Mar e Terra escrita por Urano


Capítulo 1
Mar e Terra


Notas iniciais do capítulo

Estou tendo algumas ideias de oneshots na minha vida e resolvi escrever uma delas para ver a repercussão. Espero que a leitura esteja boa e que a história, mesmo que pequena, agrade a todos. Gosto muito de comentários para saber onde posso melhorar. Por isso, não se acanhem, mesmo se acharem muito muito ruim. Adoro crítica construtiva.



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O amanhecer estava começando. Era a parte do dia preferida de Maebh. A jovem acabara de chegar ao riacho onde seu amigo Eoghan a esperava com uma cesta de frutas na mão e uma capa verde, tecida pelas próprias árvores, na outra. Uma mulher do mar, com seus cabelos loiros e muito compridos e olhos tão azuis quanto o próprio oceano. Sua voz, doce e calma foi calada pelo sorriso ao ver o amigo. Ele, um elfo que ostentava belas asas em seu torço nu, acenava para a mulher com alegria.

Maebh nadou até a margem do rio e apertou a mão do amigo, como se não se vissem há muito tempo. Na verdade, ela estivera frequentando a floresta mais do que gostaria de admitir. Estava tendo aulas de como andar sobre duas pernas e já quase se sentia parte do lugar. Ainda sim, seu grande amor pelo oceano a puxava de volta para as águas todas as noites.

Eoghan observou-a sair da água e sentou-se ao seu lado sem muita cerimônia. Seus olhos, tão escuros quanto seus cabelos, davam-lhe uma aparência meiga e curiosa. Ofereceu-lhe morangos frescos e Maebh os aceitou. Nunca tinha comido morangos, por isso fez uma careta ao provar. O elfo caiu na gargalhada ao ver que a escolha da fruta tinha surtido o efeito esperado. Depois, pegou dois morangos e colocou na boca, sem se importar com aparências.

Os dois ficaram um tempo no sol, discutindo quem tinha maior flexibilidade. No final, Maebh ganhou, por conseguir dobrar-se em ângulos impossíveis para pernas. Teriam que esperar até que o sol secasse o corpo de Maebh por completo para que pudessem começar as aulas. Comeram mais morangos, conversaram e riram. Era como se o mundo fosse apenas aquele instante, quando estavam juntos.

Quando Maebh estava seca o suficiente, Eoghan lhe envolveu com a capa e a ajudou a se levantar. Era engraçado para um ser cujo andar era tão natural quanto respirar, ver sua amiga tendo dificuldade para dar alguns passos. Ele a segurou pelos cotovelos e a guiou pela floresta. Quanto mais a mulher andava, mais se tinha para ver. As árvores enormes, os pássaros cantando e pequenos animais cuidando das próprias vidas. Flores salpicavam o chão, deixando um cheiro delicado e colorindo a paisagem.

– Nós estamos perto da minha casa. – Eoghan comentou, quando passaram por um tronco retorcido que parecia um chifre de cervo.

– Oh! É mesmo? Vamos até lá. – Maebh tinha os olhos brilhantes. Ela se pegou pensativa sobre como seria a casa de um ser da floresta. Provavelmente dentro de alguma árvore ou algo do tipo. Queria muito ver tudo o que podia.

– Acho melhor não. – Eoghan ponderou.

Maebh torceu a cara de chateação. Porém resolveu não discutir. Pensou em um dia, talvez, mostrar a própria casa para Eoghan. Será que ele concordaria em ir com ela até a parte mais profunda do oceano? Ela imaginou a cena enquanto eles caminhavam até uma árvore caída. Maebh arriscou alguns passos sozinha e se saiu muito bem. Sentaram-se no tronco para descansar.

– Você tem irmãos? – Maebh quis conhecer melhor a vida do amigo depois de ficar sabendo de sua casa.

– Sim e não. – Ele respondeu. E completou, após notar a confusão no rosto da moça. – Não tenho irmãos de sangue, mas todos nos consideramos irmãos na floresta.

– Por que eu nunca vi mais ninguém por aqui? – Maebh quis saber. Mesmo depois de dias entrando na floresta, ela nunca havia visto outro elfo ou fada por perto.

