As Duas Faces Da Moeda escrita por Ella NH


Capítulo 1
Dia Um


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera, como vocês estão?
Para aqueles que me acompanham, ainda estou a procura de uma continuação para Silêncio Vermelho, como não encontrei algo que fique espetacular para o final e que se encaixe no panorama político-social da época, decidi aproveitar algumas dessas ideias e adaptá-las para outros projetos. Esse é um deles.
aproveitem e boa leitura.



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O nevoeiro estava baixo naquela manhã de novembro, era início do inverno. Olhando através da janela mal se podia ver a silhueta das árvores frondosas do lado de fora da casa. A entrada para a vasta floresta fazia limite com a rua do condominio de casas residênciais daquela pacata cidadesinha de Seattle, estado de Washington, EUA. Para mim, era apenas mais um dia comum como qualquer outro e o silêncio gostoso me dava preguiça de levantar da cama para começar aquele dia. Sorrindo ainda espiava o lado de fora da janela por sob as pestenas quando ouvi a batida suave na porta.

— Hinata? Querida? Já está acordada? Vai se atrasar, meu amor. — A voz suave e pacífica da minha mãe fez com que a última parte dormente de meu cérebro despertasse e eu suspirei antes de finalmente levantar.

— Já estou indo, mamãe. — E arrastando um pé na frente do outro segui para o meu banheiro para minha higiêne matinal.

O frio cortante daquela manhã dava vontade de voltar a minha cama e nunca mais sair de lá. Mas minha vontade em vê-lo era maior do que qualquer coisa, maior que tudo no mundo, mais que o frio, mais que a preguiça e mais que o desanimo. Eu o amo tanto...

Bati a porta da minha casa e peguei a bicicleta pedalando o mais rápido que eu poderia para a casa do meu amado Naruto. Com seus olhos de anil e os cabelos dourados como raios de sol, ele iluminava minha vida e a daquela cidadezinha parada, era o sol que se negava a aparecer durante os 226 dias nublados daquela maravilhosa cidade.

Larguei a bicicleta de qualquer jeito na entrada. Sorria sentindo o ar gelado beijar a minha pele. Sentia falta do cheiro das flores do jardim na primavera e da árvore frondosa que ainda sustentava o balanço que nós costumávamos sentar nos dias mais quentes do verão. Eu lembrava de seus sorrisos e isso só me dava mais energia para correr para a porta da casa.

— Naruto! — chamei- o algumas vezes enquanto batia na porta, mas estranhamente nenhum som foi feito dentro da casa, nenhum barulho. Nem o de objetos caindo por ele ser tão desastrado, ou sua risada rouca em divertimento pela minha ansiedade ou ainda seu grito de “estou indo”. Nada, nem mesmo passos silenciosos.

A preocupação se mostrou em meu rosto.

— Naruto! Naruto! — Tentei novamente e mais uma vez só tive o silêncio como resposta.

Eu estava apreensiva, então gritei seu nome ainda mais alto. Nada ainda poderia ser escutado. Eu já estava ofegante, milhões de suposições rondavam a minha mente. Pegando o celular liguei para a sua casa escutando o toque e então a secretária eletronica, liguei para o seu celular e nada dele atender. Nesse ponto eu já estava desesperada. “O que poderia ter acontecido a ele?”

“Será que...? Naruto, esteja vivo.” eu já segurava as lágrimas de desespero.

Realmente meu namorado não era o melhor exemplo de bom cidadão desde que seus pais morreram no acidente mais estranho que o bairro já registrou. Foram incinerados na fábrica de cerâmica da cidade, o sangue espalhado no chão e na porta do grande forno de concreto era tudo o que provava que eles tinham entrado ali, depois disso apenas as cinzas eram as testemunhas deixadas para trás do que sobrara de seus corpos. Assassinato foi o que disse a polícia, segundo os jornais, mas nunca ninguém encontrou os culpados nem mesmo um suspeito pelo que dizia a notícia do dia ou as que se seguiram. Desde esse dia Naruto nunca mais foi o mesmo. Passou a consumir drogas, e foi preso por dirigir alcoolizado aos 14 anos, sua vida era apenas autodestruição.

Mesmo assim eu o amava.

Depois da prisão ele melhorou consideravelmente mesmo continuando extremamente recluso, talvez ainda mais do que estivera antes, pelo menos ele deixou as drogas e as bebidas para traz. Foi graças a seu padrinho que ele voltou a escola e terminou os estudos ingressando na faculdade junto comigo e aí que começamos a namorar.

