Closer to the Edge: the grand finale escrita por mrsdaddario


Capítulo 1
Mama's Back


Notas iniciais do capítulo

O QUE QUE ESSA DEMONIA DA VIQUETORIA TA FAZENDO AQUI VEIO DO INFERNO PRA ATAZANAR A VIDA ALHEIA INFERNO? SIM VOLTEI DO FUNDO DO EDOM COM O TREM DE AHS E TRAVESTIS COM O TRIO ELETRICO DA PARADA GAY VULGO SHOW DA UONE DERECTION PRA ESSE MUNDO MARAVILHOSO DE CLOSER saudades de vocês seus lindos saudades dessa fic saudades da Charlotte queen of sass e blablabla vocês não querem me ouvir quem ler. Aproveitem.



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2015 – Cidade de Nova York, Estados Unidos.

A Rua 72 com a Quinta Avenida estava até relativamente calma naquela manhã de outono. Longe das luzes da Time Square, da Rua 34 e das tendas do NYFW estendidas ao longo do Central Park. As únicas almas vivas ali seriam um casal de braços dados, ela ornamentando 3.000 dólares em cada orelha; uma ou outra limusine passando disparada; garotas com suas sacolas saindo da S.A.X. e alguns turistas perdidos.

Todos, sem exceção, pareciam encará-lo enquanto passava.

O diretor da melhor e mais famosa agencia de advogados da Grã-Bretanha – a mesma que cuida da imagem da Família Real Britânica – era realmente uma figura que chamava atenção. Alto e esguio, vestindo-se quase totalmente de preto; os cachos negros puxados para trás, na tentativa de não deixar a franja cair nos olhos e dar a sensação de um adolescente emo; a pele não estava mais tão pálida desde o último verão, mas os olhos totalmente negros ainda se destacavam. A carranca típica, daquelas que diziam “você pode ser mal, mas eu sou pior”, ficou mais enfática com a barba rala.

O porteiro Dakota, um estrangeiro vindo da capital da Bulgária, Sofia, ficou hipnotizado com a figura do homem vestido de preto que só conseguiu abrir a porta de vidro, sequer perguntando onde ele pretendia ir. O italiano andava como se tivesse assas nos pés, graciosamente, como se sangue azul corresse por suas veias. Quando as portas do elevador se abriram, ele entrou e apertou o botão com a letra “C”.

Ele encarava o reflexo dele mesmo nas portas do elevador, o fantasma imortal que ultrapassara séculos. Ainda podia-se ver, quando inclinava a cabeça, o cordão de ouro ao qual o pingente mantinha-se escondido dentro da camisa. Entretanto, ele se lembrava de cada secundo que ornamentara com orgulho o pingente de ouro com o relevo de uma caveira pirata.

Normalmente procurava deixar o passado para trás; infelizmente, quando se é imortal, não se trata apenas de esquecer, mas sim de recordar de tudo e não sentir mais nada. Na semana passada, porém, veio até suas mãos algo que trouxe tudo à tona.

O sino do elevador tocou, trazendo-o de volta a realidade. Ele saiu de encontro a enorme e luxuosa cobertura, com piso de mármore e paredes brancas ornamentadas com obras de arte. Uma mulher de idade, com traços hispânicos, sorriu amigável para ele. Deixou o casaco com ela, mas manteve a maleta junto ao corpo. A mesma mulher o guiou, passando da sala de espera com divãs vermelho-escarlate e chegando à copa. No cômodo retangular uma parede era inteira de vidro, mostrando Nova York atrás, a imensidão verde do Central Park em foco; a mesa de madeira escura entalhada estava com um café que daria para alimentar um pequeno país.

A governanta o deixou sozinho com a dona da casa, sentada na cadeira posicionada na ponta da mesa com a mesma presença de uma rainha.

– Nicholas Di Angelo. – cumprimentou. – De janeiro a dezembro no calendário dos italianos gatos. É melhor que tenha uma noticia bem chocante para me fazer acordar praticamente de madrugada em um domingo.

Nicholas sorriu torto, balançando a cabeça. Não mudara nada, pensou ele.

