Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 20
A Nova Geração da ASL


Notas iniciais do capítulo

Podem ir guardando os tomates podres, tijolos e os objetos cortantes porque quem está aqui para apresentar esse capítulo pra vocês não é a Nina-san, mas eu, Roronoa Ohana.

Pois é, ela me mandou aqui para não ter que encarar vocês de frente, mas se quiserem linchar ela por essa demora colossal, podem ir na página dela no face, no post que ela já deve ter feito sobre esse capítulo.

Sentiram saudades, né, pessoal? Alguns devem até ter desistido da fic e eu não culpo ninguém por isso, até eu já estava ficando cansada de esperar. Quase um. Fuking. Ano sem atualizar é...

Enfim! Demorou, mas chegou. E eu espero que esse capítulo tenha valido a espera de vocês.


Aproveitem e boa leitura ;)



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— Ah, bom dia, Rin-chan. – Cumprimentou um homem moreno e baixinho, vestido de cozinheiro, ao ver a menina entrando no refeitório do navio. – Já acordada às oito e meia da manhã?

— Bom dia, Zowi-san. – Rin cumprimentou com um sorriso. Foi até um armário que tinha ali e pegou um prato, o qual entregou para o cozinheiro. – Hoje eu e a Luna vamos explorar o arquipélago e se quero ver tudo tenho que começar desde cedo.

— Você fez bem, Sabaody é mesmo muito grande. – Ele comentou, acabando de tostar duas fatias de pão para enchê-las com ingredientes. Feito isso, colocou o sanduíche no prato e devolveu-o para Rin. – Então tome um bom café da manhã para ter bastante energia, está bem?

— Certo! – A pequena assentiu, e agradeceu: - Obrigada. – Antes de ir andar por entre as mesas para achar um lugar para sentar.

— Bom dia, Rin.

— Rin-chan.

— Pulou da cama, loirinha?

Vários revolucionários a cumprimentavam pelo caminho e ela respondia a todos com um sorriso e um alegre “Bom dia!”, até alcançar uma mesa no canto do refeitório, onde se dava para observar o mar pela viseira do navio.

Rin sentou-se e começou a comer seu lanche com um pouco de pressa, enquanto olhava para fora. Ela adorava viver em um navio. Ainda que sua família tivesse uma casa em terra e que sentisse falta de seus amigos quando viajava, ela não conseguia evitar, amava estar no mar e o sentimento de liberdade que isso lhe trazia – mesmo estando com seus pais a bordo.

Quando estava nas últimas dentadas de seu lanche, Rin distraiu-se pensando no dia divertido que teria hoje. Só o fato de estar com Luna já o tornava divertido, ela sempre dava boas risadas com sua prima, tão agitada e brincalhona.

Características que seu pai sempre dizia lembrar seu tio Luffy quando eles eram crianças – e até hoje.

E ela, pelo jeito, também deveria ser bem parecida com seu pai, porque Luffy toda vez que a via inventava de perguntar: “Por que você age igualzinho ao Sabo?”.

Um pequeno sorriso apareceu em sua face enquanto mastigava o último pedaço de seu sanduíche, lembrando-se dos momentos vividos pela ASL que Sabo de vez em quando lhe contava.

Os fortes laços daquela irmandade sobreviveram à mudança de geração e agora conectavam a “primandade” das filhas de seus integrantes!

Agora eram: Rin, Luna e...

R, L e...

Oh, é verdade, diferente de seus pais, ela e Luna eram uma dupla apenas, já que Ace...

O sorriso de Rin sumiu ao se lembrar do tio que nunca conhecera.

Ace havia deixado esse mundo há doze anos, muito antes de existir qualquer possibilidade para conhecer suas sobrinhas ou deixar um descendente que completasse o novo trio.

Em muitas vezes Rin desejou vê-lo, saber se ele era mesmo tão incrível quanto seu pai e tio lhe contavam. Luna jurava tê-lo conhecido em forma de espírito numa ilha estranha – e que ele era sim muito legal –, mas ela não acreditava muito nessa história.

A loirinha balançou a cabeça, decidida a afastar aqueles pensamentos. E daí que ela nunca o conheceu? Ou que a nova ASL tivesse um membro a menos? A dupla carregaria o peso do trio.

Rin e Luna levariam a diante a vontade de Ace, Sabo e Luffy.

