After The End escrita por Matt Sanders


Capítulo 10
s1x10 - Waking the Demon




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ANTES

Dois homens caminhavam através de um longo e extenso corredor razoavelmente movimentado. Pessoas vestidas de branco passavam de um lado para o outro, do lado de fora a neve despencava dos céus pintando de branco todo o bosque e montanhas.

— Como ele está? — Perguntou um dos homens, o mais velho.

— Está bem, já introduzimos uma nova amostra do vírus modificado nele, parece que o corpo reage muito bem.

— Isso é bom?

— Estamos com o vírus mais cruel do mundo e este garoto está resistindo, com toda certeza ele tem algo mais a oferecer do que ser uma simples cobaia nossa.

— Como se transformar em uma arma? — O mais velho ergueu uma das sobrancelhas.

— Exato e este garoto tem um enorme potencial, veja só. — O mais novo apontou para a entrada de outro corredor que os levou até uma área comum do complexo. Um enorme jardim coberto de neve com um chafariz imponente no meio e bancos de madeira espalhados pelo ambiente.

Em um dos bancos estava um garoto, usando um casaco azul e uma touca preta que contrastava com o branco de seus cabelos. Seus olhos eram de um azul cristalino.

— Qual o nome dele?

— Noah...

— Onde o acharam? — O mais velho perguntou observando o garoto de longe.

— O capturamos dezoito anos atrás e desde então ele tem sido nossa cobaia principal.

— Ele parece tão normal...

— O chamamos de A Estirpe, é graças a ele que o projeto está andando. O sangue deste garoto é altamente sagrado para nós, através dele conseguimos avançar com os estudos. — O mais novo disse com orgulho em sua voz.

O garoto desviou a atenção do livro que lia para os dois homens conversando e apontando para ele do outro lado do jardim. Fechou o livro e levantou-se do banco.

Caminhou na direção oposta, um corredor que levava até um complexo de dormitórios. O seu era um dos últimos do corredor, era amplo, possuía uma cama, uma TV, uma escrivaninha e um pequeno frigobar.

Retirou toda sua roupa e ficou encarando seu corpo esguio e levemente definido na frente do espelho, passou a mão por pequenas feridas em seu braço. Feridas onde o vírus havia sido injetado. Seus cabelos platinados caiam sobre os olhos azuis enquanto ele passava a mão por seu corpo, sentia-se diferente, sentia-se outra pessoa.

‘’Isto vive dentro de você’’

Ecoou uma voz em sua mente, a mesma voz ecoava e o aterrorizava todos os dias, todos as horas, todos os minutos, querendo reforçar que ele era A Estirpe, a raiz do projeto, mas até onde seu corpo iria suportar tantos teste? Bem, ele estava prestes a descobrir.

—--X---

— Noah, está na hora! — Falou uma voz masculina do lado de fora da porta.

O garoto esfregou os olhos e emitiu algum tipo de grunhido debaixo dos cobertores. Foi caminhando até a porta para atender Joseph, o cientista responsável pelos estudos nos últimos cinco anos.

— O que você quer? — Noah resmungou.

— Primeiramente, eu gostaria que você se vestisse. — Joseph apontou para as partes expostas de Noah, que apenas soltou um risinho.

— Está tentando em toca-lo?

— Vai à merda. — Joseph bufou. — Se vista e me encontre no laboratório SS919.

— Tudo bem... — Noah bateu a porta. Mais um dia de experimentos estava começando e nem seu humor completamente sarcástico e ácido seria capaz de salva-lo. Logo ele se vestiu e se dirigiu ao laboratório SS919, duzentos metros abaixo do solo.

O elevador descia pelo fosso e as luzes passavam feito foguetes pelas frestas do compartimento de metal. Noah encarava tudo com seu olhar frio.

Todo o laboratório era escavado direto em uma enorme rocha, dois guardas equipados com máscaras de gás e armados com imensos fuzis faziam a proteção da imensa porta de ferro, ao perceberem Noah, fizeram sinal para que ele entrasse. O laboratório era gigantesco e bastante frio, cientistas passavam de um lado para o outro, alguns conversavam e riam de alguma piada ligeiramente sem graça, outros permaneciam concentrados em seus estudos.

Aquela parte do complexo da Helix era dedicada especialmente ao estudo do vírus Havok, encontrado em perfeito estado no corpo congelado de um Médico da Peste na Rússia. O vírus era originado do vírus da Peste Negra, e sofreu diversas mutações durante os anos da pesquisa.

