Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 14
O Mundo não é de Rosas. Pare de Dizer Mentiras!


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo, minna-san! Preparados para o que o Oda-sama decretou como O Ano do Sanji?? Eu sei que eu tô *-*
Não demorei nada dessa vez, heim? Uma semana certinho!
Esse capítulo é de grande importância para a fic, a vibe da história vai mudar um pouco a partir de agora, mostrando mais o mundo ao invés de centrar nos Chapéus de Palha. Mas ainda vai ter as nossas pestinhas aprontando muito, então podem relaxar!


Aproveitem e boa leitura ^-^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625532/chapter/14

Todos nós sabemos que a tripulação dos Chapéus de Palha não dispensa uma festa, e até começa muitas delas sem motivo algum, só para se divertirem e comemorarem (sabe-se lá o que). Tendo em vista essa informação, seria, no mínimo, monótono dizer que eles estavam preparando outra festa.

Porém, essa era diferente das outras.

Existem três datas em que o Thousand Sunny festejava de forma insuperável: 24 de Agosto; primeiro de Janeiro; e 15 de Setembro. E isso acontecia porque esses dias, respectivamente, marcavam os nascimentos de Ohana, Luna e Ichigo.

Hoje nos encontramos no dia primeiro de janeiro, o aniversário de nossa amada ruivinha, Monkey D. Luna. Pois é, uma das pestinhas do Sunny completa mais um ano de vida, e se alguém chegar pra você e disser que há alguém mais empolgado com essa data do que a própria aniversariante, está mentindo!

— Vamos, tia Robin, vamos! – Uma prova disso era o modo afobado como ela chamava a arqueóloga da cozinha para o convés.

Luna estava crescendo muito bem, saudável. Vestia uma jardineira jeans com uma blusa amarela e seus cabelos estavam um pouco mais compridos, seu penteado em particular havia mudado, de marias-chiquinhas para um firme rabo de cavalo. Mas nunca que seu visual estaria completo sem o chapéu de palha (que por sinal, já lhe servia perfeitamente).

Chegando à parte de fora, Luna correu até uma árvore de estatura mediana. Por não estarem na primavera, as flores de Sakura não tinham desabrochado, mas ainda sim a planta era bonita, com folhas bem verdes e vistosas, deixando claro que era bem cuidada. Mas também, nem Luna e nem Robin se perdoariam se o belo presente de Chopper, dado no primeiro aniversário da menina, acabasse morrendo.

— Muito bem, agora de pés juntos e fique retinha. – Robin instruiu, fazendo com que Luna esticasse as costas o máximo que podia.

A mulher rapidamente mediu a altura da menina e marcou-a na árvore com uma caneta. Não me perguntem por que quem fazia isso era Robin e não Nami ou Luffy, apenas foi algo que aconteceu da primeira vez e virou tradição. E enquanto a arqueóloga fazia isso pela ruivinha, a navegadora fazia isso por Ohana.

— Prontinho. Você cresceu seis centímetros ao todo desde o ano passado.

— Wa! Que montão! – A ruivinha olhou admirada para a mínima diferença entre as duas marcas. Virou-se para tia e sorriu, antes de agradecer e voltar correndo para a cozinha, onde quase todos os outros estavam.

— E aí, cresceu quanto? – Nami perguntou ao ver a filha entrando no recinto.

— Seis centímetros! – Luna respondeu toda orgulhosa. – Dá pra acreditar? É mais que tudo isso! – Mostrou uma das mãos aberta, indicando os cinco dedos. Olhou para Franky, que estava em um canto da mesa. - O que você me diz disso, tio Franky?

O ciborg a mirou e simplesmente sorriu em deboche antes de responder:

— Seis centímetros ou seis metros, você sempre será a baixinha. - E riu ainda mais ao ver a face de Luna emburrar.

 

— Mais seis centímetros, heim? – Luffy se fez presente na conversa, olhando abobado para a filha. – E pensar que até ontem você era aquele bebezinho, tão pequenininha e gorducha... Era uma bolotinha com cabelo laranja!

— Otou-chan! – Luna exclamou em protesto, inflando as bochechas que haviam avermelhado. O que só fez seu pai rir.

— Mas é verdade, Luna-chan. – Sanji surpreendentemente concordou com o capitão, tirando os olhos um momento da massa de bolo para mirar a menina. – Eu também não acredito que o tempo passou tão rápido, já faz seis anos que eu ganhei minha segunda lagartinha.