— Bom dia, Rin!

— WAH! – O susto da garota com o chamado repentino foi tão grande que seus reflexos foram mais rápidos que qualquer coisa. Antes que pudesse pensar no que fazia, agarrou a mão que pousara em seu ombro esquerdo e a puxou, atirando o corpo do recém-chegado por cima da mesa.

Ainda com o coração batendo acelerado pela adrenalina, ela ouviu um suspiro atrás de si e logo a voz de Shin, dizendo:

— Eu falei para não chegar de mansinho, Sen.

— Sen? – Rin repetiu, confusa.

Somente agora identificava a pessoa que estava esparramada por cima da mesa e cujo braço ela segurava, apertando em pontos estratégicos. Era um de seus irmãos mais velhos, Sen. Soltou-o imediatamente.

— Orra, Rin, foi só um sustinho. – O moreno reclamou, sentando-se sobre a mesma mesmo, enquanto esfregava as costas doloridas pelo impacto.

— Bom dia, Shin-nii. – Rin cumprimentou o mais velho que sentava ao seu lado, com um sorriso. Ele apenas respondeu mirando-a e acenando com a cabeça.

— Oe, Rin, você tem que controlar mais essa força. Olha só o estado do meu café! – Reclamou Sen, apontando para seu misto quente caído no chão, com resquícios do prato, agora quebrado, que antes o carregava.

— Foi mal, Sen. – Apesar das desculpas, a garota não parecia verdadeiramente arrependida. – Eu até te daria um pedaço do meu... – Antes de continuar, ela enfiou todo o resto do sanduiche na boa. -, mas já acabou.

O moreno sentiu uma veia saltar em sua testa de raiva. Ele não ia pedir um pedaço, mas estava com fome. E Rin o estava provocando!

— Rinite.

— Não me chama assim! – Rin bufou, inflando as bochechas que estavam rubras de raiva pelo apelido. – Seu bobão.

— Olha quem está me chamando de bobão, bobona!

— Você não está melhor do que ela, Sen. – A intromissão em tom neutro de Shin fez os mais novos se calarem. O moreno mais velho sequer tinha os olhos abertos e comia calmamente seu lanche, nem ligando para a barulheira dos irmãos. – Rin, se já acabou é melhor se apreçar, a Luna já deve estar te esperando.

— É mesmo! – A loirinha pulou pra fora de seu acento e correu pra fora do refeitório, sendo acompanhada pelos olhares divertidos de vários revolucionários. – Obrigada pela comida! Até mais tarde, Sen, Shin-nii!

Após se afastar do refeitório, Rin diminuiu o ritmo da caminhada, embora continuasse apressada e sorridente enquanto chegava ao convés do navio, passando por vários revolucionários que iam e vinham ao descer a rampa de embarque.

Assim que pôs os pés em uma das ilhas artificiais de Sabaody, Rin parou. Ergueu os olhos para admirar o horizonte, o resto do Arquipélago, que ela exploraria com sua prima. O céu estava encoberto por nuvens escuras, mas ela nem se importou. Hoje o dia prometia e não era um céu feio que iria estraga-lo.

— Já de pé?

Rin foi tirada de seus pensamentos por uma voz atrás de si. Uma voz que ela reconheceu muito bem; por isso nem se surpreendeu ao ver seu pai descendo do navio pela rampa.

— Bom dia, otou-chan. – Cumprimentou-o. – Eu te disse que iria levantar cedo hoje, não disse?

— É mesmo, o passeio com a Luna.

— Passeio não. – Ela riu ao lembrar-se de como a ruivinha se referia a isso: - Aventura!

Sabo também deu uma risada.

— Sendo assim, eu te acompanho até o Sunny, que tal?

Meio confusa, Rin olhou para o Thousand Sunny a dois píeres de distância. Ela podia andar aquela distância sozinha, então só pôde pensar em uma explicação para a atitude de seu pai:

— Já está fugindo do trabalho?

— Oe, oe, não fale assim. – Sabo sentiu uma gota escorrer por sua nuca. – Eu só quero aproveitar o dia com o Luffy, já que iremos embora ao fim da tarde.

— Oh. – Rin deu um sorriso travesso e arqueou uma sobrancelha. – Então, se eu for atrás da kaa-chan pra ela nos dar tchau, não vai ter nenhum problema, né?

