça" estava escondida.

— Mas... Mamãe!! - A garotinha gritou dessa vez, atraindo a atenção dos dois adultos. Sua expressão, de triste passou para brava. - Você prometeu que ia ficar comigo hoje!

— Kuina, por favor, eu estou no meio de um trabalho importante. - Tashigi se abaixou um pouco, ficando quase na altura da filha de sete anos. Fez um leve afago nos cabelos da menina, idênticos aos seus. Na verdade, Kuina era uma cópia dela: mesmos olhos, mesmo cabelo, mesmo rosto, tudo! - Você já é uma mocinha, pode brincar sozinha, não pode?

— Posso, mas...

— Que ótimo. - A mulher nem deixou-a completar. Deu um beijo estralado na testa da menina e antes que essa pudesse ver, já estava se retirando junto do outro agente.

Kuina ficou ali, encarando o caminho por onde sua mãe sumira. Suas bochechas começaram a adquirir um tom avermelhado e seu cenho franzia cada vez mais. Droga, era sempre assim! Mesmo quando iam para uma ilha tropical, famosa por suas belas praias e hotéis, Tashigi estava ocupada demais para ela.

Ahh, mas Kuina não deixaria barato. Ela não sabia o que iria fazer, mas em sua mente já se passavam várias maneiras de atrapalhar aquela reunião.

— É melhor nem pensar nisso.

— Kya! - Kuina deu um pequeno grito pelo susto. Virou-se, tendo que erguer bastante a cabeça para avistar o rosto da pessoa que lhe falou.

Aquele rosto pálido, cheio de cicatrizes e expressões duras, complementado pelos dois charutos em sua boca, era de botar medo em vários homens, quem dirá em uma criancinha de sete anos. Mas a pequena Kuina apenas sorriu, sem graça, para o antigo superior de sua mãe.

— Oi, Smoker-oji-san. - E seu avô de consideração. - N-no quê é melhor eu nem pensar?

— Não se faça de inocente, Kuina. - Smoker repreendeu, embora seu tom fosse ameno, até carinhoso. - Você não vai atrapalhar a reunião, entendeu?

A menina arregalou os olhos:

— C-como o senhor sabia que eu... - Nem completou, ficou sem coragem para encarar o homem depois disso.

— E tem alguém na New-Marinha que não saiba o que você estava pensando? – Sorriu de cantou ao lembrar de como aquela pequena era conhecida entre os marinheiros. - Você não ficou conhecida como “a pestinha” por se comportar quando sua mãe vai para uma reunião.

Kuina fechou a cara novamente, brava.

— E por que só eu tenho que ser boazinha? Por que só eu tenho que me comprometer?? Eu e a mamãe viajamos o tempo todo por causa dessas reuniões, mas ela nunca tem tempo pra mim!

— De novo com essa história? Sua mãe é uma mulher ocupada. Desde antes do Abalar do Mundo que ela queria uma posição importante na antiga marinha.

Ah, não, aquela história de novo não! Kuina não aguentava mais ouvi-la, era sempre a mesma desculpa! Ainda remoendo sua raiva, soltou:

— E só conseguiu porque a maioria dos outros superiores morreu na guerra.

Com aquela frase, tudo se calou. O olhar de Smoker para a menina agora era de decepção, coisa que não era muito normal para ele que sempre a achou brilhante. Somando esse olhar com o fato deixar seu ser aos poucos, Kuina foi abaixando a cabeça, envergonhada por ter dito aquilo.

Tanto seu avô como sua mãe, ao lado da antiga marinha, lutou contra o gigantesco bando dos Chapéus de Palha e o exército revolucionário durante a guerra que sucedeu a ativação das Armas Ancestrais, quando o dito bando destruiu as barreiras da Grand Line e do Novo mundo, formando assim os cinco oceanos. Esse fato, acontecido há não muitos anos, ficou conhecido como Abalar do Mundo.

A marinha tinha sido destruída e os poucos que restaram dela, lutavam hoje com unhas e dentes para retorná-la ao poder. Sua mãe era uma dessas pessoas. E Kuina deveria ter orgulho dela por isso.

— Me desculpe. Não deveria ter falando assim. – Pediu, sem coragem para erguer o rosto e encarar o avô. – Mas... – Um biquinho surgiu em seus lábios. - ela me prometeu que iria ficar comigo hoje.

— Prometeu, é? – Smoker pareceu ficar um pouco mais interessado. Pensou por uns instantes até que falou para a pequena. – Vá brincar por enquanto. Depois da reunião, eu juro que sua mãe vai passar um tempo com você.

— Jura? – Os olhos da garota brilharam. E recebendo uma afirmação de cabeça do mais velho, abriu um largo sorriso. – Obrigada, Smoker-oji-san!

