O Guardião escrita por L Lohengrin


Capítulo 4
Treinamento-Parte Um




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“Já se passaram sete dias desde que comecei a treinar com aquelas pessoas. Ainda não me acostumei com o ritmo pesado com o que esse treinamento está seguindo, mas eu não tenho outra escolha. Aceitei seguir este caminho, e agora eu tenho que aguentar firme. De qualquer forma, olhando pelo lado bom, posso dizer que o pior de tudo já passou, afinal, nada foi pior que aquela maldita bola de energia que me fizeram engolir no primeiro dia”.

Primeiro Dia:

–Certo Stef. Você foi bem à primeira tentativa de fazermos algum progresso na questão do seu treinamento, porém eu, Jen e Sam tivemos uma conversa, e não temos muito tempo até que o suposto Demônio te ache. Então, vamos ampliar seu poder universal agora pra que depois vamos ás outras questões, certo?

–E como é que você vai fazer isso, Alice?

–Simples: A Energia universal é gerada, como o próprio nome diz do universo. Para aquelas pessoas que não conseguem se adaptar a energia do planeta, existe uma esfera de energia que tem o poder semelhante ao de uma estrela-anã, o que vai fazer você ter pelo menos metade do poder que precisa. O resto você desenvolve com base no treinamento.

–E isso não tem nenhum risco não?

–Assim... Ter risco mesmo não tem só o processo para a adaptação da esfera no corpo que é cheio de problemas.

–Sendo assim, dá a esfera aqui, anda.

–Lembrando que eu não estou te obrigando a nada, se você quiser deixar de lad...

–ALICE! A esfera, por favor.

–Depois não diga que eu não te avisei!

Alice me entregou a esfera, muito a contragosto, afinal desde o início ela tentava fazer com que eu desistisse de treinar para ser um dos protetores de Law. A esfera tinha o tamanho de uma laranja, que brilhava com um tom de roxo escuro.

Eu acabei por engoliu a esfera rapidamente.

–BLAGH! Essa coisa tem gosto de gasolina!

–E você queria que tivesse gosto de groselha? Foi feito numa fábrica e lacrado justamente com gasolina.

–Podia pelo menos ter colocado corante nessa coisa!

–Impossível, ia alterar a estrutura desse treco.

–Por falar em treco, você falou que pra esse negócio se acostumar ao corpo tinha bastante frescura. Que tipo de frescura?

–Ah, eu não sei direito porque eu nunca tive que usar isso, mas de acordo com a Matrona, que foi quem me deu isso, dá náuseas, você começa a tossir sangue, dores estomacais e dependendo da pessoa, também dá vertigem.

–Que ótimo. Acho que eu tô um pouco tonto.

–Ah! Isso significa que já está começando a se adaptar!

–E em quanto tempo isso vai acabar?

–Há mesma hora que você engoliu, só que amanhã!

–COMO É?

–E, hoje vai começar o seu primeiro treinamento!

–COMO É?

–Você vai lutar comigo, só que nesse seu estado de vertigem! Essa lição vai servir para que se por algum acaso alguém te enfeitiçar com algo semelhante à vertigem, você saber o que vai fazer.

–COMO ÉÉÉÉ?

–Vai dizer que você nunca lutou na sua vida?

–E-eu fazia parte do clube de Karatê até o ano passado, mas luta com espada são outros quinhentos!

–Sem moleza! Pega a espada.

–Eu nem levei pancada ainda e já estou sangrando, imagina quando levar...

–PRIMEIRA RODADA!

–COMO É QUE É?

Alli jogou uma espada na minha cabeça, tendo eu desviado por pura sorte, mas digamos que eu não tenha ficado muito bem depois disso.

–SUA MALUCA! EU TÔ VENDO TUDO GIRANDO E VOCÊ VEM COM ESSA ESPADA DO TAMANHO DO MUNDO PRA CIMA DE MIM? CADÊ A SUA INTELIGÊNCIA NESSAS HORAS?

–Hunf! Calado, fracote. Você desviou dessa por pura sorte, mas agora não terá a mesma sorte!

–HÃN?

–SEGUNDA RODADA!

–E-EI! ESPERAAAAAAA!