Anos já haviam se passado, mas ele mantinha a reputação na cidade. Sua postura bad boy junto a beleza quase que angelical fazia com que as garotas se derreterem por ele, o corpo esculpido rendiam-he gracejos e olhares de inveja. Não era nada exagrado, mas na medida perfeita, o que quase o tornava um icone de sensualidade para os jovens e o pesadelo dos pais deles. Juntando isso com seu passado rebelde tornava óbvio que todos foram contra nosso namoro. Diziam que ele não prestava, que ele nunca seria fiel a mim e que um dia ele me deixaria, que iria embora assim que tivesse de mim o que ele queria, mas eu o amava tanto que passei por cima de tudo isso e quando me entreguei a ele de corpo e alma, eu descobri que apenas o amava mais. Nosso relacionamento já durava a quatro anos e nunca tive motivos para desconfiar dele. Ainda assim, ele era visto como o jovem problema e talvez isso nunca mudasse.

Suavemente, eu girei a maçaneta da porta temendo o que eu encontraria. Estranhamente o fecho sedeu e eu pude abrir a porta. Estada destrancado, isso só me assustou mais. Não sabia o que encontraria, mas eu estava tão preocupada com ele que me vi resistindo ao impulso de fechar os olhos para a destruição que eu certamente encantraria, para minha surpreza parecia que nada estava fora do lugar. Mesmo assim, receosa, entrei na casa o mais silenciosamente possível olhando atentamente todo o local antes de dar cada passo. Meu coração batia acelerado, não por medo do que eu encontraria ali, mas por medo de perder Naruto. Eu parei ao encontrar um envelope em cima da bancada de mármore na cozinha. Um envelope com meu nome. Com sua letra.

A essa altura, minhas mãos tremiam. As lágrimas se precipitavam em meus olhos como a chuva que caía constantemente naquele lugar e meus dedos trêmulos tentavam abrir o envelope.

Com a garganta sufocada em desespero, angustia e medo virei o envelope sobre a mesa e dois objetos cairam de dento dele: Primeiro as chaves daquela casa e o segundo foi uma folha de papel metódicamente dobrada.

Agora eu chorava e meu coração pesado parecia esperar o último toque para se partir em mil pedaços.

“Naruto...”

Temendo o que havia dentro da carta, tomei coragem e comecei a ler as suas palavras:

“Hinata,

Gostaria de ter lhe dito adeus (...)”

— Hinata você está bem? — Voltei a realidade com Kiba me chamando preocupado. Parecia ter feito isso incontáveis vezes nos últimos segundos tentando me despertar do torpor daquelas lembranças esmagadoras.

A dor novamente ressurgia do meu coração e minha mente ainda parecia enevoada com as imagens piscando a minha frente como se eu revivesse tudo aquilo mais uma vez.

Balancei a cabeça atordoada retirando meus olhos do homem do outro lado da sala, aquele que me fez perder dezenas noites de sono, por quem derrubei incontáveis lágrimas de desespero, aquele que partiu meu coração a dois anos atrás.

Sem pensar duas vezes, saí apressadamente quase correndo deixando para traz meu amigo e parceiro atordoado. Eu não tinha condições de explicar a ele o acontecia. Eu precisava sair dali, eu precisa fugir...

— Chefe? — Chamei pelo ponto em meu ouvido. — Estou saindo daqui, minha identidade foi comprometida. — Informei passando pelas colunas em estilo mediterraneo e alcançando o glorioso jardim daquela mansão.

— Do que está falando, Hyuuga? Volte para lá e termine o seu trabalho. Pela primeira vez em seis meses tivemos visão do rosto do criminoso e você sai correndo desse jeito? — Meu chefe do departamento de polícia de Seattle, Danzou Shimura, ralhava comigo, mas isso não me impediu de continuar correndo pelos corredores de pedra e folhas do lado de fora daquela mansão que mais me parecera um castelo no início da noite.

— Estou falando que eu não posso ficar aqui. Eu o conheço, chefe. E ele me conhece. — Contei deixando as primeiras lágrimas descerem pelo meu rosto.

A essa altura eu não sabia o que pensar, o que sentir. Eu só tinha que sair dali o mais rápido possível. Eu abri minha bolsa para alcançar o cartão do manobrista. Faltavam poucos passos para que eu alcançasse o Hall da mansão e eu estava sozinha entre os muros do castelo e os muros verdejantes de arbustos do jardim.