A paisagem de Nova York atrás podia ser bela, mas a garota na frente dela era mais. Ainda estava com camisola, preta e curta o suficiente para que nova tatuagem na perna se mostrasse. Uma frase em circulo, contornando a coxa. A outra era a Rainha de Copas envolta de rosas vermelhas, cobrindo o obro e boa parte do braço direito, já cicatrizada na pele eternamente bronzeada. Também se podia ver os traços desbotados da marca feita quando ela ainda era mortal, cobrindo todo o flanco direito. Ela parecia não ter se arrumado de propósito, ainda com uma máscara de dormir com o desenho de olhos fechados servindo como um arco, puxando os longos cabelos negros para trás. Os olhos verde-mar, sempre brilhantes, liam a última edição da revista Vogue.

Nico sabia de como ela era conhecida aqui em Nova York: a grande, belíssima, bem-sucedida e uma víbora Rebbeca Bohan Carter. Claro, era um pseudônimo, mas este era reconhecido pela cidade inteira. Ela era a editora-chefe da Vogue, nada na revista de moda mais famosa do mundo passava despercebido por ela. Nada ia ao New York Fashion Week sem seu consentimento, uma entortada na boca e o estilista mudava uma coleção inteira.

Mas, para Nicholas Di Angelo, ela era Charlotte Rebbeca Green, sua eterna rainha.

– São nove da manhã. – ele observou, sentando-se na cadeira ligeiramente à esquerda.

– É domingo, qualquer horário antes de 12h é madrugada. – disse simplesmente. Tirando os olhos da revista por um momento, ela pegou um cigarro de uma caixa personalizada de Marlboro com a imagem da Lana del Rey em preto e branco, com os dizeres Smoking kills but we were born to die either way. – Você me deixou alarmada. Mandando uma mensagem dizendo que tinha que falar algo pessoalmente. Olhe, Di Angelo, mandar uma mensagem dessas e só vir pessoalmente em uma semana não se faz.

– As leis anti fumo devem ser bem debilitadas aqui. – Nico observou a fumaça que saia em anéis da boca dela.

– Minha casa, minhas regras. – respondeu Charlotte. – Agora, por favor, seja mais útil e fale logo o que veio fazer aqui.

Nico bufou. Insuportável como sempre. Mesmo assim, ele se abaixou e abriu a maleta, tirando de lá um embrulho. Desatando o nó e retirando do papel pardo com muito cuidado, deixou um livro com capa de couro sobre a mesa. As folhas estavam gastas e um pouco deterioradas, mas pelo visto, aguentou as décadas muito bem.

Charlotte levantou a sobrancelha.

– O que seria isso? – perguntou em tom desconfiado.

Nico olhou para os lados, os olhos aguçados procurando a única alma viva além deles no recinto. Charlotte revirou os olhos para a cena ridícula. Depois, Nico se inclinou em sua direção e sussurrou:

– Lembra-se de Sophia?

Charlotte sentiu vontade de soca-lo. Uma semana em que ela ficou com o coração na mão, preocupada e alarmada com o que Nico estava tão aflito. Era difícil deixa-lo assim e, quando isso acontecia, a consequência era deixa-la da mesma forma.

– Está me dizendo que cruzou o Atlântico, me deixou de cabelo em pé por uma semana inteira, para chegar aqui e dizer que encontrara um... – ela encarou o livro – Sei lá, um diário talvez, de Sophia?!

Antes que continuasse, Nico pressionara o indicador nos lábios dela, calando-a. Charlotte o encarou por um momento e finalmente entendeu que aquilo era maior do que imaginava. O olhar de Nico para ela dizia tudo que precisava.

– Charlotte escute. – disse ele calmamente, afastando a mão dela. – Por favor, só ouça. Se fosse um diário qualquer, contando de como é chato ser uma princesa e todo o blá blá blá tedioso eu não estaria aqui. Sophia escrevera sobre, você deve se lembrar de quando, Annabeth deu as caras e os gêmeos correram atrás dela, lembra-se?

Charlotte assentiu, mas não o interrompeu.

– Não só isso, - Nico continuou – ela também escreve sobre o pai dela. O verdadeiro pai. – Charlotte se sentiu empalidecer. – Porém, sendo filha de quem é, Sophia não facilitou as coisas. Ela espalhara pelos lugares que fora com o irmão na procura da mãe e, se algum desses cair em mãos que não sejam as minhas...

Ele deixara a frase no ar, e Charlotte continuou o pensamento com brilho no olhar característico que sempre aparecia quando ela via um desafio ou a eminente queimação de lenha:

– A Família Real terá sérios problemas.

1773– Grande Londres, Inglaterra.

