After The End escrita por Matt Sanders


Capítulo 5
s1x05 - Escape


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Espero que vocês gostem!



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Os pneus da van cantavam em cada curva feita, acelerava freneticamente. Elliott, Heather e Kimberly se seguravam na caçamba traseira do veículo enquanto observavam o caminhão pela vidraça empoeirada da porta.

— Quem são essas pessoas?! — Heather parecia mais assustada que o próprio Elliott.

— Vamos escapar deles primeiro! — Kimberly gritou abafada pelo som do motor.

— Merda! – Heather vociferou: — Gosto de saber quem é a pessoa que vai me matar. – Por fim bufou frustrada.

Elliott a encarou e os olhos azuis dela o encontraram, a sensação de conforto que havia presenciado ao abraça-la se tornou desespero.

Ruas e mais ruas passaram, a van balançava como um touro mecânico toda vez que passava com toda velocidade por um terreno desnivelado. O caminhão os seguia expelindo sua fumaça grossa e preta na direção dos céus cinzentos e sem vida. Os prédios estavam sumindo e dando lugar a casas em ruínas e árvores secas e mortas que contrastavam com árvores saudáveis. A grama começou a ser vista e as árvores ficavam cada vez mais presentes.

— Onde estamos? – Elliott se equilibrou na grade da cabine do motorista.

— Saindo da cidade. – Caleb respondeu seco.

Uma planície surgiu no lugar das árvores e prédios e uma estrada que sumia no horizonte se erguia e enormes torres de transmissão de eletricidade os cercavam. O caminhão continuava ao encalço deles até Nathan virar em um atalho de terra batida que levava até a floresta novamente. Havia pegado um retorno para a cidade. O caminhão seguiu direto pela estrada, parecia que seus perseguidores desistiram da caçada.

Longos minutos de tensão se seguiram até Nathan desacelerar a van e todos se acalmaram. Elliott respirou fundo e encarou Heather novamente, ela estava com o cabelo tingido de vermelho jogado sobre o rosto.

Sentiu-se bem mais confortável quando finalmente chegou para o abrigo, Enzo o recebeu com um forte abraço. Era bom ver o menino novamente.

— Pensei que você tinha morrido. – Enzo disse enquanto sorria.

— Ele QUASE morreu. – Heather riu: — Acho melhor você começar a contar o que aconteceu. — Os três se dirigiram para a parte isolada do galpão onde puderam se sentar em paz. Elliott suspirou e começou a falar:

— Depois que fui capturado, fiquei por algum tempo desacordado até despertar e dar de cara com Alessa. Ela me perguntou onde ficava o tal refúgio.

— Você disse? – Enzo o encarou.

— Eu tive que dizer! – Ele abriu os braços: — Só que ela não levou tanta fé...

— E quanto ao pessoal que perseguiu você e a aquela outra garota? – Heather jogou os cabelos para o lado.

— Eles usavam túnicas e uma máscara que tinha forma de bico de pássaro e usavam capuz com um chapéu por cima. — A descrição dos perseguidores parecia ter instaurado o silêncio no ambiente, mas Heather tratou de quebra-lo.

— Senti sua falta. - Ela sorriu e pegou na mão dele.

— Eu também. - Ele sorriu de volta e encarou os olhos azuis dela.

— Como foi? Digo, com a tal Alessa.

— Alessa parecia não querer me matar, ou eu que não consegui notar. Se ela quisesse mesmo teria feito...

— Igual fez com o irmão do Nathan.

— Talvez... Acho que deve haver algo entre eles dois, algum elo...

— Não nos diz respeito isso, pelo menos por enquanto... – Heather soltou a mão dele e tornou a passa-las sobre os cabelos vermelhos.

— Sim... Você acredita nisso tudo? No golpe...

— Eu não sei em que acreditar, sinceramente... Mas algo aqui dentro me diz para não acreditar em nada disso, uma voz me diz para eu mesma procurar a verdade. — Ela apontou o indicador na direção do coração. Elliott forçou um sorriso, sabia que ela estava certa.

— Irei tentar. – Ele sorriu. Heather sorriu de volta e se levantou ao ouvir Caleb chamando seu nome ao fundo.

Encostou-se na parede do galpão posicionando a cabeça sobre os braços cruzados encima dos joelhos. Estava vivendo um pesadelo na sua mais perfeita essência. Sentiu alguém se aproximando, ergueu a cabeça e deu de cara com Lorenzo.

— Você sobreviveu ao bote da cobra. – Ele riu.