Smoker só ficou olhando enquanto a pequena corria pela praia, para o lado completamente oposto ao da cede de reunião. Pois é, Tashigi estava lhe devendo uma, e ele já sabia como iria cobrar. Tendo um alto cargo ou não, a Vice-Almirante era, primeiramente, a mãe de Kuina.

E falando na pestinha mais querida entre os marinheiros, ela já havia parado de correr; agora, andava lentamente mirando o chão, observando a areia molhada e “coisinhas” do mar que eram trazidas pelas ondas, que às vezes cobriam seus pés; sorte que estava de shorts. Atrás de si, a espada de madeira que sempre usava para treinar, era arrastada consigo, deixando uma linha na areia.

Não muito longe dali, Ohana também havia abaixado o olhar. Havia tantos buraquinhos na areia próxima ao mar; ela gostava de conta-los e imaginar que bichinhos se esconderiam ali.

Kuina continuou andando, ainda seguindo a trilha de conchinhas.

E Ohana também não levantava o rosto ou parava em nenhum momento.

A pestinha da Marinha deu mais um passo.

E uma das pestinhas do Sunny deu outro.

E mais um,

E mais outro.

Até que...

— Ai!

Tanto Ohana quanto Kuina praguejaram ao mesmo tempo. Ambas também massagearam a cabeça, na área da pancada. Em que ou quem haviam batido?

A Roronoa foi a primeira a levantar o olhar. E ficou surpresa ao se deparar com uma menina, que deveria mais ou menos a sua idade. A de cabelos negros também finalmente ergueu os olhos, mirando-os na garota com quem esbarrara.

E ficaram se encarando. Sem dizer nada, sem ter nenhuma reação. Uma analisava a outra de cima a baixo. Por que isso? Nenhuma das duas sabia também. Mas cansada daquele silêncio, Ohana resolveu se pronunciar:

— Não olha por onde anda?

Kuina saiu de seu transe quando a outra falou, mas ao processar o que ouviu, não ficou muito feliz.

— E você então? Se estava olhando poderia ter desviado.

— Não quis.

Ok, aquela resposta havia sido ridícula. Ohana mordeu o lábio inferior, desviando o olhar e sentindo o rosto corar por aquele argumento mal bolado, enquanto Kuina ria de sua vergonha.

— Do que tá rindo? Olha que eu te bato! – Ameaçou a Roronoa, puxando sua katana de madeira para provar que falava sério. Porém, ao ver a arma para treino, Kuina repentinamente parou de rir. Até que abriu um grande sorriso.

— Você também gosta de espadas? – Indagou, puxando sua katana também. Ohana se surpreendeu com aquilo.

— Gosto. – Mas respondeu mesmo assim. – Meu pai é um espadachim.

— Jura? Minha mãe também! – Nessa parte Kuina gostava de admitir que era filha de Tashigi, havia aprendido muito com a mãe sobre katanas e as artes executadas com elas.

Ohana só sorriu. Ela não seria idiota de perguntar quem era a mãe da menina à sua frente. Sabia que, se fizesse isso, teria que falar sobre seu pai também; e não era por ter vergonha, mas vai saber a reação da menina ao saber que seu pai era Roronoa Zoro, não só o melhor como também mais procurado espadachim do mundo?

— A propósito, eu sou Kuina. – Estendeu a mãe que não levava a espada.

— Ohana. – Respondeu simplesmente, apertando a mão da garota.

— Seu pai está com você? – Perguntou, olhando em volta para ver se havia algum adulto por perto.

— Não. – Ohana respondeu com descaso. – Ele foi fazer alguma coisa em relação ao navio... Não lembro direito o que era. – Deu de ombros.

— Navio?

— Ah, sim. Nós viajamos bastante; eu, meu pai, minha mãe e mais uns companheiros.

— Eu também! – Os olhos de Kuina brilharam pela coincidência. – O trabalho da minha mãe faz ela ir de um lado por outro e ela sempre me leva junto para eu não ficar sozinha.

— Mas e o seu pai?

— Nunca nem o vi. – Deu de ombros, como se aquilo não importasse. E realmente, ela não parecia abalada com aquele fato. – Ele não me conheceu porque não quis, e eu ainda tenho minha mãe e meu avô, então estou bem. Mas... – Seu olhar abaixou um pouco. – Seria bem melhor se minha mãe tivesse mais tempo pra mim. Nós sempre viajamos, mas como é por causa do trabalho dela, ela não tem como me dar atenção.

