Pestinhas a Bordo escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 13
Feliz Natal! Eu Matei o Papai Noel!!


Notas iniciais do capítulo

Um feliz natal para todos vocês, meus amados leitores!! Que vocês ganhem todos os presentes que pediram e que aproveitem esse cap. natalino!
Eu sei, eu sei, a última vez que eu dei as caras aqui no site foi no finzinho de outubro. Muitos de vocês podem até ter desistido da fic e eu não os culpo. Porém, quem tem pressa come cru, e esse capítulo estava precisando assar muuuuito pra sair do jeito que eu queria. E olhem só que sorte, consegui acaba-lo bem na véspera de natal!
Bom, chega de desculpas. Como vão vocês nessa época do ano? Animados? Vão viajar? Nossas pestinhas também estão bem animadas, mas será que algo pode estragar essa empolgação (e talvez traumatizar uma delas)?? Descubram aqui!


Aproveitem e boa leitura ^-^



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Era raro ver Luna tão concentrada. Geralmente ela vivia divagando, “viajando pra Lua e voltando”, como alguns de seus tios diziam. É, atenção nunca foi e, pelo histórico de sua família, nunca será seu forte.

Mas ali, no quarto de cartografia, numa mesinha ao lado da escrivaninha de sua mãe, os olhos dela não desgrudavam da folha à sua frente, onde prestava atenção em cada mínimo detalhe que fazia em seu desenho.

Estava tão focada que nem notou que Nami já havia terminado seu mapa da vez e apenas continuava ali para assistir a filha, com um sorriso terno e orgulhoso. O lápis finalmente parou seu trabalho na folha como um sorriso surgiu no rosto da ruivinha.

– Terminei! – Declarou toda contente.

– O que você fez aí, Luna? – Perguntou Nami, embora já fizesse uma ideia.

– É minha cartinha para o Papai Noel.

– E o que você vai pedir?

– Bom. – Luna tomou fôlego, como se avisasse que a história seria longa. – Primeiro eu ia pedir outro irmãozinho. – Nami congelou ao ouvir aquilo, já sentindo um suor frio escorrer por sua nuca. – Mas depois pensei melhor e vou querer uma luneta.

– U-uma luneta...? – A navegadora ainda estava meio chocada pelo primeiro pedido, mas já sentindo um alívio por não ter que atendê-lo. Nunca uma luneta lhe pareceu tão bem vinda!

– Aham. – Luna confirmou, mostrando a folha onde tinha um pequeno textinho e o desenho do que queria. – Ainda falta muito para chegarmos na próxima ilha, mamãe? Eu tenho que colocar isso no correio logo! – Falou com evidente preocupação.

E tinha mesmo. Hoje já era dia vinte e três de dezembro, o que, na mente de Luna, queria dizer que ela tinha um dia para enviar a carta ou o bom velhinho não iria saber o que ela queria de natal. E ficar sem presentes estava fora de cogitação!

– Eu ainda não entendo o que tem demais no natal, e nem porquê vocês, humanos, ficam tão afobados nessa data. - Sofia balançava a cabeça negativamente.

– Ora, Fifi, esse é o único dia do ano em que nós ganhamos presentes de graça! - Luna explicava animadíssima.

"De graça só se for pra você mesmo" - Nami pensou. Esse ano não era nada exagerado, mas teve anos em que os pedidos da filha doíam em seu bolso.

– E é isso que eu não entendo! Na vida, nada vem de graça. - A corujinha continuava o debate.

– Bom. - Luna pareceu lembrar de algo. - Na verdade, você precisa ter se comportado bem durante o ano pra ganhar presente.

– Ahh. - Sofia pareceu entender. - Mas então por quê você acha que vai ganhar presentes, Luna?

Nami não se aguentou e deu uma gargalhada, enquanto Luna emburrou a cara para a companheira.

– Vamos, sem brigas. - Pediu a navegadora, vendo que a filha já ia rebater. - Não devemos demorar muito para chegar, Luna, mas por que você não vai lá fora para conferir?

A ruivinha concordou com um aceno de cabeça e rapidamente deixou o quarto de cartografia. Ela teria corrido diretamente para a proa do Sunny se uma música vinda do convés não tivesse lhe chamado a atenção.