– Provavelmente alguns já viram você. Somos um povo tímido. Posso te apresentar a uma amiga, se quiser. – A expressão no rosto de Maebh se iluminou. Eoghan prometeu-lhe apresentar a fada naquele mesmo dia. – E você, tem algum irmão?

– Tenho vinte e sete irmãs e três irmãos. – Eoghan pareceu chocado. – Nem com todas eu tenho contato. Elas cismam em levar humanos para o fundo do mar às vezes. Algumas até se casaram com eles.

– Parece divertido.

– Nem sempre.

Os dois se encararam e sorriram. Então um breve silêncio se fez enquanto se olhavam. Tanto ela quanto ele gostavam de observar as expressões um do outro. Era como ver um ser completamente diferente diante de si, mesmo sendo tão parecidos fisicamente.

– Tenho uma ideia. – Eoghan levantou-se em um salto. – Vamos, fique de pé sozinha que eu vou te dar uma surpresa.

Maebh se levantou com algum esforço e conseguiu apoiar-se em suas próprias pernas. Eoghan bateu palmas para o feito da amiga, então andou rapidamente até as costas da jovem e envolveu sua cintura em um abraço. Maebh perdeu o ar por um segundo, tendo os pelos de seu corpo totalmente arrepiados ao sentir a respiração de um homem tão próxima ao seu rosto.

– Que está fazendo? – Quis saber ela, sem conseguir se mover.

– Fecha os olhos. – Maebh tentou virar-se para encará-lo, mas ele a segurou mais forte. – Vamos, confia em mim e fecha os olhos. Só abra quando eu mandar.

– Isso é coisa de fada?

– Mais ou menos. – Ele respondeu sorrindo.

Maebh resolveu confiar. Fechou seus olhos esperando o que viria a seguir. Sentiu os braços de Eoghan puxarem-lhe para cima e se segurou a eles com as mãos. Logo, seus pés já não tocavam mais o chão. Era como se estivesse nadando, mas seu corpo pendia para baixo com força. Eoghan a mandou abrir os olhos. Era uma visão incrível. Toda a floresta parecia miúda vista de cima. O vento levantava seus cabelos dando-lhe a sensação de que estavam sendo carregados por ele.

– E aí? – Eoghan gritava mais alto do que o barulho do vento.

– É maravilhoso. – Maebh gritou-lhe de volta.

– Ali está seu rio. – Ele a apontou um monte de coisas que os dois sempre viam lá em baixo. Maebh nem acreditou em como as coisas eram tão diferentes do alto. Ao longe, ela podia avistar o mar após a floresta. Se apaixonou por aquela paisagem.

Eoghan desceu para o mesmo ponto da floresta. Estava ofegante, mas trazia um sorriso na expressão. Maebh também sorria com gosto. Então era isso que ele via o tempo todo? Parecia maravilhoso ser uma fada. O homem se deitou no chão, seguido por sua amiga. Sem que precisassem de alguma iniciativa, entrelaçaram os dedos e ficaram observando o céu. Maebh pensou mais uma vez em leva-lo para conhecer o oceano. Depois daquele presente, era o mínimo que ela podia fazer.

– Eoghan. – Uma voz estranha quebrou o silêncio. Os dois levantaram de súbito para encontrar uma bela jovem de cabelos negros com asas pendendo de suas costas. – Eu vi vocês lá em cima. Fiquei imaginando quem era essa menina.

– Sou Maebh. – A jovem se levantou e estendeu a mão para a fada, que a apertou de volta.

– Sou Aoife. Você é humana? – A mulher se esgueirou para tentar olhar as costas de Maebh por baixo da capa.

– Ela é um peixe. – Eoghan respondeu, sorrindo. – Eu ia apresentar vocês hoje, mas parece que Aoife é mais curiosa do que eu esperava.

A fada jogou uma maçã em direção do amigo, que a pegou e deu uma grande e despreocupada mordida. Maebh não sabia muito bem o que dizer, mas não precisou de muito tempo até a outra lhe encher de perguntas sobre o oceano e os seres que lá viviam. Até Eoghan ficou curioso e fez algumas questões, aproveitando a oportunidade. Os três conversaram até começar a anoitecer, quando Aoife se levantou.

