300 dias antes da América escrita por Michele Bruna da Silva


Capítulo 15
A partida para a América


Notas iniciais do capítulo

Enfim, chegamos ao fim 8D
Depois dessa jornada não tão longa, mas não tão curta. Espero que gostem do final. É bem simples e é pra deixar vocês pensando e com um gostinho de quero mais! Bom, sobre querer mais... melhor deixar pro fim ;)

obento = marmita, comida caseira para comer no almoço



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— Então, vão terminar o que começaram ontem, hmmm? - disse Momo logo após o suspiro de alívio de Echizen, fazendo-o arrepiar de alto a baixo. Sakuno mal havia saído de vista e estavam todos aglomerados atrás dele com caras assustadoras e perguntando coisas absurdas.

Para completar o tormento ou para a paz de Echizen - pelo menos naquele momento - uma série de bolas voaram dos arbustos. Fortes, do tipo, o suficiente para derrubar uma árvore após ser rebatida! Feito esse do próprio príncipe do tênis, que se defendeu com maestria, após roubar a raquete que Ren estava incansavelmente carregando consigo o acampamento inteiro.

— O que foi isso?! - gritou Horio quase tendo um ataque cardíaco.

— Eu ia pedir para devolver minha raquete, mas quero ela intacta. - disse Ren apontando para o utensílio que estava chamuscado como se tivesse sido queimado. - Quem foi o brutossauro?

— É aquele cara? - perguntou retoricamente Kaidou.

— Há, com certeza. - disse Momo ajeitando o cabelo, super empolgado.

— Saia logo daí, Kintaro! - gritou Echizen apontando com a raquete para a moita.

Ele saiu, tinha crescido um bocado, estava mais alto, o que deixou Ryoma ligeiramente incomodado. E como raios ele tinha se escondido naquela moitinha ninguém sabe, mas era o que Inui estava disposto a descobrir medindo a altura do garoto com trena e tudo. E depois vendo a velocidade da bola e toda a trajetória dela. 

A nova equipe do Kansai estava reunida ali no nada treinando também. Kintaro que era um serumaninho excepcionalmente forte e animalesco, ouviu as rebatidas de bola do Seigaku e foi xeretar nos arredores. Quando viu Echizen, não conseguiu se conter em provocar, continuava o mesmo moleque irritante de sempre, só que maior.

Um de seus kouhais veio buscá-lo e o levou de volta arrastado, o que era bem engraçado de ver, e cansativo, pois todo santo dia Kintaro ia e voltava escondido, para falar com Sakuno, tinha uma queda nítida por ela. E adorava ainda mais fazer isso, pois Echizen ficava louco da vida e aceitava a fazer todos os desafios bobos propostos por ele, do tipo jogar uma partida com pesos gigantes ou jogar amarrado em uma árvore. Era o único cara no planeta que caía nas ciladas de Kintaro. 

Foi atormentado o resto do acampamento, coitado. 

Apesar da vontade quase incontrolável, a continuação daquela conversa nunca chegou. 

Estavam ocupados demais com os treinos dos clubes, e quando voltaram pra escola, eram provas atrás de provas. Mesmo estudando na mesma sala eles não tinham tempo, a não ser para se encararem embaraçados nas trocas de aulas. A mesa de Echizen sempre se enchia com os kouhais e membros do clube, em segundos. Sakuno começou um cursinho depois da escola e Ryoma um emprego de meio período, obrigado pela mãe é claro, que queria que ele socialize um pouco, pois já estava mais do que bitolado com todos os treinos. Ryuzaki também ajudava num maid café perto de sua casa aos fins de semana para levantar uma renda, escondida de sua avó, nem mesmo Tomoka sabia o motivo dela estar juntando dinheiro, mas ajudava a acobertar.

Devido às suas responsabilidades, começaram a se desencontrar na saída, praticamente não voltavam juntos pra casa.  