— Que bom que veio rápido. — Joseph deu leves tapas nas costas de Noah.

— Eu tenho escolha?

— Não seja tão ranzinza, você sabe como é importante para todos nós aqui.

— Sei... Sei muito bem... — Noah disse quase que em um gemido. Ele sabia, e muito bem, a finalidade dos estudos do Havok, criar a partir de humanos, poderosas armas biológicas e depois vende-las aos países que pagarem melhor.

O mundo estava prestes a entrar em sua Terceira Guerra Mundial, e o Havok poderia muito bem ditar o futuro que o conflito iria gerar. Noah era parte disso, como o vírus não fazia nenhum efeito negativo nele, todos os dias, amostras de seu sangue eram retiradas de seu corpo com a finalidade de obter mais informações sobre a ação do agente patológico e modifica-lo e assim por diante.

— Conseguimos avanços significativos no estudo do vírus, acho que ele está quase pronto para ser vendido. — Joseph comentou com sorriso no rosto.

— Então a história da Terceira Guerra é verdadeira?

— Claro, e nosso papel é fabricar a carta mais poderosa para o jogador que pagar mais.

— Vocês são sádicos demais.

— Noah, escute... — Joseph parou a caminhada e encarou o jovem. — A nação compradora aceitou nossa oferta, nós vamos vender as amostras do vírus e eles vão fazer todo o trabalho sujo, a Helix não vai ser incluída nesse processo.

— Eu estou pouco me fodendo para a Helix e para a Guerra. — O de cabelos platinados resmungou.

— Pois você deveria se importar, aqui é a sua casa ou você se esqueceu de que sua própria família o vendeu? — No exato momento que ouviu as palavras de Joseph, Noah o fulminou com seu olhos azuis de maneira diabólica. — Agora entre naquela porra de sala e faça o seu trabalho. — Joseph o empurrou na direção de uma sala ainda mais isolada de todo o laboratório.

Joseph tratou de colocar uma máscara em forma de bico de pássaro, bastante semelhante aos trajes dos Médicos da Peste. O bico possuía diversos filtros e agentes que impediam que o vírus obtivesse contato com a pessoa que vestia a roupa.

Noah foi guiado por outro cientista até uma cadeira similar a uma cadeira de dentista. Seus braços e pernas foram presos com grossas travas de ferro e uma luz dura e fria vinda de todos os cantos faziam os olhos do jovem doerem. Sua camisa foi retirada e medidores cardíacos foram postos em seu peito, ele encarava tudo com seu olhar frio. Medidores cerebrais foram colocados em sua cabeça.

— Vamos começar o teste. — Disse Joseph com a voz abafada pela máscara.

Um grupo de oito cientistas estava na sala, alguns tinham pranchetas em mãos, outros estavam sentados em grandes computadores. Do lado de fora, outros assistiam tudo através de uma vidraça blindada.

Joseph foi se aproximando com uma seringa que continha um líquido levemente acinzentado e introduziu a agulha em uma das veias do braço de Noah. O garoto se contorceu levemente na cadeira onde estava amarrado enquanto o cientista empurrava o líquido para dentro de sua corrente sanguínea.

— Quando tempo até o vírus se manifestar? — Perguntou alguém com a voz indecifrável.

— Minutos, talvez horas... — Joseph encarava Noah que revirava os olhos sem sinal de tédio. — Você ficará bem. — Ele passou a mão nos cabelos de Noah.

Os minutos correram e Noah começava a sentir algo mudando em seu corpo. As imagens ao seu redor começaram a ficar embaçadas e seu corpo começou a ter calafrios.

— A temperatura corporal dele está na casa dos quarenta e três graus! — Gritou alguém.

‘’Isto vive dentro de você’’. Ecoou a voz mais uma vez, a mesma voz que o aterrorizava todos os dias. Suor escorria da sua testa, suas veias começaram a saltar e seu coração começou a pulsar intensamente.

— Alguém traga o antídoto! — Gritou uma cientista.

— Não! O vírus está dando resultado! — Gritou Joseph.

— Joseph, ele está quase tendo um colapso!

O corpo de Noah começou a tremer descontroladamente, sua boca começou a espumar. Joseph olhava para a reação do vírus de forma vislumbrada por trás daquela máscara, mas ele não contava com o que viria a seguir.

