Bésame Sin Miedo escrita por Dama do Poente


Capítulo 5
Bela Noite


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente: Marih Yoshida: MUITO OBRIGADAAAAAA PELA RECOMENDAÇÃO, SUA LINDAAA!! Amei demais



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Reyna acabou não sabendo nada da inauguração do Pub — exceto o que Pólux e Castor, os filhos do dono, disseram na faculdade —, uma vez que Jason também não foi e ela não encontrou com Nico nos últimos dias. Era Natal, então ela nem se surpreendeu: talvez ele tenha ficado com a família, da mesma forma que ela ficou.

Faltavam poucos dias para o ano terminar e ela estava no trabalho, lá no setor de atendimento, tendo Octavian a observando e Gwen falando sobre o quão maravilhoso era seu namorado, quando uma situação estranha se sucedeu.

Um cliente muito satisfeito com algum produto que fora trocado, ou algum problema resolvido, passou por ali e deixou lembrancinhas de Natal para os que estavam alocados no setor. Como de costume, os estagiários e o supervisor destes — no caso, Octavian — foram completamente ignorados... O que não era surpresa para ninguém.

— Então, Vivi: quantas vezes fomos ignorados nesses últimos tempos? — Gwen pergunta a Octavian, citando o apelido que ele muito odiava.

— Cinco, e essa será sua última se me chamar de Vivi de novo! — o loiro com cara de espantalho revira os olhos, voltando a se concentrar em seu trabalho.

— Vivi! — Reyna sorri — É tanto amor entre vocês...

— A culpa não é minha se a Gwen não sabe perdoar!

— A culpa não é minha se o Vivi é um traíra que me deixou pra morrer naquele jogo de caça à bandeira!

Os dois mais velhos continuaram a discutir sobre passado e Reyna continuou a rir sobre os dois, até que foram interrompidos pelo surgimento de um dos colegas de serviço. Era um senhor, poucos centímetros mais baixo que Reyna, de pele bronzeada — como se tivesse passado a vida sobre o sol da Califórnia e não na selva de pedra —, cabelos brancos e óculos. Ela não sabia seu nome, mas sempre que a via ele insistia em cumprimentá-la, ou sempre pedia ajuda a ela quando precisava.

— Aqui! Fica pra você! — ele deposita um pequeno embrulho cor-de-rosa sobre a mesa dela.

Primeiramente a latina fica sem reação, mas logo volta a si e nega. Não era a chapeuzinho vermelho, mas sabia que em estranhos não deveria confiar.

— Fica! A patroa não ia gostar se eu levasse para casa! — ele diz, dando um sorriso estranho, que fez o estômago de Reyna embrulhar-se.

Gwen e Octavian estava em total silêncio, somente a observando, e ela não viu outra alternativa além de sussurrar um ok e lhe dar um sorriso fraco. O homem retribui e volta para a outra ponta do setor.

Reyna nem notou que tinha prendido o fôlego, até que pôde soltá-lo.

— O que foi isso, Reyna? — Octavian pergunta.

— Queria eu saber! — ela suspira — Mas você viu, não é? Eu te disse naquele dia que ele era estranho.

Não era a primeira vez que passava por isso. Certa vez, quando Gwen, Octavian e ela vieram da faculdade juntos para o trabalho, o homem fizera questão de abraçá-la. Reyna, muito sem graça e pega de surpresa não viu alternativa além de retribuir; a partir dali começaram boatos de que ela poderia estar tendo algo com o homem, mas, por ironia do destino, Octavian abafou a história: ele vira o quão assustada a colega de curso ficara e passou a observar mais de perto a situação.

— O que vai fazer com isso? — Gwen apontou para a lembrancinha sobre a mesa.

Reyna estava prestes a contar que jogaria fora na primeira oportunidade, quando viu que estavam sendo observados pelo homem. Ele caminhava na direção em que os três se sentavam — um cubículo, no fim da sala —, que era o mesmo lugar onde o bebedouro do setor ficava, e seus olhos estavam fixos em Reyna.

— Não vai guardar o presentinho? — ele pergunta, pondo metade do corpo para dentro do espaço.

— Ah, claro! — ela lhe forneceu mais um sorriso amarelo e jogou o pacote de qualquer jeito para dentro da bolsa.

— Ok, agora até eu fiquei assustado! — Octavian murmura, assim que o homem se afasta novamente.

— Se você está com medo, eu estou desesperada! — a latina resmunga, passando a mão sobre o rosto.

— Você deveria falar com a Hylla... Ou até mesmo com Belona... — Gwen opina, checando o horário.

Faltava pouco menos de vinte minutos para o fim do expediente deles. Tempo o suficiente para que guardassem o que estavam fazendo, salvassem tudo o que estava no computador no servidor da empresa e para que Reyna deixasse clara a posição de sua família quanto a isso.