— E oito desde a primeira. – Ohana acrescentou com uma revirada de olhos. Não que estivesse com ciúmes de Luna, nada disso, o problema é que Sanji fazia esse discursinho toda vez, para as duas. Ela mesma o ouvira há quatro meses. – Já sabemos, tio Sanji.

Sem que ela notasse, Zoro olhou de esguio para a filha. O espadachim preferia morrer a concordar com o cozinheiro, mas tinha de admitir, mesmo que só para si, que também se surpreendia em como o tempo era traiçoeiro. Para onde tinha ido aquela bebezinha que ele mal tinha coragem de pegar no colo?

Enquanto Zoro se perdia em lembranças, Luna se aproximou do loiro para vê-lo trabalhar.

— Tio Sanji, o bolo vai ser do que?

— Serão seis andares do seu preferido: Chocolate com morango. – Ele só pôde sorrir de como os olhos da pequena brilharam.

— Hum? O que tem eu? – Ichigo olhou para os dois com os olhinhos inocentes.

— AU! Essa vai ser uma SUUUPER festa, baixinha! – Franky dava os últimos ajustes em uma luz de discoteca velha. Mas ele não estava falando só pela decoração.

— Né? Eu quero tanto ver o Bato-nii-chan. Nem acredito que ele vem para o meu aniversário! – Luna só faltava pular de alegria.

Luffy engasgou ao ver a felicidade da filha, se controlando pra não dar com a língua nos dentes. Se ela soubesse que, na verdade, Bartolomeu tinha marcado uma ilha para se encontrarem porque tinha uma informação para lhe dar, o dia dela estaria arruinado.

— Falando nisso, quanto tempo deve levar pra gente chegar, tia Nami? –Perguntou Ohana.

— Bom, se os ventos não mudarem, devemos chegar ao destino-

— Minna-san. – Brook surgiu na porta, interrompendo a navegadora. – Já estou vendo a ilha. Oh! Embora eu não tenha olhos. Yohohoho!

— ... Agora mesmo. – Nami concluiu.

Eles logo atracaram no porto da ilha, mas ninguém saiu do navio, por três motivos: 1°; Não havia necessidade de suprimentos. 2; Franky, Usopp e Sanji, com uma pequena ajuda de Nami, estavam preparando a festa, então não podiam deixar o Sunny. E 3°; Eles ancoraram perto do navio do Bartolomeu e assim que viu a bandeira de seu senpai, o “cabeça de galo” começou a gritar que ele iria até eles, então eles não precisavam se cansar à toa.

— WAH!! E-eu, eu... NÃO ACREDITO QUE ESTOU AQUI!! – Bartolomeu dava um ataque típico de fã fanático só faltando beijar a grama do convés. – É uma honra estar no majestoso Thousand Sunny!

— Pra que tudo isso? Você já veio aqui antes. – Chopper murmurou com uma gota descendo pela nuca.

— Olá, Galo-kun. – Robin cumprimentou gentilmente.

— Ro-Ro-Ro.. Ro-ROBIN-SENPAI!! – Agora sim o esverdeado não pôde conter o choro, aproximando-se. E esse só piorou ao ver a criança de oito anos perto da morena. – Ohana-sama!!

Enquanto isso, no ninho do corvo, com um Zoro adormecido:

— Sai de perto dela... – O espadachim falou durante seu sono.

Voltando ao convés:

— Já faz um bom tempo, cabeça de galo. – Luffy também cumprimentou o visitante.

— Bato-nii-chan! – Luna, que até então estava ao lado do pai, não se conteve mais e correu até Bartolomeu.

Ao ver a ruivinha correndo tão animada em sua direção, o esverdeado só faltou ter um ataque cardíaco ali mesmo. Como, meu santo, COMO poderia resistir àquelas duas meninas?! Cada uma era a junção de dois de seus senpais!

— LU-LUDA-SABA!!!! – era o melhor que conseguia pronunciar o nome dela com o nariz entupido. – Oh, poupem meus olhos indignos de tanto brilho majestoso! Eu não mereço ver os frutos de deuses! – Ele cobriu os olhos, tentando evitar de olhar as meninas.

— Maluquinho de pedra. – Ohana arqueou uma sobrancelha diante todo aquele drama, enquanto Luna apenas deu uma sonora gargalhada.

— Para com isso, Bato-nii-chan. – Falou a ruivinha, ainda sorrindo. – Deixe pra me admirar quando eu tiver meu próprio bando.

