Loucamente Apaixonada escrita por Angie


Capítulo 41
Bônus - Samuel - Planos Para o Futuro


Notas iniciais do capítulo

Não surtem!
Boa leitura!



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Ainda que o fuso horário me incomode muito e que a viagem tenha sido cansativa, falar com Heather era muito importante para mim naquele momento. Tanto porque ela sempre estaria em primeiro lugar para mim, quanto pelo fato de que ela estava passando por dilemas em sua própria mente. E também porque eu nunca tinha me mantido tão longe dela desde que se mudou.

A partir de agora eu passaria a não ter muito tempo, então aproveitar esses momentos vagos era o mínimo que eu deveria fazer. Mas eu não esperava poder conversar com seu pai. Não esperava que essa oportunidade fosse vir tão rapidamente. E me sentia satisfeito por poder pôr tudo as claras com Henry Sharpe tão rápido, sendo assim, não fiquei nem um pouco surpreso quando ele perguntou:

–- Quais são suas intenções com a minha filha, rapaz?

Então eu ri, porque se Heather tivesse ouvido aquilo, aquela altura do campeonato seu rosto já teria sido tomado pelo rubor e ela provavelmente tentaria tirar o celular de seu pai.

–- Heather não está aí, está? -- perguntei, ignorando sua pergunta.

–- Não, eu me retirei de nossa mesa. -- seu tom deixava bastante claro que ele não estava feliz por não ter o controle daquela conversa.

–- Ótimo, então vamos por partes. O que aconteceu, senhor Sharpe? De repente teve um surto de consciência e lembrou que tem uma filha a quem deveria amar incondicionalmente, ou está fazendo isso, se aproximando depois de tanto tempo, por obrigação? Ou pior, porque isso será bom para sua imagem e interesses? Eu não quis discutir nada disso com Heather, mas são possibilidades que não devem ser descartadas.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, mas ao falar trouxe a tona assuntos que não me agradavam.

–- Vejo que ainda é mesmo garoto arrogante e insolente de anos atrás.

–- Não deveria falar como se me conhecesse.

–- Conheço a fama que tinha. -- eu ri, sem humor algum. É claro que ele lembra. Se Heather se esforçasse talvez ela lembrasse da notícia também. Talvez tivesse em sua memória a imagem de um garoto que não conhecia e que havia cometido erros tão estúpidos ao ponto de estampar a primeira página de jornais e revistas. Ao ponto de aparecer na TV, com os jornalistas falando do que não sabiam e fazendo suposições piores do que o que verdadeiramente tinha acontecido, até que o contrário fosse provado.

Henry Sharpe tinha acabado de achar meu ponto fraco e tomado as rédeas da conversa para ele, mas eu as tomaria de volta.

–- Aquele garoto morreu logo após o acidente. Ele não existe mais. Não quer machucar mais ninguém.

–- É o que espero pelo bem da minha filha.

–- O emocional dela esteve mais seguro comigo do que estava com o senhor e sua mulher. Tem ideia do quanto Heather se sentia mal pelo abandono, o desprezo de vocês, mesmo que tentasse esconder isso até de si mesma?

Silêncio novamente, logo seguido por um suspiro de cansaço.

–- Eu não a desprezava.

–- É mesmo? -- perguntei com ironia. Aquela conversa estava apenas girando em círculos. -- Então diga-me: O que o fez mudar tão de repente?

–- O que te fez mudar? -- rebateu com o tom seco. Não era a toa que ele era um empresário de sucesso, aquele cara era bom.

–- Eu quase perdi tudo. Eu só trazia desgosto as pessoas que me amavam e essa quase foi minha ruína. Naquele momento tive que repensar, rever quais eram minhas prioridades. -- fui sincero. Se ele queria me ouvir antes, agora teria que escutar até o final. -- No momento, minhas prioridades se centram em Heather, minha família e na empresa, nessa ordem. Não estou pondo minha família em segundo lugar por capricho, mas porque eles não precisam de mim imediatamente. O que eles querem de mim agora é que eu lhes dê orgulho e que continue sendo o homem responsável que me tornei, estamos com uma estrutura familiar muito boa, obrigado, mas o caso de Heather é diferente. Apesar de tudo ela é insegura e frágil. Antes de nos conhecermos tudo que sua filha queria era se manter afastada de quase todo mundo, com excessão de... breves romances. Ela não estava disposta a se apaixonar de verdade por ninguém, a fazer uma amizade duradoura com ninguém e ela ainda não sabe amar como deveria. E talvez ela não perceba, mas é como se ela pensasse que tudo que conquistou vai desaparecer um dia. Estou trabalhando para mudar esse quadro, mas não será de ajuda nenhuma se o senhor desaparecer da vida dela novamente, tratando-a como se fosse um incômodo e não sua filha.