– Preciso me arrumar. Você vai à festa com a gente, Maebh?

– Festa? – A jovem olhou para seu amigo, com uma expressão confusa.

– Eu ia chamá-la de surpresa. – Eoghan reclamou. – Mas você acabou de estragar, Aoife.

– Hoje estou tendo muitas surpresas. – Maebh riu.

– Nós vamos ter uma festa hoje. – Ele continuou. – Vai ter uma fogueira e bastante comida.

– Parece bem legal. Eu nunca passei a noite fora antes.

– E você vai vestida assim? – Aoife interferiu. – Vamos lá em casa que eu te empresto uma roupa de fada. Ninguém vai notar que você não tem asas.

Eoghan ficou um pouco triste ao ver Aoife levando Maebh embora, mas também estava curioso com o resultado. Era legal que as duas se tornassem amigas, no fim das contas. Ele se viu sem ter muito que fazer até a hora da festa, então foi até a sua própria casa descansar. Quando a noite finalmente chegou, Eoghan foi caminhando até a casa de Aoife, uma grande árvore aberta em formato de cabana, com uma cortina de folhas secas trançadas.

Estava segurando uma bola de luz verde flutuante com as duas mãos para enxergar o caminho, quando entrou pela cortina. As duas mulheres o estavam esperando sentadas no chão. Seu coração deu um salto. Se alguma vez ele duvidara que Maebh fosse a mulher mais linda que ele já conhecera, agora ele tinha certeza. Ela estava com os cabelos loiros presos em uma trança no alto da cabeça e usava um vestido azul claro em baixo de um corpete branco. Parecia o próprio oceano em forma de mulher.

– Eu fiz um bom trabalho. – Aoife se levantou, puxando a amiga.

– Com certeza. – Eoghan concordou.

Foram andando vagarosamente até o local onde a fogueira estava acesa. Maebh nunca tinha visto nada como aquilo. Fogo era apenas algo abstrato em sua mente. Ela foi até o centro, sem se importar com os olhares que estava recebendo. Era maravilhoso. Estendeu a mão para tocá-lo, quando foi parada por um desconhecido.

– Quer se queimar, menina? – O homem segurava-lhe o pulso, sem muita força. – Humana? Que faz aqui?

– Ela está comigo. – Eoghan interveio correndo. – Ela é um peixe.

– Ah. Faz tempo que nenhuma filha do mar vem às nossas festas. Fique a vontade.

Maebh olhou ao redor, pela primeira vez. Muitos estavam olhando para ela, mas logo foram se dispersando. Sentou-se ao lado de seu amigo em volta da fogueira. Havia música. Pessoas cantavam e dançavam. Uma moça desconhecida se aproximou e cumprimentou os três. Então estendeu a mão para Eoghan. Ele aceitou o convite e se levantou. Maebh o viu dançando tão belo e divertido, que desejou poder usar as pernas direito.

Então ela piscou uma vez. Eles estavam se beijando. Bem ali no meio de todo mundo, na frente dela. Piscou outra vez, incrédula, e aquilo parecia mais do que um beijo. Olhou para os lados para ver vários casais fazendo a mesma coisa, enquanto outros dançavam casualmente. Percebeu o que estava acontecendo e se levantou. “Esse lugar não é para mim.” Pensou. Entrou floresta adentro, cambaleando. Caiu algumas vezes, mas continuou a andar o mais rápido que conseguia.

Seus joelhos doíam quando ela caiu e ficou deitada no meio da floresta. Deixou de se preocupar com as lágrimas que saiam de seus olhos e se deixou soluçar. Estava se sentindo péssima com todo o tempo que perdera indo até a floresta durante aqueles dias. Só queria voltar para o conforto do mar, mas não sabia como. Só conseguia ver a escuridão a sua frente.

– Maebh! – Escutou a última voz que queria ouvir naquele momento. Eoghan a encontrou com certa facilidade e se ajoelhou ao seu lado. – O houve? Você sumiu. – Ele percebeu as lágrimas da mulher e sua expressão mudou para algo mais sério. – O que aconteceu? Você se machucou?