— Oh, mas é claro! – Bartolomeu pareceu se esquecer do “brilho supremo” e olhou para Luna, mostrando os dois punhos em posição de luta. – Quem será a única pirata capaz de superar o Luffy-senpai??

— Eu!! – Luna ergueu os braços, tão ou mais animada que o esverdeado.

— Ei, Galo Doido-san. – Chamou a Roronoa. – Você fica falando da nossa futura capitã, mas ainda não conheceu a Sofia, né?

— Ah verdade, Ohana! – Luna pareceu se lembrar. – Ela é a nova integrante do nosso bando, Bato-nii-chan. Você precisa conhecer ela! – E tomando fôlego, gritou: - FIFI, VEM AQUI!!

— O que foi, clemência?! - Nem passou-se meio minuto e um pontinho branco saiu voando de dentro do navio, pousando no ombro da ruivinha. - Alguém morreu?! O mundo está desabando?! Estamos no meio de um ataque alienígena?!

— Ataque alienígena? – Ohana repetiu, estranhando aquela opção.

— Não, embora essa última fosse legal. – Luna sonhou acordada uns instantes com aquela possibilidade. – Só te chamei aqui para conhecer o Bato-nii-chan. – E indicou o homem à sua frente.

— Uau! Uma pomba toda branca! – Bartolomeu exclamou impressionado.

— Pomba uma pinoia, eu sou uma coruja!! – Sofia rebateu irritada, pra falar pouco.

— Uau! Uma pomba toda branca que fala!

— JÁ DISSE QUE NÃO SOU POMBA!!

— Bem-vinda ao meu mundo. – Chopper falou com a corujinha. – Um concelho: quanto mais gritar, mais eles se divertem.

— Mas que gritaria é essa?

— NAMI-SENPAI!!! – Esse foi o grito de fanboy mais alto até agora. Bartolomeu não perdeu mais um segundo e já se estirou no chão com os braços pra frente, em reverência. – Vossa majestade divina! Cada vez que a vejo só fica mais claro pra mim do porque foi escolhida como Rainha dos Piratas!!

Nami deu um sorriso pretencioso, degustando as palavras e o gesto do esverdeado.

— É por isso que gosto de você.

Bartolomeu simplesmente não aguentou essa. Sentiu seu coração falhar uma batida pouco antes de desmaiar.

— WA! Bato-nii-chan! – Luna gritou assustada, se ajoelhando ao lado do esverdeado.

— Socorro! Médico! Médico! – Chopper também se desesperou

— O médico é você! – Lembrou-o Ohana.

Enquanto isso, Luffy apenas ria da situação, assim como Robin e Nami.

— Então – Começou a navegadora, passando um braço por trás do pescoço de Luffy em um meio abraço. -, fora isso que aconteceu agora, está tudo bem por aqui?

— Sim, tudo certo. – Respondeu o moreno, correspondendo o gesto e passando um braço pela cintura da ruiva.

— E já deu pra falar com o Bato?

— Falar? – Luffy pareceu confuso.

Nami olhou-o intrigada.

— Sobre o que ele queria te contar. – Disse como se fosse óbvio. – Não me diga que você já tinha esquecido o verdadeiro motivo de ele estar aqui.

— Ahm... Não? – Aquilo nem foi bem uma resposta e mesmo assim os claros sinais de que o capitão estava mentindo apareceram.

— Argh. – Grunhiu a ruiva, soltando-se do abraço com o marido, que deu um gemido em protesto. – Luna, Ohana, Sofia. – Chamou as três, que se viraram para ela no mesmo instante. – Por que não vão dar uma voltinha na ilha enquanto o Bato e o Luffy tem uma conversa de capitão pra capitão?

— CONVERSA DE CAPITÃO PRA CAPITÃO COM O LUFFY-SENPAI?! – Bartolomeu sentou no mesmo instante que ouviu essa proposta, quase matando de susto o pobre Chopper que o examinava com tanto cuidado.

— Mas, okaa-chan. – Luna pôs as mãos na cintura, olhando com firmeza para a mãe. – Se é uma conversa de capitão eu também posso participar.

Ahh, ela não deveria ter dito isso. Somente o olhar de Nami fez Luna perder sua postura e engolir em seco. A navegadora foi até a filha e olhou-a de cima ameaçadoramente.

— Para. A. Ilha. Agora.