–- Não pretendo fazer isso. -- disse apenas.

–- Posso imaginar, mas eu quero saber o porque.

–- Você falou em prioridades, garoto. -- começou. -- Por um tempo eu pus o trabalho acima de tudo, por mais do que gostaria na verdade, e deixei que Helen controlasse quaisquer outro assunto. Acabei deixando minha própria filha de lado e não me orgulho disso. Deixei que Helen me manipulasse por tempo demais e hoje nosso casamento está se tornando instável. Agora eu quero consertar tudo. Sei que não fui um bom pai, mas Heather é uma boa garota, ela vai me perdoar. Não posso dizer se do meu casamento com a mãe dela poderá sair algo de bom ainda e não sei se Heather se sentirá abalada caso ele acabe, mas não posso estar o tempo todo por perto. Gostaria que ela tivesse alguém em quem se apoiar, não quero que volte a se afastar novamente.

Nada poderia ter me deixado mais sério e preocupado do que aquela confissão. Inclinei-me para frente no sofá da sala, apoiando os cotovelos sobre o joelhos.

–- O senhor e sua esposa irão se separar?

–- Eu não sei. Não tenho certeza. -- ele parecia estar usando de um grande esforço para dizer aquilo.

Franzi a testa levando uma mão aos cabelos e descendo-a pelo rosto. A reação de Heather, se aquilo de fato ocorresse, era imprevisível.

–- Estarei voltando daqui a três semanas, mas manterei contato constante com sua filha durante esse meio tempo. Espero que faça o mesmo.

–- Claro. E obrigado.

Voltamos a ficar ambos em silêncio, pensando em tudo que tínhamos dito. Ao menos eu estava.

–- Agora será que poderia me dizer quais são suas verdadeiras intenções com ela? -- sua voz cortou o silêncio, e aquela pergunta me pegou desprevenido diferentemente da primeira vez, o que acabou me fazendo rir.

–- Eu a amo. Deve imaginar quais são minhas intenções.

–- Escuta aqui, rapaz -- ordenou secamente. --, se ousar ter liberdades com a minha filha, espero que esteja ciente que...

–- O quê? -- indaguei insolente. -- O senhor tem contatos?

–- Não brinque comigo.

–- Fique calmo, senhor Sharpe. -- falei sorrindo. -- Minhas intenções com Heather são as melhores possíveis. Pretendo pôr um anel no dedo dela assim que terminar a faculdade, claro, se ela ainda me quiser por perto. -- e se ela aceitar meu pedido de namoro até lá, mas sou paciente.

Ele emitiu um ruído que pensei ter sido de concordância.

–- Nada de liberdades antes do casamento então. -- pontuou entredentes. Parecia dizer aquilo ainda a contragosto, o que me deixou com a impressão de que era um pai mais ciumento do que eu tinha imaginado. Eu não respondi aquilo. -- Me ouviu, rapaz? E me chame de Henry.

Nesse momento ele desligou na minha cara, mas não me incomodei. Henry Sharpe tinha praticamente me dado a mão de sua filha em casamento. Era inacreditável até mesmo para mim que não tinha planejado tocar nesse assunto.

–- Você acabou de propôr casamento a herdeira dos Sharpe? -- ouvi a voz de vovó e me virei no sofá, vendo-a recostada no corrimão da escadaria.

–- Não é como se fosse para agora. -- falei, sabendo que ela tinha ouvido boa parte daquela conversa. -- Estou falando do futuro, vovó.

–- Você disse que a ama. E provocou um dos empresários mais conhecidos, mundialmente falando. -- ela apontou para mim com um sorrisinho brincando nos lábios. -- Eu quero conhecer essa garota.

–- Não se preocupe, a senhora vai. -- eu espero.

Vovó ainda iria me interrogar muito sobre aquilo, eu sabia, mas não era um grande incômodo. Pensando bem, provavelmente Heather seria a primeira a querer começar o interrogatório assim que tivesse seu celular em mãos. Ri novamente com o pensamento e me dei conta de que mesmo tentando mudar um pouco dos pensamentos de Heather sobre o valor de si mesma, era ela quem tinha mudado mais em mim, me transformando num bobo apaixonado.

Isso também não me incomodava nem um pouco.


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