Loucamente Apaixonada escrita por Angie


Capítulo 35
Vinho e Champanhe




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–- Eu juro que se você não parar de me encarar, vou enfiar um garfo no seu olho. -- Achyle disse calmamente enquanto cortava um pedaço de frango em seu prato.

Ela nem mesmo se deu ao trabalho de olhar na direção de Gavin, o que deu um ar ainda mais ameaçador a coisa.

Papai havia se retirado por um momento para atender uma ligação importante e James o havia acompanhado. Coisas do trabalho que não poderiam ser adiadas. Eu entendia e apoiava, afinal, nossa mesa estava aos poucos se tornando um circo, com atiradora de facas -- ou garfos -- e tudo. Porém, o que ninguém poderia negar é que Gavin estava merecendo cada ameaça.

Desde que papai saiu ele tinha deixado seu comportamento forçadamente educado de lado e estava encarando Achyle com o único intuito de irritá-la. E considerando-se o fato de estarem sentados lado a lado, se eu fosse Achyle já teria dado um tapa bem dado nele.

Quando meu celular vibrou sobre meu colo fiquei aliviada de maneira indescritível por ter algo para me distrair daqueles dois. Ao pegar o celular vi que era uma mensagem de Samuel e no mesmo instante meu coração traidor começou a bater mais rápido.

Como está indo o jantar com seu pai? Está tudo bem aí?

Olhei de um lado para o outro pelos cantos dos olhos e notei que Wendy conversava calmamente com Mikaelle enquanto ignoravam a nuvem carregada de ódio que pairava sobre Achyle e Gavin. Resolvi responder a mensagem:

Exceto pelo fato de Achyle estar ameaçando Gavin com um garfo, está tudo uma beleza. ;)

Mal se passaram alguns segundos e meu celular estava vibrando novamente.

Samuel: Você está brincando, certo? Seu pai está aí?

Eu: Não, ele teve que sair por um tempinho e agradeço aos céus por isso. Vou pensar duas vezes na próxima vez que decidir deixar eles chegarem tão perto um do outro.

Samuel: É bom mesmo. E aí, como seu pai tem se comportado? Você está bem?

Franzi a testa. Se eu estava bem? Sim. Acho que ficaria me sentindo desconfortável se papai estivesse se comportando como qualquer coisa que não fosse um pai de verdade essa noite -- coisa que ele fazia antes. ---, mas até que ele está levando bem o papel de pai atensioso.

Eu: Sim. Ele está sendo um amor. Me perguntou sobre meus planos para a faculdade, sobre o que eu estava achando de Londres, quanto tempo eu planejo ficar por aqui... essas coisas. Sabe, ele nunca pareceu se importar muito antes, mas agora está sendo meio que legal ter um pai presente, mesmo que por uma única noite.

Samuel: Isso é bom. Mas Heather, tire da cabeça essa história de "uma única noite". Se o seu pai te ama de verdade, ele vai estar ao seu lado sempre. E vai por mim, ele não estaria se esforçando tanto se não te amasse.

Eu: Mas porque ele decidiu que devia se aproximar tão de repente assim? Ele sempre foi meio... distante.

Samuel: Há momentos na vida em que as pessoas se dão conta de que estão dando importância as coisas erradas e perdendo aos poucos o que mais importa. Ele simplesmente chegou a um desses momentos e viu que estava perdendo a menina maravilhosa que você é. Tinha mesmo é que correr atrás.

Apertei o celular nas mãos. Eu não podia deixar de me perguntar se parte daquelas palavras eram de certa forma sobre ele mesmo. "Há momentos na vida em que as pessoas se dão conta de que estão dando importância as coisas erradas e perdendo aos poucos o que mais importa." O que tinha acontecido no passado de Sammy? O que?

–- Sua louca! -- Gavin gritou e senti, mas do que vi, gotas de um líquido gelado tocarem minha pele.

As garotas havia se levantado as pressas e imitei seus movimentos, enfim prestando atenção na cena a minha frente. Achyle estava com um sorriso predador no rosto e segurava pela haste uma taça de champanhe vazia, e ao olhar para meu primo era fácil presumir onde o conteúdo daquela taça havia ido parar. O líquido escorria pelos seus cabelos, descendo pelo queixo e pescoço e encontrava caminho pela sua roupa. Se querem saber, Gavin nem parecia tão incomodado assim com o champanhe, era mais com o jeito que Achyle olhava para ele.

–- Achyle, que tal você pedir desculpas e irmos embora faqui? -- indagou Mikaelle.

Achyle continuou parada, sem demonstrar que havia lhe ouvido.

–- Que tal sairmos dessa sala e deixarmos que eles se resolvam? -- sugeriu Wendy, mas nenhuma de nós saiu do lugar.

–- Sabe porque você me odeia tanto? -- Gavin perguntou calmamente, pegando uma taça de vinho tinto que estava ao lado de seu prato. -- Porque se sente atraída por mim também e admitir isso feriria demais seu orgulho estúpido, não é?

Achyle se aproximou, sorrindo cínica e provocativamente.

–- Só nos seus sonhos. -- ela disse e nesse momento, sem dar oportunidade para que qualquer um dos dois dissesse mais nada, Gavin a pegou pela cintura e a beijou, surpreendendo não só a ela -- que estava petrificada. --, mas a todas nós.

–- Ah, droga. Quando voltar a si ela vai matar ele. -- disse Mikaelle.

Para assinar ainda mais sua sentença de morte, Gavin ergueu sua taça de vinho no ar e a derramou sobre a cabeça de Achyle, que começou a se debater em seua braços, querendo se soltar.

Gavin se afastou rindo, mesmo que também tivesse sujado a si mesmo de vinho. Dei mais alguns passos para trás, temendo que acidentalmente manchassem meu vestido e observei Achyle ficar cada vez mais vermelha de raiva a medida que recuperava o fôlego.

Meu celular voltou a vibrar, mas não abri a mensagem.

–- Seu imbecil. -- disse ela com os dentes cerrados. -- Desgraçado. Bastardo. Eu vou acabar com voc...

A porta da sala de jantar particular se abriu e papai entrou, seguido por James, que continuava com seu celular em mãos, franzindo a testa para a tela. Ele guardou o celular no bolso interno do paletó e olhou para nós, mudando sua expressão para espanto.

Papai fixou seu olhar em Gavin e Achyle, depois olhou para mim.

–- Eu quero saber o que está acontecendo aqui? -- ele perguntou.

–- Não. -- falei. -- O senhor não quer.

Ele anuiu.

–- Certo. -- disse lentamente. -- Vocês dois -- referia-se a Gavin e Achyle. --, vão se limpar. -- ele se sentou em seu lugar a mesa e nos fitou calmamente. -- Agora vamos retomar o jantar de onde paramos. Ainda temos muito a conversar e conhecer uns sobre os outros.


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