— Sim, senhora! – E no segundo seguinte, Luna já estava saindo do porto e pondo os pés na praia.

Vocês não podem julgá-la por isso, a menina consegue rir para um Rei dos Mares que quase fez dela a próxima refeição, mas é simplesmente impossível receber aquele olhar de mãe e não abaixar a cabeça.

— Ei, espera a gente! – Ohana e Sofia pediam, indo atrás da ruivinha.

Não demoraram muito pra alcançá-la e logo, as três estavam andando juntas pela praia da ilha.

— Droga, eu queria participar também. – Luna ia chutando pedrinhas no chão, ainda cabisbaixa por ter sido deixada de fora.

— Não fica assim, Luna. – Sofia tentou animá-la.

— É, aposto que você vai ter várias conversas de capitão quando for uma capitã de verdade.

— É o que? – Luna parou de andar, olhando feio para Ohana. – Tá dizendo que eu ainda não sou uma de verdade?

— Isso mesmo. – A Roronoa admitiu na lata. – Não é verdade, Fifi? – Perguntou à corujinha, que assentiu. – Viu? Você não tem sequer um navio, como pode ser capitã?

Luna inflou as bochechas de raiva, não acreditando no que ouvia.

— Pois eu já sou, sim, a capitã de vocês!! – Ela explodiu – E para provar, vou dar minha ordem: - Apontou para frente, para onde elas estavam indo anteriormente. – Vamos explorar essa ilha!

— Sim, capitã! – Tanto Ohana quanto Sofia bateram em continência, sorrindo uma pra outra logo após. Tinham conseguido recuperar o ânimo da ruivinha.

— Eu não ouvi direito!

— Sim, capitã!!

— YOSH! Então vamos lá!

Luna pôs-se a marchar na direção que apontou, com as duas amigas logo atrás.

— Reúnam toda a tripulação, para dividir do Binks a coleção. O vento sopra para onde, vai saber? As ondas não irão nos deter!

Ela ia marchando e cantando a mais famosa canção de Brook. Logo a ruivinha foi se esquecendo da raiva e nem se importou quando Ohana e Fifi acompanharam sua cantoria:

— Viajando todos os mares, para trás os nossos lares. Olhem agora para o céu. Os pássaros cantores nos cercam como um lindo véu!

— Calem a boca!!

O grito repentino pegou a todas elas de surpresa. Olharam em volta, até que avistaram cinco garotos, da mesma idade ou talvez um pouco mais velhos que Ohana. Eles olhavam para elas como se estivessem com um polvo grudado na cara.

— Ficaram malucas? Vão ensurdecer a todos nós! – Outro garoto, não o que as mandou se calarem, falou.

— Cantando uma música de piratas? – Reclamou mais um.

— Qual o problema? É uma boa música. – Ohana rebateu.

— Mas é de piratas. – O garoto mais velho entre eles, de uns nove ou dez anos, se aproximou delas. Todos os outros o seguiram, ficando logo atrás. – Não me surpreenda que não sabem o quanto desprezíveis eles são, são só duas pirralhas.

— Preferimos ser chamadas de pestinhas. – Foi Luna quem rebateu dessa vez.

— Henrique, olha o chapeuzinho dessa aí. – Outro garoto, talvez o mais novo deles, apontou para o chapéu de palha na cabeça da ruivinha.

— Ah, não. – O denominado Henrique se afastou um pouco, como se estivesse com nojo da menina. – Não me diga que você é fã do Rei dos Piratas, Monkey D. Luffy.

Ohana engoliu em seco. A situação estava ficando séria. Era melhor sair de perto daqueles meninos o quanto antes.

— Por acaso agora todo mundo que tem um chapéu de palha é fã do-

— E se eu for? – Luna interrompeu a desculpa da amiga, seu tom de voz grave como nunca tinha ficado antes.

Normalmente, deixaria Ohana concluir, mas ela não estava gostando nada da atitude daqueles garotos. Olhava para eles com a cabeça um pouco baixa, por cima da aba do chapéu onde tinha as duas mãos apertando. Seus olhos eram como os de uma fera, prestes a atacar se fizer algum movimento brusco.

— Daí você seria uma idiota! - Todos os outros meninos riram da fala de Henrique, concordando com ele. – Meu avô era da antiga marinha, ele quase perdeu a vida quando o Abalo do Mundo aconteceu, tudo por culpa dos piratas! – Dava para sentir a raiva na voz do garoto ao mencionar os homens do mar. – Piratas são a escória da humanidade, todos eles merecem morrer e não há dúvidas de que quem deve ir primeiro é o Rei deles!!