“Durante sete dias seguidos, sem parar nem por um momento, Alice começou a me treinar cinco horas por dia sem dó nem piedade. Simultaneamente, Jen me ensinava sobre bestas e criaturas de todos os elementos, citando seus pontos fortes e fracos, isso uma hora por dia, que com as aulas de como controlar elementais básicos do Sam, trancavam exatas 7 horas por dia de treinamento sem parar. Acabei me desconcentrando um pouco dos estudos, mas como depois desta semana seriam as férias, agora nada poderia me interromper.”

Oitavo Dia:

–Muito bem, Stef. Você tem feito certamente um grande progresso nos últimos dias. Está quase no ponto de poder se virar sozinho, mas ainda tem um problema que já era para ter sido resolvido há muito tempo.

–O que, Alice?

–Sua armadura, amiguinho! Ela vai te evitar vários ferimentos e hematomas gigantescos.

–*cochicha* Nesse caso não seria melhor eu ter uma desde o primeiro dia?

–O que você disse?

–Eu? Nadinha.

–Pois bem. Nesse caso, é melhor você procurar os materiais para a sua armadura aqui mesmo, em Elser!

–Em loja, já sei que não vai ser... Putz, até quando você pretende me ferrar hein?

–Até você aprender a cair e se levantar mais rápido ainda, não deixarei de te ensinar nada. Da última vez em que fui leve, piedosa e compassiva, perdi a única pessoa que me fazia falta... E que ainda me faz falta. Com esta perda, aprendi a viver como se amanhã todos que conheço fossem morrer... Tento ajudar para que se vire sozinho sem ter que precisar de ninguém, pra que não aconteça o mesmo que com ela.

Uma lágrima escorreu levemente do olho esquerdo de Alice. Não pude acreditar no que vi: A Miss Rocha chorando? Esta sim seria uma coisa que talvez fosse difícil de esquecer.

–Alice, você tá chorando.

Ela praticamente arrancou a lágrima do rosto.

–Chorando, eu? Você já me viu chorando alguma vez garoto? Acho que aquela esfera que você engoliu ainda tá fazendo efeito, mesmo tendo passado mais de uma semana.

–Sei. Acredito. Aonde vamos?

–Armaduras resistentes são feitas de Platina e Oricalco. A platina nós temos, mas falta o Oricalco. Olhando por esse lado, precisamos de cinco lingotes inteiros de Oricalco para as braçadeiras e parte da armadura. Está pronto?

–E onde se acha Oricalco aqui?

Ela me levou até um palácio dourado enorme, que mais parecia uma fábrica. Ela indicou que ficássemos escondidos até certo tempo por trás de uma rocha, e tendo passado 8 minutos sem fazermos nada, ela me revelou que aquilo se tratava de uma fábrica de anões, que eu iria furtivamente entrar e roubar o Oricalco deles.

–O QUÊ? Agora sim eu descobri que você é maluca.

–Calma campeão. Primeiramente, veste essa armadura de pele aqui!

Ela tirou uma coisa que fedia dentro da bolsa dela e me disse que era uma armadura. Eu fiquei sem ação, provavelmente por causa do fedor daquela coisa.

–Eu vou vestir isso? Você vai me dar um chifre de carneiro pra lutar com eles também?

–Na verdade, você vai ajudar os anões. Eles trabalham pra Orcs que tem partes cibernéticas no lugar de pele...

–RESUMINDO: Eles sofrem cárcere privado por causa de ciborgues três vezes mais feios que Orcs normais?

–Seria isso. E você vai fazer um favor libertando eles disso! Quem sabe eles fiquem tão gratos que até te deem uma recompensa, como uma arma dos anões, por exemplo!

–Isso seria bom, fora os hematomas, dentes quebrados, sangramentos internos...

–E VOCÊ VAI AGORA!

Ela atirou quatro flechas elétricas nos anões ruivos que guardavam a porta do palácio. Eu fiquei perdido, mas peguei a espada que ela tinha deixado no chão e corri até a porta. Abri-a no desespero e esperei que ela entrasse. Logo na entrada, tinha quatro Orcs babando por nos verem. Eles eram altos, tinham metade do corpo revestido de metal, incluindo os músculos que saltavam pra fora de tão grandes.

–Qual o plano, Alice?

–Tá vendo o botão na parte de baixo da espada? APERTA!