— Uma naja loira, quem diria. – Elliott sorriu. Lorenzo sentou-se ao lado dele, também com as costas contra a parede.

— Partiremos amanhã, animado?

— Não sei se animado seria o certo, talvez o certo seja ansioso. Quero ver como está o mundo fora daqui.

— Não se anime tanto, as coisas podem estar piores. – Lorenzo soltou um riso em um leve tom sarcástico.

— Tem como piorar?

— Acredito que não há nada que esteja tão ruim que não consiga piorar. - Ele riu novamente.

— E se não houver grupo bioterrorista nenhum?

— Levando em consideração que alguns dos nossos políticos sofrem de um quadro bastante sério de narcisismo extremo... Eu acredito.

— Então seria uma teoria da conspiração.

— Eu não duvido, não consigo duvidar para ser sincero.

— Você quer descobrir? - Elliott o encarou.

— Acho que não há o que descobrir... Olhe ao seu redor e veja. – Ele abriu os braços: — Vivemos em um mundo desolado, acho que se eu descobrir o que aconteceu não vai mudar nada...

— Entendo... – O loiro abaixou a cabeça.

— Amanhã começaremos uma viagem ao extremo norte, eu estou assustado.

— Assustado com o que?

— E se não conseguirmos? Sairemos daqui de Oregon e iremos ao norte, passaremos pelo Canadá e chegaremos ao Alasca... E se não houver lugar seguro? E se isso for um tiro no escuro?

— Talvez isso seja nossa chance de sobreviver... – Elliott não conseguia articular as palavras, compartilhava da mesma preocupação: — Não há mais nada a perder...

— Será que não temos mais nada a perder? – Lorenzo o encarou. Seus olhos se encontraram e a tristeza nos olhos de ambos era perfeitamente notável.

— Já perdemos demais... Agora está na hora de reconquistarmos. – As palavras de Elliott fizeram Lorenzo soltar um pequeno sorriso com o canto da boca.

— É bom você descansar bastante, amanhã passaremos o dia inteiro arrumando as coisas e colocando-as nas vans...

— Vai caber todo mundo dentro delas? Têm umas vinte e cinco cabeças aqui.

— Nathan encontrou um ônibus enquanto procuravam você.

— Nossa... – Pensou imediatamente no ônibus onde retomou sua consciência.

Os dois conversaram por mais algum tempo, até Elliott decidir tomar banho no banheiro improvisado da velha estação de rádio. A água estava gélida, não havia aquecedor nem nada que pudesse pelo menos amornar a água. Vestiu umas roupas que Nathan e seu pessoal haviam conseguido nas andanças pela cidade, uma camisa preta e uma calça jeans. Logo após o banho demorado se juntou ao outros para fazer uma refeição rápida, a ansiedade pela viagem era enorme e ainda faltavam mais de vinte e quatro horas.

Após o jantar, subiu até a cabine onde a rádio funcionava por pura curiosidade, nunca havia entrado lá. O ambiente era ligeiramente mais quente e confortável que o galpão abaixo, o cachorro Thor veio recebê-lo com animadas lambidas e farejadas. Elliott o acariciou feliz vendo que o cão estava aparentemente saudável e bem alimentado.

— Ei Elliott! – Nathan o abraçou dando leves tapas em suas costas: — Como você está? Eu estava mesmo precisando falar com você.

— Eu estou bem... Sobre o que você quer falar?

— Como foi com Alessa? Eu realmente preciso saber.

— Eu diria que foi bem...

— Aterrorizante. – Interrompeu um Nathan visivelmente nervoso.

— Isso. – Elliott mordeu o lábio inferior e prosseguiu: — Ela me perguntou se eu sabia sobre o Alasca, eu tinha uma arma apontada para mim então eu tive que dizer. Bom, ela não acreditou.

— Entendo...

— Não sei como não me mataram... – Elliott falou com a voz quase inaudível.

— Não conteste, apenas agradeça. – Nathan riu.

— Você e ela possuem algum elo?

— Eu e Alessa? É uma história longa, muito longa... Prometo te contar quando estivermos longe daqui. — Ele pousou a mão sobre o ombro de Elliott e sorriu.

— Tudo bem... — Elliott disfarçou a frustração de não obter a resposta olhando ao redor, os equipamentos, os colchões espalhados e então se voltou para Nathan: — Como você tem tanta certeza da localização do refúgio?

