300 dias antes da América escrita por Michele Bruna da Silva


Capítulo 13
Preparativos para o Festival Escolar


Notas iniciais do capítulo

Desculpe ter morrido esses dias, precisei de um tempo antes da reta final, aproveitar os casamentos dos parentes e amigos pra ter umas inspirações ♥
Eu acho que vou pular o festival escolar, em termos de história, não tenho o que contar nele, mas nos quadrinhos, com certeza terei muitas ilustrações caprichadas de como ficou tudo, mesmo que seja pra escrever "e o festival aconteceu" hahaha.
Divirtam-se, comentem que está acabando! Mais 2 capítulos gentem!! Só mais dois (*w*)



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Os alunos estavam agitados. Ainda haviam caixas pelos corredores, gente provando fantasias, tinta, cheiro de produto de limpeza, comida, era véspera do festival e ainda havia muito a ser feito.

– Isso não acaba nunca? - disse Horio suspirando, aparentando um cansaço bem anti-natural da parte dele. Deveria ser a décima caixa que carregava escada acima.

– Faltam só quatro caixas. - respondeu Kachiro que subia junto.

– Da próxima vez, vou pendurar os enfeites ou ajudar as garotas, Mizuno e Ren ficaram com a parte mais fácil.

– Esse é nosso último festival, tente ser mais flexível. - Horio calou-se pensativo e depois disse:

– Por que você é sempre tão depressivo Kachiro?

– Eh?! Não sou pessimista!

– Claro que é.

– E você é rabugento.

Finalmente chegaram à sala de aula. Estava toda enfeitada como um café da marinha, parecia um salão dentro de um navio. Três meninas estavam ajustando os uniformes dos meninos, Echizen era um deles.

– Ryoma-kun, essa roupa ficou muito bem em você - disse uma delas enquanto terminava de marcar o uniforme. - parece até um modelo - ouviram-se suspiros e cochichos vindo da sala. Ele acabou aceitando a ideia de Ryuzaki em dispor o clube para ajudar no festival, por eles serem famosos, traria muita freguesia. Só que Echizen não prestava atenção nessas coisas, na verdade, não prestou atenção em nada, completamente aéreo. Seus olhos estavam fixos em apenas uma pessoa. Ryuzaki, com seu cabelo preso em um gigante rabo de cavalo, testava os últimos pratos que estariam no cardápio do café, do outro lado da sala, com mais cinco meninas escaladas para acompanha-la na cozinha. Chamaram toda atenção quando em um coro, exclamaram o quão boas estava tudo.

– Sakuno-chan!! Está delicioso! - exclamou uma loira e a menor dentre elas, Kin.

– Eu não sei se consigo reproduzir esse sabor maravilhoso! - comentou a outra de cabelo castanho e ondulado, Nanako.

– E esse omelete em formato de concha é muito fofo! Como fez isso? - questionou Sakura

Rosada por conta dos elogios, Ryuzaki acabou desviando o olhar delas e cruzou com os de Echizen, que a fitavam já há algum tempo. Quando notou que estava sendo inconveniente, ele virou o rosto e ficou brincando com o cap.

– Ele ficou muito bonito naquele uniforme. - disse Tomoka, que não iria cozinhar, mas estava provando tudo mesmo assim. - Não é Sakuno?

– B-bem, sim. - disse abaixando a cabeça para esconder a vergonha.

– Tomoka-chan, o uniforme ficou muito lindo em você também! - apreciou Sakura

Ela deu uma rodadinha. O uniforme de maid realmente estava adorável. Já tinha se exibido para quase todos na sala, menos para uma pessoa, foi tão discreta quanto à isso, que ninguém tinha reparado.

– Não é? - até agora, quando ficou imóvel vendo-o se aproximar daquele jeito irreverente roubando doces e a ignorando completamente.

– Horio! - gritou Nami - Você não pode pegar os doces!

– E por que Ren pode? - ele disse quase cuspindo nela, ainda tinha problemas em falar de boca cheia. Os dois ficaram discutindo, normalmente Tomoka se metia nessas briguinhas, mas estava com vergonha demais para discutir e saiu da sala discretamente. Ren degustava o bombom que uma das meninas lhe dera.

– Ah, ficou muito bom, Sakuno-sempai. É a geléia de cereja? - comentou, ele era um expert em doces.

– Sim, como você indicou, eu não imaginei que fossem combinar, Kusanagi-kun.

– O recheio anterior estava muito doce, mas agora está perfeito. Oh! Você conseguiu ajustar o formato da omelete também. - ele adorava cozinhar, era para ficar na cozinha ajudando as meninas, mas seu vício em se exibir falou mais alto e queria ser um mordomo da marinha também.

– A forma de silicone funcionou bem. Ah! Eu tenho que devolver! - respondeu Sakuno lembrando que esquecera em cima da mesa de casa.

– Sem problemas, se quiser, posso passar lá para pegar, depois. - se convidou descaradamente dando uma piscadela.