–Com... Ah! Esse aqu...

Ao mesmo instante que apertei o botão, a espada se dividiu em três, de repente.

–Lembre-se do que eu te ensinei e use-as!

Falando assim, até parecia que era fácil, não é mesmo? No fim, conseguimos atordoar aqueles Orcs, que eram muito bons de briga, fora as partes de metal, que não contribuíam em nossa causa. Depois que todos eles foram ao chão, abrimos uma porta que levava a uma sala pequena, que era como um escritório de anão. Na mesa, encontramos dois lingotes de Oricalco bem velhos, cheios de rachaduras. O que não sabíamos era que aquilo se tratava de uma armadilha.

Assim que pegamos os lingotes, o chão se abriu. Quando estávamos caindo, Alice pegou uma corda, e acoplou-a a uma de suas flechas. Ela mandou que me segurasse, e sem muita opção, tive que ficar agarrado a uma corda sem a mínima força braçal pra isso.

Depois de um tempo, nenhum de nós dois tinha mais força pra continuar segurando, terminando por cairmos juntos. Acabamos acordando em uma coluna de metal, amarrados com uma corda. Um anão subiu com muita dificuldade em uma pilastra e começou a gritar alguma coisa que eu simplesmente não entendia, mas senti um pressentimento de problema muito forte. Logo que pensei na palavra “problema”, me veio à mente onde Alice estaria agora. Comecei a olhar para os lados, até que vi que ela estava na mesma pilastra que eu. Como ela estava próxima de mim, peguei uma adaga que ainda estava no cinto que usava e comecei a cutucar a mão dela. Ela acordou praticamente gritando, assustando até o anão que estava em cima da pilastra, que terminou por cair lá longe, no chão. Quando ela acordou, ficou com o mesmo espanto que eu.

–Onde estamos Stefan?

–TÁ PERGUNTANDO PRA QUEM?

De repente, um gongo estranho começou a soar, e a telha de vidro que cobria o lugar escuro em que estávamos se abriu, revelando que estávamos em um coliseu.

Um Orc bem maior que os outros, feito completamente por metal estava acima de nós, como um imperador assistindo com prazer do sofrimento de seus gladiadores. Em certo ponto, ele notou que não falávamos a mesma língua que ele, o que não significava que ele não soubesse fala-la. Este fizera um sinal com o braço para que todos os Orcs que assistiam-nos se aquietassem. Dando um passo a frente, ele começou a falar conosco normalmente, com uma voz áspera e grossa.

–Então, estão se divertindo vermes?

–“Vermes”? Você está maluco? Tire-nos daqui!

Vendo que Alice estava reclamando demais, eu e ela fomos atingidos por um choque elétrico de 1 segundo, praticamente. Depois disso, as cordas se soltaram e caímos em um chão feito de metal também. Levantamo-nos e aquele Orc começou a falar besteiras que nem ouvimos direito.

–O meu nome é Sorkov, mas todos aqueles que conhecem meus feitos maldosos em Elser me chamam de “O Glorioso Rei Animal” e minhas conquistas são...

–Desculpa aí “Ó Rei Animado”, mas nós poderíamos contar com a sua “Gentileza Real” para sair do canto que “Vossa Maravilha” fez o favor de ocupar, pode ser?

É eu interrompi o que aquela coisa estava falando. E foi uma das coisas mais mal pensadas que me lembro de ter feito em minha vida. Logo depois que eu falei, ele virou a cara pra mim cheio de mau humor, dando um sinal para um dos colegas Orcs que tinha a sua esquerda. Este puxou uma alavanca vermelha que liberou um portão a mais ou menos 7 metros de distância de onde estávamos. De lá saiu um gigante horroroso, babando com uma perna humana na boca e um machado maior do que ele nas duas mãos.

O Orc-rei tomou então a palavra:

–Sabe garoto? Admiro sua esperteza. Só acho uma pena que ela não poderá te salvar agora. LUTEM!

E agora eu e Alice tínhamos que lutar contra aquele gigante cinzento, que era tão grande que mal andava direito. Neste dia, enquanto batalhávamos aconteceu uma coisa...

Sim. Aquela coisa que fez com que todos pensassem aquilo de mim. E o pior é que naquele momento, nada podia negar...

Continua...


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