A segunda fase do campeonato chegou depressa e o desempenho do colégio Seigaku foi impressionante, apesar do perrengue na primeira etapa. Tanto para o feminino quanto para o masculino, foram vitórias es-pe-ta-cu-la-res dos clubes.

No fim, a nova geração desabrochou, mostrando seu incrível potencial tenista. Não ganharam o nacional, por pouquíssimo mesmo, do tipo "segundo lugar". Hyoutei levou ouro. No entanto, já foi mais do que suficiente para dar a Echizen uma bela chance de zoar Momoshiro o resto de sua vida. Em compensação, o feminino foi campeão.  

As provas finalmente acabaram e quando perceberam, já era fim de ano. 

E aquela conversa, nunca continuou. 

 

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Eles já estavam no aeroporto para o embarque, esperando:

— Mas cadê o Ochibi? - perguntou Eiji procurando por todos os lados com Momoshiro. 

— Aquele cara, se atrasou para o próprio embarque. - Momo estava desacreditado em como Echizen era relaxado. 

— Talvez ele não quisesse se despedir da gente - comentou Kawamura otimista

— Era esse o portão mesmo? Será que não estamos no lugar errado? - perguntou Kachirou

— Foi o que ele disse pra mim pelo menos - disse Ren, o que não foi levado em consideração, considerando que os dois viviam se mordendo. Mas um dos kouhais confirmou que era isso mesmo.

Ryoma ainda nem tinha saído de casa, pegou o celular enquanto se arrumava. 

Discou.

Tuu...

Tuu...

Tuu...

— A-alô? - a doce e suave voz dela estava presa e mole, como de alguém que estava segurando um choro sentido. 

— Você realmente não vai se despedir?

Não houve resposta, apenas um choro baixinho no bocal abafado do outro lado. Ryoma suspirou.

— Mada mada dane - foi saindo de casa em silêncio absoluto, não havia nenhuma mala com ele. Dava para ouvir o barulho das chaves e da tranca da porta do outro lado da linha. Depois do vazio, ele desembestou a falar.  

— Você me deu chocolates em todos os Valentine's Day, me presenteou em todos os meus aniversários, no natal e tenho coisas que nem lembro por quê ganhei. - parou para atravessar a rua, e ficou olhando pras próprias luvas antes de dar um sorriso de lado - Tenho que admitir que tem bom gosto.

O soluço comprimido ao fundo da ligação, diminuiu, tentava ouví-lo com atenção. 

— Também lembro de todos os obentos que você levou durante as aulas. - ficou encarando o portão da casa dela. - Estavam muito bons. Então...

Ela não sabia o que dizer, olhou para o quarto e não tinha nada dessa vez. Sentiu um pequeno remorso quando o ouviu dizer que queria um presente de despedida também. 

Ouviu um barulho estranho no seu portão, seguido da frase: 

— Sabe, está frio aqui fora...

Sakuno olhou pela janela de seu quarto, havia um borrão na porta de sua casa, deixou o celular cair suavemente sobre o puff. Desceu correndo, depois subiu para pegar as chaves, desceu de novo e abriu a porta com pressa.

Ryoma ainda segurava o celular na orelha e parecia estar falando algo, sozinho, com as bochechas rosadas. Assustou quando ela apareceu na porta e desligou o telefone um tanto envergonhado.

Ela estava chorando ainda, de pijama de ursinho, cabelo preso em chuquinhas, parecia até uma criança. Sabe-se lá por que, ele achou extremamente fofa. 

Bom, nenhum deles fazia ideia do que fazer agora, o plano dele ia até aí. 

 

—-----------------------------------------------------------

 

Horio, Katsuo e Kachiro voltaram correndo, ofegantes.

— Ele não está em nenhum lugar - disse um deles.  

— Já deram a chamada para o voo, onde está o Ochibi? - perguntou Eiji preocupado.

Nesse momento chegaram Inui, Kaidou, Fuji, Oishi e as professoras.

— Ora, não sabia que viriam também. - disse Ryuzaki-sensei

— Viemos nos despedir do Echizen, mas... - respondeu Momo

— Não o encontramos em lugar nenhum. - completou Kawamura

Os que chegaram ficaram surpresos.

