– Oi, onde ela está? – perguntou Sasuke, encarando o relógio de parede com uma expressão emburrada.

Eu e ele estávamos em casa – eu fazendo a janta e ele assistindo a um programa de tv qualquer. Hoje era o aniversário de Sarada, de quinze anos, e ela tinha saído com os amigos para comemorar, no Ichiraku Ramén. Eu queria ficar com ela, mas resolvemos deixa-la ir, afinal ela já não era uma criança, e gostava de sair com os amigos.

– Sasuke, deixa a menina se divertir. – eu falei, misturando o molho de tomates na panela. Estava fazendo macarronada para nós dois.

– Já era para ela ter voltado. São oito horas. – revirei os olhos.

– Ela saiu as sete. Mal deu tempo dela se divertir ainda.

– Tsc.

Coloquei o molho no macarrão, sem dar muita bola para Sasuke. Ele era um pai e marido ciumento e possessivo, se eu e Sarada deixarmos, ele não sai do nosso pé. Por isso, uma acoberta a outra.

– Vem jantar e pare de reclamar. – eu chamei, colocando as travessas na mesa, junto com os talheres.

– Se fosse na minha época, meu pai com certeza teria ido me buscar. Isso não são horas para crianças ficarem na rua.

– Acontece que ela não é mais criança, Sasuke. Ela já tem quinze anos. – me servi de macarrão, que parecia delicioso.

– Tsc, para mim isso ainda é criança.

– Ah, claro. Devo te lembrar o que você fazia quando tinha essa idade, Sasuke- kun? – ele me olhou emburrado, dando uma grande garfada de macarrão na boca, e queimando a língua.

– Isto está quente! – ri, assoprando minha comida.

– Lógico, acabei de tirar do fogo, baka. – dessa vez ele assoprou, antes de comer.

– Aos quinze anos eu não tinha a cabeça que Sarada tem.

– Sim, e a cabeça dela é boa. – ele me fuzilou com o olhar, o que me fez morrer de rir. – Vai dizer que não é verdade?

Ele ficou em silencio, com um vinco enorme na testa, que só me dava vontade de rir mais ainda. Eu entendia ele, queria compensar pelo tempo perdido, mas acontece que adolescentes não querem saber dos pais. Eles querem se divertir com os amigos, sair, e não ficar em casa com os pais velhos e sem graça. Eu era assim quando era da idade de Sarada, apesar de ter mais preocupações que ela na cabeça. Ainda assim, era bom vê-la se divertindo.

– Você deveria parar de ser assim, Sasuke. Sarada não é mais um bebê. – apesar dela ainda ser muito fofa, acrescentei mentalmente. – Ela não quer saber dos pais velhos e bregas.

– Tsc.

Revirei os olhos, sabendo que ele não mudaria a carranca tão cedo. Mania de Sasuke.

– Ei, sabe o que vai passar hoje? – ele me olhou com a sobrancelha arqueada, e eu sorri. – A entrevista com o Naruto.

– Aé? – vi ele dar um sorriso de lado, e eu assenti.

– Sim. O que acha desse casal de velhos rir um pouco de nosso velho amigo baka?

– Interessante.

Sorri. Terminamos de comer, ele lavou as vasilhas, e fomos juntos ver o programa de Naruto. Ficamos apenas eu e ele lá, rindo das besteiras que Naruto falava, e nos lembrando dos velhos tempos. Lógico que assim que acabou o programa, Sasuke resolveu ir atrás de Sarada, e a única coisa que fiz para impedir foi tranca-lo no quarto, comigo.