300 dias antes da América escrita por Michele Bruna da Silva


Capítulo 2
Crises




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Na segunda-feira seguinte ao aniversário, na escola, mais precisamente na quadra de tênis, havia uma grande placa onde estava escrito "entrada proibida" em letras garrafais. Havia um enorme cadeado fechando os portões.
Os três patetas, Kato, Katsuo e Horio estavam encarando as grades e esperando que elas se abrissem milagrosamente.

Katsuo: fechado?

Horio: que história é essa?

Kato: o que será que houve?

Uma rajada de vento bateu sobre eles que os arrepiou inteiros. Aquele inverno estava mesmo imperdoável. Horio olhou para os lados, puxou os companheiros pelo pescoço e sugeriu.

– Vamos embora!

Surpresos, eles retrucaram.

– acabamos de chegar...

Horio: vocês não entendem? É o momento perfeito para cabular antes que o Echizen chegue.

– o que vocês pretendem fazer antes que eu chegue?

É claro que os três não viram Echizen se aproximar, e quase cuspiram os corações. O príncipe era tão rígido quanto Tezuka, o antigo capitão, só que três vezes mais zombador.

Horio: eu preciso manter minha experiência no tênis não posso cabular o treino, não insistam!

Kato: o que?

Katsuo: foi idéia sua Horio!

Horio: Ryoma não é o que está pensando, foi tudo idéia deles, eu estava dizendo que tínhamos que te esperar.

Kato e Katsuo: MENTIROSO!

Echizen deu um sorriso de lado

Os três perceberam e pensaram juntos que tinham se metido numa gelada tão fria quanto a temperatura ambiente.

– acho que estarão prontos para mostrarem suas experiências depois de um leve aquecimento.

Eles engoliram seco.

– umas dez voltas devem ser suficientes, não?

Horio: dez voltas!? Nós nem chegamos a cabular! Isso é um exagero!

Kato e Katsuo entraram em pânico calando Horio com as mãos.

Kato: não dê ouvidos a ele Echizen.

Katsuo: ele tem a boca grande, você sabe...

Echizen fez "hmmm" sem abrir a boca, como se não concordasse, e sempre que ele fazia isso, o número de voltas aumentava. Contestar nunca era uma boa idéia e eles, principalmente Horio, sempre acabavam dando mais voltas do que era mandado.

Mas eles foram salvos pelos calouros, que se agitaram ao chegar e ver a placa.

Hibiki: Echizen-sempai não terá treino hoje? - era o mais novo perguntando, ele parecia feliz com a possibilidade de ir pra casa jogar video game, já que não fazia nada além de catar neve, bolinhas e enrolar as redes com os demais primeiranistas.

Nori: a sensei disse alguma coisa? - não tão calouro assim, mas recém chegado na escola, Nori era um segundanista de habilidades medianas, levava tudo tão sério quanto Kaido-sempai, só que fazia mais sucesso com as meninas, por causa de sua maravilhosa aparência, além de ser bem sociavel.

Echizen: eu não a vi ainda

Kato: Ryoma, acho melhor procurar a Ryuzaki-sensei.

Katsuo: ela deve estar na sala dela.

Ele suspirou e perguntou a si mesmo "por que eu?". O pensamento foi alto suficiente para as enormes orelhas de Horio.

Horio: hum, eu já disse que se quiser eu posso ser o capitão.

Todos ao redor disseram um "não", uníssono.

Horio: por que? Eu serei um ótimo capitão.

Kato: Ryoma conquistou a liderança, você esqueceu?

Nori: Ele desafiou o antigo capitão? - Nori entrou depois de tudo ter acontecido, então não sabia da situação.

Katsuo: foi um festival do clube, o vencedor ganharia ingressos para a partida do torneio nacional e seria o rei do tênis por uma semana.

Kato: no final, o momo-sempai disse que o ganhador seria o novo capitão.

Horio: ele me extorquiu e comprei sucos a semana toda. - disse choroso .

Hibiki: então , ele foi pego de surpresa?

Nori : e o que você achou disso capit ...

Quando eles olharam, Echizen já não estava mais lá.

Os demais presentes estavam especulando, cochichando entre si. Na realidade, eles pareciam bem felizes em não participar das atividades do clube, com exceção de Ren, um exibidinho que entrou no clube para arrasar corações das meninas (ou tentar) e enfernizar a vida de Echizen.

Eles se encontraram no corredor, e logo começou a provocação.

Rei: ochibi-taichou - "pequeno capitão" era a frase que adorava pronunciar para irritar Echizen, se aproveitando de uma vantagem de altura. Ryoma havia crescido, mas ainda era pequeno se comparado aos terceiranistas. Só que Ren era alto demais para um colegial do primeiro ano. - vamos treinar!

Echizen: se você souber arrombar cadeados eu não me importo em ser seu oponente.

Ren: mimimi, você está com medo de perder pra mim - disse gesticulando e fazendo caretas.

Ryoma foi saindo de perto dele, com as mãos no bolso, virou-se um pouco apenas para provocar.

