300 dias antes da América escrita por Michele Bruna da Silva


Capítulo 11
Sete Chaves


Notas iniciais do capítulo

Eu vou parar de prometer datas, não funciona comigo =_= Desculpem
Está mais dramático e misterioso do que eu gostaria, contudo eu achei fofo.
Como quero encerrar logo, alguns pontos acabaram corridos.
Eu simplesmente resolvi correr com os arcos, por que eu vou desenhar tudo isso. E já tá muito enorme XD Vão achar que é um mangá e não um doujinshi hhahaha

Divirtam-se! Estamos na reta final! Guentem aíí 8D



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Ryuzaki arrumava o cabelo usando o vidro da janela da cabine como espelho e perguntou:

– Ryoma-kun, como é a América?

– América? - ele finalmente parou de observar a garota e olhou para fora, tentando pensar. - Hmm... A comida é horrível, apesar disso é um país rico e as pessoas são legais com estrangeiros. - até lembrar-se das pessoas não muito simpáticas que conheceu no U-17. - bom, na maioria das vezes - Reparou as luzes que Ryuzaki falara e emendou um assunto ao outro - Parece natal mesmo.

– E você vai morar sozinho lá?

– Provavelmente em uma república.

– Entendi. Deve ser divertido morar com bastante gente.

Do lado de fora, Kikumaru estava de frente com o controlador da roda gigante, quando Oishi o chamou.

– Oishi! Chegou em boa hora!

– Sorte que eu estava por perto! - disse apoiando nos joelhos, recuperando o fôlego - Eiji, o que houve? Você disse que era uma emergência.

– E é. Esse senhor não quer deixar que a cabine 7 fique no alto mais tempo. - explicou

– É contra as regras. - respondeu o funcionário - Cada cabine só fica 2 min no topo.

– Quem está na cabine 7? - perguntou Oishi tentando entender o que ocorria.

– O-chi-bi. - respondeu Kikumaru piscando e fazendo um coração com as mãos.

– Ah?! Então é por isso que me chamou?! Isso não é uma emergência... - disse o amigo desapontado, mas aliviado ao mesmo tempo.

– É sim. Ele não aceitou nem dinheiro.

– Eiji! Você tentou suborná-lo?! - exclamou Oishi desacreditado

– Sim. Como ele não aceitou, eu peguei as chaves dele. - disse Kikumaru chacoalhando um molho de chaves, sem elas ninguém sairia das cabines da roda gigante. O funcionário ficou perplexo e começou a correr atrás dos dois.

– Eiji! Devolva agora!!

– Eu não posso Oishi até Momo e Inui completarem o plano.

– MOMO?! INUI também? Espera! Que plano?!

Os funcionários começaram a chamar uns aos outros para pegar os dois, que estavam usando suas habilidades de dupla de ouro do tênis, para fugir, atraindo toda atenção.

– Os dados foram coletados.

Inui foi até os controles da roda gigante, abriu seu caderno de notas com todo o esquema de controle. O painel tinha alguns botões e uma alavanca, quando o encarou, estava tudo etiquetado. Ficou extremamente bolado com aquilo e fez logo a cabine sete ficar no topo.
Saiu de mansinho, arrumando os óculos e mexendo no celular.

Momo, por sua vez, entrou num dos camarins dos funcionários, procurando alguma coisa.

Echizen até percebeu uma muvuca no parque; optou por ignorar.

– Se, se você se sentir sozinho na América - iniciou Ryuzaki tentando não encará-lo - ou se não tiver ninguém com quem conversar

Do outro lado do parque, Eiji recebeu duas mensagens. A de Inui "Está feito". E de Momo "Okey"

– Hoy hoy!! - gritou - Vamos Oishi, de volta à roda gigante!

– O que?! - Oishi estava indignado e apesar de fazer objeção verbal, acabou seguindo o parceiro de volta à roda gigante, devolveram a chave no lugar e correram para fora do parque. Depois ficou repreendendo Eiji até os outros saírem de lá.

Estava quase terminada a operação cupido quase ninja.

Ryuzaki estendeu, com as mãos trêmulas, um papelzinho rosa e decorado a Echizen.

– V-você p-pode me ligar. - era quase um cartão de visitas com e-mail, telefone e até endereço.

Echizen aceitou de bom grado, sem questionar. Apesar de ter pensado que aquilo era esquisito, não o papel, mas o fato deles estudarem juntos por quase 3 anos, morarem no mesmo bairro e nunca terem trocado contatos.

Encarou o papel delicado, e depois comparou com a autora, que estava tão rosa quanto o papel.

– Nós já fomos em todos os brinquedos, vamos embora agora ou quer repetir algum? - disse pegando as coisas

– Acho melhor irmos, está começando a nevar.