— Ficamos muito tempo tentando captar as transmissões de rádio. Soubemos que eles vieram buscar sobreviventes, mas não podiam levar todos de uma vez. Certo dia nós captamos um sinal dizendo que enviariam uma equipe de busca para essa região e para o sul e para a costa leste também. — Ele sentou-se em uma das cadeiras perto da mesa e transmissão.

— E eles disseram a localização?

— Não, nós deduzimos. Caleb conseguiu identificar as coordenadas em meio aos ruídos, depois pegamos um mapa e chegamos até o Alasca.

— Como ele conseguiu?

— Ele era graduando em Geografia na Universidade de Oregon. – Elliott ficou sem ter o que responder, queria poder acreditar no que Nathan dizia ou pelo menos queria ser um pouco esperançoso como ele.

— Não acha que isso seria um tiro no escuro? – Elliott coçou a cabeça.

— Ficar parado aqui não vai mudar nada. Um dia nossa comida irá acabar e não vai ter nada na cidade para fazermos reposição, a água também irá acabar e os geradores não irão aguentar. O comodismo pode vir a ser a nossa condenação. – As palavras de Nathan soaram frias em seus ouvidos, mas não podia deixar de concordar que mais cedo ou mais tarde a falta de alimentos e de água iria mata-los um a um.

— Então precisamos nos arriscar. – Elliott tentou sorrir.

— Olha Elliott, eu sei que é difícil manter o otimismo e eu mesmo luto contra os meus pensamentos ruins todos os dias, mas eu não posso apenas me sentar e observar cada um de nós se definhando, cada um aqui tem um valor para mim e se for para ar tudo errado, que seja buscando algo e não sentado nesse galpão vendo a vida passar. Estamos condenados Elliott, era para nós estarmos mortos, mas nós sobrevivemos e é isso em que eu me agarro e é nisso que eu acredito. – Nathan olhava para ele com uma expressão de desespero nos olhos.

— Me desculpe. – Elliott tornou a coçar a cabeça: - Eu ainda não aprendi a lidar com isso.

— Ninguém soube lidar com isso logo de cara, não se assuste por você não estar conseguindo.

— Irei tentar. – Elliott sorriu e se virou deixando Nathan sozinho novamente. As pessoas se reuniam no meio do galpão e pelos cantos, vários colchões foram espalhados pelo chão. Caminhou até chegar encontrar Heather e Enzo já deitados em um dos cantos já adormecidos, tratou de se deitar sem acorda-los e tentou dormir. Foram alguns longos minutos virando de um lado para o outro até mergulhar em um sono pesado imerso em sonhos bons, vivia uma realidade muito mais agradável em seu sono.

—--X---

O dia seguinte seria bem cansativo, acordou antes das seis da manhã para ajudar o grupo a ajeitar todas as coisas para a partida. Uma das vans seria carregada com os alimentos e água, a outra levaria os galões de combustível. O ônibus em frangalhos levaria o grupo.

— Quanto tempo vai durar essa viagem? – Elliott disse para Caleb enquanto os dois estocavam os alimentos na van maior.

— Algumas semanas, eu acho. Iremos até o Canadá e lá veremos como seguiremos para o Alasca, de qualquer maneira – sua respiração estava ofegante por conta do peso que carregava – estamos no noroeste, não irá demorar tanto.

— Então vocês não sabem como chegar ao Alasca?

— Se conseguirmos chegar até o Canadá com vida eu irei me considerar um grande vitorioso, uma coisa de cada vez.

— Consegue dizer pelo menos até que cidade do Canadá nós iremos?

— Vamos até Whitehorse. Em dois ou três dias já chegaremos à fronteira com o Canadá e em mais alguns dias já teremos alcançado a Alaska Highway em Yukon. São só algumas semanas de viagem. – Caleb sorriu.

— Você faz parecer com que seja fácil, aliás, nós temos combustíveis e comida suficientes?

— Temos combustível suficiente até Yukon e a comida deve durar mais ou menos isso, fique tranquilo, iremos parar em alguns lugares para procurarmos.

Elliott continuou carregando a van com caixas de alimentos e notou Heather ao seu lado fazendo o mesmo. Parou por alguns para observa-la, seus cabelos vermelhos como sangue jogados disformemente sobre o rosto por conta do esforço e da rapidez, os olhos azuis bastante atentos e cuidadosos com cada movimento. Ela era incrivelmente bela.

— Você vai ficar parado como um poste? – A voz dela o fez voltar para a realidade.

— Só estava respirando um pouco. – Ele tentou disfarçar a fascínio com a beleza da menina.

— Você respira demais, me ajude com isso aqui. – Ela jogou uma caixa levemente cheia de entalados e fez sinal com a cabeça para que ele a pusesse na van.

