Loucamente Apaixonada escrita por Angie


Capítulo 10
Bônus - Samuel - Procurando Por Ela




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A voz de Ariela me dava nos nervos.

Justin é um completo idiota, não só por estar de casinho com uma garota tão fácil e fútil, como também por trazê-la a nossa casa sempre que lhe convém.

Meu irmão sempre foi irresponsável. Sempre usou as garotas como objetos. Pela primeira vez na vida, sinto que não me importaria se ela incluísse mais uma em sua lista de descarte.

– Sammy. – ela chamou entrando na cozinha, o único lugar exceto meu quarto onde pensei que poderia ler em paz. – Tem alguém te esperando lá fora. Ele disse que precisa falar com você.

Estranhei aquilo, mais decidi me focar em algo que me incomodou primeiramente.

– Obrigado por me avisar, Ariela. – falei secamente ao fechar o livro. – Mas, não me lembro de ter te dado intimidade para me chamar de Sammy.

Apesar do olhar venenoso que me mostrou, percebi que seu rosto assumiu uma leve coloração de vermelho.

Quem poderia imaginar? Parece que víboras também coram.

Diante de seu silêncio, peguei minha jaqueta no encosto da cadeira, me dirigi a sala e abri a porta. Gavin estava parado do outro lado.

– A Heather sumiu. – foi a primeira coisa que disse ao me ver.

Minha respiração falhou por um segundo. Pelo que sei, ela não conhece Londres. Nunca esteve por aqui e praticamente não saiu do prédio durante os últimos dias, com exceção de uma ida ao shopping. O que aquela maluca pensa que está fazendo?

Vesti a jaqueta e fechei a porta atrás de mim. No instante seguinte me vi caminhando pelo corredor com o celular em mãos.

– Cara, eu já liguei umas cinquenta vezes, não vai funcionar. – disse Gavin.

Não me importei.

Você ligou para Heather Sharpe. – disse a gravação da caixa postal. – Deixe seu recado, ou me faça uma garota feliz, deixando-me em paz.

Desliguei frustrado, quando numa ocasião normal eu teria rido de seu tom mal-humorado.

– O que foi que aconteceu? – indaguei.

– Helen aconteceu. – falou simplesmente. – Pensei que Heather pudesse ter vindo para o seu apartamento, mas a namorada do seu irmão disse que ela não estava aqui, por isso pedi que te chamasse. Quando Heather está com raiva ela não pensa direito, não quero que ela faça alguma besteira.

– Droga! – soquei a parede por impulso.

Gavin me contou há alguns dias atrás que espécie de pessoa a mãe de Heather é. Uma vadia egoísta que não se importa com nada a não ser que seja algo que a beneficie. Não que ele tenha usado estas palavras, claro, ainda assim esse tipo de gente me irrita mais que qualquer coisa.

– Ei, não fica nervosinho, Romeu! Ela ainda pode estar no prédio.

– Certo. – falei. – Vamos procurá-la. Você vai para o salão de refeições no primeiro andar e pergunta o Leandro se ela passou por lá e eu começo pelo de jogos no segundo. Tenho uma amiga que também pode ajudar.

– Tudo bem. – ele disse e se dirigiu as escadas. – Conto com você.

Liguei para a garota que sempre me faz apanhar na guitarra e ela atendeu no segundo toque.

– Oi, ingrato. – é seu cumprimento habitual.

– Onde você está?

– No salão de refeições, por quê?

– Ótimo, lembra da Heather…?

– A garota por quem você está caidinho?

– Eu nunca te disse nada disso.

– Não que precise. Parece-me óbvio.

– Tá bom, espertinha. O caso e que ela sumiu e preciso de ajuda para procurá-la. O primo dela vai chegar aí logo, logo e falar com o Leandro. É um cara loiro de olhos azuis. Impossível de não reconhecer, imagino. O nome dele é Gavin.

– E daí?

– E daí que eu quero que você o ajude. Tchau, Achyle. – desliguei antes que pudesse ouvir suas reclamações e xingamentos, então fui até o elevador.

Primeira parada: Segundo andar.

***

No dia em que Gavin chegou no complexo, nós tivemos uma conversa, a qual me deixou preocupado e incomodado. Não consigo tirá-la da minha cabeça de maneira alguma.

Eu tinha acabado de deixar Heather conversando com a minha mãe. Não queria que nenhum de meus irmãos me fizessem perguntas, por isso saí. Gavin estava me esperando recostado na parede, fora do apartamento de Heather. Seus braços estavam cruzados e seu olhar concentrado.

– Espero para o seu próprio bem que você não seja a próxima vítima da minha prima. – disse ele.

– Porquê diz isso? – franzi a testa. Aquilo não chegava nem perto do que eu esperava ouvir.

– Porque você parece se preocupar de verdade com ela e isso não é justo com nenhum dos dois. A Heather não se apaixona, cara, ela apenas se diverte e depois vai embora.