— Deixe sua mãe fora disso!! – Algumas pessoas que passavam no porto pararam ao ouvir o grito do revolucionário. Sabo abaixou seu tom e falou, somente para Rin, com voz firme: - Seja uma boa menina e vá quietinha para o Sunny ou não vai ter mais passeio nenhum.

— Sim, senhor. - Engolindo em seco, ela abaixou a cabeça e começou seu caminho até o navio dos Chapéus de Palha. Seu pai ficava tão medonho usando aquele tom, que ela nem lembrou que ele jamais a impediria de passar um tempo com a prima que adorava e raramente via.

Com um sorriso satisfeito, Sabo seguiu a menina.

.

.

.

— Ahhh... Okaa-chan, por quanto tempo mais vou ter que fazer isso? – Luna resmungava pelo que deveria ser a vigésima vez só nos últimos cinco minutos.

A ruivinha estava ajoelhada no quarto de cartografia, de frente para uma prateleira com vários mapas enrolados e separados em subdivisões. Em sua volta também haviam pergaminhos, que Luna estava responsável de guardar organizadamente naquela prateleira, sem errar de lugar, amaçar ou rasgar um único que fosse.

Ela se virou e viu Nami ajeitando seu local de trabalho, que na preguiça e cansaço da última vez que o utilizou, deixou com suas canetas e réguas totalmente espalhadas. Também tinha acabado por deixar alguns mapas para secar e deveria guarda-los. E era isso que a pequena Monkey fazia.

— Até ter guardado todos os mapas, ué. – A navegadora respondeu como se fosse óbvio, embora soubesse perfeitamente a que a filha se referia. – Você sabia que se parasse de resmungar, já teria acabado a essa altura?

— Não é isso! – Luna bradou e Nami sentiu um arrepio desagradável ao ver a filha se virar, arrastando os joelhos da jardineira jeans. Cuidado com as roupas? Zero. – Até quando eu vou ter que fazer tarefas pelo navio? – Ela sempre fez algumas tarefas, mas do jeito que Nami falara sobre suas novas responsabilidades, parecia que a coisa ia ser mais séria.

— Até o tempo do seu castigo acabar. – Luna arregalou os olhos, o queixo caído em espanto. – E nem me olhe assim. Agora você pode sair quando atracarmos em outras ilhas, mas enquanto estiver no navio e houver alguma tarefa que precise ser feita, você será responsável por ela. – Nami cruzou os braços e encarou a filha de um modo que não deixava espaços para retrucar. – Assim vai ser até os meses de castigo que você acumulou acabarem e ponto final.

— Eh?! Mas okaa-chan!

— Quer que eu deixe a minha mesa para você arrumar também? – Ameaçou, fazendo menção de espalhar suas réguas e canetas todas de novo.

Luna engoliu em seco a reclamação que já tinha pronta na ponta da língua, resolvendo por voltar a se concentrar nos mapas enquanto apenas resmungava baixinho. Mas mal colocou outro pergaminho no lugar, uma batida na porta foi ouvida.

Nami foi quem a atendeu, reconhecendo uma das mãos de Robin enquanto esta desaparecia numa lufada de flores. Nem precisou procurar a companheira para saber do que se tratava, pois um grito, vindo do capitão da tripulação, fez isso por si só:

— SABO!!

Luna imediatamente sorriu. Se seu tio estava ali, Rin também estaria! Ameaçou levantar, mas Nami notou sua intenção e foi logo cortando:

— Só depois que guardar tudo, mocinha!

— Ok! – Para a surpresa da navegadora, Luna pegou os mapas e foi guardando um por um, veloz, porém com cuidado para não rasga-los ou amassá-los. Se algo como isso acontecesse, ela não poderia sair com Rin... pois sua mãe provavelmente a deixaria num estado deplorável demais pra isso... — Acabei! Tchau, okaa-chan! – E saiu.

— Tenham cuidado! – Ouviu sua mãe avisar, apenas respondendo um “Hai!” antes de se empoleirar no corrimão, correndo os olhos pelo convés do Sunny

Seu sorriso característico abrindo-se ao avistar as duas figuras loiras ao junto de seu pai.

— Tio Sabo, Rin!! – Chamou, descendo as escadas e correndo até eles, segurando seu chapéu pelo caminho para que ele não caísse com a ventania que começava. – Está pronta pra ir? – Perguntou para a prima.