– você teria que ter ganhando de mim alguma vez pra eu pensar em sentir medo.

Ren se mordeu de indignação, o pequeno capitão estava corretissimo, mas ele não se dava por vencido facilmente.

– Eu vou ganhar de você! Pode esperar!

Echizen: não leve a mal, você é bom, mas ainda é "mada mada dane" (ainda tem muito que aprender)

Ren: droga... ele é muito metido.... -disse fazendo bico pra si mesmo, e de repente ele fez uma cara de perdido - a quadra é pra qual lado mesmo? E o que ele quis dizer com arrombar cadeado? Será que é alguma habilidade dele? - bem, Ren não era o mais esperto do clube.

Se aproximando da sala da professora, ele viu uma figura encostada na parede, olhando para o nada. Não precisou se aproximar muito para saber que era Sakuno, como podia ser tão avoada?

Ela o sentiu chegar, seus olhos se encontraram e ela corou levemente.

– Ryoma-kun.

– yo.

Ele não parecia diferente e nem tirou as mãos do bolso para cumprimetá-la.

– a sensei está aí dentro?

– s-sim, mas está ocupa...

Ele não esperou ela terminar de falar e abriu a porta, a fechou em seguida, arrependido de ter aberto. Os gritos da sensei ecoaram pelo corredor e até a porta tremeu "O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO?! " , ou algo do gênero.

Os dois ficaram imóveis e em silêncio do lado de fora. Ryoma chegou à conclusão de que esperar não adiantaria, melhor era dispensar todos e ir embora.

– diga à sensei que eu dispensei o clube.

Sakuno concordou, mas em seguida sentiu que aquilo estava errado. Tinha acabado de fazer aniversário e havia prometido a si mesma se esforçar para conquistar aquele pequeno coração tenista, e ele estava indo embora sem que ela fizesse nada.

–Ryoma-kun.

Ela o chamou sem pensar exatamente no que dizer.

Ele ficou de frente pra ela e ficou esperando. A garota não não sabia o que falar ou fazer, então disse toda atrapalhada.

– casa juntamos nós?

– o quê?

Ela se recompos e perguntou:

– vamos juntos pra casa?

Ele a encarou sem entender muito bem, e deu uma resposta óbvia.

– vamos juntos todos os dias, por que está me perguntando?

Foi como se um tijolo baiano tivesse voado bem no meio da testa de Ryuzaki.

– É verdade, então vamos. - ela disse passando-o de cabeça baixa.

Então Ryuzaki-sensei deu outro berro de dentro da sala.

– AONDE PENSA QUE VAI!??

Ambos pararam e suaram frio.

– AINDA NÃO ACABAMOS!! QUEM VOCÊ PENSA QUE EU SOU?!

Eles respiraram aliviados.

– nunca vi a vovó assim...

– Ela está uma fera. Essa conversa vai ser longa.

– ah... - Sakuno pegou um caderninho na bolsa e uma caneta. - eu já volto - foi até a porta e escreveu algo no bloquinho, destacou uma folha e passou por debaixo da porta. Voltou para perto de Echizen - vamos.

Os dois seguiram passando pela quadra para dispensar os membros do clube, que comemoraram como se tivessem ganho o campeonato. Ultimamente eles estavam bastante desmotivados, quando o inverno entrou, cada treino era uma tortura.

Echizen e Ryuzaki não comentaram nada sobre a conversa acalorada da sensei, melhor que ela mesma explicasse depois, isso evitaria comentários desnecessários. Além de que poderia desmotivá-los ainda mais.

Eles foram embora, e depois de um tempo, a conversa finalmente acabou na sala da professora.

– já tomei a minha decisão Ryuzaki-sensei, nada do que você diga ou faça, mudará isso.

A sensei olhava pela janela furiosa, encarando o diretor pelo vidro.

– foi um prazer trabalhar com você todos esses anos.

Ele curvou-se para ela, foi até a porta e viu o papel no chão. Pegou, deu meia volta e pôs na mesa.

– acho que é da sua neta. Daremos todo o apoio à ela.

A professora pegou o papel sem olhá-lo, ao ler, deu um sorriso malandro.

– Muito bem Sakamoto-sensei, quero direito a um último pedido antes de ir embora.

– O que quer?

Ela virou o papel para ele e disse bem convencida:

– você saberá quando chegar a hora.

– ...

Ela saiu da sala bastante confiante.

– eu não vou me aposentar tão cedo, diretor. Sou uma jovem cheia de energia.

O diretor suspirou, parecia até que ele não tinha voz ali.

A sensei foi-se pelo corredor, e parecia ser ela mesma de novo.

Sakuno e Echizen, mal sabiam a crise que estava por vir, e como isso afetaria suas vidas.


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Notas finais do capítulo

Como depois da fic eu farei um quadrinho, talvez não esteja descrevendo bem as coisas. Aceito sugestões de prosa para melhorar a leitura. Obrigada por todo o apoio.



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