Hashire sori yo kaze no you ni

Yuki no Naka wo karuku hayaku

Waraigoe wo yuki ni makeba

Akarui Hikari no hana ni naru yo

Jingle bells, jingle bells suzu ga naru

Suzu no rizumu ni Hikari no wa ga mau

Jingle bells, jingle bells suzu ga naru

Mori ni hayashi ni hibikinagara.

No mesmo compasso que Brook parou de tocar, uma salva de palmas foi feita pelas pessoas que assistiam.

– Bravo! Bravo! – Luffy e Usopp repetiam aos gritos.

– Eh... Quem diria que ela tem esse talento. – Zoro, apesar de não bater palmas, não conseguia deixar de sorrir.

– Você está melhor a cada dia, Ohana. – Robin elogiou.

Para agradecer aos elogios, Ohana simplesmente fez uma leve reverência.

– Robin-san está certa, Ohana-san. - Falou Brook. - Se algum dia eu fizer outro show do Soul King, você subirá no palco comigo.

A menina deu um sorriso gentil.

– Eu adoraria.

– A Ohana vai ser uma estrela!! - O grito de Luna chamou a atenção de todos, que ergueram o olhar para onde ela estava. - Mas vê se não deixa isso subir à cabeça, viu? Você ainda vai ser da minha tripulação!

– Não se preocupe, promessa é promessa. - Respondeu a Roronoa antes de pôr as mãos na cintura. - Sem falar que eu não poderia te abandonar, você não consegue se virar sem mim.

Apesar do deboche da amiga, Luna sorriu. Era bom mesmo que Ohana não tentasse fugir, pois a ruivinha iria atrás dela. Elas fizeram uma promessa, agora eram também companheiras de tripulação, e seu pai sempre lhe ensinou que o dever do capitão (ou capitã) é proteger a tripulação e mantê-la unida.

– Ótimo. – Declarou por fim. - Papai, me pega! – Foi tudo que a ruivinha gritou antes de pular do parapeito.

Em questão de segundos, Luffy inflou sua mão e esticou o braço para alcançar a filha antes que ela batesse contra o chão. Luna apenas ria enquanto Luffy a trazia para perto dele, com o cenho levemente franzido em repreensão.

– Sua mãe já não te disse para não fazer isso? – Ele questionou, sentando a menina em uma de suas pernas.

– Já, um milhão de vezes. – Respondeu simplesmente, como se não fosse nada. Luffy revirou os olhos, mas acabou por sorrir. – Ah! Eu escrevi minha cartinha pro Papai Noel!

– Mmm... Falando nisso, eu também tenho que escrever a minha. – Comentou Ohana, sentando ao lado dos pais.

– Não vai me dizer que você ainda acredita em Papai Noel? – Zoro questionou.

– Claro que não. – A menina pareceu ofendida. – A ideia de que um velho gordo que mora no Polo Norte dá a volta ao mundo em “uma noite” num trenó puxado por renas voadoras só para distribuir brinquedos à crianças que ele nem conhece é simplesmente ridícula.

– Então por que vai escrever a carta?

– Porque, diferente de certas pessoas– Ela olhou bem para o pai. -, eu tenho espírito natalino. E também, eu posso porque sou criança!

– A Ilha já tá pertinho!! – O grito de Luna novamente chamou a atenção. Luffy a colocara nos ombros e se esticara um pouco para que a filha pudesse ver mais ao longe. – Nós vamos chegar ainda hoje, papai! Eu não vou ficar sem presente! - Ainda bem que o moreno era de borracha, se não aquelas puxadas que Luna dava em seu cabelo estariam doendo pra caramba.

– Shishishi. Mesmo sem cartinha, você ia ganhar presente, Luna. – Luffy garantiu. Desde que não falasse nada sobre o Papai Noel, ele conseguia... Mentir para a menina.

– Mas mesmo assim! – Ela enfim soltou o couro cabeludo do pai e nem esperou que ele voltasse ao normal, já começou a descê-lo como se fosse uma árvore. – Mamãe! – Chamou por Nami, vendo que ela se aproximava do grupo. – Você vai comigo no correio? Eles não me deixam enviar se não tiver um adulto junto!