— Quase. – Rin virou-se para Sabo e estendeu-lhe as duas mãos, aguardando. Sabo não fez mais do que revirar os olhos, rir de leve e retirar sua cartola, entregando-a para a loirinha que não perdeu tempo em colocar o acessório. – Agora sim.

— Se cuidem, vocês duas. – Sabo advertiu. – Não vão se meter em encrencas.

— Certo! – Ambas assentiram

— Mas a encrenca que é a diversão. – Luffy rebateu com um muxoxo.

— Não é bem assim, Luffy...

— Aconteça o que acontecer, elas são fortes.

— Eu sei que são, mas-

— Então resolvido! – Decretou, sorrindo para as meninas e pousando uma mão sobre a cabeça de Luna, por cima do chapéu. – Vão e se divirtam bastante.

— Tá! – Luna concordou, devolvendo o sorriso e, repentinamente, surpreendendo até o próprio Luffy, abraçou-o. – Tchau, tchau, otou-chan.

Luffy não pôde fazer mais do que rir e corresponder de leve o gesto da filha, antes que ela se soltasse e corresse para longe, rumando para sua aventura junto de Rin. Em seus olhos, podemos ver o orgulho transbordando.

— Até mais tarde! – A pequena loira também se despediu, seguindo a prima.

Sabo e Luffy apenas contemplaram a cena das meninas adentrando Sabaody e quando finalmente as perderam de vista, o mais velho comentou:

— Eu sempre fui ansioso para saber como seria o seu futuro, mas nunca imaginei que ser um pai estaria entre as suas conquistas.

O capitão não fez mais do que rir.

— Eu também nunca tinha pensado nessa possibilidade até o dia em que a Nami me disse que estava grávida. – Olhou para o irmão, ainda sorrindo. – E a Luna e o Ichigo foram as melhores coisas que eu já fiz, não me arrependo nem um pouco, de nada.

— De nada mesmo? – O tom e olhar sérios de Sabo murcharam seu sorriso.

— Você quer mesmo tocar nesse assunto? – Luffy respondeu com seriedade reciproca.

Sabo levou uns segundos em silêncio, analisando a expressão do irmão e seus próprios pensamentos. Por fim, deu um longo e profundo suspiro.

— Não. Falar agora não vai mudar nada; a decisão só cabia a você e à Nami, e a Luna não parece nada infeliz vivendo no navio. – Tentou dar um leve sorriso para descontrair. – Ao menos seu plano deu certo, né? Ela não te odeia.

Luffy não respondeu, seus pensamentos oscilavam entre Luna e uma figura um tanto inesperada: Ace.

Como estava na promessa que fizera com o irmão, ele jamais se arrependia de suas escolhas e a decisão de criar seus filhos no Thousand Sunny não era a exceção à regra. Ainda mais com o próprio Ace sendo um fator que o ajudou a tomar essa decisão.

Luffy lembrava-se perfeitamente do irmão mais velho tendo um ódio corrosivo por Roger - pelo próprio pai – devido a tudo que falavam sobre o antigo Rei dos Piratas e sobre o que um descendente dele merecia. E só pensar em Luna passando por algo parecido lhe provocava arrepios.

Tá, os tempos eram outros, os piratas eram vistos de forma diferente e se o guardião designado fosse Makino ou Nojiko, elas fariam questão de contar à Luna e Ichigo quem realmente eram os Mugiwara. Vocês não precisam dizer, Luffy sabia de tudo isso.

Mas desde que a viu pela primeira vez, como aquele pequeno bebê rosado e frágil em seus braços trêmulos, ele simplesmente decidiu não arriscar. Pois Luffy logo entendeu que jamais poderia suportas ser odiado por Luna.

— Eu sempre soube que daria certo! – Luffy finalmente respondeu o irmão, soltando uma sonora gargalhada para descontrair do clima pesado que se formara. – Agora, Sabo, eu quero te mostrar um peixe muuuito feio que nós pegamos. Está lá no aquário, vem ver, vem ver!

— Certo. – Sabo concordou e começou a seguir Luffy até a parte interna do navio. Mas antes, deu uma última olhada para Sabaody e sorriu. – Quero só ver no que isso vai dar... Espero que esteja assistindo suas sobrinhas, Ace.

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.