A cabine já estava no chão novamente. O funcionário abriu a porta e encarou os dois, soltando grunhidos. Ambos não entenderam nada. Na cabeça do homem, o casal era culpado de todo aquele forféu causado por Eiji.

Quando estavam quase na porta do parque, foram abordados por um coelho gigante de voz esquisita.

– Yo! Vocês dois! Não esqueçam de levar as recordações do seu dia dos namorados. - disse o coelhão estendendo as duas mãos para Echizen, na qual segurava, com muita dificuldade, um envelope.

– Recordações? - perguntou Echizen, desconfiando muito daquele coelho - entregue para ela - apontou para Ryuzaki com a cabeça, estava com as mãos ocupadas e não tinha nenhum interesse nessas coisas.

– Don! - disse o coelho quando Sakuno pegou o envelope, aquele som deixou Echizen intrigado e ele não resistiu em perguntar.

– Sr. Coelho, nós já nos conhecemos?

– Claro que não! - ele disse falhando a voz e gesticulando exageradamente - Eu me lembraria se encontrasse um cara pequeno como você.

Antes que Echizen retrucasse, Ryuzaki exclamou:

– São lindas! - dentro do envelope haviam várias fotos dos dois, de todo o passeio no parque. - Sr. Coelho, como podemos agrade... - quando ela e Ryoma olharam de novo, o coelho não estava mais lá. - Sumiu.

E assim como o coelho, os dois foram embora. Echizen a deixou em casa, que estava escura e silenciosa.

– Vovó ainda não chegou. Estranho. - disse acendendo as luzes do corredor e da cozinha.

Echizen colocou as sacolas de brindes, a bolsa de tênis e o urso no chão da entrada.

– Então, eu já vou. - se espreguiçou bocejando ao mesmo tempo.

– Ah, claro. - concordou Sakuno desanimada - Passou rápido.

– Sim.

– Não esqueça de levar seus brindes.

– Claro - ele parou como se quisesse dizer alguma coisa, fingiu arrumar o gorro para esconder o rosto e com um pouco de dificuldade agradeceu.

Ryuzaki ficou surpresa e feliz. Nunca tinha recebido um agradecimento tão sincero dele. Mal sabia ela que ele não estava agradecendo apenas pelo corte de cabelo e pelos chocolates.

– Eu que agradeço por me levar ao parque eu me diverti muito.

– Sem problemas - ele foi até a porta, se despediu e saiu. Fechando a porta atrás de si.

Andando até o portão, suspirou umas duas vezes tentando colocar os pensamentos em ordem. Era só uma brincadeira dos sempais, não era? Mas era um sentimento recíproco? Tudo estava acontecendo rápido demais.

– Eu não deveria ter lido aquela agenda...

– Ry-ryoma-kun!! - Ryoma ainda estava no jardim da casa quando ouviu ela chamá-lo atrás de si. Depois de quase ter um ataque cardíaco, achando que ela tinha ouvido, virou-se.

– Ho-hoje eu me diverti muito, muito mesmo! Por isso... Vamos fazer de novo! Em outros lugares, vamos jogar juntos de novo!!

Surpresa, coração descompassado, boca seca e bochechas coradas levemente. Sensações que atrapalharam sua resposta:

– P-por mim tudo bem.

– Sério?!

– Por que não? - disse já indo embora de novo, fechando o portão - Eu envio uma mensagem pra você - e perguntou em tom bastante zombador - a menos que você queira que eu envie mensagens só quando estiver na América.

– Não! Pode mandar! Quando e quantas quiser!

– Ok. - ele demorou um pouco para ir embora de novo, ela ficou animada com o que ele disse, e meio que o deixou perdido. - Tchau - disse erguendo a mão, meio sem graça e tomando seu rumo.

– Tchau - ela respondeu feliz.

O cérebro de Echizen ficou o dia todo em desarmonia com seu corpo, que, de forma involuntária, olhou para trás, e seus olhos, encontraram os de Ryuzaki, olhando para ele, da porta da casa. Seu coração, pela primeira vez, realmente bateu mais forte. Uma vontade de voltar e ficar com ela, lhe preencheu todo o peito. "Crap". Disse andando em passos largos até sua casa. Repetiu isso umas cinco vezes pelo caminho.

Entrou em casa e Nanako-chan o recebeu:

– Okaeri.

– Tadaima. - disse tirando os casacos com pressa.

Ela tentou puxar conversa, mas ele enxugou o assunto.

– Ryuzaki cortou meu cabelo, depois fomos ao parque de diversões.

– Ah! Vocês se divertiram? Nossa, isso são brindes?! - ela disse olhando as sacolas.

Ryoma olhou na cozinha viu a caixa de bombons de Ryuzaki, em cima do armário. Correu até lá e viu que ainda tinha bombons dentro. Suspirou aliviado.