– Vou, sim. – A navegadora garantiu.

– Mama, e eu? – Ichigo perguntou, puxando a mão da mãe.

– Você vai ficar aqui com o papai.

O garoto olhou da mãe para Luffy. Ficou uns segundos apenas o encarando, com o homem devolvendo o olhar, antes de voltar para a ruiva.

– Naum posso í com vocês?

– Oe! – Luffy reclamou, enquanto Usopp riu da cara dele.

– Ichigo, o que é isso? – Nami repreendeu. – Assim o papai fica triste!

Ichigo repetiu seu último ato.

– De novu, posso í com vocês?

– Oe!! Luffy reclamou mais uma vez, e dessa vez até Zoro acompanhou o riso do atirador.

– Nada disso, mocinho! – Ela pegou o filho de dois anos no colo somente para entrega-lo ao marido. - Já está na hora de vocês terem uma melhor relação pai e filho. Vão ficar aqui os dois até eu voltar com a Luna do correio e das compras.

Luffy engoliu em seco. Se Nami ia fazer compras, aquilo iria demorar.

– E ai se eu souber que alguém além de você tomou conta dele, ouviu? – Contra aquele olhar ameaçador, ele apenas assentiu. Nem Ichigo foi bobo de contrariar. – Ótimo. Agora... USOPP, ZORO!! – Ela virou-se para os companheiros. - Levantem essas bundas daí! Precisamos preparar o Sunny pra atracar!

Nami começou a dar indicações a torto e a direito, até para tripulantes que ainda não estavam ali. Enquanto isso, Luffy voltou o olhar para a criança em seus braços. Enquanto sua relação com Luna não poderia ser melhor, sua relação com Ichigo era meio... conturbada. Não que não gostasse do filho – pelo contrário, o amava! - , mas o próprio menino parecia não ir com a cara dele. Bom, ele nunca fez muito para tentar mudar essa visão também...

Quem sabe Nami estivesse certa? Talvez um tempo entre pai e filho pudesse fazer bem a eles. É... O que poderia dar errado?

–8-8-8-8-8-8-8-8-8-8-

– Não é a mama! Não é a mama! – Ichigo repetia, sentado em seu cadeirão na cozinha e batendo na cabeça de Luffy, sentado ao seu lado, com uma colher de madeira. – Cadê a mama? Eu quero a mama! Você não é a mama!

– Não, não sou a mamãe!! – A paciência de Luffy finalmente se esgotou. Ele se levantou, encarando o filho de cima ameaçadoramente e apontou um dedo na cara do menino. – Eu sou seu pai, garoto! E você só tem um, então é melhor começar a me chamar assim!!

A primeira reação de Ichigo com aquela explosão do pai foi arregalar os olhinhos, surpreso. Mas a surpresa não durou três segundos e ele começou a franzir o cenho e inflar as bochechas.

– Não é a mama!! – Gritou mais uma vez, usando a colher para bater no dedo que o adulto lhe apontava.

– Porcaria! – Luffy se jogou de volta na cadeira, dando uma bufada frustrada. Porém, se Ichigo achava que tinha ganhado a guerra, estava muito enganado. Aquilo era uma apenas um contratempo.

– É, seu filho realmente te odeia. – Sanji comentou como se fosse a coisa mais casual do mundo. Olhou de Luffy para Ichigo e deu um sorriso, bagunçando os cabelos negros do pequeno, que riu com a brincadeira. – E parece que é só você.

– Pior que a Nami ainda vai demorar um tempão. – Franky também se fez presente. - Coitado de você, baixinho.

Luffy apenas se afundou mais ainda na cadeira. O cyborg tinha razão, não devia fazer nem uma hora que Nami e Luna tinham saído e ele conhecia bem o suficiente sua amada navegadora para saber como ela demorava nas compras, principalmente quando envolviam a filha também.

Quem sabe mais quanto tempo ele teria que ficar ali? Talvez horas... O resto do dia!

– Voltamos!

– NAMI!

– MAMA!

– Nami-swan! – Os olhos do cozinheiro se transformaram em corações.