A única coisa que Sophia via era sangue. Muito sangue. O liquido escarlate traiçoeiro pintava o cômodo com uma aura sinistra, o frio da morte recente e horrenda ainda ariscando a pele dos ainda vivos.

Ela conseguia vê-lo, no emaranhado de lençóis outrora brancos, os olhos sem vida encarando a imensidão feita de nada. Os guardas esconderam seu corpo com um manto, mas ela vira a imagem dos cachos grudados na testa, o peito nu dilacerado com seu coração parado a mostra.

Charles parecia inquieto, ouvindo o médico enquanto pensava no que se passava na mente da irmã. Esqueça essa de intuição de gêmeos, Sophia Deborah Chase era indecifrável e beirava a imprudência. Não, essa não era a palavra, impulsiva seria melhor. Ela não dera ouvidos quando ele a alertara que a cena não era bonita. Agora, estava com o maxilar trincado e observava estática o quarto macabro, as pessoas passando por ela com o olhar de pena. Sophia muito provavelmente estava odiando essa atitude.

Sophia cruzou os braços e os prendeu junto ao corpo, um breve sinal que ela estava quase sucumbido. Charles percebeu isso.

– Saiam. – e então todos o obedeceram.

Assim que o último deixara o quarto e a porta se fechou, Sophia respirou fundo e se retraiu, deixando o irmão ampara-la com um abraço. Teria caído de joelhos de dor se ele não a tivesse segurado. Seu noivo estava morto em sua própria cama e, droga, ela estava se afeiçoando a ele.

– Vamos encontrar quem fez isso. – Charles prometera, quase sussurrando. – Juro isso a você.

Sophia fez que sim com a cabeça, distraída em pensamentos.

– Sabe que eles vão querer revidar, não sabe?

Chuck pressionou os lábios. É claro que sabia. A corte francesa estava muito ocupada com a eminente revolução e com a provável queda da Bastilha, mas nada que superasse a morte de seu príncipe. Ele tinha um real medo que outra guerra se instalasse; a Festa do Chá de Boston naquele mês já lhe foi dor de cabeça o suficiente. Fora que, se começasse outra guerra, sua mãe ressurgiria pra lhe dar uns tapas.

– Sim, eu sei. Rezo para que encontremos quem o fez logo.

Sophia assentiu distraída. De repente, ficou instantaneamente parada como uma estatua. Juntando as sobrancelhas, ela se desviou dos braços do irmão, indo em direção à cama. Ele tentou segurá-la, mas ela já estava do lado da cama, se agachando onde a mão de seu príncipe ainda estava caída, o sangue seco nos dedos. No entanto, ela não olhava para o falecido e sim para o chão.

– Olhe isso. – indicou ela, apontando para o chão onde as gotas de sangue se formavam. - Não foi casual. Sangue não cai desse jeito. – ela tinha razão, as gotas escarlates fizeram uma seta apontada para a cama. Sophia entortou o nariz de um jeito adorável, um sinal de que estava pensando. – O assassino deixou uma pista?

– Aparentemente. – disse Charles, os olhos cinza já brilhando, faiscantes.

Primeiramente ele pensou que talvez a seta apontasse para o corpo, algum jogo macabro e cruel ao qual o assassino fizera. Então, pensando melhor, Charles se agachara ao lado da irmã, olhando para de baixo da cama. Ele tinha sinceras esperanças de não achar nada, mas achou. As cortinas estavam fechadas e a luz das velas não era suficiente, mas conseguia-se ver uma forma retangular. Charles esticou o braço e sua mão surgiu com uma caixa, como aquelas caixas de joias, de madeira delicadamente entalhada.

Charles levantou-se com Sophia em seu encalço, indo em direção à mesa ainda com anotações dos médicos e cheio de velas. Seus dedos destrancaram a caixinha simultaneamente, e uma bailarina de mármore apareceu, rodopiando ao som de uma música instrumental de arrepiar a alma.

Sophia pareceu parar de respirar. Sentiu seu coração bater rápido enquanto encarava a pequena bailarina em sua roupa rosa. Ela lembrava-se muito bem daquela caixa. Era a caixa que sua mãe guardava, nas palavras dela, “as joias mais importantes”. Flores que Sophia catava no jardim, grampos dourados, os desenhos desengonçados de Charles e cartinhas em letras de criança com coisas escritas como “nós te amamos muito mamãe”. Se o assassino colocou aquilo ali, ele sabia exatamente como atingi-los.