— Como? — Danzou questionou surpreso. Meu treinamento policial me fez notar a ausência de som por parte da equipe policial mesmo atordoada como eu estava e isso apenas me mostrou que todos estavam em igual estado de surpresa esperando minha resposta. Eu não queria lidar com mais isso.

Antes que eu conseguisse criar coragem suficiente para responder aquela pergunta, uma mão quente alcançou meu pulso.

— Hinata...? — A voz, a última que eu esperava ouvir nesses últimos anos sussurrou tão baixo quanto minha respiração ofegante. E eu parei, estaquei, as lágrimas silenciosas que banhavam meu rosto eram as únicas coisas que mostravam minha reação aquele som por alguns segundos de choque.

Me recuperei mais lentamente do que gostaria e puxei meu pulso bruscamente do seu aperto engolindo a raiva e endurecendo o rosto enquanto girava meu corpo para enfrentá-lo.

E ele estava ali, mais bonito do que nunca em toda a sua beleza atordoante. Os cabelos de sol curtos dando a ele uma maturidade anteriormente inexistente, os olhos azuis brilhantes que escondiam segredos e mistérios atiçando a curiosidade, o queixo agora quadrado e adulto, o corpo esculpido adquirindo postura máscula, os ombros largos e a cintura estreita demarcados pelo terno feito sob medida, as pernas fortes que a calça social não escondia. Tudo nele parecia ter amadurecido e assumido uma sensualidade viril. Ele agora não era mais o garoto badboy, ele era um homem e um homem que faria qualquer mulher querer descobrir o quão mal ele poderia ser.

— Naruto. — Respondi de volta abalada e atraída. Para a minha vergonha ele ainda tinha todo aquele efeito sobre mim.

— O que faz aqui, Hinata? — Ele perguntou curioso. Sus olhos azuis divertidos brilhavam e sua cabeça deitou 30° para esquerda. Era a sua expressão de curiosidade, antes doce, agora também era sexy.

Engoli o nervosismo, disfarcei a tremedeira e fiz o melhor para deter o nó que se formava em minha garganta.

— Estava em uma festa, não é óbvio? — O sarcasmo escorreu por minha voz como um veneno e eu tinha certeza que todos do departamento de polícia escutavam nossa discussão de maneira concentrados. Não sei se para saber informações sobre ele ou informações sobre mim. Nunca imaginei que iria revê-lo, muito menos em uma situação como essa, ainda mais com todo o departamento de polícia escutando cada palavra.

— Se me der licença... — A consciência disso me fez querer sair dali em uma urgência ainda maior do que a anterior. Eu ia me virar, mas ele me segurou novamente.

— Você está bonita, Hina. Muito mais bonita do que minha memória guardou. Está madura, altiva, mas ainda tem o mesmo olhar doce de luar e os cabelos como o véu da noite. Mesmo linda, parece ainda ser a doce Hinata que eu conheci. — Sua voz rouca proferia cada palavra em emoção. A mão largou suavemente meu pulso e os seus dedos escovaram suavemente a pele do meu rosto e o meu cabelo. Seus olhos pareciam como o de uma criança descobrindo o mundo pela primeira vez.

Ouvir aquele tom de voz fez com que o coração que eu tentara esconder nos últimos dois anos voltasse a bater intensamente e a se partir por me lembrar que ele havia ido embora, que ele tinha me abandonado.Por um instante a dor foi maior do que eu podia aguentar. Tão grande que foi necessário toda a minha força de vontade para permanecer de pé e não cair no chão aos seus pés mais uma vez como um dia eu fizera como uma tola idiota e apaixonada.

— Fique longe. — Pedi quase chorando novamente. Não havia reparado que as lágrimas haviam cessado, mas eu faria o possível para evitar derramá-las novamente na frente dele.

Dei alguns passos trôpegos para traz, mas ainda estava abalada demais para mais que isso.

— Não vá. — ele pediu suplicante. Eu podia ver a dor em seus olhos, só que eu não mais conseguia distinguir se aquela dor era minha ou sua. Eu precisava sair dali, eu precisava mostrar a ele que nunca mais o queria perto de mim novamente, não quando sua presença só me machucava ainda mais.

— Era o que eu queria ter lhe dito anos atrás, Naruto. Mesmo assim você foi embora. Você me deixou. Agora me deixe em paz, eu só quero sair daqui. — Eu gritei aquilo com toda a raiva e dor que eu sentia. Graças a raiva, eu tive energia o suficiente para conseguir me firmar em meus pés e correr dali o mais rápido que eu podia.