— Nem acredito que iremos sair daqui. – Elliott conseguia notar certo entusiasmo na voz de Heather.

— Espero que estejam certos.

— Vão estar e seja como for, qualquer lugar é melhor do que aqui.

— O que faremos quando chegarmos lá? Vamos tocar a campainha? – Elliott riu.

— Eu quero ser recebida com um vinho, só isso.

Os dois ficaram conversando até acabar e carregarem as duas vans. Caleb e Nathan dirigiram as duas vans para a base da alta colina onde a estação de rádio se localizava.

O loiro e Heather acompanhados de Lorenzo, Rachel e Enzo ajudaram a levar algumas coisas para o grande ônibus que já estava expelindo sua fumaça cinza na base da colina.

— Bom, já arrumamos tudo agora vamos trazer o resto do pessoal. – Nathan deu a ordem e enquanto subiam a colina de volta para o galpão ouviram disparos.

Heather e Elliott se entreolharam. Mais tiros. Ouviram gritos e depois mais tiros. Correram pela inclinação até chegarem ao galpão e a cena não poderia ser mais horrenda: Corpos jogados pelo chão, sangue e uma mulher loira armada e um imenso sorriso demoníaco no rosto. Alessa.

Nathan ficou parado a encarando em meio aos dez corpos ao redor dela. Os outros sobreviventes estavam sob observação dos dois irmãos dela.

— Então a caravana da alegria estava pronta para partir? – O sorriso dela era belo e perturbador ao mesmo tempo.

— O que você quer? – Elliott conseguia notar o ódio crescendo nos olhos de Nathan enquanto ele falava.

— Sempre odiei você e seu jeito de tratar as pessoas, mesmo antes de todo esse caos acontecer.

— Do que ela está falando? – Rachel indagou ao fundo.

— Foi esse seu jeito que estragou tudo o que havíamos planejado. – Ela jogou o cabelo para trás com um balanço da cabeça.

— Suma daqui, por favor! – Vociferou Nathan.

— Eu tenho pena de você, sabia? Você se arrepende muito fácil das coisas, você é fraco, um inútil!

— Suma daqui! – Gritou Nathan novamente.

— Esta vai ser a última parte da minha vingança contra você, gato. – Ela piscou na direção dele. Elliott assistia toda a cena com o coração descontrolado dentro de seu peito. Heather segurou sua mão e eles se encararam com os olhos amedrontados, Enzo estava próximo deles com o olhar frio para Alessa e os corpos estirados no chão.

— Acho que já era... – Sussurrou Heather.

— Aron, Bryan amarrem eles e os coloquem no centro do galpão junto com os outros! – Gritou Alessa e logo em seguida seus irmãos já estavam com as armas apontadas para o pequeno grupo.

— Vocês não podem nos prender. – Nathan vociferou.

— Se oponha mais uma vez e esse tiros serão na cabeça desses seus amiguinhos. – Alessa se virou e atirou na cabeça de uma pessoa aleatório do outro grupo de reféns e depois em outra e por fim em mais uma. Os corpos caíram em meio aos gritos de pavor e susto com o sangue sendo expelido pela ferida das balas. A frieza de Alessa era assustadora.

Aron e Bryan reuniram os seis no centro do galpão como pedido, os outros seis reféns restantes foram jogados perto deles. Foram amarrados e quatro em quatro até todos estarem firmemente presos em suas cordas. Elliott ficou de costas para a entrada do galpão o que o deixava bastante agoniado, pois não conseguia ver o que estava acontecendo, apenas conseguia ouvir. Algum tempo se passou até os Corvos aparecerem com três galões de gasolina, um foi despejado onde era a sala de operações da antiga rádio e os outros dois foram espalhados pelo resto do galpão. O coração de Elliott começou a ficar mais acelerado chegando a doer.

Alessa se posicionou frente aos três grupos amarrados com um isqueiro na mão, ela o acendeu e jogou em um dos cantos banhados pelo combustível e instantaneamente as chamas ganharam forma, dançavam sobre a trilha de gasolina.

Nathan amarrado junto de Elliott, Heather e Enzo deslizou algo pelo meio daquele emaranhado de mãos amarradas. A menina de cabelos vermelhos pegou o objeto metálico e começou a fazer movimentos contra seu pulso. Era uma faca.

— Não sairei daqui enquanto não ver vocês queimando. – Sorriu Alessa.