Ohana apertou os punhos, contendo-se a máximo para não partir pra cima daquele ignorante. Não podia fazer isso, por mais que quisesse, por mais que doesse tanto ouvir aquelas mentiras. Ela olhou para Luna, preocupada. Se tinha alguém a quem aquelas palavras machucavam e irritavam, era ela. Não conseguia imaginar o que ela estava sentindo.

— Luna... – Murmurou baixinho, não realmente para ser ouvida.

“Luna...”— Sofia estava muito preocupada com a amiga. Do ombro de Ohana, ela não conseguia ver os olhos da ruiva, cobertos pela aba do chapéu.

— Toda a tripulação dos Chapéus de Palha deveria ser queimada viva! – Henrique continuava seu prepotente discurso. – Bando de lixos... Espero que a New Marinha recupere logo o poder, aí eles caçarão esses piratas e o mundo finalmente ficará em paz!-

— Cala a boca.

Mesmo a fala não tendo soado mais alto que um sopro, ela conseguiu calar o garoto. Todos, sem exceção, olharam para a ruivinha de cabeça abaixada.

— O que você disse pra mim, sua pirralha? – Henrique rangia os dentes. Andou até a ruivinha em passos duros e assim que chegou perto o suficiente, agarrou o braço dela.

— Ei! – Ohana protestou, ameaçando erguer sua espada de treino.

Porém, antes que mais alguém fizesse algo, a voz de Luna voltou a soar:

— Eu disse...

Henrique sentiu seu braço ser agarrado e não pôde deixar de se surpreender com o aperto forte para uma menininha de seis anos. Mas o pior foi quando essa garotinha ergueu os olhos negros para ele. O garoto sentiu seu sangue congelar e um arrepio passar por todo o corpo ao mirar aqueles olhos que irradiavam fúria, amaldiçoando-se por estar tão perto dela.

— CALA A BOCA!!

Luna não perdeu mais um segundo, avançou em Henrique com toda a ira que tinha, derrubando-o no chão apenas para encher de socos e arranhões o rosto do garoto, ainda surpreso demais para agir.

—8-8-8-8-8-8-8-8-8-

— Entendo. – Foi tudo o que Luffy falou após o longo relato de Bartolomeu.

Ambos estavam sozinhos no aquário para conversarem melhor. E agora que tinha acabado de ouvir, o moreno entendeu porque “O Canibal” havia pedido privacidade. A conversa que tinha começado tão bem humorada e descontraída, agora estava séria e carregada de preocupação.

— E o pior é que eles estão sendo consagrados como heróis! – Bartolomeu parecia indignado. – Como pessoas que arrancam crianças dos pais podem ser heróis?

— Você disse que eram cinco tripulações?

— Sim. – O esverdeado mostrou três dedos. - E em três delas haviam crianças. Não foi difícil descobri que elas eram, sim, filhos da tripulação. – Vendo que o punho de Luffy já estava tremendo de raiva, resolveu mudar de assunto: - A New Marinha realmente está voltando à tona.

— O que aconteceu com as crianças? – Mas o capitão dos Chapéus de Palha não queria mudar o assunto, ele queria saber com exatidão o que aconteceria com sua família se não tomasse cuidado. E que deus tivesse piedade de quem tentasse tirar seus filhos dele!

Bartolomeu engoliu em seco, antes de começar a falar:

— Com a interferência de algumas instituições e a pressão feita pelo governo revolucionário, algumas delas foram mandadas para orfanatos, mas... - Se alto interrompeu, tomando força para dizer aquilo à Luffy. – Todas as crianças que tinham o sangue dos capitães, foram mortas sem segundas chances.

CRACK! A madeira do pilar central abaixo da mão de Luffy se quebrou. De jeito nenhum aquilo aconteceria com a sua tripulação. Não com as suas crianças. Não com os seus filhos!

— Fico feliz que Luna-sama, Ohana-sama e Ichigo-sama estejam aqui. – Bartolomeu comentou de repente, atraindo a atenção do moreno. – Com certeza essa é a tripulação pirata mais segura que existe para se viver. Além de você nem serem mais procurados praticamente, só você, Luffy-senpai, tem força para partir um continente ao meio! Ninguém vai conseguir botar as mãos nesses três.