Por falar em Ace, o Arquipélago Sabaody ainda era lembrado por ser o local onde o mundo assistiu à execução desse grande pirata, encerrando assim a linhagem sanguínea do Rei dos Piratas original.

Já que Mariejoa acabou sendo destruída no abalar do mundo, Sabaody se tornou um importante ponto histórico e comercial. Muito espertos, vários comerciantes aproveitaram a maré dos piratas de boa índole, criando produtos baseados em lendas da pirataria.

Era por isso que ninguém estranhava quando viam uma garota, usando um chapéu de cowboy idêntico ao do falecido Portgas, andando pelas ilhas de Sabaody.

Uma brisa avisando tempestade remexeu as mexas de seu curto cabelo negro, mas ela não pareceu se incomodar. Uma bolha cresceu no chão à sua frente, refletindo o rosto um tanto magro para uma criança de doze anos; seu nariz empinado ficava mais evidente. Os olhos verdes seguiram a bolha com certo desinteresse enquanto ela subia, até chegar ao ponto limite e estourar. Nada que já não tivesse visto.

“por que foi que eu vim pra cá mesmo?”— Perguntou-se a garota, Rouge, arrumando o chapéu em sua cabeça.

Ela não tinha uma resposta. Ou melhor, tinha: simplesmente não queria ter de ajudar com as compras e achou que passear por aí seria um bom meio de escapar das tarefas. Mas não imaginou que não encontraria nada para fazer.

— Desse jeito... – Comentava consigo mesma, aproximando-se entediada de uma barraca de frutas na feira. – Era melhor ter ficado no-

Não conseguiu completar, pois sua atenção foi atraída por um barulho, seguido de uma gritaria. As pessoas ao seu redor começaram a correr, ao compasso de que o som aumentava e ela só conseguiu ver o que acontecia quando percebeu o Bon Chairy descontrolado que vinha em sua direção, prestes a atropelá-la!

Rouge só teve tempo de soltar um grito e pular para o lado, antes que o veículo flutuador se chocasse contra a barraca de frutas onde estava, espalhando maçãs e peras por todos os lados. Bom, pelo menos o Bon Chairy havia freado – se podemos chamar assim.

— Ai, ai, ai... Viu só, Luna? Eu te disse para ir mais de vagar. – Repreendeu Rin, checando à prima, ao veículo e ao chapéu de seu pai. – Ou que me deixasse dirigir!

— Mas eu queria tentar! – Foi a resposta de Luna, fazendo bico. – Não é culpa minha se essas coisas são tão complicadas pra dirigir.

— Você só tinha que pedalar... – A loira suspirou em resignação.

Rouge mirou por uns segundos as duas responsáveis por seu quase atropelamento, até que seu choque pela situação passou e ela alçou a voz contra as garotas:

— Ei!! – O grito fez com que as mais novas a olhassem. – Ficaram loucas por acaso?! Quase me matam!

— Oh, desculpe-me! – Rin exclamou, parecendo nervosa. Ela rapidamente se levantou e fez uma reverência, além de forçar a cabeça de Luna para ela fazer o mesmo. – Desculpe-nos, foi um acidente.

Luna se livrou da mão de Rin para erguer a cabeça e olhar a mais velha, perguntando:

— Você está bem?

— Estou, mas não graças a você. – A resposta de Rouge foi arisca. Ela se aproximou de Luna a passos duros e, de frente para a ruiva, seus seis anos de diferença podiam ser vistos em bons centímetros a mais de altura na morena. – O que diabos uma pirralha como você fazia dirigindo?

— Não sou uma pirralha, sou uma pestinha! – Luna cruzou os braços em desagrado.

— Ah, que grande diferença.

Luna amarrou a cara mais ainda, segurando firmemente o olhar zangado da maior, que por sua vez não se dava por vencida. Podia-se ver faíscas saindo dessa troca de olhares!

Rin, que até então só assistia, resolveu interferir. Ou teria interferido, se uma tosse irritadiça não tivesse chamado a atenção dela e das outras duas. Parada atrás delas, segurando uma vassoura e com uma expressão nada boa, estava uma mulher baixinha e gorducha, com o cabelo negro preso em coque.

— Acabaram com minhas frutas... acabaram com a feira... e podiam ter machucado alguém! – Arremessou a vassoura contra Rin, que conseguiu pega-la firmemente. – O mínimo que as três devem fazer é limparem tudo.