— Elas não vão acreditar que ele possa ser uma ameaça para mim: vão pensar que estou dando uma desculpa qualquer, que não estou agüentando a vida dupla de início de faculdade e emprego... É capaz até de acharem que estou tentando prejudicá-lo para ficar com sua vaga e ter um salário melhor... — ela deu uma risadinha amarga — Melhor deixar de lado, pessoal! Agradeço a preocupação, mas... É inútil!

Os dois, que se conheciam a vida toda e mesmo assim não consideravam amigos, se entreolharam com uma promessa silenciosa passando entre eles: sim, se odiavam; sim, Reyna odiava Octavian; mas, sim, eles tinham que se manter unidos nessa e ajudá-la. Afinal de contas: cursavam administração, e um bom líder cuida pelo bem de todos.

Quando tudo estava pronto para saírem, e logo depois de terem assinado o ponto de saída, os três caminharam juntos até o ponto em que o ônibus de Reyna passava. Era muito raro andar de ônibus em Nova York, onde quase todos preferiam o metrô, mas Reyna tinha pavor do subterrâneo e preferia se arriscar ali fora, no frio, do que se enfiar em um trem sob a terra.

— Pensei que você preferisse o metrô, e que você fosse pegar carona com o superfamoso e maravilhoso namorado que tem... — a morena comenta, olhando para os colegas de curso e de trabalho.

— Só não queremos que fique aqui sozinha! — Octavian dá de ombros, encolhendo-se mais ainda em seu pesado casaco.

Um sorriso escapa dos lábios azulados de frio da garota.

— Não precisavam fazer isso: eu sei me proteger! — não estava sendo rude, mas sim sincera: tendo convivido com um pai violento durante sua infância, Reyna aprendera artes marciais desde muito jovem. Acabou tomando gosto pela coisa e continuava a praticar por puro lazer.

— Eu sou um crápula e você me odeia! Mas você tem a mesma idade que minha namorada... E eu simplesmente não consigo parar de pensar no que pode... Olha, apenas esqueça a probabilidade de ficar aqui sozinha! — Octavian suspira, encerrando o assunto.

Os três ficaram ali em silêncio, sentido frio demais para pensar em qualquer outra coisa que não fosse um banho quente e cobertores, até que o celular do rapaz toca, assustando-os.

— Alô? — ele atende — Oh... Eu... Ok, ok! Estou indo! — ele suspira — Meninas, eu preciso ir! Me desculpem, mas surgiu uma emergência.

— O que aconteceu, Vivi? — Gwen perguntou, soando mais carinhosa do que impiedosa.

— Depois eu conto, Gwendollyn! Boa noite, meninas! — ele se despede, entrando no ônibus que acabara de parar.

Reyna conhecia o trajeto que aquela linha fazia. Ela levava ao hospital mais próximo dali, e a urgência na voz de Octavian a fez temer por ele.

Ela estava prestes a falar algo com Gwen, mas quando voltou seus olhos para amiga, a mesma estava sendo erguida do chão por um jovem magro e pálido, de olhos num estranho tom de púrpura e cabelos negros e cacheados.

O popular Dakota. O filho mais velho de Dionísio, professor de teatro na Loyola School e viciado em Cabernet Sauvignon.

— Já lhe disse seu cheiro é melhor e mais embriagante do que o de um vinhedo francês? — o garoto pergunta, parecendo totalmente alheio a presença de Reyna, que segurava o riso.

Dakota e Gwendollyn eram populares na NYU. Ele ganhara prêmios com seus roteiros e espetáculos, além de já ter atuado na Broadway e de ter passado a maior parte da faculdade bêbado; já ela, a primeira garota que o rejeitou como namorado e o quis como amigo, era famosa por ser uma líder incorruptível e pelas inúmeras brigas com Octavian e o próprio Dakota. Diziam que ela acabaria com um dos dois, e não estavam errados: de tanto cuidar de Dakota e de acompanhá-lo às reuniões de Alcoólicos Anônimos, Gwen acabou se aproximando dele e sendo a solução de seus problemas. Vinhos agora só em ocasiões especiais: ele já tinha sua fonte de embriaguez.

— Você costuma dizer isso freqüentemente, Dake, e eu prefiro quando diz apenas para mim e não para minha amiga também! — Gwen se afasta, permitindo que o namorado visse Reyna atrás dela.

— Aaah, desculpe Reyna! Eu não a vi aí! — ele sorriu, corado — Na verdade, pouco vejo quando Gwen está ao meu lado! — ele beija o topo da cabeça da namorada, que esconde o rosto no peito dele.