Luffy não falou nada, apenas encarou o esverdeado, absorvendo tudo o que ele dizia.

— Sem falar que, qualquer coisa, é só chamar a gente! – O Canibal continuou. – Todos os aliados dos Chapéus de Palha estarão prontos para ajudar no que for preciso!

Ele estava certo. Embora fosse o mais excêntrico com as meninas, não era o único que as adorava. Sai, Canverdish, Leo, Ideo, Hajrudin e até Orlumbus. Não tinha um que não sentisse, sequer, um carinho pelas três crianças do Sunny.

— Certo, conto com vocês! - Luffy acabou por sorrir e concordar com ele, fazendo com que Bartolomeu tivesse outro ataque de fanboy por suas palavras.

O clima que se tornara tão alegre, porém, não durou muito. Repentinamente, Zoro abriu a porta do aquário e gritou para o capitão.

— Luffy, vem logo, precisamos sair daqui!!

— Ehh? Por quê? – Quis saber o moreno.

— Depois te explico! Agora nós temos que correr e você – Olhou para Bartolomeu. – Tem que voltar para o seu navio!

— Hai, hai! Zoro-senpai! – E o Cabeça de Galo prontamente obedeceu, feliz por ter recebido uma ordem de seu senpai.

— Zoro, o que está acontecendo? – Luffy questionou mais uma vez.

Vendo que seu capitão estava sério, o espadachim não viu outro jeito se não responder:

— Aconteceu uma coisa com a Luna e a Ohana.

Os olhos do capitão se arregalaram. A conversa com Bartolomeu voltou à sua mente e, por um segundo, o coração de Luffy parou de bater.

—*-*-*-

A tripulação desancorou às pressas o navio do porto e graças ao Coup de Buster, eles rapidamente se distanciaram da ilha. Agora, boa parte dos tripulantes estava reunida na enfermaria, vendo Chopper tratar de Luna, Ohana e Sofia, embora com certeza a em pior estado fosse a Monkey.

— Bom... o lado positivo é que não houve ferimentos graves. E você não precisa fazer o check up mais tarde, Luna. – Chopper tentou dar um sorriso enquanto passava uma pomada bactericida num corte na testa da ruiva. Mas a pequena não riu, sequer o olhou, continuava mirando o chão com um olhar perdido.

— Eu ainda acho que deveríamos dar meia volta. – Sanji tentava controlar seus nervos para não explodir ali. – Como um bando de moleques nojentos ousa bater nas minhas lagartinhas?!

— Não ponha toda a culpa neles Sanji-kun, você não viu o estado em que eles ficaram. – Nami advertiu-o. - Tinham até alguns com cortes profundos.

Sofia só fez se encolher atrás de Luna ao ouvir isso, sem coragem para murmurar sequer um “desculpe”.

— Mas ainda é um ultraje, Nami-san! – O cozinheiro não se dava por vencido.

— Eu ainda não entendi, o que aconteceu lá? – Perguntou Brook.

— Também não sabemos. – Robin respondeu. – Quando eu e Nami chegamos lá, havia três mulheres dando bronca na Luna, na Ohana e nos meninos.

— Mas principalmente nas meninas! – Nami ressaltou, rangendo os dentes. – E elas ainda começaram a criticar nosso trabalho como mães! Aquelas vadias mal encaradas... Desde quando usar a parte de cima de um biquíni implica no modo de criar os filhos? - A navegadora ficou resmungando para si mesma.

— Eu só pude tirar a Nami e as meninas dali antes que nossa navegadora começasse uma briga com as mulheres. – Concluiu a arqueóloga.

Zoro mirou a filha, que assim como Luna estava cabisbaixa e calada.

— Ohana, o que aconteceu?

A menina encolheu um pouco os ombros perante o tom forte do pai. Mas ao invés de responder, ela olhou para Luna ao seu lado. A ruivinha não tirou os olhos do chão e nem se moveu. Não disse nada. Então ela também não diria. Ohana voltou a olhar para os próprios pés, sem responder ao pai.

O espadachim estralou a língua, desistindo. Ele entendeu aquele gesto da filha, ela não iria trair sua melhor amiga e capitã. Ele respeitava isso.

— Luna. – Nami chamou a filha, mais calma e até ternamente. – Se você contar o que aconteceu, vai ser mais fácil.

Nada. A menina parecia nem ouvir, parecia estar em outro mundo. Nami suspirou.