A música parou e a bailarina também, mas nada mais acontecera. Segurando a caixa com uma mão, Charles lembrou-se de quando fez um desenho ridículo e o entregara a mãe em seguida. Lembrava-se muito bem do sorriso maravilhoso que ela abrira, dizendo em seguida que guardaria em um lugar muito especial. Ele acabou vendo o código da caixa e agora o repetia, torcendo para que fosse o certo.

Com um som metálico, a plataforma que a bailarina estava localizada elevou-se. Charles pôs a caixa na mesa, retirando a plataforma e os dois encararam pálidos o que se encontrava dentro. Dentro da caixa, o acolchoamento azul escuro guardava um papel dobrado. No entanto, não era a única coisa. Pela primeira vez a caixa arquivava uma real joia: o cordão com a pedra azul marinho que a Rainha Annabeth I usava rigorosamente em qualquer ocasião. Até mesmo na belíssima estátua que jazia em cima de seu túmulo estava o cordão.

Com a mão trêmula, Charles pegara o papel. Sophia encarava sem reação o cordão enquanto ele pronunciava:

– Ao descanso eterno da Jovem Rainha.

Assim que terminou de ler, ele encarou o papel com as sobrancelhas juntas. Quase dava para ver as engrenagens funcionando como uma máquina dentro de sua cabeça, enquanto fitava o papel como se a resposta aparecesse de repente.

Charles sabia “Jovem Rainha” era como sua mãe era chamada. Como Elizabeth I que era chamada de “Rainha Virgem” – há controvérsias sobre a virgindade de Elizabeth, mas ninguém ousa se pronunciar para discordar – ou Dona Maria de Portugal, também conhecida como “Rainha Louca”. Annabeth I recebera tal apelido pelo começo do seu reinado: ela tinha apenas 17 anos. Não muito diferente Charles, que depois de quatro anos de governo regente subiu ao trono com 14 para 15 anos. Pelos boatos, a tendência era chama-lo de “Charles, o Sábio”, pois mesmo com seus 25 anos desbancava seus conselheiros com mais de 60 no quesito saber o que fazer.

– Ainda tem a audácia de nos mandar um convite... – Charles estancou, movendo novamente o bilhete na luz das velas. Tinha a sensação que vira alguma coisa.

Sophia ainda tinha os olhos verdes grudados ao colar, agora em suas mãos. Um pensamento ecoava em sua cabeça, a ideia inconcebível de que talvez sua mãe esteja por trás da carnificina ou – o que poderia ser pior – alguém ter descoberto que a rainha na verdade ainda vive e está agora chantageando os gêmeos em um jogo sem graça alguma.

– Por mim, resolvemos isso logo. Cortando o mal pela raiz... – ela parou de falar ao ver a expressão do irmão.

Com olhos arregalados e até com uma pitada de pavor, Charles encarava o bilhete muito próximo da luz de uma vela. Sophia bisbilhotou por cima do ombro dele e a sensação do coração parar voltou em cheio. Escondido com uma tinta especial, o bilhete ainda trazia com sigo os seguintes dizeres: 51, 29, 0, 7. Meredith e Daniel, não me decepcionem.

Sophia engoliu em seco, sua raiva aumentando e superando o medo e a tristeza. De alguma forma, quem fizera aquilo sabia os nomes secretos que a mãe deles lhes dera. Ela nunca soube ao certo porque Meredith era especial à Annabeth, mas sabia do Daniel de Charles. Simplesmente por causa de Perseu Daniel Jackson, a causa do sorriso torto de ambos, da rebeldia e dos olhos verdes de Sophia e da aparência de encrenqueiro de Charles. Sophia ainda se lembrava com clareza de como, assim que o abraçou, sabia como um instinto primitivo de que aquele homem era seu pai e não havia resto de duvida.

– Charles... – começou ela.

– Arrume suas coisas. – respondeu ele, com seu melhor tom autoritário de rei. – Mamãe está de volta.

2015 – Cidade de Nova York, Estados Unidos

Quando Charlotte fechou o diário, sentiu-se nauseada. Os quase duzentos anos voltaram como se um caminhão tivesse a atingido. As outras páginas foram arrancadas e, ao que tudo indica, Sophia deixara nos lugares que Annabeth os direcionara. A pista mais quente sobre essa teoria é que do lado de dentro da capa, ela escrevera o que a mãe registrara no bilhete deixado na caixa de joias.

Ao descanso eterno da Jovem Rainha.

Suspirando, ela fechou o diário e o deixou na mesa.