– N-não, precisa, amanhã eu com certeza te trago! - Ryuzaki evitava qualquer contato com Ren além da escola. Ele era um rapaz prestativo, bonito, mas vivia dando em cima dela, no fundo ela tinha um pouco de medo dele.

– Ren-kun, você definitivamente deveria ajudar na cozinha! - disse Kin a salvando de continuar a conversa com ele.

– Mordomo combina mais comigo, sempre admirei a marinha. Talvez eu devesse ser um almirante - disse fazendo pose, enquanto olhava "discretamente" para um certo capitão, com o qual insistia em competir de todas a formas.

– Echizen não amasse o cap! - brigou uma das costureiras ao ver Ryoma esganando o chapéu enquanto encarava Ren, retribuindo o olhar "discreto".

– Desculpe. - disse sem ligar muito para a bronca da garota.

– Ao menos diga isso sinceramente.

– Me desculpe sinceramente. - completou, deixando-a ainda mais zangada.

– Urgh! Acabei de ajustar seu uniforme. Vá se trocar! E não se atreva a desmanchar os pontos marcados.

– Sim, sim. - ele disse saindo da sala.

A garota que deu bronca em Echizen, era Mio, também responsável por toda a confecção dos uniformes. E ao ver que Ren ainda vestia o dele, cheio de marcações, surtou. O garoto saiu correndo da sala com medo de apanhar e fugiu direto para o banheiro masculino.

– Assustadora, Mio-chan é assustadora. - disse Ren entrando ofegante. Virou o rosto e se deparou com Echizen, trocando de roupa. - Que visão do inferno. - disse com desdém.

– Idem. - ele respondeu sem nem olhá-lo.

Ren ficou esperando uma conversa; foi completamente ignorado. Então, pegou um dos rodos de limpeza e jogou perto de Echizen que não entendeu o que raios ele estava fazendo. - Em guarda! - gritou erguendo o pedaço de madeira como se fosse uma espada.

– O que você está fazendo? - perguntou incrédulo com aquilo.

– Você é o capitão, e eu sou o pirata que vai roubar seu navio e o seu tesouro.

Echizen não acreditou no que acabara de ouvir.

– Kusanagi o que você andou tomando?

– Sakuno-sempai é muito fofa, prestativa, cuidadosa, - começou a brincar com o rodo - mas ela não vai esperar pra sempre, você sabe.

Era de se esperar que Ryoma não entendesse a provocação ou fingisse não entender, então Ren, explicou:

– Vou conquistar o coração dela e serei o capitão do clube no ano que vem.

Echizen soltou um sorriso sarcástico.

– Mada mada dane. - terminou de abotoar a camisa, pegou suas coisas e seguiu em direção à porta. Ren ficou sério ao perguntar enquanto passava ao seu lado:

– Você gosta dela?

– Quem não? - respondeu ainda sarcasticamente.

– Eu vou me declarar a ela.

– Vá em frente, não precisa de minha permissão.

– Você é esquisito sabia?

– Não sou eu quem está bancando o capitão gancho com um rodo no banheiro masculino. - Ren colocou o rodo no lugar fingindo que não era com ele.

– E não estou pedindo sua permissão. Estou analisando a concorrência, mas já vi que você não é uma ameaça. Ou é um covardão. - disse provocando.

– As melhores vitórias são aquelas ganhas no tie-break. - Ren era lerdo, e não entendeu a referência, foi a deixa para sair. Echizen fechou a porta do banheiro com um pouco mais de força do que o necessário. Ainda segurava a maçaneta quando disse em inglês - Bastard! - No caminho de volta para sala ficou pensando que não deveria se preocupar com a tal declaração de Ren, ele era um bobão. E não havia nenhum tipo de relacionamento com Ryuzaki depois de tudo.

– Ryoma-kun, as professoras do clube estão te procurando. - avisou Mio recebendo o uniforme dele - Disseram para ir até a sala delas. .

– Ah, elas pediram para que Sakuno-chan fosse junto. - disse o Mizuno que a ajudava a recolher os uniformes.

– Ok. Vocês viram a Ryuzaki?

Mio fez uma cara esquisita e apontou.

– Nos armários.

– Valeu. - virou-se para aquela direção. Mizuno esperou-o se afastar um pouco, depois correu e aconselhou Echizen em cochichos:

– Você deveria parar de chamar a Sakuno-chan pelo sobrenome, Ryoma.

– Por quê?

– Todo mundo na sala a chama pelo primeiro nome, menos você.

– E...?

– E daí que parece que vocês não se dão bem. Não viu a cara da Mio-chan quando a chamou pelo sobrenome?

Viraram para Mio, a jovem o encarava enquanto cochichava para outra menina.

– Ela... está me encarando?

– Provavelmente...

Então a garota arrumou os óculos e ambas fizeram olhar de reprovação.