E Luffy, surpreendentemente, assistia a tudo aquilo em silêncio. Quando soube sobre a briga, ele ficou sim com raiva dos garotos, mas essa raiva foi logo substituída por uma sonora gargalhada ao ouvir sobre a surra que Luna, Ohana e Sofia deram nos meninos.

Entretanto, agora que estava vendo o estado das meninas, principalmente de sua filha, Luffy não podia deixar de se preocupar (além de quase aderir ao pedido de Sanji para voltarem e ele mesmo dar uma surra nesses moleques).

Não tinha nada haver com os machucados, ele não se importaria se Luna quebrasse um braço, desde que continuasse sorrindo como sempre. Mas sua doce e travessa menininha estava completamente apagada. Não só o sorriso sumira de sua face, como seus olhos pareciam nebulosos, quase sem vida. E isso ele não podia suportar. O que poderia ter acontecido com seu tesouro?

— Luna... – O nome escapou-o dos lábios por acidente.

Mas ao ouvir a voz do pai, Luna pareceu recuperar a audição e a consciência de que não estava em um mundo só seu. Sem se importar que Chopper ainda fazia os últimos curativos em seu braço, Luna se levantou da cama, finalmente erguendo os olhos.

— Eles... – Todos prenderam a respiração, como se apenas isso fosse interromper a fala tão esperada da menina. – Eles estavam dizendo mentiras. Otou-chan... – Luna não pôde controlar mais, lágrimas começaram a sair de seus olhos, uma após a outra num choro incessante. – Eles disseram coisas horríveis, sobre os piratas, sobre a nossa família. – Tentou morder os lábios para se conter, mas não conseguiu. Soltou as palavras em um choro desesperado: - ELES DISSERAM QUE VOCÊ DEVERIA MORRER, OTOU-CHAN!!

Aquilo foi um baque que atingiu a todos. O choro de Luna intensificou essa onda de dor e só piorou quando a menina correu aterrorizada até Luffy, se agarrando a ele.

Nami cobriu a boca com as mãos, esforçando-se para não chorar pela dor da filha. Não sabia o que a pequena deveria estar sentindo. Olhou para Luffy, também estava preocupada com ele. Sabia o que ele deveria estar pensando naquele momento e seu coração se apertou por isso. Ela os conhecia para saber que ambos estavam sofrendo.

— Ei, minna! – A exclamação animada e totalmente destoante de Usopp soou na enfermaria. O atirador abriu a porta e notou o clima pesado, então diminuiu o tom de voz. – Erm... se o Chopper já tiver acabado os curativos, temos uma surpresa pra Luna aqui fora.

— ... Surpresa? – A própria Luna perguntou, virando o rostinho, ainda molhado pelas lágrimas, para o tio.

— Sim, venham!

Apesar do clima ainda meio pesado, eles seguiram o atirador para fora da enfermaria. E só Luffy sentiu quando Luna agarrou sua mão, como se tivesse medo que ele sumisse no ar.

— TADAM!! – Usopp e Franky gritaram ao mesmo tempo, mostrando o convés totalmente decorado.

Vários holofotes coloridos, no centro um globo de discoteca; fitas coloridas espalhadas por todos os lados, juntamente com balões; haviam máquinas de fumaça e até uma máquina que fazia bolhas de sabão sozinha! E para completar, uma mesa cheia de comes e bebes, sem falar no bolo de Sanji que, como prometido, tinha seis altos andares e era de chocolate enfeitado com morangos.

— Uau!! – Luna e Ohana exclamaram ao mesmo tempo, com os olhos brilhando. Não importava quantas vezes vissem as festas que Franky e Usopp faziam, eles pareciam se superar a cada vez.

— Feliz aniversário, baixinha!

— Aproveita que hoje tudo aqui é seu!

— Arigato, tio Franky, tio Usopp! – Luna agradeceu abrindo o maior dos sorrisos, antes de correr junto da Roronoa para aproveitar a festa.

— Obrigada a vocês dois. – Nami se aproximou do atirador e do carpinteiro, verdadeiramente agradecida. O sorriso de Luna tinha voltado e isso não tinha preço.

— Nós pensamos que, mesmo com tudo o que aconteceu, a Luna não podia ficar sem festa.

— Hehe. – A navegadora deu uma risadinha. – Por causa disso, vou diminuir um pouco a sua dívida, Usopp.

— Valeu!