Sem olhar para traz, eu entreguei o cartão ao manobrista, peguei meu carro, e sem me importar em deixar Kiba para traz, acelerei para fora daquele lugar sentindo as lágrimas voltar a cairem pelo meu rosto. Eu só queria sair dali o mais rápido que eu conseguisse e fugir de tudo, fugir de todos, desaparecer.

Arranquei o ponto da minha orelha sem esperar que meus colegas de departamento se recuperassem de tudo que tinham ouvido naquela noite e o lancei em algum lugar do meu porta luvas. Eu sabia que teria que enfrentar tudo aquilo na manhã seguinte, mas no momento eu precisava pensar sozinha, lidar com tudo o que eu descobrira naquela noite especialmente o fato que o jovem prodígio que eu tanto amei anos atrás, era o mesmo homem que me abandonou e se tornou um criminoso procurado que eu investigava e, o pior de tudo, que eu ainda amava.

Não sei por quanto tempo eu dirigi, nem sei exatamente onde cheguei, mas já era quase meia-noite quando estacionei na frente da minha casa. A casa que foi minha durante os últimos dois anos desde que Naruto partiu. Ele havia me deixado a casa e tudo nela, era o que dizia sua carta, mal sabia ele que havia me deixado muito mais que uma casa e um coração partido, ele me deixou a única coisa que faria com que eu continuasse lutando.

— Hinata, que bom que chegou. Nós estávamos ansiosos, querida. — Minha mãe me recepcionou assim que eu coloquei os pés dentro de casa, sua animação foi como um choque devido ao meu estado de espírito. Felizmente as minhas lágrimas haviam secado horas atrás enquanto eu dirigia sem rumo pelas ruas do bairro e ela não veria o desastre que estava em meu interior.

— Eu também estava com saudades. — Proferi disfarçando o máximo que pude do meu estado emocional.

— Mamãe!!! — O meu menininho gritou correndo atrapalhado até mim, seus cabelos ensolarados como o do pai e os olhos azuis de anil eram uma recordação constante do homem que eu acabara de deixar para traz.

— Oi, meu amor... — Me abaixei o pegando num abraço apertado, tendo preenxer com o meu amor por ele todo o espaço que tinha acabado de sentir com o seu pai. Ele mais uma vez era minha bóia salva-vidas.

Seu cabelo tinha cheiro de shampoo infantil, algo como uva e lavanda, e eu acariciava seu couro cabeludo com a ponta do meu nariz sentindo o calor de seu corpo aquecendo o meu coração e sua presença me dando forças para lutar. Tentava me lembrar do dia que descobri a gravidez, o desespero e a dor, mas também o amor e a alegria por aquele pequeno ser que crescia dentro de mim. O amor que me fizera ter coragem de enfrentar meus pais e o repudio das pessoas próximas a mim pela gravidez não planejada e o recente abandono do pai do meu bebê, que me fizera forte para passar por tudo aquilo sozinha.

Aquele abraço me fazia me sentir melhor, viva, forte novamente. Afinal, seu eu não pudesse ser forte por mim, eu seria forte por ele.

Acho que sua hiperatividade infantil não permitiu que ele ficasse mais tempo em meus braços, por que logo ele se sacudiu até que eu o colocasse no chão.

— Mamãe, ‘óia’ o que eu fiz ‘pa’ você... — Ele falava tropeçando em algumas palavras que seus dois aninhos não permitiam que ele pronunciasse corretamente. Sua voz me dava mais uma explosão de força para superar tudo aquilo. No final das contas, não era da solidão que eu precisava, era apenas do meu filho.

Eu sorri em paz pela primeira vez desde que eu vira novamente a Naruto e peguei o desenho colorido que ele me entregava sorridente. Dirigi um último olhar a meu filho devolvendo o sorriso, mas o senti quebrar assim que vi o que meu anjinho ensolarado desenhara.Era uma casa, reconheci sendo a nossa casa por causa do jardim florido e a elegante árvore de cerejeira com o balanço em nosso quintal, na frente haviam três pessoas, eu o vi desenhado com uma seta indicando o “eu”, vi a mim segurando sua mão direita com outra seta indicando “mamãe” e por último o homem alto e loiro (que decidiu levantar do túmulo que eu o tinha enterrado e me persseguir hoje) com a seta indicando “papai”.

Ele sonhava com a família perfeita, o quadro emoldurado que continha a mim e a seu pai em um mesmo plano de existência, ao seu lado.

As lágrimas que eu tão ardosamente continha, teimavam em querer transbordar novamente. Acho que minha expressão mostrou tudo isso por que até meu filho percebeu minha dor e olhou para mim preocupado.