– Você tem homens da Scotland Yard ao seu dispor. – disse ela a Nico. – Por que me chamar?

– Porque se fosse fácil eu pediria ajuda a qualquer um. – ele respondeu sem hesitar. – Além disso, creio que entendera a gravidade da situação. Hoje em dia, um plebeu e alguém da realeza juntos é algo mágico. Até dez anos atrás isso não era considerado certo, tenho certeza que você se lembra de como a monarquia odiava a Princesa Diana. – Nico fez uma pausa dramática. – Agora, você viveu o mesmo que eu e sabe o choque que seria para o mundo descobrir que a linhagem inteira da poderosa e perfeita Família Real não é tão perfeita assim. Ainda pior seria se descobrissem que a rainha mais querida, no grupo com Elizabeth II e Victoria, foi para cama com um pirata.

– Eu entendi perfeitamente. – declarou Charlotte, tragando longamente o cigarro. – O que eu quero entender é o que tenho a ver com isso.

Nico a encarou longamente. Ele imaginara que Charlotte teria essa reação, mas, felizmente, uma vez pirata sempre pirata. Claro, dinheiro não mais adiantaria para alguém que vivera muito e tinha uma conta gorda. Ainda bem que Nico a conhecia bem o suficiente para saber o que lhe chamaria a atenção.

– Sabia que diria isso. – suspirou, pegando um embrulho da maleta. – Esperava que você fizesse por nossa longa amizade, mas, se pensar bem, eu também perguntaria a mesma coisa.

Nico desembrulhou, deixando o lenço de seda cair sobre a mesa de forma quase dramática. Ele não precisou explicar o que era aquilo; pela cara de Charlotte e o fato que ela deixara cair o cigarro no chão quase imediatamente deixara claro que ela sabia bem o que era.

Amante da História como era, os olhos verdes de Charlotte brilharam tanto quanto um diamante quando viu o manuscrito original de Shakespeare na sua frente. Protegido com uma capa contra umidade, o clássico da tragédia persistia desde o século XVI.

– Como conseguiu isto? – perguntou, pegando a preciosidade com cuidado.

Nico deu de ombros como se fosse nada.

– Saber os podres da Rainha da Inglaterra tem suas vantagens.

Certificando-se que aquilo não era nenhuma farsa, Charlotte o encarou.

– Tudo bem, me convenceu. Mas não pense que vou para Inglaterra só por isso – ela apontou para o manuscrito -, mas sim por nossa extensa amizade.

Nico revirou os olhos, fazendo uma careta quando ela se levantou e beijou-lhe o rosto.

– Aham, claro. – debochou, observando-a andar em direção as escadas. – O voo sai as onze, mas por favor se apresse.

Charlotte estancou no meio do caminho e rodou os calcanhares até estar de frente para Nico.

– Você disse voo?

Nico revirou os olhos para ela novamente, respirando fundo e desejando internamente se estapear. Esquecera-se de um dos defeitos mais irritantes de Charlotte: ela odeia, quase tem uma fobia, voar. Principalmente em voos comercias.

– Se te acalma de alguma forma é primeira classe.

– Não, não acalma. – teimou ela, virando-se para o interior da cobertura e gritando em um perfeito espanhol – Viviane, mande o Alfred preparar a Edwiges!

Outro grito, também espanhol, respondeu “sim senhora”. Charlotte deu-se por satisfeita, virando o corpo e subindo os degraus de mármore para o segundo andar, ao qual, Nico sabia, tinha cinco suítes: a maior e mais luxuosa, obviamente a dela; e os quatro de hospedes, que também não deixavam a desejar no quesito decoração. Na vez que Nico dormira em um deles, sentira-se dentro de uma mistura de quarto presidencial do Plaza com revista de decoração.

– Não gosta de voar e colocou o nome de seu avião particular de Edwiges? – ele perguntou, pegando uma rosquinha recheada.

Charlotte parou no meio da escada e o encarou.

– Sim, por quê?

– Nada. – falou, mordendo um pedaço da rosquinha com geleia de morango e engolindo. – Mas você sabe que ela morre, né?


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Notas finais do capítulo

Mas tia daddario se a charlotte tem a cara da Lana entao ela tem um maço com a cara dela? Charlotte sendo charlotte né amores. Mas no maço é dona lana sim ta. Então, amores? O que acharam? Comentem e meu deixem feliz. You Know You Love Me XOXO Gossip Girl voltou