O jovem parou de tremer e seu corpo relaxou por completo. Estava imóvel, sem qualquer sinal vital. Os olhos azuis, fundos e sem vida, fitavam o teto.

Como um bando de abutres, os cientistas se aproximaram do corpo de Noah tentando descobrir o que havia acontecido. Joseph o olhava minuciosamente, tocou todo seu corpo, estava gélido, mas ao se aproximar do olho do rapaz, ele teve uma grande surpresa. Noah virou seus olhos para Joseph e no momento em que suas pupilas encolheram, sua boca se abriu em um poderoso rugido que jogou todos contra as paredes do laboratório.

Equipamentos foram lançados ao chão, lâmpadas explodiram. As travas que prendiam as mãos e pés de Noah foram despedaçadas pela força do eco e lá estava ele de pé sobre a cadeira. Seu olhar estava fixo em Joseph, jogado no chão poucos metros de distância.

Foi caminhando lentamente enquanto as luzes piscavam freneticamente e faíscas caiam da fiação destruída. Uma das cientistas avançou na direção do garoto armada com uma barra de ferro, mas o reflexo dele foi mais rápido e conseguiu conter o ataque segurando o objeto apenas com uma mão.

— Inocente. — Ele puxou a mulher para si e mordeu seu pescoço arrancando quase toda a carne com apenas uma dentada. O sangue esguichava feito uma mangueira e ela caiu no chão.

No mesmo momento, dois guardas entraram no ambiente atirando na direção de Noah, que desviou das balas e avançou na direção de um deles em uma velocidade assustadora.

Sua mão atravessou a máscara com uma força descomunal afundando todo seu crânio no chão. O outro nem teve tempo de racionar, pois Noah já estava envolvido em seu corpo feito uma serpente perfurando seus intestinos com as mãos enquanto o olhava diretamente nos olhos, apreciando a dor que o homem sentia.

Joseph observava tudo com horror, seu coração batia forte, era preciso sair dali o mais rápido possível. Tateou seu jaleco até achar seu celular, discou um número qualquer com as mãos trêmulas.

— Enviem a tropa especial, agora! — Gritou ele e jogou o celular longe. Noah estava do outro lado da sala, massacrando os cientistas, um por um, uma verdadeira máquina de matar, dono de uma força sobrenatural e de uma sede de sangue insana.

— Não era isso que você queria, Joseph? — Noah disse abrindo os braços e exibindo seu corpo tomado de sangue das suas vítimas. — Não era esse o propósito do Havok? Aqui está!

— Pare com isso, eu vou te dar o antídoto!

— Eu não quero porra nenhuma de antídoto! Vocês e a Helix agora vão sentir na pele o quanto suas cobaias sofreram, cada pessoa capturada, cada mutação, cada morte. Vocês nos criaram e agora nós destruiremos vocês.

O alarme começou a soar, luzes vermelhas inundaram o ambiente e uma contagem regressiva de um minuto começou a rodar através das caixas de som.

— Me desculpe, Noah. — Joseph passou pela porta de segurança e trancou. O garoto não moveu um músculo qualquer, apenas o encarava através da vidraça blindada. Seu sorriso era sádico.

Quando a contagem chegou ao fim, enormes chamas tomaram conta do interior do laboratório consumindo cada centímetro e Noah desapareceu no meio do fogo. A vidraça rachou com o intenso calor.

Joseph bufou e deu as costas para o laboratório se dirigindo ao elevador. Havia sangue em seu jaleco, seu braço doía e um calo enorme o incomodava no alto da testa. Ao chegar ao andar principal, foi amparado por uma tropa de guardas e por dois cientistas, uma chamada Lauren e outro chamado Carlos.

 — O que houve? — Perguntou Lauren.

— O vírus... O Havok está pronto para ser vendido. — Joseph disse ofegante.

— Mas você destruiu o laboratório, sobrou alguma amostra? — Carlos o conduzia rapidamente pelo corredor estreito.

— Há algumas no meu laboratório particular... Você tinha que ver como ele reagiu, era um perfeito monstro. — O orgulho na voz de Joseph, mesmo após todo o desastre, era asqueroso.

Enquanto conversavam pelo corredor, as luzes começaram a piscar e o chão começou a tremer, um barulho vinha do portão que dava acesso ao elevador. Um rugido explodiu pela porta, lançando pedaços de metal e o grupo no chão e lá estava Noah, completamente intocado, como se o fogo ardente não tivesse causado dano nenhum ao seu corpo.