– Você não pode…

– Ela não se apega. – me interrompeu. – Não consegue fazer isso. O que ela sente consiste apenas em ver e pensar “eu quero”, acreditando que está apaixonada. Conheço ela melhor que ninguém. Sei o que estou falando. – olhou de um lado para o outro. – Sabe, prefiro não ter essa conversa em um corredor. Entre, preciso te explicar isso melhor.

Entrou no apartamento de Heather e o segui. Não o entendo. A maneira como ele fala é como se Heather fosse apenas mais uma, como Ariela. Aquilo não me agradou.

– Ela não faz isso por querer. – Gavin falou se sentando. – Apenas não acredita em relacionamentos duradouros felizes. – sentei no outro sofá roxo, de frente para ele. Heather parecia ter uma intensa fascinação por roxo e rosa. – Ao menos foi isso que ela disse no natal passado quando a bebida falou mais alto.

Espantei de meus pensamentos a imagem de Heather bêbada. Ela já é desastrada o suficiente quando está totalmente sóbria.

– Não entendo porque está me contando isso. – menti.

– Porque é óbvio o que está acontecendo aqui. Não tente se aproximar tanto, porque daqui a alguns meses ela vai embora. E eu vou junto, mas você vai ficar apenas no passado. Heather precisa de uma família e eu posso dar isso a ela, ela querendo ou não. Mas um namorado não está nos planos dela.

Mantenha-se inexpressivo, Samuel. Não se deixe auto denunciar.

Eu estaria mentindo se dissesse que Heather não me atrai. Para mim mesmo e para qualquer outra pessoa. E sei que ela está longe de querer algo comigo, não apenas por minhas provocações rotineiras, mas por problemas apenas dela. E não pretendo ter qualquer relacionamento com ela tão rapidamente, muito menos depois do que Gavin disse.

– Quero ser apenas amigo dela. – falei e poderia dizer que era uma verdade parcial.

– Tudo bem – disse Gavin, mas ele não parecia acreditar em uma palavra minha. –, se é assim… – deu de ombros. – E aí? Você quer me perguntar alguma coisa, não quer?

E foi nesse momento que eu perguntei sobre o relacionamento de Heather com os pais dela.

Saber aquelas coisas me deixou com tanta raiva que eu fiquei sem saber como agir assim que Heather chegou com minha irmã. Eu não podia encará-la da mesma forma depois de saber que ela era apenas mais um componente do que a mãe dela julgava por ser uma família perfeita.

Por ter aguentado tudo aquilo, Heather era mais forte do que eu poderia ter imaginado. E aquilo me atraiu ainda mais sobre ela.

***

– Realmente, por que eu estou me dando ao trabalho de procurar por alguém que evidentemente não está aqui? – Achyle perguntou, mais ou menos uns vinte e cinco minutos depois.

– Para fazer algo de útil para variar. – disse Gavin, o que pareceu despertar sua fúria.

– O que você está insinuando?

– O que parece, garota. Eu conheço você. Por acaso não é a atriz daquele novo seriado adolescente que está batendo recorde de audiência entre os jovens? Tenho certeza que sempre tem tudo aos seus pés. Tentar encontrar alguém e não poder achar deve te deixar frustrada.

– Escuta aqui, seu imbec…

– Será que vocês poderiam parar? – interrompi-os, antes que um assassinato acontecesse ali. Evidentemente Gavin seria a vítima. – A Heather ainda não apareceu e vocês perdem tempo brigando um com o outro?

– Nós já procuramos em cada área de lazer desse prédio e não a encontramos – disse Achyle. – O que te faz pensar que ela ainda está por aqui?

Eu quero que ela esteja aqui. Só isso.

Desviei o olhar para a janela de vidro do outro lado da sala, estava chovendo lá fora. Havíamos voltado para o apartamento de Heather, mas a mãe dela já tinha ido embora. Infelizmente. Eu gostaria de tê-la encontrado ali e dito poucas e boas para ela. Subitamente, uma ideia me ocorreu.

– Não procuramos em todo lugar ainda. – eu disse.

Gavin franziu a testa.

– Você não pode achar que ela é louca o suficiente para…

– É da sua prima que estamos falando. – cortei-o e a constatação pareceu ter vindo a ele.

– Tem razão.

– Certo, vocês me esperem aqui. Eu já volto.

Rapidamente saí pela porta, não os deixando retrucar e me dirigi ao elevador apertando o botão da cobertura.

Esteja lá, pedi em pensamento. Ou serei capaz de percorrer Londres para encontrar você.

Heather poderia pegar muito bem um avião e viajar só com a roupa do corpo. De acordo com Gavin, ela já fez isso antes.

As portas do elevador se abriram e o que vi me fez soltar um suspiro aliviado. Ela estava ali. Sentada em um banco no jardim, com o rosto inclinado em direção ao céu, sem se importar com a chuva.

Aproximei-me hesitante, sem saber como ela poderia reagir. Queria que o dia de hoje, seu aniversário, pudesse ter sido bom para ela. As flores que deixei em sua porta – e que agora estavam em seu colo. –, teriam sido apenas o começo de um aniversário feliz.

– Heather. – chamei e ela me olhou assustada.

Me diga que está bem…


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