– Por que você beijou aquela mulher? – Eoghan não entendeu a pergunta, mas resolveu responder com sinceridade.

– Por que é isso que nós fazemos. Nós celebramos a fertilidade desta forma.

– Da onde eu vim, precisa de amor para se beijar alguém.

– Mas é claro que precisa. – Eoghan continuou. – Nós amamos a natureza, a mãe que nos rege. Por isso festejamos.

– Você ama aquela mulher?

– Não, claro que não. Eu só estava fazendo algo natural.

– Eu sou filha do mar, não da terra. Não consigo entender. Lá nós fazemos algo natural diferente.

– Então me diga. Diga-me o que você quer que eu faça.

Maebh encarou-lhe por um segundo. Ela tinha magia suficiente para fazer aquele homem ir com ela aonde quisesse, que ele só olhasse para ela durante toda a sua vida. Não era isso que suas irmãs faziam com os humanos, afinal? O rosto de Eoghan estava bem próximo. Ela chegou mais perto. O suficiente para sentir a respiração do outro. Levantou os olhos e encontrou uma expressão confusa. Afastou-se, colocando os braços entre os dois.

– Me leve até o rio. – Foi a única coisa que conseguiu dizer.

– Certo. – Ele concordou e a ajudou a se levantar. – Vamos até o rio.

Foram o mais devagar possível, pois Maebh estava mancando. Ela tentava a todo custo segurar as lágrimas em seus olhos. Chegaram ao seu destino e a mulher começou a desamarrar a própria roupa.

– Você vai voltar amanhã? – Eoghan perguntou com a voz falhando. Maebh se limitou a negar com a cabeça, enquanto encarava o chão e puxava um laço de seu vestido. Ele segurou-lhe um dos pulsos. Sua mão estava gelada. – Me diga o que eu fiz.

– Você não fez nada. Nós temos visões diferentes, só isso. – Maebh o encarou. Parecia tão nervoso quanto ela. Seus dedos tremiam enquanto ele segurava o pulso da mulher.

– Então me mostre o que vocês fazem lá no mar. Mostre-me o que fazer. – Ele passou a mão pelos cabelos. Tinha uma expressão de medo no rosto. – Maebh, eu te amo. Eu vivi por mais de 200 anos sem me importar com alguém tanto quanto eu me importo com você. Nada me faz mais feliz do que quando você vem. Se você acha errada qualquer coisa que eu faça, me diga que eu mudo.

– Eu também te amo, Eoghan. Mas não posso te forçar a ser como eu. Não posso fazer isso com você. – Maebh pegou uma das mãos do amigo e o encarou. – É melhor não nos encontrarmos mais.

Ele a envolveu com os braços. Aquela posição era confortável demais. Maebh imaginara várias vezes como seria a sensação de abraça-lo por um longo tempo. Porém se entristeceu por tê-lo conseguido de maneira tão triste. Um abraço de despedida. Eoghan não estava disposto a deixa-la ir tão facilmente.

– Me mostre. Me ensine o que fazer para você ficar. Eu te amo.

Maebh já não aguentava mais. Seu coração dizia uma coisa, mas sua cabeça a mandava fazer outra. Resolveu que não ligaria mais. Que iria seguir seu instinto da mesma forma que tinha feito na primeira vez que veio a floresta, há mais de um ano. Quando por puro acidente, ao subir o rio de curiosidade, deu de cara com aquele homem que a estava envolvendo neste momento. Afastou um pouco o próprio corpo e segurou a cabeça de Eoghan entre as mãos. Fechou os olhos e o beijou.

Era como se tudo estivesse parado. A magia do beijo de uma sereia. Eoghan simplesmente relaxou todo o corpo e os dois caíram juntos na grama. Maebh tinha o corpo por cima e nenhum dos dois se soltou dos lábios do outro. Lentamente, ela afastou o rosto, ainda incrédula do que acabara de fazer. Sabia que tinha usado um encantamento, mas Eoghan já tinha dito que a amava antes. Apoiou os braços no chão e levantou a cabeça para encará-lo.

