POV. Katie

Depois de passar um dia, dando de cara com o Jake toda hora, estou deitada na minha cama olhando pra lua através da janela do meu quarto. Já são 01:00 da madrugada e eu estou acordada. Tinha visto um filme de cachorros (eu amo animais) e chorei no final. Não sou tão chorona, mas o filme dá motivo pra isso.

Já que eu já estava num astral triste, decidi já pensar em tudo de uma vez. Hoje, chorei na escola por causa do meu pai. Normalmente, não choro muito por causa disso pois não quero que minha mãe saiba.

Eu sei que o que eu vou falar agora é um pensamento horrível, mas, infelizmente, é o que eu sinto: eu me sinto confortável ao saber que tem outra pessoa que eu conheça sofrendo pelo mesmo que eu. Eu sei que isso chega a ser maldade, mas é bom ter alguém com quem falar sobre isso, quando precisar e...

–- Kat, posso dormir com você? – diz uma voz sonolenta. Olho em direção à porta e vejo Annie parada, com seu ursinho de pelúcia na mão. E logo atrás dela, vem a Lua, nossa cadelinha. Gosto tanto de ver a lua, que me inspirei nela para o nome dela.

–- Claro – digo e me afasto pra beirada da cama, deixando um espaço pra ela. Levanto o cobertor e ela deita de frente pra mim. Lua deita em nossos pés e fica enroladinha. – O que aconteceu? Teve pesadelos?

–- Não... eu... eu fui olhar os retratos do papai e queria muito que ele tivesse aqui. – ela diz, meio gaguejando – Aí, eu ouvi a mamãe chorando e não consegui entrar no quarto dela porque está trancado. Não consegui dormir de novo e vim deitar aqui. – ela diz com um tom de voz como se estivesse com vergonha.

–- Não tem problema você ver as fotos do papai. É bom, você gostar dele. Eu também sinto falta... queria que ele estivesse aqui. – Eu disse, mas nem comentei a parte da mamãe chorando. – É bom você vir dormir aqui comigo. Sabia que eu tenho medo, as vezes, de dormir sozinha?

–- Serio? – ela diz com cara de surpresa – Não sabia que você tinha medos.

–- Meu anjo, todo mundo tem medo. Até os que aparentam ser os mais fortes, tem seus pontos fracos. – digo sorrindo e cobrindo ela melhor com o cobertor. – Então, vamos dormir? Amanhã eu tenho aula e a senhorita também! – digo sorrindo.

Ela só me devolve um sorriso e fecha os olhos. Abraço ela e assim, durmo calmamente.

****

–- Katie! Katie! – tem alguém gritando no meu ouvido... quem está atrapalhando meu sonho?? – Acorda, caramba! - Ah! É a Clary. Porque ela está me acordando?? Espera... EU TENHO AULA!

Rapidamente me levanto e Clary toma um susto. Olho pro lado e vejo Annie dormindo, abraçada com seu bichinho.

–- Credo garota! Tava dormindo e do nada, levanta! – diz Clary, enquanto sai do quarto.

Visto meu uniforme, pego minha mochila e saio voando do quarto. Olho pra tela do meu celular: 07:55 da manhã. FERROU! A aula começa 08:00 e da minha casa até a escola é 20 minutos de carro! Imagina andando?!

–- Mãe? Mãe? – digo, entrando no quarto. Vejo minha mãe penteando seus cabelos no espelho do seu banheiro.

–- Bom dia, filha! – ela diz com um tom de felicidade falso. Eu sei que ela chorou ontem. Mas finjo que não sei. – Porque ainda não foi pra escola?

–- Então... acordei um pouco atrasada... e sua filhinha, mais conhecida como Clary, pegou o ônibus da escola e nem pediu para me esperarem! – digo, e mamãe faz cara de nervosa e já sai procurando a chave do carro.

–- Mereço?! O meu Deus! Carlos do céu, me ajuda com essas meninas! – minha mãe diz. Fico um pouco paralisada, e só depois ela percebe que acabou de ‘falar’ com meu pai como se ele tivesse presente. – Me desculpe filha. – ela me encara. – Vamos?! Acho que a Annie vai ficar bem...

****

Como já imaginava, cheguei muuuito atrasada. Além de ter pegado um trânsito do caramba, a gasolina acabou no meio do caminho.

Entrei correndo na escola e fui direto pro meu armário. Peguei o livro e o caderno de Biologia e fui pra sala 212. Quando estava chegando perto da sala, me lembrei que já tinha começado o segundo horário. Tive que voltar pro meu armário e pegar o material de Matemática. Agora sim, corri pra sala.

Abri a porta e o professor tava explicando matéria nova.

–- Senhorita Prior, já passou do horário de chegar na escola, você não acha? – disse ele, me encarando e toda a turma começou a me encarar também.

–- Me desculpe, Sr. Jackson... é que... é porque... e-eu acordei atrasada, aí minha mãe me trouxe, aí a gasolina acabou no meio do caminho, aí teve trânsito... – eu falei tudo de uma vez e só depois percebi que tinha falado muuitos “aí”.

–- Ta bom, Ta bom. Agora sente-se em algum lugar e preste atenção na aula.

Assim que ele terminou de falar, agradeci e fui pro meu lugar.

****

Às 11:30, é hora de pegar o ônibus e voltar pro paraíso: minha casa, é óbvio! Saio da escola apressada e vejo que o ônibus já está parado esperando mais gente chegar. Entro, sento no lugar de sempre e coloco minha mochila no lugar de Clary, pra ninguém sentar. Assim que vejo que ela está vindo, tiro a mochila. Mas percebo que, na verdade, ela está me chamando pra ir conversar com ela fora do ônibus.

–- Que que foi? – digo séria.

–- Olá pra você também, irmãzinha. – ela diz em tom irônico.

–- Eu estou com um humor maravilhoso, depois de você me deixar...

–- Chega. Vamos direto ao assunto. – ela diz, cortando minha fala no meio. Minha reação é revirar os olhos. – Eu vou ir pra casa da Lucy, porque às 14:30 temos aulas de judô juntas, aí é mais fácil pra eu vir.

–- Você falou com a mamãe? – digo, mas já sei a resposta: Não.

–- É só você chegar lá em casa e avisar! – ela diz – Obrigada e tchau – ela diz e sai andando em direção a um carro junto com Lucy.

Só fico observando e volto pra dentro do ônibus. Já sentada em meu lugar, vejo Jake, Lucca e Cameron chegando no ônibus. Percebo que Maggie não está com eles. Agradeço mentalmente por isso... ninguém merece aquela ‘coisa’ por perto. Começo a rir do meu próprio pensamento e quando vejo, Jake está olhando pra mim e eu estava parecendo que estava sorrindo pra ele. MERDA! É bom ele saber que eu não estava olhando pra ele!!

Fuzilo ele com o olhar e viro a cara pra outro lado. Quando todos estão dentro do ônibus, tia Ju (como chamamos a motorista), começa a dirigir.

Só sei de uma coisa: aquela idéia de virar amiga do Jacob, não existe mais.O melhor a fazer é continuar nos ignorando.