– Viu? - disse Mizuno mandando Echizen parar de olhar.

– Mizuno-kun nós terminamos por aqui, vamos até a cantina. - gritou a garota enquanto acenava para ele.

– Estou indo! - respondeu - Ryoma pense sobre isso. Até.

O deixou só, com seus pensamentos. O jeito de chamar fazia tanta diferença assim? Começou a refletir e percebeu que era um garoto muito desleixado, a última gentileza que fez a ela foi quando arrumaram a sala do clube para fazer o inventário dos equipamentos. Pensando bem, não poderia chamar aquilo de gentileza. Então foi no parque de diversões, há... dois meses? Fazia muito tempo. Passou perto da máquina de bebidas e resolveu comprar uma. Lembrou que Ryuzaki sempre comprava algo para ele, mas não lembrava do que ela costumava tomar. Seu cérebro começou a puxar memórias, seu coração ficou levemente acelerado - Dammit! - exclamou para si mesmo quando viu que pegou um suco de morango em vez do de uva. Viu na lata uma figura da bandeira dos estados unidos. Pela primeira vez, a palavra América pesou em seu coração. Tanto que até colocou a mão no peito por impulso. - Sensação estranha...

– Ryoma-kun. - não mais estranho do que sentir o seu coração pular no peito, podia agarrá-lo com a mão. Tamanho o susto que levou quando Ryuzaki apareceu ao seu lado. - Tudo bem?

– T-t-tudo. - o gaguejo foi inevitável.

Ela olhou bem para ele e depois para a lata de suco.

– Você quer?

– Ah, eu não sabia que gostava de suco de morango.

– Não gosto. Peguei por engano.

– Eu sim. - sorriu - Obrigada - ela pegou a lata da mão dele. Echizen ficou um pouco surpreso, será que realmente errou o sabor ou seu inconsciente sabia do que ela gostava? - Conversei com a Suzume-sensei, ela disse que ... - Ryuzaki começou a falar, mas Ryoma não estava prestando muita atenção à conversa. - ... acampamento... - Será que deveria chama-la pelo nome? - ...férias.. - Como faria isso sem parecer estranho? - ...clube... - E se não fosse para América? - ... treinar... - O que fazer? - k...un - Talvez devesse simplesmente fazer o que desse na cabeça - ...oma-kun - mas não andava muito racional ultimamente, seria má ideia - RYOMA-KUN!! - os pensamentos pararam e o coração acelerou, quando percebeu que seu rosto estava entre as mãos de Sakuno e a latinha gelada de suco. - Você não está me ouvindo. Tem certeza de que está bem?

Ele demorou um pouco para responder, ficou perdido nos olhos dela de novo, nunca estiveram tão perto assim. Devagar, segurou as mãos dela e as desceu lentamente, quase encostando ao seu tórax e mesmo assim, Sakuno sentiu um pulsar tão acelerado, que era quase palpável, ficou sem palavras e sem saber o que fazer. Ficaram em silêncio, ouvindo as pulsações gritando para serem compreendidas.

O sinal tocou.

Ryoma deixou seu rosto escorregar para perto do ouvido dela:

– Eu vou.

Antes que ele soltasse as mãos dela e as pessoas saíssem no corredor, ela cochichou algo em seu ouvido, tão baixinho que ele quase não ouviu. Em seguida, soltaram as mãos ela saiu correndo pra fora, em direção às quadras. Não havia um boné ou cap para que ele escondesse o rosto vermelho.

– Ryoma o que houve com seu rosto? - perguntou Horio

– Acho que estou doente. - ele respondia, tampando o rosto como se estivesse limpando uma coriza na manga da blusa.

– Deveria ir à enfermaria você pode estar com febre. - orientou Kachiro

– Foi uma péssima ideia.

– Mas se você está doente. - insistiu Horio

– Não vai resolver.

– Hã??! - deixou-os sem entender

Echizen sabia que não era resfriado. O que ele não sabia era como reagir naquele momento e nem nos momentos seguintes. O que ele não esperava era essa revelação repentina de Ryuzaki, no momento em que ele se encontrava mais vulnerável e despreparado.

– Seus idiotas, a culpa é de vocês. - disse pensando em Kusanagi, Mizuno e nos sempais.

– O que?! - disseram Kachiro e Horio em coro e já entrando em pânico, pois Echizen começou a fazer uma cara assustadora.

– Tratarei de pensar em uma punição adequada.

– Mas não fizemos nada!!

– Mada mada dane.

Os dois saíram correndo desesperados pedindo desculpas.

– Eu deveria admitir logo não é? - disse para si mesmo, olhando para cima e respirando fundo, tentando recuperar o controle de seu próprio coração. Só não sabia, que o controle ele já havia perdido há muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Será Ren um adversário para Echizen? O que Sakuno disse pra ele? O que havia no diário dela? Será que esse acampamento dará certo? Não perca o penúltimo capítulo de "300 dias antes da américa". :)



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