Nami e Luna já estavam de volta, por incrível que pareça. Ambas entraram na cozinha na cozinha e não pareciam muito animadas. Mas alguém reparou nisso?

– Mama! Mama! – Ichigo quase virava o cadeirão de tanto que se debatia.

– Nami, pega ele, pelo amor de Deus! – Luffy implorava.

– Argh, nem vou falar nada. – A navegadora olhou feio para o marido, antes de pegar o filho do cadeirão, que a abraçou na mesma hora. – Pronto, pronto, meu amor.

– Viu? Essa é a mama. – Ichigo ainda falou isso para Luffy, na maior cara de pau.

O moreno cruzou os braços, fazendo um bico. Imagine se o pequeno iria abraça-lo daquela forma? Mas existe alguém que com certeza abraçaria.

– Luna!! Meu tesouro precioso! – Sua expressão se transformou completamente para a de um pai babão ao virar-se para a filha. Abaixou-se na altura da menina e perguntou: - E aí, enviou a sua cartinha para o Papai Noel?

Luna não respondeu de imediato. Na verdade, nem chegou a responder, pois assim que processou a pergunta do pai simplesmente começou a chorar e saiu correndo dali. Não acho necessário dizer que, para Luffy, aquilo foi como uma facada no coração.

– Ótimo, agora meus dois filhos me odeiam.

– Não, não é nada disso, Luffy. – Nami tentou acalmar o capitão. – É que nós tivemos um... pequeno acidente.

– O que?! – Sanji, que até esse momento só acompanhava a conversa, se intrometeu. – O que houve, Nami-san? Você e a Luna-chan não estão feridas, estão?

– Não, Sanji-kun, pode ficar tranquilo. – Ela respondeu para tranquiliza-lo.

– Então o que foi que aconteceu, Nami? – Luffy queria saber. Luna nunca tinha corrido dele antes!

– Bom. – A ruiva tomou fôlego. – Eu e a Luna entramos em algumas lojas antes de ir para o correio e em uma delas tinha um cartaz que dizia que o Papai Noel estava na praça da cidade, daí ela insistiu que queria ver ele e entregar a carta pessoalmente e eu pensei “Ah, por que não?”. Chegamos na praça e estava tudo bem; quero dizer, a Luna estava meio nervosa e tinha um duende com cara de assassino, mas foi pior que isso.

– O Papai Noel assustou a baixinha? – Indagou Franky.

– Não, não, ele era só um bom velhinho sorridente, com a cara vermelha. Aliás, vermelha demais. Acho que ele tava morrendo calor, afinal tá quente e veludo é um tecido que não respira-

– Nami. – Luffy a interrompeu. – O que aconteceu?

– Tá, eu vou contar. – Ela inspirou mais uma vez. – A Luna sentou no colo do Papai Noel, ele perguntou o que ela queria e ela respondeu “Uma luneta.”. Só que mal ela acabou de falar, ele de repente agarrou o peito e gritou “Rudolf!!”, e aí simplesmente desmaiou!

Não deu outra, Luffy e Franky explodiram gargalhadas. Sanji também parecia com vontade de rir, mas antes tinha de perguntar:

– Você está querendo dizer que o Rudolf, a rena do trenó, saiu dali puxando um caixão?

– O Papai Noel morreu?! – Ichigo mais gritou do que perguntou, as lágrimas já se formando nos cantos dos olhinhos.

– Claro que não, meu amor. – Nami acariciou os cabelos do filho, para acalmá-lo. – Eu tenho certeza de que ele está bem. Quero dizer, o duende ressuscitou ele enquanto a Mamãe Noel chamava os paramédicos.

As risadas de Franky e Luffy apenas aumentaram e nem Sanji conseguiu se controlar dessa vez.

– Ai, parem, isso não é engraçado. – Repreendia a ruiva. – Luffy! Não tem graça. A nossa filha está pensando que matou o Papai Noel. – Mas nem ela pôde evitar de rir um pouco. Ok, era mesmo engraçado.

– Mas você já disse pra Luna que ele está bem? – Luffy perguntou, finalmente sessando o ataque de risos.