Três?! – Rouge exclamou. – Porque eu estou incluída nessa?

— Vão arrumar tudo enquanto eu levo isso de volta. – A feirante ignorou-a completamente, retirando o Bom Chairy da bancada destruída. – Aposto que foi o Kosagu-san, só ele para alugar essas coisas à crianças! – Ela ia murmurando irritadiça, enquanto se afastava das meninas. Mas antes de ir longe demais, acrescentou: - E depois, quero ter uma conversinha com os pais de vocês.

Automaticamente, as três garotas fizeram a mesma cara de pânico. Luna já estava encrencada demais sem mais essa; Rin estaria frita nas mãos de seus pais, por arrumar confusão e por não cuidar da prima; e Rouge nem queria pensar na bronca que levaria.

Elas não trocaram olhares, acenos, nem nada do tipo, acontece que fugir correndo foi a única opção que elas viram!

— Ei, voltem aqui! – A moça da feira reclamou.

Mas as meninas se fizeram de surdas e apenas continuaram a correr, sem olhar pra trás. Na verdade, elas não prestaram atenção em mais nada, até serem obrigadas a parar a fuga graças ao cansaço de seus corpos.

Não faziam ideia de para qual parte da ilha haviam ido, sequer sabiam se ainda estavam na mesma ilha – podiam muito bem ter passado por uma ponte e nem ter percebido. Só tinham conhecimento de que agora se encontravam em uma área sem casas e sem pessoas por perto.

— Ela ainda... tá atrás? – Rin foi quem perguntou, segurando-se nos joelhos para não desabar.

— Com aquelas perninhas? – Apontou Rouge, também ofegante. – Acho que a gente nem precisava ter corrido tanto.

— Arg! – Foi o único som que saiu da boca de Luna.

Ela se rendeu ao cansaço e atirou-se no chão. A grama abaixo de si não a incomodava e o vento predizendo a chuva somente trazia uma sensação agradável. Tanto que sequer percebeu seu amado chapéu caindo de sua cabeça – por sorte, não foi levado pela brisa.

Mas a Monkey percebeu quando as outras duas imitaram seu gesto e se deitaram no gramado. As três estavam praticamente formando um circulo.

Ficaram um tempo assim, recuperando o fôlego, até que Rin decide falar:

— Então. – Pelo canto dos olhos, ela fita a mais velha de cabelos negros. – Quem é você?

Luna também prestou atenção, interessada.

— Por que eu deveria dizer? – Rouge crispou os lábios. – Quase me meto em confusão por culpa de vocês.

— Eu sou a Luna. – Nossa ruivinha declara de repente. – E ela é a Rin. – Indica a prima, fitando Rouge mais intensamente. – Agora você vai ter que falar, ou será mal educada.

Certo, Rouge não conseguiu segurar um riso sarcástico. Se aquelas duas soubessem de onde ela vinha, não estariam exigindo boas maneiras por parte dela. Contudo, modos eram uma coisa que ela tinha sim senhor, por isso respondeu, rápida e simplesmente:

— Rouge.

Luna sorriu um de seus sorrisos, feliz por ter conseguido arrancar aquela informação da garota misteriosa. Rin, por outro lado, espantou-se ao ouvir aquele nome. A história da pirataria era algo que muito lhe interessava, então fazia sentido que a primeira Rainha dos Piratas, Portgas D. Rouge, viesse à sua mente naquele momento.

E ela usa um chapéu igual ao do tio Ace..., pensou recordando o acessório da mais velha. Que coincidência.

Esse assunto rondou seus pensamentos um pouco, mas ela logo deu de ombros, aceitando a baita ironia do destino e voltando a aproveitar a brisa – cada vez mais rigorosa.

E assim ficaram.

Rouge, Rin e Luna. Cada uma abaixo de seu respectivo chapéu.

Os chapéus de Ace, sabo e Luffy.

BROOOM~~!

Tanto Rin como Rouge sentaram-se assim que ouviram aquele barulho. Ambas olharam para os céus, esperando verem ou sentirem a chuva que, pelo que indicava o trovão, deveria ter começado a cair.

Mas não sentiram uma única gota.

Brooom~~!

De novo o som. Desta vez, elas seguiram com os olhos de onde ele estava vindo. E o que viram foi uma Luna também sentada, segurando o estômago e salivando, com uma expressão faminta.