Heather precisava ser rápida, pois as chamas já tomavam conta do galpão. O segundo andar já queimava sem piedade exalando uma fumaça negra que empesteava o galpão e a ansiedade de Elliott inundava suas veias.

Sentiu as amarras que prendiam seu pulso se soltando, Heather havia conseguido. O alívio repentino foi logo sendo substituído por uma imensa carga de adrenalina quando sentiu a menina se mexendo, ela ia se levantar.

— Heather, não. – Sussurrou Elliott.

— Você pega o Bryan, eu pego a Alessa, Enzo e Elliott pegam o Aron. – Nathan deu as ordens com um sussurro e antes que Elliott conseguisse administrar a ideia de atacar os agressores, Heather já havia disparado na direção de Bryan com a faca nas mãos. Nathan e Enzo dispararam na direção de Alessa e Aron.

A investida foi rápida, os agressores não tiveram tempo nem de apontarem suas armas. Tudo que Elliott viu foi Nathan acertando um soco no rosto de Alessa e Enzo atacava como podia o irmão dela, Aron.

Sua atenção foi toda chamada para Heather sendo golpeada na barriga por um soco de Bryan. Ela caiu no chão, uma onda de ódio invadiu o garoto. O agressor pousou sobre ela tentando golpeá-la com os punhos, mas ela segurava as mãos dele como podia. Elliott então avistou a faca jogada poucos metros dele e a encarou por alguns instantes. Ele sabia o que tinha que fazer.

Com o sangue borbulhando em suas veias e a adrenalina pulsando dentro dele, o loiro pegou a faca e correu na direção do homem que tentava agredir Heather. Com um salto, mergulhou a faca na parte frontal do pescoço de Bryan. O sangue foi esguichado com uma força descomunal sujando as mãos de Elliott, o rosto de Heather e o chão. Retirou a faca e o sangue escorreu pela abertura, o homem caiu de lado quase sem vida. O fogo consumia o galpão. Nathan conseguiu desarmar e imobilizar Alessa e Aron com a ajuda de Enzo.

— Elliott, solte os outros! – Nathan gritou por cima do rugido das chamas.

Com os olhos ardendo e lacrimejando, ele correu para soltar os dois grupos restantes. As mãos ainda molhadas de sangue e trêmulas faziam a faca escorregar e o corte da corda estava mais difícil de ser realizado, Heather chegou para ajuda-lo. As cordas foram partidas, dos dois grupos e todos saíram pela porta do galpão.

Nathan olhou para o rosto de Alessa, a raiva fazia a veia de seu pescoço pulsar.

— Não se atreva a nos seguir, sua vadia! – Vociferou ele no rosto dela.

— Vocês vão pagar! – Ela gritou de volta.

— Caleb, pegue o que sobrou das cordas. – O menino logo atendeu e trouxe um pedaço bem grande da corda usada. Nathan tratou de amarrar os dois em um poste do lado de fora do galpão. Faíscas saiam da torre de rádio por conta do fogo.

— Vamos sair daqui! – Heather gritou e logo todos a seguiram na direção dos veículos na base da colina. Kimberly os esperava em uma das vans, Caleb assumiu o controle da outra e Nathan ficou com o ônibus. Em poucos minutos, todo o grupo já estava acomodado dentro do ônibus. Alguns tossiam por conta da fumaça.

Nathan deu partida no ônibus e acelerou acompanhado das outras vans. Elliott estava sentado no banco ao lado de uma das janelas, os últimos dois dias conseguiram ser completamente exaustivos e ele só queria dormir por dias inteiros. O pequeno comboio seguiu pelas ruínas da cidade até os prédios sumirem, surgindo uma estrada nas entranhas de uma vasta planície. Heather sentou-se ao seu lado e repousou a cabeça em seus ombros.

— Obrigada por tudo, mesmo. – A voz dela possuía um tom doce e confortante.

— Foi uma decisão muito difícil quando tive que escolher entre ele e você. – Elliott riu.

— Espero que você continue me escolhendo nas situações difíceis então!

— Sempre escolherei você. – Elliott não sabia com que tom a declaração teria soado, mas sabia que não estava mentindo. Sempre escolheria Heather.

— Eu adorava viajar quando era mais nova, uma vez fui para Londres com meus pais... Foi a melhor viagem da minha vida e agora estou aqui viajando para poder sobreviver. – Heather bufou.

— Nós vamos sobreviver... – Elliott sorriu para ela.

— Vamos. – Heather sorriu e pegou na mão dele. Do lado de fora a chuva começava a cair e a viagem seguiu calma.


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