Nami deixou os dois irem aproveitar a festa também e olhou em volta. Nem parecia que um minuto atrás estavam todos deprimidos, agora até Luna já estava se divertindo com Ohana e Sofia e parecia nem se lembrar do que aqueles meninos disseram.

Ela já estava pra se aproximar de Robin quando reparou em uma figura de chapéu de palha sentada sozinha em um canto. Franziu o cenho. Com certeza aquela postura não combinava nada com ele.

— Monkey D. Luffy! – Exclamou com força, parando em frente ao moreno. – Eu não acredito que você pretende passar o aniversário da sua filha aqui sozinho com essa cara de peixe morto!

Apesar de aquilo ser uma bronca, Luffy não pôde evitar rir, fazendo Nami perder sua pose e também sorrir.

— Me desculpa por isso. – O moreno sessou o riso. – Só estou pensando um pouco.

— Aqui pensando enquanto rola uma festa? – Nami sentou ao lado do marido, colocando uma mão na testa dele. – Será que devo chamar o Chopper?

— Não vai precisar. – Ele respondeu, tentando manter o sorriso, mas simplesmente não conseguia. Não que se esforçasse muito, Nami era a única pessoa com quem se abria sobre como realmente sentia, sem falar que ela já devia desconfiar de como ele estava. – Eu sou um idiota.

— Luffy... – Ela começou, mas ele não a deixou falar.

— Nós deveríamos ter deixado a Luna com a sua irmã. Ou com a Dandan, com a Makino, com qualquer pessoa! – Passou as mãos pelos cabelos, suspirando frustrado. – Mesmo que ela fosse me odiar, pelo menos não estaria passando por isso agora.

Nami ficou calada, há muito que ela e Luffy não falavam sobre aquele assunto, desde que ele foi resolvido quando Luna nasceu e eles nem se atreveram a tocar nisso quando Ichigo chegou.

Pensou um pouco, antes de ter uma ideia para reverter a situação.

— Luna!

Luffy se surpreendeu com o chamado repentino da esposa. A ruivinha respondeu se aproximando dos pais.

— Vem cá, meu amor. – Nami bateu num espaço entre ela e Luffy, onde Luna se sentou em seguida. – Você gosta do papai, não gosta?

— Hmm... Não. – Antes que os adultos processassem aquela resposta, ela olhou para o pai e sorriu. – Eu amo o otou-chan!

Com aquela resposta, Luffy abriu seu característico sorriso e Nami o acompanhou. Era exatamente essa resposta que ela queria.

— E a Okaa-chan também. - Luna continuou, surpreendendo aos dois adultos agora. - E a Ohana, o Ichigo. - Começou a contar nos dedos. - Tio Zoro, tia Robin, tio Franky, Chopper, tio Usopp, tio Sanji, tio Brook. - E o mesmo sorriso que caracterizava Luffy nasceu em sua filha. - Eu amo todos!

Nami sorriu ternamente, não se contendo em fazer um leve carinho na cabeça da filha.

— Ótimo, era só isso. – Ela encerrou. – Pode voltar pra brincadeira.

A ruivinha assentiu, voltando para junto de Ohana. E deixando os pais a sós para a navegadora dar sua palavra final.

— Viu? – Ela mirou o marido, com um sorrisinho convencido no rosto. – Você acha mesmo que tomou a decisão errada? – Luffy não respondeu, mas o sorriso em seu rosto já dizia tudo. – Então para de pensar bobagem e vai aproveitar a festa!

— Você também, heim? – Ele retrucou, puxando-a de surpresa para um beijo nos lábios. Que Nami prontamente correspondeu, fechando os olhos e passando os braços ao redor do pescoço do moreno.

— Ei, vocês dois! – Usopp interrompeu o momento do casal. – Isso é uma festa infantil!

— Luffy, vem brincar! – Chopper chamou ao lado do atirador.

— Já tô indo! – O moreno respondeu. Deu mais um selinho na sua ruiva e foi para junto dos amigos.

Nami tinha razão, ele não tinha que esquentar a cabeça. Enquanto Luna estivesse segura e o amasse, o mundo estaria perfeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Momento propaganda:
https://fanfiction.com.br/historia/668745/A_Outra_Face/ (Minha nova one LuNa e primeira angst)
https://fanfiction.com.br/historia/668260/Eu_Tambem_Quero/ (Outra one LuNa minha, essa mais fofinha e engraçada, além de ter hits Saboala)