Eoghan parecia surpreso e confuso. Ele levantou uma das mãos e tirou um fio de cabelo dos olhos da mulher. A expressão de culpa dela o fez sorrir.

– Então é isso que eu venho perdendo? – Maebh se mostrou curiosa. Ele tinha gostado ou estava com raiva? Talvez medo. – É bem intenso. Foi o melhor beijo que já recebi. Então é esse o amor do mar?

– Isso é um feitiço. Algumas sereias usam isso para matar.

– Eu consigo entender como. Mas acho que você já tinha me enfeitiçado antes do beijo.

– Isso é por que eu nunca cantei na sua frente. - Maebh riu da expressão confusa de Eoghan. – Mas... Algumas de nós só usamos isso em quem amamos. Eu acredito que se o mar nos deu algo tão intenso, não deveríamos usar para machucar ninguém.

– Bem, agora não sei o que fazer. Eu quero mais. Será que preciso de algo para conseguir?

– Apenas fique comigo. – Maebh o beijou de leve outra vez, fazendo-o sentir seu corpo abandoná-lo.

– O tempo que for preciso. – Eoghan rolou o corpo para cima da mulher aninhou-se entre suas pernas. – Mas eu também posso te mostrar como fazemos aqui em cima. Vamos ver o que acontece quando o mar e a terra se tocam.

Eoghan segurou-lhe uma das pernas, enquanto beijou seu pescoço, seu ombro, seu colo. Puxou-lhe os laços que faltavam e retirou o restante da roupa. Maebh estava completamente nua. Ele beijou-lhe as pernas e a barriga. Tocaram os lábios um do outro. Eoghan deixou-se perder completamente naquele beijo, enquanto deitava o corpo sobre o dela. Tudo que conseguiam ver era a escuridão da noite enquanto seus corpos eram iluminados pela lua cheia.

O dia amanhecia vagaroso. A hora dia favorita de Maebh. E também hora de ir para casa. Ela se sentou, percebendo a cauda de peixe mergulhada em poucos centímetros de água. Não conseguiu se lembrar de quando fora que a água tinha subido. Provavelmente depois que ela dormira. Olhou para o homem deitado de bruços ao seu lado. Duas belas asas adornavam suas costas. Seus cabelos negros lhe davam uma expressão serena. Beijou-lhe a testa, fazendo-o acordar.

– Bom dia. – Desejou-lhe, sorrindo.

Ele se sentou. Sorriu ao perceber onde estava. Sem se importar em cobrir a própria nudez, abraçou a mulher ao seu lado. Maebh o envolveu com ternura. Seu longo cabelo cobriu os ombros dos dois como uma manta. Ficaram assim por um tempo até se afastarem naturalmente. Mantiveram os dedos entrelaçados.

– Quer morangos? – Eoghan perguntou sorrindo.

– Preciso ir para casa.

– Não custava tentar. – Ele coçou a cabeça sorrindo. – Existe alguma chance de você ficar aqui comigo, talvez para sempre?

– Deixe-me pensar... – Maebh sorriu. – Não posso ficar longe do mar. Eu morreria.

– E isso é a última coisa que eu quero. – Ele se inclinou e roubou-lhe um breve beijo.

– Que tal se você fosse me visitar lá em baixo algum dia? – Maebh sugeriu, depois de pensar um pouco. – Eu poderia te mostrar muitas coisas novas. Como você faz comigo aqui na floresta.

– Isso é possível? Eu gostaria, realmente.

Maebh se jogou no rio. Era maravilhoso sentir a água levantar seus cabelos e passar por suas escamas. Uma mulher do mar, no fim das contas. Queria sentir o gosto da água salgada depois de tanto tempo. Mergulhou por um instante e viu um cardume de peixes bem pequenos descendo o rio. Seria uma boa hora para ela fazer o mesmo. Tornou a sair da água e Eoghan a estava observando.

– Você vai voltar? – Ele perguntou vacilante.

– Todos os dias, enquanto eu viver.


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Notas finais do capítulo

Então galerinha. A tia quer saber a opinião de vocês. Comentem e me façam feliz