Ele foi caminhando até Carlos, que estava caído de bruços e enfiou sua mão na coluna do pobre homem que berrava de dor e agonia. Friamente, Noah puxou toda a espinha da vítima para fora do corpo em uma cena grotesca.

Então ele partiu para os guardas, dilacerando e retalhando com as próprias unhas e dentes cada pedaço da armadura e da carne, era um verdadeiro banho de sangue. Lauren se arrastava pelo chão, olhando o massacre completamente incrédula do poder que o garoto possuía.

— Onde você pensa que vai? — Disse Noah de costas percebendo que a mulher se afastava. Ele se aproximou dela com a boca pingando sangue. — Eu não conheço você, ou conheço?

— Não, você nunca me viu? — Ela disse com a voz trêmula.

— Onde está Joseph?

— Ele estava bem... — Ela procurou por Joseph, que certamente estaria caído pela força do rugido, mas ele havia fugido. — Ele estava aqui, eu juro.

— Bom, eu terei que procurar ele. Obrigado pela informação, meu amor. — Ele se levantou e antes que fosse embora, esmagou a cabeça de Lauren com os próprios pés.

Guardas e mais guardas avançavam e atiravam na direção de Noah, que sem qualquer dificuldade, retalhava todos. Ele não estava inconsciente, ele não estava sendo controlado, ele sabia muito bem o que queria, ele queria matar, ele queria mutilar.

Joseph corria através de um corredor adornado por grossos canos no teto, era escuro e úmido. Ele segurava uma seringa com suas mãos encharcadas de suor e ao fundo conseguia ouvir os passos de Noah. Ele parou de correr quando viu que o corredor morria em uma parede grossa de concreto.

— Venha me pegar logo! — Gritou Joseph.

— Você é tão apressado assim para morrer?

— Não tenho como correr de você mais! — Poucos segundos depois, como um relâmpago, estava Noah de frente para ele. — Eu não queria que fosse assim!

— Não queria?  Você está modificando um vírus para vender como arma em uma guerra e ganhar bilhões com isso, você acha que está fazendo o bem?

— Eu nunca disse que estava fazendo o bem! Eu não sou um dos mocinhos, mas o Havok é um grande avanço para a ciência! — Joseph replicou.

— E para quem você contará sobre os avanços quando toda a humanidade for dizimada por estas criaturas? Eu irei tratar de devorar cada pedaço da carne da sua família, pois esta guerra não terá uma nação vencedora, escute o que eu digo.

— Me perdoe Noah, mas você não verá esta guerra acontecer...

De surpresa, um guarda surgiu atrás de Noah e desferiu uma poderosa descarga elétrica em seu corpo. Ele gritava e se contorcia, mas absorvia cada ampere da corrente que o possuía e em um golpe desesperado, lançou a carga de volta para o guarda que foi arremessado para longe.

Joseph avançou na direção do garoto com a seringa erguia pronta para o bote, mas o outro foi mais rápido e o parou com apenas um tapa. O cientista caiu de lado e a seringa se perdeu pelo corredor.

— No fundo eu gostava de você, Joseph. — Ele caminhou na direção do homem caído e se ajoelhou bem sobre sua barriga. — Só que agora eu vou explodir sua cabeça de tanto que vou apertar seu pescoço. — Ele sorriu e envolveu as duas mãos no pescoço de Joseph.

Antes que qualquer dano pudesse ser sentido pelo cientista, o guarda que levou a descarga elétrica fincou a seringa em seu pescoço e pressionou o êmbolo com pressa. O garoto rapidamente perdeu suas forças e revirou os olhos.

— Não... Não... — Ele disse tentando alcançar o guarda, mas não havia mais nenhuma força em seu corpo. O guarda desferiu um poderoso chute em seu rosto e o garoto caiu imóvel no chão.

— Devo mata-lo?

— Não, leve-o para a contenção de emergência. — Joseph disse ofegante. — Vou adiantar agora mesmo o processo de vendas das amostras do vírus.

O guarda ajudou a levantar o cientista do chão e logo tratou de colocar Noah em seu ombro.

A cela de contenção especial era apenas uma sala branca completamente acolchoada, o diferencial estava em uma grossa coleira de metal com várias agulhas retraídas em seu interior.

O guarda a posicionou ao redor do pescoço de Noah e a acionou. As agulhas mergulharam fundo na carne do jovem que permanecia desacordado. Ele finalizou seu trabalho e saiu de dentro da sala, trancou a grossa porta de metal e passou por mais duas portas iguais enquanto caminhava em um corredor ao encontro de Joseph.