– Já, eu disse que ele está descansando e que vai ficar bem.

– Ufa. – Ichigo deu um suspiro de alívio.

– Sabe onde é o hospital? Eu posso leva-la pra visitar ele antes da gente partir.

– Não, não acho que vá ajudar ela ver o Papai Noel cheio de tubos no nariz.

– Ano... com licença? – Sofia entrou hesitante na cozinha. Mesmo já estando com a tripulação há uns meses, tinha um pouco de medo em andar pelo navio sozinha. – Nami-san, você sabe o que houve com a Luna? Ela se trancou no banheiro e começou a cantar “No primeiro dia de natal eu matei o Papai Noel...”.

– Ai, meu Deus. – A navegadora suspirou.

– Deixe que eu vá lá falar com ela. – Luffy se dispôs. – Você fica aqui com o Ichigo. – E antes que a ruiva notasse suas verdadeiras intenções, saiu dali atrás da filha.

Convencer Luna a se destrancar foi mais difícil do que ele imaginou, a menina ainda ficou algumas horas mais no banheiro e foi preciso vários subornos para fazê-la sair ainda no mesmo dia.

Porém, sair do banheiro não foi garantia para que o humor dela melhorasse e nem mesmo na manhã do dia seguinte a ruivinha estava alegre como sempre. Como poderia, com a cidade e o navio inteiros decorados para o natal, lembrando-a de seu “assassinato”?

– Vamos, Luna, sai daí. – Ohana chamava o mais gentilmente que podia. Ela estava no quarto que dividia com a amiga, sendo que essa se encontrava de baixo da cama. Ficara ali quase o dia todo, só saindo para o café da manhã e o almoço. – Já está quase na hora da festa. Todo mundo já está se aprontando e o tio Sanji está fazendo aquele peru enorme que o tio Luffy pegou na outra ilha.

– Não quero! – Era tudo o que Luna resmungava, sem sequer olhar para a amiga. – Não vou sair nem hoje e nem amanhã.

– Vai perder o Natal todo por causa de uma birra? – Ohana não estava acreditando no que ouvia.

– Não é birra, Ohana. – Ela finalmente olhou para a esverdeada, mas sem sair de baixo da cama. – Eu. Matei. O. Papai Noel!

– Para com isso, a tia Nami já disse que ele está bem!

– Mas será que bem o suficiente pra entregar presentes? Eu posso ter estragado o natal para as crianças do mundo todo!

– Luna... – A Roronoa não sabia mais o que dizer, a teimosia da ruivinha era mesmo impressionante.

Nem mesmo Nami, ameaçando castigos e cascudos, conseguiu tirar a filha do quarto. Luffy trouxe brinquedos; Franky apareceu com uma invenção para ela testar com ele; Usopp tentou contar mais uma de suas aventuras; mas nada convencera a Monkey a sair de baixo da cama.

Ohana suspirou. Já estava no ponto de se levantar do chão e sair do quarto para se aprontar para a festa, quando olhou para certo objeto em cima da cama de Luna. E deu um sorrisinho travesso.

– Está bem, você não me deixa escolha. – Ela pegou o objeto e deixou-o à vista para sua dona. – Situações desesperadoras pedem medidas desesperadas.

– O que você quer... QUICK!! – Luna quase teve um treco ao reconhecer seu macaquinho de pelúcia nas mãos da amiga. Aquele boneco foi presente de Luffy quando ela fez um ano, assim como Nami lhe deu o chapéu, e ela gostava e cuidava dos dois objetos com igual amor. – O que você vai fazer com ele, Ohana?!

– Hmm... Eu ainda não sei. – Seu sorriso maldoso apenas aumentou. - Talvez jogar no mar?

– NÃO!! – Não deu outra, Luna se arrastou para fora da cama o mais rápido que pôde.

A partir daí, se iniciou a perseguição. Ohana corria, com o macaco em mãos e rindo. Parecia que se divertia tendo uma ruiva irada e mortífera atrás dela. Elas correram pelo navio todo, nem o ninho do corvo e a oficina de Franky escaparam, mas ninguém por quem elas passaram se incomodou com a bagunça, afinal isso já era normal, ainda mais vindo das duas meninas.