— Entendo. – Foi tudo o que a Roronoa declarou, antes de perder-se em pensamentos por um instante e, repentinamente, dar um sorriso. – Se formos ver assim, acho que eu até tenho sorte. Mesmo quando meus pais não tem tempo pra mim, eu ainda tenho meus dois irmãos.

— Irmãos? – Kuina repetiu. – Mais velhos ou mais novos?

— Mais novos. – Ohana riu ao lembrar-se de Luna e Ichigo. – Não somos irmãos de sangue, mas eu não me imagino sem aqueles dois na minha vida.

— Isso deve ser legal. – Kuina comentou, também se perdendo em lembranças por um momento, até que se lembrou: - Ah! Mas se for assim, eu também tenho um irmão, o Coby-onii-san. – Sorriu com a memória do jovem de cabelos rosados. – E tem o Hellmeppo-nii também.

— Viu só? Ninguém está completamente sozinho.

— É... – A pestinha da Marinha apenas suspirou. Parando para pensar agora, pegar no pé de sua mãe por não lhe dar atenção era meio forçado. Afinal, ela ainda tinha Smoker, Coby e Hellmeppo também. – Só que nenhum deles está aqui agora. – Inflou as bochechas repentinamente, fazendo birra.

Ohana riu pelo nariz com aquilo. Aquela garota era mesmo persistente quando queria provar um argumento. Mas ela gostava desse jeito, cabeça dura (lembrava a si mesma, de certa forma). Bom, Kuina estava reclamando por estar sozinha e a Roronoa também não podia se dizer cheia de afazeres, então resolveu sugerir:

— Quer treinar um pouco?

Kuina a olhou, surpresa com aquele convite.

— Tem certeza?

— Se não tivesse não teria chamado. – Foi curta e grossa mesmo! Arqueou uma sobrancelha, dando um sorriso debochado. – Ou você sabe que vai perder feio e por isso não quer nem tentar?

— Hump. – Kuina praguejou, devolvendo o sorriso. – Nunca te ensinaram que é perigoso cutucar onças com vara curta?

— Que onça? – Ohana continuou a provocar. – Eu só estou vendo uma gatinha assustada!

Ok, agora Kuina tinha se irritado! Ela não se preocupou em avisar ou fazer o aquecimento, apenas segurou firme sua katana e correu para cima de Ohana. A Roronoa habilmente se esquivou, também apertando forte sua katana para poder contra-atacar.

E apesar dos olhares ferozes e das provocações que às vezes eram feitas, as duas estavam rindo. Rindo e se divertindo, juntas. Sem saberem ou se importarem que uma poderia ser filha de piratas enquanto a outra era filha de uma Vice-almirante da New-Marinha. E mesmo que soubessem desse fato, será que faria alguma diferença? Continuariam a ser Kuina e Ohana, duas desconhecidas que, após uma conversa e uma manhã batendo espadas por diversão, criaram incríveis laços de amizade.

A manhã passou mais rapidamente do que qualquer uma delas poderia prever, e agora ambas as meninas estavam sentadas na areia, observando o mar, ainda ofegantes por conta do treino.

— É, você é boa. – Ohana admitiu, sentindo os pontos levemente ardentes em sua pele que com certeza ficariam roxos mais tarde.

— Ahh, você também é muito forte. – Kuina elogiou. Fazendo uma pequena sombra com as mãos sobre os olhos, ela analisou a posição do sol no céu. - Minha mãe já deve ter saído da reunião.

— Eu sei lá quando meus pais ou qualquer um dos outros vai voltar. – Ohana comentou. Mas seu tom não era triste ou magoado, parecia mais que falava de um assunto costumeiro. E isso surpreendeu Kuina. Como ela podia agir tão bem sabendo que poderia ficar sozinha a qualquer momento?

— E você não fica assustada com isso? – Transformou seus pensamentos em palavras. Ohana olhou para ela, como que não entendendo. – Quer dizer... como você pode ter certeza que eles vão voltar? Que você vai poder reencontrar com eles? Que eles não vão te deixar pra trás?

Ohana não respondeu de primeiro momento. Ficou apenas a encarar Kuina por uns instantes até que sorriu. Um sorriso pequeno, mas extremamente sincero e feliz.

— Ora, porque somos uma família.

Dizer que aquela resposta foi surpreendente, era o mínimo que Kuina podia fazer. Ohana confiava tanto assim em um simples título? Ainda por cima com pessoas que nem eram de seu próprio sangue! Suspirou. Não iria contrariá-la, então resolveu mudar de assunto.

— Eu falei sério naquela hora, viu? Eu vou entrar para a New-Marinha algum dia.

— Se é isso que você quer. – Ohana deu de ombros, ainda sorrindo para a amiga. – Não ligo muito para essa luta entre o Novo Governo Mundial e Governo revolucionário. Claro que isso é uma questão importante, mas não é como se eu perdesse o sono por isso, sabe?