— Fez tudo certo? — Joseph perguntou com um sorriso no rosto enquanto o guarda retirava a máscara.

— Sim, senhor.

— Obrigado, Nathan.

—--X---

AGORA

Elliott acordou do pesadelo com o corpo completamente suado, seu coração batia forte e sua respiração estava descontrolada. Nem mesmo a visão de Heather dormindo tranquilamente ao seu lado o tranquilizava, as imagens dela sangrando com os órgãos em suas mãos ainda martelavam na mente do jovem loiro.

— Elliott? — Sussurrou uma voz ao lado dele, era Enzo.

— O que foi?

— Eu que lhe pergunto né? Você está em frangalhos.

— Foi só um sonho. — Elliott levou as mãos até a cabeça.

— Está tudo bem mesmo?

— Eu não sei... Eu venho sonhado que estamos todos mortos ou que eu represento algum tipo de perigo...

— Por conta do que aconteceu na cabana? — Enzo franziu a testa.

— Não sei, talvez... Nathan falou que todos nós fomos infectados durante a Chuva Negra, então porque ainda somos humanos?

— Talvez seja algo relacionado ao nosso organismo, talvez demore para se manifestar...

— Você se lembra de algo antes do ataque? — Elliott encarou Enzo.

— Pouca coisa. — Ele fez uma pausa. — Lembro-me de sair da escola e estar caminhando para casa com meus amigos, depois eu ouvi gritos e explosões e acordei no quintal de casa.

— Não se lembra de mais nada?

— Só de andar e andar, mas não sei o que fiz, não sei o que deixei de fazer... — Enzo se calou e voltou sua atenção para o dia que estava clareando do lado de fora.

O tempo continuava frio e chuvoso, após todos acordarem e comerem alguns enlatados, o grupo se reuniu na sala de Alexia para decidir o rumo da viagem.

— Bem, eu e Caleb queremos ir até a sede da Helix. — Falou Alexia posicionando seu revólver em um coldre em seu cinto.

— E onde fica isso? — Indagou Heather.

— No meio das Montanhas Cascade em Washington.

— Washington D.C.? — Perguntou Lorenzo?

— Não, o estado de Washington mesmo. — Alexia resmungou.

— E o que nós faremos? — Elliott franziu a testa.

— Vocês podem seguir viagem com a gente até a sede da Helix ou podem ficar em Seattle. — Caleb passava a mão nos cabelos.

— O que existem em Seattle?

— Talvez ainda esteja de pé. — Disse Nathan. — Soube que há uma ONG por lá que está ajudando no combate e no apoio aos sobreviventes.

— Como você soube? Não é uma armadilha? — Heather o encarava.

— Confie em mim, eu teria ido para Seattle se não tivesse formado meu grupo antes.

— Bem, vocês decidem... Devemos chegar a Washington em alguns dias se sairmos hoje. — Alexia levantou de onde estava encostada.

— O que você acha, Elliott? — Perguntou Lorenzo.

— O que você acha, Heather? — Elliott virou-se para Heather.

— Enzo? — Heather disse para Enzo ao seu lado.

— Eu topo ir para Seattle. — O mais novo concordou observando os outros três aprovando com a cabeça.

— Está decidido então, vamos para Seattle. — Heather olhou para Elliott que concordou com a cabeça.

— Ótimo, eu e Caleb deixaremos vocês em Seattle. — Alexia virou-se para Nathan. — E você fará o que da sua vida?

— Eu vou para Seattle também...

Elliott o encarou por alguns segundos e voltou seu olhar para Heather. Não sabia se Seattle era o lugar certo para ir, mas era preciso descobrir se a tal organização realmente existia, talvez seja uma viagem suicida, mas talvez possa ser a volta de uma vida normal.

— Acredite, essa organização existe. — Afirmou Caleb. — São chamados de Harpias.

— Harpias? — Heather franziu a testa.

— Sim...

— Bem, seja como for, iremos para lá. — Elliott tentou logo cortar o assunto e saiu da sala. Passou por entre os corredores e foi até o banheiro.

Lavou o rosto e ficou se encarando no espelho sujo por alguns minutos. Tinha medo dos Devoradores, medo da viagem, medo do que poderia encontrar pela frente, mas agora, tinha medo de si próprio.


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