Devia ser a décima vez que passavam pelo deque, mas nessa, Ohana acabou se descuidando e tropeçou em uma tábua meio solta. Foi a oportunidade que Luna tanto precisava! Ela pulou em cima das costas da amiga e mirou-a, mas a visão de seus olhos vermelhos só fez com que a Roronoa risse ainda mais.

– OHANA, ME DÁ ELE JÁ!

– Tá bem, tá bem, toma. – Ela realmente estendeu o macaquinho, deixando que Luna o pegasse. E a ruivinha o agarrou e abraçou-o na mesma hora, quase chorando de alívio.

– Quick... – Murmurou chorosa.

– Eto... Dá pra sair de cima de mim agora? – Ohana ainda sorria, mas já havia se acalmado.

– Tá. – Luna fungou antes de se levantar, mas continuou segurando o macaquinho com força.

– Ora, Ora. Finalmente saiu de baixo da cama, Luna? – Quem perguntou foi Robin, se aproximando das duas meninas junto com Nami.

– Saí, mas já estou voltando pra lá. – Ela ia mesmo voltar para o quarto, mas uma mão brotou bem na sua frente, segurando sua perna.

– Qual é, Luna? Eu não fiz você me perseguir todo esse tempo à toa. – Ohana reclamou.

– Não acha que já está na hora de esquecer esse assunto? – Nami falou para a filha. Quando ela abriu a boca pra rebater, continuou. – Luna, perder o natal não vai mudar nada do que aconteceu. Pelo contrário, vai ser ainda pior porque vai estragar a nossa festa.

– Precisamos de todos reunidos esta noite. – Falou Robin. – O natal é para se passar em família.

Aquilo pareceu surtir efeito em Luna, afinal sua família era a coisa mais importante no mundo para ela. Vendo que a filha já estava quase cedendo, Nami jogou sua cartada final.

– Sem falar que, se você não for à festa, quem vai usar esse vestido maravilhoso que eu comprei?

A navegadora mostrou uma caixa que escondia nas costas e a abriu, revelando um vestido lindo, de seda azul clara (da mesma cor que a aba do chapeuzinho de palha) e com um laço vermelho na altura da cintura.

Luna ficou de queixo caído, olhos brilhando maravilhados. Podia não ser uma especialista em moda e viver se sujando, mas ainda sim era uma garota, e tendo a mãe que tinha, seria impossível não gostar de roupas tão lindas (e que pareciam caras).

– Tá bom, eu vou me aprontar pra festa. – Respondeu numa respiração só, tomando o vestido das mãos da mãe e subindo para o banho.

Foi o tempo de todos se aprontarem e de Sanji finalizar a ceia para a festa começar no Thousand Sunny. Todos estavam reunidos à mesa, comendo, conversando e rindo. Quero dizer... quase todos. Faltava alguém ali. Mas as três crianças estavam ocupadas demais conversando para darem pela falta dessa pessoa e assim estragarem o esquema dos adultos.

Somente quando o relógio bateu meia noite, foi ouvida uma batida na porta da cozinha.

– Olha, pelo visto tem alguém na porta. – Nami começou, olhando para Usopp em seguida.

– Pois é, quem poderia ser? – O atirador olhou para Sanji.

– Eu não faço ideia. – O cozinheiro olhou para Luffy

– Ahn... Er... – O capitão coçou a cabeça antes de sussurrar para a esposa: - Eu esqueci a minha fala.

Nami deu um tapa na própria testa.

– Por que a Luna não vai atender a porta? – Por sorte, Robin tomou a deixa do moreno.

– Tá bem! – Outra sorte era Luna ser tão patinha quanto o pai e não ter percebido nada.

Ela foi até a porta e quando a abriu, que surpresa!, lá estava o Papai Noel. Quer dizer, parecia o bom velhinho pela roupa vermelha e pelo grande saco de presentes que trazia, mas qualquer um que prestasse mais atenção, notaria um cabelo verde saindo do gorro, além do olho fechado por uma cicatriz e da carranca que fazia, muito semelhantes à de certo espadachim.

– Papai Noel! – Luna abriu um sorriso radiante. - Olha só, gente, ele tá bem!