— Não gostou, mamãe? — Seu coração parecia ter sido magoado com minhas lágrimas de tristeza.

— Não, Boruto. Eu apenas tive um problema hoje no trabalho e estou triste. O seu desenho é lindo, meu anjo. — Falei enxugando as lágrimas e colocando novamente a máscara que sempre usava: O sorriso congelado e olhos vazios.

Ele pareceu se acalmar e sorrir pegando o desenho e apertando no peito para em seguida voltar a seu mundo colorido na sala a minha frente. Ignorei o olhar preocupado de minha mãe e fiquei em pé novamente.

— Fiz mal em mostrar a ele a foto de Naruto? — Minha mãe perguntou baixo para que o menino sorridente não ouvisse.

Eu neguei com a cabeça. Não importa o quanto meu coração fosse partido, meu filho merecia saber sobre seu pai.

— Eu o vi hoje. — Contei entre sussurros. Eu conseguia ouvir a dor em minha própria voz.

— O que? — Ouvi minha mãe em choque quase gritou em surpresa. Olhei seu rosto de olhos arregalados e testa vincada.

— Ele é o meu novo caso, mãe. Ele é o contrabandista de drogas que estamos investigando... — Eu fechei meus olhos e levei minha mão ao lugar onde meu coração ferido batia desesperado. Estava perto de enlouquecer de dor, de decepção, de tristeza. O que aconteceu para ele ir embora? Por que ele está fazendo isso consigo mesmo? Porque ele estava fazendo isso comigo?

Ouvi o arquejo da minha mãe e por um instante eu quase chorei novamente. Olhei meu filho brincando na sala de estar. A luz amarelada, o tapete colorido, a mesinha de centro cheio de lápiz de cor, os papeis ao seu redor, o sorriso ingênuo. Eu queria manter tudo aquilo congelado, protegido. Era por isso que eu entrara para a polícia. Para proteger meu filho e para encontrar Naruto, mas a muito tempo eu tinha decidido enterrá-lo em minha mente e meu coração, que seria melhor para mim e para meu filho esquecê-lo, e embora eu nunca tenha conseguido, eu finalmente estava melhor, estava começando a viver, e ele aparece jogando tudo a baixo como uma avalanche, porém dessa vez, eu não sabia se sobreviveria a ela.

Mesmo preocupada, minha mãe foi embora deixando meu filho na cama e dormindo feliz inconsciente do problema que estava em minhas mãos. Eu precisava pensar. Pensar em tudo, rever meus conceitos e meus sentimentos.

“Por que eu não vi isso?”

Tudo bem, eu estava apaixonada demais para notar qualquer coisa de ruim sobre Naruto, todos o viam como garoto problema, badboy e má influência. Mas... eles apenas viam o rapaz sofrido, que se escondia atrás de sorrisos vezes alegres, vezes irônicos, que arrumava confusões na escola, que estava sempre vestindo suas calças jeans imundas e a inseparável jaqueta de couro, que todos tomavam como um idiota cabeça oca que nunca cresceria na vida.

Já eu... Eu o via. Via quando ele entrou no abrigo de cães durante um incêndio e salvara mais de 20 cães abandonados, via quando ele deteu sozinho uma gangue inteira para salvar o pequeno Konohamaru que estava sendo espancado apenas para divertimento deles, via quando ele acordava cedo pela manhã para ajudar a vovó Chiyo a refazer o seu jardim depois da tempestade que o estragou por inteiro, via o mais útil voluntário na restauração da cidade depois do terremoto em pequena escala que nos ameaçou destruir tudo, via o garoto que cresceu praticamente sozinho, mas que mesmo assim nunca, fora o episódio da bebida, tomou o caminho errado. Como ele pode mudar tanto da noite para o dia? Quando ele mudou tanto? Por que?

Não sei por quanto tempo pensei e relembrei de tudo aquilo, mas sei que dormi com uma dor de cabeça insistente e a sensação de bile no estômago sem perceber o rumo que meus pensamentos me levavam. Levavam de volta para aquele sentimento que eu nunca deixei de nutrir por ele, o grande amor da minha vida, Naruto Uzumaki, e assim eu voltei a sorrir feliz já na inconsciência por saber que ele havia voltado para mim.


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Notas finais do capítulo

Alguém já tem as suas perguntas? Coloque-as aqui e me ajudem a tornar o enredo ainda melhor de maneira a responder cada uma delas.
Beijos, pessoal, e até o próximo capítulo!