Reyna não pôde evitar um sorriso para os dois: eles eram fofos, quase a meta da vida de qualquer garota.

— Está tudo bem! — ela o tranqüiliza — Imagino que Gwen adoraria ouvi-lo falar mais sobre os vinhedos franceses...

— Se eu levasse Gwen para a frança, os coletores ficariam se indagando de onde tal maravilhoso perfume estava vindo: eu teria que escondê-la deles... — era tanto amor que havia nos olhos de Dakota, que Reyna tinha vontade de enviá-los para uma lua de mel, mesmo antes de eles terem trocado alianças.

— Leve-a para casa e proponha casamento! É uma ordem! — Reyna ri ao ver a amiga corando mediante tal pensamento.

— Idéia tentadora! Mas antes, por que não vem com a gente? Posso te deixar em casa: eu ainda não comprei o anel de minha bela dama mesmo! — Dakota diz, observando a mão direita de Gwen, como se de fato pensasse em propô-la.

— Imagina! A casa de minha irmã fica na direção totalmente oposta a de vocês... — ela diz e percebe pelo olhar que aquilo era muito pouco para o ator — Além disso, meu ônibus já vai passar: está dentro do itinerário!

O casal se entreolha, tentando decidir se deixariam a menina ali ou não. Gwen até checa o relógio, contando o tempo que a condução poderia demorar e o tempo até que o pessoal do escritório saísse. De uma forma ou de outra, Reyna ficaria segura mesmo que o ônibus se atrasasse: todos no escritório já teriam saído aquele horário, afinal era quinta e todos saíam mais cedo.

As amigas se abraçam e Reyna ganha um abraço de Dakota também, que estava quase se tornando um amigo também e não apenas o namorado da amiga.

— Tudo bem, Ra-Ra! Mas amanhã faço questão de deixá-la em casa ou levá-la para tomar uns drinques com a gente: é sexta, bebê! Dia de farra até pra dona Gwendollyn ali!

— Eu ouvi, Dakota!

— Vish, me chamou de Dakota! Agora a coisa ficou séria! — o garoto ri, acenando para Reyna e entrando no carro.

Logo, Reyna estava sozinha e preocupada. Seu ônibus já deveria ter passado. Ok que estava um pouco aliviada: se fosse qualquer outro dia da semana, teria pelo que temer, mas hoje, na quinta, estava tranqüila, pois todos do escritório já deveriam estar em casa ou no trânsito.

Infelizmente, tal ponto se provou mentira, e logo a garota tinha companhia.

— Bela noite, Reyna! — aquela voz... Aquela voz era pior do que ouvir a voz de um demônio.

— Uhum! — concorda brevemente, checando seu relógio de pulso e rezando para que o ônibus passasse.

— Só não é tão bela quanto você! — ele sorri — Acho que é impossível!

Naquela hora a voz de Leo, lhe dizendo que ela era atraente e que todos sabiam disso, voltou a sua mente e ela detestou que tais palavras fizessem sentido agora.

Um milagre, Dios mio, um milagre, por favor. O Chapolin, o Batman, qualquer coisa!

— Nunca pensei que... — mas, fosse Deus atendendo seus pedidos ou o Batman chegando, o som de pneus interrompe o raciocínio e a fala do homem.

Realmente poderia ser o Batmóvel, mas ela reconheceria o Porshe preto e elegante em qualquer lugar. Quem diria que seria salva por um italiano?

Ninguém, até porque não era Nico quem dirigia o carro.

— Amor, quantas vezes terei que implorar que não fique aqui sozinha? — olhos castanhos lhe saudaram, quando a janela foi baixada — O que farei se perder mi Reyna?

— Leo! — e seu suspiro, tal qual seu sorriso, foi quase apaixonado de tão aliviado, enquanto, sem parar para pensar duas vezes, caminhava e entrava no carro.

Não olhou sobre o ombro, mas podia sentir o olhar do homem furar sua nuca, enquanto o garoto no volante se inclinava em sua direção e a beijava com ternura, fazendo uma cena e tanto. Além de disparar seu coração em um ritmo totalmente diferente do de antes.

— Podemos parar de fazer cena e irmos logo? — ela pede a beira das lágrimas.

Leo nada diz apenas a solta, depositando um beijo casto em sua testa, e volta a dirigir, afastando-os rapidamente de lá, sem ter um rumo específico em mente.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Ansiosos para saber sobre o que eles vão conversar?
Digam tudo nos comentários!!
Beijoos!
Aaah, já ia me esquecendo: criei um grupo para falarmos das fanfics, postar imagens relacionadas a elas e tal... Se quiserem entrar, serão muito bem-vindos https://www.facebook.com/groups/1593138720950697/?ref=bookmarks



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