– Ah... Meu... Deus. – Ohana só não estava tendo um ataque de risos porque seu choque era maior. – Como eu queria ter uma câmera agora.

– Não se preocupe, estou com uma bem aqui. – Sanji sussurrou para ela, mostrando o den-den-mushi fotográfico.

Todos os outros estavam na mesma, rindo baixinho ou tentando segurar o riso (exceto por Ichigo e Chopper). Uma veia saltou na testa de Zoro ao ver até Robin dando uma risadinha. Mas ele não podia sair do personagem agora. De acordo com Nami, se Luna deixasse de acreditar em Papai Noel por sua culpa, sua dívida seria aumentada ao ponto de que ele precisaria vender os próprios órgãos para pagá-la.

– Olá, Luna. – Sendo assim, cumprimentou a ruivinha da forma mais tranquila que pôde. – Eu acabo de voltar do Polo Norte, onde estava... descansando.

– Papai Noel, o senhor melhorou? – Aquela pergunta inocente e tão cheia de preocupação deu um incentivo para o espadachim continuar.

– Ah, sim, e não se preocupe porque não foi culpa sua. Foi o elfo cozinheiro que me deu um doce estragado, ele nunca soube cozinhar mesmo.

– Marimo de merda. – Sanji não pôde evitar grunhir baixinho. Mas tudo bem, o den-den- mushi estava gravando toda a cena.

– Mas então, por que não diz ao Papai Noel o que quer de natal?

– Hm... – Luna pareceu pensar, e olhou em volta antes de responder: - Você pode trazer o tio Zoro pra cá?

– É o que? – Zoro arregalou seu olho.

E não foi o único, toda a tripulação ficou surpresa com aquele pedido.

– M-mas Luna, você não queria uma luneta? – Nami realmente estava confusa. Ela rondou toda a ilha até achar um lugar que vendesse o objeto e ainda por cima não conseguiu pechinchar o suficiente por ele.

– Eu ainda quero, mamãe, é que... o tio Zoro não apareceu a festa toda, e eu até perguntei pra Ohana e pra tia Robin, mas elas também não sabem onde ele está. – Ela olhou para o homem à sua frente com os olhinhos implorando. – Você pode trazer ele, né, Papai Noel? Eu quero todo mundo aqui pra te ver.

– Erm... Bem... – Zoro ainda estava meio atônito.

– Ele até pode, Luna. – Robin tomou a deixa, tirando o marido do sufoco. – Mas se o seu tio vier, o Papai Noel vai ter de ir embora.

– Porque eles são a mesma-

– Calado! – Nami tapou a boca do marido. Por que ele sempre tinha que falar demais?!

– Ahh... – A ruivinha pereceu entender. Olhando para o homem no mesmo instante, disse por fim: - Então tchau, Papai Noel.

Aquela pequena era mesmo surpreendente. Todos acabaram por rir ou apenas sorrir daquela atitude, afinal Luna era assim mesmo. O único que teve uma reação diferente foi Zoro, que se controlou para não gritar um “Obrigado!!” e ir correndo tirar aquela fantasia.

– Tem certeza disso?

– Aham. – Luna confirmou. – Se eu não posso passar o natal com a minha família, então não vale a pena.

Apesar da resposta tocante, Zoro não perdeu mais um segundo ali.

– Então já vou indo. Um feliz natal e... essas coisas todas. – E já ia saindo quando uma mãozinha agarrou a barra do casaco vermelho.

– Espera aí. – Luna lhe estendeu a palma da mão, como se esperasse alguma coisa. – Antes, entrega a minha luneta.


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Notas finais do capítulo

E então, minha gentem? Valeu a pena a espera por esse capítulo??? Eu espero que sim! E também espero não tenham me abandonado e decidam deixar um comentário caridoso.
Um Feliz natal da Nina, da Luna, da Ohana, da Sofia e do nosso pequeno moranguinho para todos vocês! Aproveitem o feriado e não durmam essa noite heim? Quem sabe um Zoro Papai Noel não aparece pra vocês também? Kkkkk


Beijos açucarados e até a próxima, Minna! =^-^=