Loucamente Apaixonada escrita por Angie


Capítulo 16
Dúvidas




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– Você pode entrar sem bater. – Wendy diz, sentando-se no sofá. – Ele não iria te ouvir mesmo. O quarto dele é naquele corredor, o segundo a direita.

Franzi a testa diante do que ela disse, mas me dirigi ao caminho indicado.

Onde será que estavam Charlote e Olavo, afinal? Eles eram pessoas sensatas, poderiam ter acabado com as discussões em um piscar de olhos.

Parei de frente aporta em um conflito interno. Bater ou não bater? Wendy disse que não, mas… Ah, inferno! Não quero pegar ninguém em um momento constrangedor ou algo assim, ou melhor, não quero ficar constrangida por algo.

Imediatamente cenas clichês de livros, filmes e novelas inundaram minha mente. Tipo aquelas onde a garota entra num quarto e sempre vê o mocinho – sarado, por sinal – vestindo a camisa ou algo do tipo, ficando totalmente boba e envergonhada. Pelas camisas que Sammy usa, percebe-se que o físico dele é incrível, então não seria de todo mal…

Heather Sharpe! Pare já com isso!, meu subconsciente gritou e caí em mim.

Amigas não podem pensar em amigos sem camisa como um objeto de desejo, por mais gatos que sejam. Ponto. Amigas devem sossegar o facho e ficar no cantinho delas, sem querer se tornar um clichê.

É isso aí. Estou me proibindo definitivamente de me apaixonar por alguém agora!

E estou sendo idiota por não abrir essa porta, sendo que Samuel não estaria trocando de roupa já que, não estando mais molhado da chuva que tomamos, evidentemente deve ter tomado um banho e se trocado. Ele já está pronto para sairmos para sabe-se lá Deus onde e é apenas o estresse que o mantêm a distância.

Girei a maçaneta. Abri a porta.

Seus olhos estão fechados.

Sammy está recostado na cabeceira da cama, com fones de ouvido, balançando a cabeça levemente ao ritmo de qualquer que seja a música que esteja ouvindo.

Imediatamente entendi o que Wendy quis dizer com Ele não iria te ouvir mesmo”. Imagino que isso seja um hábito.

Observei-o por algum tempo, me repreendendo mentalmente por isso – por não anunciar minha presença –, mas aquele era um momento interessante para mim. Ele parecia apenas um pouco mais calmo. Não havia vestígios do sarcasmo sempre presente em sua expressão, mas infelizmente não havia traço algum de seu sorriso. A seriedade parecia torná-lo outra pessoa. Era estranho e até mesmo fascinante conhecer essa outra face, a que é capaz de sentir raiva. Sammy sempre foi bom para mim. Doce. Eu não tinha visto aquele lado ainda.

Seu quarto era em maior parte composto por móveis pretos – como as roupas que ele vestia. – e somente as paredes tinham a tez branca, no entanto, haviam fotos por todo lugar. Em pequenos porta-retratos, nas paredes… era até organizado, mas de um modo meio caótico, se é que isso faz sentido.

Dei um passo a frente e então ele abriu os olhos, fazendo-me petrificar no lugar. Me fitou demoradamente e imaginei que aquilo era tão constrangedor quanto qualquer uma das cenas clichês que imaginei anteriormente.

– Você não deveria ter feito aquilo no corredor. – disse friamente, retirando os fones. – Brigar com a Ariela. Foi idiota.

Estreitei os olhos, vendo-o colocar o iPod sobre a mesa de cabeceira.

– Ela foi a única a me insultar primeiro.

– E como uma criança, você aceitou as provocações.

– Não ouse me acusar, a culpa foi toda dela! – eu sei que isso soou como pura criancice, mas e daí? Eu disse e repito. Porque sim.

Arqueou uma sobrancelha.

– Autocontrole, Little Witch. Você não parece ter muito e as vezes isso é um grande defeito. Não pode se rebaixar apenas por ter recebido uma ou outra ofensa, ela não merece isso.

Cruzei os braços.

– Eu sei. – admiti.

– Mudando de assunto. – ele finalmente sorriu. – Vejo que já está toda descabelada novamente. Isso já se transformou num hábito.

Fiquei da cor de um tomate. Tinha esquecido em que situação estava, que por sinal era vergonhosa, mas minha sensação era meio que de vitória, já que a vadia saiu muito pior do que eu do nosso “combate”.

– A culpa foi toda dela. – repeti emburrada passando as mãos pelos cabelos, tentando melhorar seu estado lastimável.

– Claro, claro, mas isso tem que ser resolvido logo. Te dou dez minutos para se arrumar de novo, depois vamos sair.

– Para onde?

– É o seu aniversário, Little Witch, não deve ser nada menos que uma surpresa. Nove minutos… Peça ajuda a Wendy.

Disparei para fora do quarto, só então me dando conta de que não fiz nenhuma das perguntas que queria.


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