— Acho que se enganaram meninos, Ryoma-kun não viaja hoje. - disse Suzume-sensei

— Hoje é... - Inui começou

— Aí está ele - interrompeu Kaidou.

Ele estava parado em pé com duas malas olhando aquele grupo de gente esquisita. Ajeitou os óculos enquanto pensava se cumprimentava ou passava reto, finalmente foi notado pelos colegas, quando Inui apontou deselegantemente em sua direção.

— TEZUKAAA????! - gritaram em coro.

— Bem-vindo - disse Fuji estourando um enfeite de bolinhas pro alto, o ex-capitão, não fazia ideia do que estava havendo ali. 

 

—-----------------------------------------------------------

 

Ela limpou os olhos com a manga da blusa e finalmente sentiu o frio que estava.

— Entre. - disse.

Ele parou para pensar um pouco e ficar a sós com ela sem uma desculpa não pareceu lhe agradar. 

— P-pensando bem, não está tão frio assim.

Estava morrendo de vergonha, mais do que de frio. 

Sakuno não entendeu, mas também não insistiu. Entrou no modo automático desde que abriu a porta, não fazia ideia do que fazer ou dizer, pegou um dos casacos ali perto, no armário do corredor, calçou um chinelo e pensou em fazer um chá, e ele apenas virou o boné pra trás e ficou esperando.

— Eu não tenho nenhum presente de despedi... - antes que ela terminasse de falar, ele já estava colado ao seu rosto. Sua mão esquerda tomou a nuca dela, bem suave e firme, impedindo que o repudiasse e a impulsionando devagar em sua direção. A direita, segurou uma de suas mãos para perto de si.

Foram segundos que pareceram uma deliciosa e esquisita eternidade, quando seus lábios se tocaram. Gelado com quente. Meio salgado e com sabor de pasta de dente. O primeiro beijo dos dois, em todos os sentidos.

Encostaram testa a testa e ficaram ali, alguns segundos de olhos fechados, esperando o ardor do rosto diminuir. A mão de Echizen escorregou pelo longo cabelo até segurar as magrelas e calejadas mãos da garota.

Abriram os olhos, devagar e praticamente ao mesmo tempo. Ah, aqueles grandes olhos. Cheios de brilhos de lágrimas. Como ele estava com saudades deles.

— Já que você estava nitidamente sem ideias eu decidi reivindicar aquela conversa. 

Ela sorriu e disse: 

— Mada mada dane.

 Aquela conversa durou algumas horas. 

Havia ainda muita coisa para se colocar em palavras e uma despedida. 

Entre carinhos e chá, dois corações se abriram naquele dia de neve. 

Pensando em um pequeno vislumbre do futuro que logo viria. 

O que eles não sabiam, é que isso, era só o começo de uma nova história. 

 

F I M


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Notas finais do capítulo

Aeaeaeaeaeaeaaeae Acaboooou minha gente!!
Obrigada do fundo do meu kokoro s2 por terem me acompanhado até aqui! Seus lindos e lindas! Foi muito lindo ter o fave de vocês e os comentários amáveis! Sou ruim com finais, não queria que acabasse também, mas eu sou daquelas que posterga tudo e decidi ser bruta nessa relação com o roteiro hahahah

Me desejem sorte na produção do quadrinho! Algumas coisas poderão mudar, claro, mas tudo para o melhor. Me sigam no tumblr, no facebook, no instagram, nas redes tudo pra acompanhar a produção.

E estava eu pensando aqui. Esse casal merece um capítulo extra?

Acha que sim? Não? Comentem aí o que vocês acham 8D
— Sakuno e Echizen ficaram juntos?
— Ele foi embora mesmo?
— Ela ficou mesmo?
— Namoro a distância?
— Por que ela estava guardando dinheiro?
— E a Tomoka se declarou pro guri?

Vamos, comentem aí 8D
Quero ver quem chega mais perto!



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