Percy

Acordei com o choro de Brian. Pisquei os olhos atordoado. Quando me habituei ao escuro olhei para o despertador digital que estava no criado mundo ao meu lado.

“03h00 AM”

– Rachel? – chamei. – Rachel?

– Que foi? – respondeu ela mal-humorada.

– Podes ir ajudar o Brian? – falei sonolento – Eu amanha tenho de ir trabalhar.

– Ai Percy – respondeu ela bufando – O Filho também é seu vá lá você.

– Como queira – me levantei calçando pantufas que estavam debaixo da cama. Caminhei para o quarto de Brian. Ele estava no berço a chorar. Devia estar com fome.

– Espera um pouco garotão, o papai já te dá comer.

Peguei nele, o enconstando ao meu peito. Desci as escadas com Brian nos braços. Quando cheguei á cozinha, passei o corpo de Brian para um sobraço, enquanto colocava o leite na mamadeira e o punha no micro-ondas.

– Espera meu filho, leite já vem tá bom? – o garotinho pareceu se acalmar. No entanto ainda chorava. Fiz um pequeno carinho nos seus cabelos negros. Acabara de fazer um ano há uns meses… Brian era a única coisa que me importava, nesta vida. Ouvi o sinal do micro-ondas a tocar avisando que o leite já havia aquecido. Retirei a mamadeira de dentro do aparelho e me sentei numa cadeira lhe dando de comer. O pequenino parou logo de chorar quando a abocanhou com fome. Sorrio ao vê-lo. As vezes me perguntava como Rachel não amava este pequeno. Afinal Brian era mais do que perfeito… mas Rachel parecia não compreender isso. O meu pai disse que poderia ser depressão pós-parto. E aconselhou a procurar uma psiquiatra para ela. Mas assim que tentava falar com Rachel sobre isso, mas acabava sempre em discussão. Por isso desisti de tentar.

No entanto por vezes admito que ficava assustado com algumas atitudes da Rachel. Quando Brian chorava, com fome, ou quando precisava que lhe mudassem as fraldas, a única coisa que Rachel fazia era gritar. Por vezes tentava se lembrar o porquê de ainda estar junto com ela… afinal não a amava, nem a suportava sequer, mas sempre que tentava falar sobre isso com o meu pai, ele dizia sempre o mesmo: Você não quer que o seu filho cresça sem a mãe e o pai presentes não é?

Pois isso é o que me mantinha preso a este casamento de fachada. Brian era a única coisa que eu tinha de bom. Assim que vi que ele já estava cheio, me levantei colocando a mamadeira na pia da cozinha. Apaguei as luzes da cozinha e voltei para o andar de cima. O quarto de Brian era decorado com vários tons coloridos, como verde, azul e laranja. Avancei até ao berço e o deitei suavemente.

– Boa noite meu filho. – falei dando um beijo na testa do meu filho. O menino levou aos mãos os olhinhos dando uma gargalhada infantil.

– Vamos você tem que dormir, o papai tem que trabalhar amanhã.

Mas Brian continuou a rir. Felizmente ele bocejou, revelando sinais de sono. Alguns minutos depois Brian finalmente conseguiu adormecer. Suspirei. Saí silenciosamente do quarto, para ver se não o acordava. Voltei para minha cama. Aproveitando as ultimas horas de sono que tinha. Senti uns Braços magros a me rodearem. Rachel se enroscava em mim enquanto bocejava. Peguei delicadamente nos braços dela, os tirando de cima de mim. Ela se remexeu voltando a se virar para o outro lado. Fechei os olhos e adormeci.

***

Coloquei o Brian no berço. O garotinho ria encantado. Ajeitei a gravata ao meu pescoço e vesti o casaco do smouking do trabalho. Ouvi alguém a descer pelas escadas.

– Já vai amor?

– Rachel não está aqui o seu pai, pode parar de fingir – suspirei.

– É suposto sermos um casal lembra? – disse ela colocando os brincos.

– Infelizmente sim. – bufei.

– Vai levar o Brian a casa da sua mãe?

– Esperava que pudesses tomar conta dele – retruquei.

– Hoje não posso.

– Você é mãe dele.

– E daí? – berrou ela – Eu estive com ele 9 meses dentro de mim… também é hora de fazer alguma coisa neh?

– Olha Rachel – suspirei esfregando o rosto sem paciência – Não quero discutir. Vá lá ter com as suas amigas enquanto eu tomo conta do nosso filho!

Rachel não respondeu, continuando a admirar as unhas como se nada fosse.

– Até logo – respondi pegando na cadeirinha de Brian saindo porta fora. Cheguei ao carro, e coloquei-o no banco de trás fixo com os cintos de segurança.

– Vamos garotão, vamos ver a vovó neh?

O menino pareceu gargalhar com as palavras. Sentou-se no banco do condutor, e guiou com calma até a casa dos seus pais. Era um apartamento não muito grande. Estacionei em frente do prédio. Peguei na cadeirinha de Brian, e caminhei para dentro do edifício. Ele tinha seis andares. O apartamento dos meus pais era no 5º andar. Havia um elevador, mas raramente o usava pois ainda demorava tempo para esperar por ele. Subi a escadaria sem esforço. Quando chegou perto da porta do seu apartamento toquei á capainha.Não tardou que uma mulher magra de cabelos castanhos me abrisse a porta. A minha mãe era bonita… pelo menos para a idade.

– Entra Percy.

Obedeci. Entrei em casa e coloquei a cadeirinha com o meu filho em cima da alcofa do sofá.

– Vim aqui deixar o Brian.

– Com certeza Percy – riu ela indo perto de neto fazendo um carinho na bochecha do menino que riu agitando os bracinhos.

– Espero que não a incomode.

– Claro que não… - riu ela – Eu amo esta coisinha linda… como vão as coisas com a Rachel?

– Normais – disse sem animo.

– Ela ainda não o aceita?

–Não – disse com desprezo – Ela o evita todos os dias…

– Tenha paciência…

– Paciência? Mãe já passou um ano e ela continua na mesma.

– O que o Dr. Apolo disse?

– Ele disse que ela presenta sintomas de depressão pos-parto.

– E o que pensas fazer?

– Eu? – repetiu Percy indignado – Eu já tentei de tudo, desculpe mãe por mais que eu tente ela não quer.

– Vocês não estão bem pois não?

– Nós nunca vamos estar bem.

– Percy ela é sua esposa.

– E daí? Você sabe o que eu penso sobre isso… e se não fosse pela felicidade do meu filho eu já tinha acabado com este casamento há muito tempo…

– Eu te entendo meu filho – suspirou ela. – Percy eu vou ter que viajar com o seu pai na quarta feira.

– Mas… eu não tenho ninguém para cuidar do Brian, eu vou estar trabalhando, a Rachel… bem você sabe… e os Dare não estão cá.

– E se você contratar uma babysitter?

– Uma babá? Não sei…er… pode tratar disso?

– Claro, ainda hoje irei colocar um anuncio de jornal.

– Obrigado mãe – disse dando um beijo na sua testa. Me virei encarando Brian que estava na cadeirinha assistindo a tudo sem entender.

– Se divirta com a vovó.

Ele riu dando uma gargalhada divertida.

– Bem vou indo tchau mãe, tchau filho.

–Tchau Percy não se preocupe eu tomo conta dele – sorriu minha mãe.