— Tô com fome...

Rin apenas suspirou, resignando-se pela prima, enquanto que Rouge arqueou uma sobrancelha. Resolveu ajuda-la, entretanto.

— Ali tem um arbusto com frutinhas. – Apontou para a planta rasteira não muito longe delas.

A Monkey não perdeu tempo. Pegou de volta seu chapéu e mais do que depressa, seguiu para onde a mais velha indicava, já imaginando que gosto deveriam ter aquelas frutinhas azuis.

— Ela é sempre assim? – Indagou Rouge para a Rin. Tudo bem que ela vivia cercada de pessoas animadas, mas Luna estava num patamar que ela poucas vezes vira.

— Desde que eu a conheço. – A loirinha respondeu sorrindo.

Mas então ela ergueu a cabeça, mirando o céu nublado e seu cenho franziu.

— Luna! – Chamou. – Só colhe algumas frutinhas logo e vamos indo, antes que comece a chover!

Não recebeu uma resposta, entretanto, Luna continuava centrada nas amoras e parecia nem tê-la ouvido. Rin suspirou, começando a andar na direção da prima. Mas antes, recordou-se algo e virou-se para Rouge.

— Quer vir com a gente?

A de cabelos negros não escondeu sua surpresa pela pergunta.

— Aonde vocês vão?

— Passear por Sabaody. – Rin respondeu com simplicidade.

E Rouge arqueou uma sobrancelha, analisando aquela ideia, afinal era isso que ela estava fazendo antes do “encontrão” com as duas primas. Se bem que... com mais pessoas, talvez aquilo ficasse divertido.

— Tá, eu vou. – Sua resposta fez a loira sorrir e ela por pouco não sorriu também. – Ei, você! – Gritou enquanto andava na direção de Luna, o que por fim chamou a atenção da ruivinha.

— Meu nome é Luna. – Relembrou.

— Tanto faz, só vamos logo.

— Você vem com a gente?! – Luna não escondeu sua empolgação, o que quase fez Rouge fraquejar de novo. Por que raios aquelas duas eram tão animadas?!

Ela apenas assentiu a pergunta da mais nova.

— Eba! Só espera um segundo? – Luna retirou seu chapéu e rapidamente colheu algumas frutas, colocando-as no objeto. – Agora nós temos um lanchinho pra viajem. – E riu.

Rin também sorriu pelas ideias da prima e, desta vez, nem Rouge conseguiu conter um sorriso.

— Certo, vamos lá! – A Money exclamou com um punho erguido, a empolgação contagiando as outras duas.

E assim, o novo trio começou uma agradável aventura pelo Arquipélago Sabaody.

Se bem que mal deram dois passos antes de Rouge já gritar:

— Ei! Isso não era pra nós três? – Questionou ao ver que Luna continuava a comer as amoras.

— Só mais uma. – Declarou a menor, pegando uma única frutinha.

E foi uma questão de sentir o paladar da fruta, para fazer uma careta de nojo e quase cuspi-la fora! Por Deus, aquela amora estava azeda como nunca havia provado igual!

— O que foi? – espantou-se Rin.

— Tá horrível! – Luna segurava a garganta com a língua de fora, tudo para demonstrar seu desgosto com o sabor.

— Bem feito. – Rouge deu de ombros.

Luna apenas chacoalhou a cabeça, ainda com a expressão de nojo quando elas continuaram a caminhada. As amoras permaneceram com ela – afinal estavam eu seu chapéu de palha -, mas a ruivinha não se atreveu a comer nem mais uma fruta pelo resto do caminho.


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Notas finais do capítulo

Que vontade de esganar a Nina-san por ter me deixado de fora desse capítulo... Mas tá, não tinha onde eu ser encaixada aí sem mudar ainda mais o que ela queria pra história, então dessa vez passa. Mas no próximo, podem esperar que eu já estarei de volta, senhores leitores!


Bom, por hoje é isso, espero que tenham gostado do capítulo e não se esqueçam de deixar um comentário para ajudar no incentivo. Também deem uma passada na página da Nina-san, no face (https://www.facebook.com/fanficsdaninachan/), onde vocês ficam sabendo de todas as atualizações, atrasos e outras coisas sobre todas as fics dela.

Até a próxima!