"Crap". Disse, de novo, logo em seguida.

– C-claro. É um parque de diversões afinal. - pegou a caixa e foi em direção ao quarto.

– Seus pais saíram, mas não disseram para onde.

– Devem ter ido aproveitar o feriado.

– Eles mencionaram algo sobre a Ryuzaki-sensei... Ah, você vai jantar?

– Talvez mais tarde.

– Está tudo... - a porta fechou antes que ela terminasse - bem?

Ele finalmente entrou no quarto, fechou a porta e colocou a sacola de brindes sob a cômoda junto à caixa de bombons. Em seguida, esparramou-se na cama. Se pudesse se esconderia dentro do colchão.

– Crap... - disse uma última vez, encarando o teto. - O que estou fazendo? - depois de pensar um pouco achou melhor tomar um banho e dormir. Estava muito agitado.

E foi o que ele fez ou quase fez, quando voltou ao quarto enxugando o cabelo com a toalha, viu o estrago do gato. Karupin tinha derrubado seus brindes no chão e dormia bastante aconchegado dentro da caixa de bombons. A paixão de gatos por caixas é inexplicavelmente fofa.

Ao tirar o gato de dentro da caixa, viu no chão, o envelope que o coelhão tinha entregue, Ryuzaki deve ter esquecido em sua sacola, bom, ele estava nas fotos, não faria mal dar uma olhada. Impressionou-se. Uma foto chamou muito a sua atenção, a mesma que deu a ideia a Momo, e a mesma que Ryuzaki dissera que era linda. Uma em que os dois riam, com riso largo, espontâneo; um riso que Echizen não sabia que podia dar.

– É assim que eu fico com ela? - sorriu - Not bad...

Foi até a blusa que tinha os contatos da Ryuzaki, encarou o papel, pegou o celular e telefonou.

Tuu...
tuu...
tuu...

– Alô? - Ryuzaki atendeu sonolenta do outro lado. - Alô? - Óbvio que ela estaria com sono, virou a noite fazendo chocolates e passou o dia bem agitada. - Vovó?

– Te acordei?

– Não.

– Quem é?

– Você disse que eu poderia ligar, então eu liguei.

Imediatamente ela despertou.

– Ryoma-kun?! Desculpe eu não te reconheci.

– Sem problemas.

– O que houve?

Silêncio ~.

Realmente, o que houve? Que desculpa inventaria? Era exatamente o que parecia ser, não tinha o que esconder. Um garoto interessado por uma garota. Apesar dele ainda não querer admitir isso. Gaguejou algumas vezes até que usou de migué.

– A-a-as fotos.

– Que fotos?

– As que o coelho esquisito deu. Estão comigo.

– Sim. Eu coloquei na sua sacola. Você não parecia ter visto, então achei que gostaria de ver.

– Hmm

– Se, se você não gostou, eu posso ficar com elas.

– Eu posso ficar com uma?

– Claro.

Silêncio, de novo.

– Por que achou que era sua avó?

– Ela não chegou ainda. Eu liguei, mas ela não atende o celular.

Ryoma lembrou-se de Nanako-chan ter dito algo sobre a sensei e seus pais, mas como não sabia de nada, achou melhor não comentar, Sakuno ficaria preocupada ainda que não fosse nada grave.

– Ryoma-kun, podemos conversar mais um pouco? - ele percebeu a insegurança na voz de Sakuno. Provavelmente estava assustada de ficar sozinha em casa sem notícias da avó.

– Claro. - disse se deitando na cama.

E falaram sobre comidas, tênis, América, Japão, universidades a conversa durou uma hora e meia até que Ryuzaki adormeceu do outro lado da linha. Echizen ouviu a voz de Sumire ao fundo dizendo algo como "não acredito que me esperou no sofá". Desejou boa noite, sussurrando para somente ela ouvir e encerrou a ligação antes que a avó atendesse.

Ouviu seus pais chegarem em casa e seja lá o que tinha acontecido, não era nada com o que se preocupar.

Ficou matutando a conversa que tiveram. Eles eram muito diferentes. Gostos, objetivos, carreiras. A única coisa que eles tinham em comum era o tênis. Depois de muito pensar, decidiu focar no clube, precisava motivar os membros. E o fez. Durante duas semanas, ele não ligou e nem enviou nenhuma mensagem para Ryuzaki. Apenas se encontravam na escola e na volta para casa, como de costume. Sakuno ficou bastante sentida com isso, achando que tinha feito algo errado. E parecia que quanto mais duro ela trabalhava, mas distante ele ficava.

Echizen guardou aquele sentimento lindo de amor que estava florescendo. E o guardou a sete chaves.

Ele só não sabia, que Ryuzaki já tinha conquistado todas as chaves do seu coração, há um bom tempo.


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