— Aham. E qual é o seu sonho, Ohana? – Perguntou, lembrando-se agora que ela tinha dito sua vontade de ser uma marinheira, mas a Roronoa não abrira a boca sobre suas vontades para o futuro.

— Eu? – Apoiou o rosto em sua mão, olhando pensativa para o horizonte. Mas logo sorriu, um sorriso um pouco maior desta vez, e respondeu com vontade. - Isso é fácil, vou ser uma pirata.

— Pi... Pi-pi... Pi... PIRATA?! – Kuina pulou, ficando de pé novamente.

Tudo bem, as coisas haviam mudado muito desde o Abalar do Mundo e agora os piratas não são mais tão perseguidos, só mesmo os que cometiam crimes de verdade como roubar, matar e coisas assim. Se declarar pirata não é mais uma sentença de morte, mas mesmo assim ainda são vigiados e, apesar de Os Chapéus de Palha terem salvado o mundo do antigo Governo, continuam existindo pessoas que não veem os homens do mar com bons olhos.

E era justamente por saber disso que a morena se sentiu na obrigação de alertar a amiga:

— Você tem certeza? Esse é um caminho perigoso e, mesmo com o novo governo, é totalmente contra a lei!

Ohana não respondeu de imediato, apenas fitou a amiga, ainda sentada na areia, dando um sorriso belo e ao mesmo tempo misterioso. Totalmente aLá Robin.

— E quem disse que eu sou a favor da lei?

Ok, dessa vez Kuina se arrepiara. Como podia aquela garota ser tão inconsequente e estar tão tranquila quanto a isso? Ia abrir a boca para dar algum argumento, mas antes que pudesse falar:

— OHANA!! – O berro, ecoou por todo aquele lado da praia, se não por toda a ilha. – ONDE VOCÊ SE ENFIOU, COISINHA?! TEMOS QUE VOLTAR!

— Ah, é o meu pai. – A Roronoa falou calmamente, de novo surpreendendo Kuina. Aquela menina tinha mesmo as reações mais tranquilas para as mais impensáveis situações. – Bom, eu tenho que ir.

— Está bem. – Kuina concordou enquanto Ohana se levantava. E assim como quando se conheceram mais cedo, ficaram se encarando. – Bem, foi um prazer te conhecer.

— Igualmente.

Ambas viraram de costas uma para a outra. Haviam vindo de lados opostos, não só da praia como da lei. E pelo jeito, continuariam assim.

— Ah, Ohana. – Kuina chamou antes que se afastassem. Virou o rosto para a amiga, que fez o mesmo. – Eu estou pensando... Você quer ser uma pirata e eu uma marinheira. Mas... será que mesmo assim, nós poderíamos continuar... Amigas?

— Tsk. – Deu um sorriso. - Eu que ia te fazer essa pergunta, sua boba. – Foi essa a resposta da Roronoa. Meio diferente, mas esse era o jeito dela.

Kuina sorriu com isso, feliz por ter feito uma amiga.

— Então... Agora sim: Até mais. – E virou-se, seguindo seu caminho.

— Até. – E Ohana fez o mesmo.

Achar Zoro não foi tão difícil. Seu pai conseguia ser bem escandaloso, e quando estava preocupado com ela, essa característica se agravava. E foi por saber disso, que ela deu um sorriso ao avistar o espadachim com cara de bravo. A testa de Zoro que já estava franzida, pareceu virar um mar de dobras ao avistar a filha.

— Onde você estava?! – Questionou para a menina. – Te procurei por todos os lados!

— E conseguiu me achar? Nossa, que milagre. – Ohana provocou, fazendo o pai trincar mais os dentes. – Estive na praia esse tempo todo.

— Fazendo o que? – Questionou, já rumando com a filha de volta para o Sunny. A imagem de Kuina surgiu na mente da Roronoa e ela sorriu. Tudo bem que amava Luna, mas era bom fazer novas amizades. E agora, principalmente sabendo que elas seriam de lados opostos, só tornava tudo mais legal. – Oe, o que foi? Um Rei dos Mares comeu a sua língua?

— Hm... – Pensou um pouco antes de enfim responder. – Nada de mais.

Mas foi demais. Uma amizade completamente demais!


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Notas finais do capítulo

Então, leitores? A Ohana mandou bem?? Gostaram do capítulo??? Espero que sim, porque se não, quem vai ter que aguentar ela em depressão sou eu :P
Essa folga até que foi boa pra mim (fiquei dormindo o cap. todinho >.o). Mas no próximo cap. eu já volto com tudo, então me aguardem!

Um abraço e até, Minna!