Quinze anos. Essa era a idade de Sarada. E eu? Bem, vamos deixar a minha idade como um segredo. Minha filha estava enorme, um pouco mais alta que eu, já era uma chunnin e tinha a cabeça formada. Eu era só o orgulho, claro, mas ao mesmo tempo vê-la crescendo cada dia mais rápido me dá um aperto no coração. Eu gostaria muito mesmo que o tempo fosse mais devagar, mas acho que não vai acontecer.

Eu não era a única a querer isso não. Sasuke também se sentia assim, apesar de não demonstrar tanto. Quer dizer, na maioria das vezes. Agora ele demonstrava bastante o desgosto de ver sua filhinha crescida, com um bico que em muito se parecia com os que Sarada fazia quando criança, e a testa franzida.

– Sasuke, pare de fazer essa cara de quem chupou limão. – eu lhe disse, dando um cutucão em seu braço. Ele apenas aumentou o bico, o que me fez revirar os olhos. Dizem que quanto mais velho a pessoa fica, mais parecida com uma criança ela se torna.

– Eu vou matar o dobe. – ele resmungou, pela centésima vez só aquele dia.

– Se fizer isso, vai preso. – rebati.

– Tsc.

Suspirei, sabendo que nada o que eu dissesse mudaria a carranca dele. Nós dois estávamos na sala de nossa casa, esperando por Sarada, que iria a sua primeira missão rank- S, o que muito preocupada a mim e Sasuke. No entanto, eu disfarçava. Já ele...

Eu sei que é difícil, afinal ela também é minha filha. Mas ao mesmo tempo ela também é uma ninja, e uma das melhores da nova geração, modéstia à parte. Ela tinha suas missões – muitas missões que a faziam ficar longe de casa por muito tempo, mas era algo necessário. Ela estava juntando dinheiro para viajar com os amigos no fim do ano, por isso aceitava todas as missões possíveis. E eu e Sasuke não podíamos falar nada; nós também éramos assim.

Ainda assim, impossível não ficar com o coração na mão, sabendo que sua filha enfrentaria alguns ninjas bem perigosos, e que corria risco de vida. A vontade era ir atrás dela e bater em qualquer um que ousasse encostar o dedo nela – e olha que eu ainda sou considerada uma das ninjas mais fortes de Konoha.

– Estou indo. – sai dos meus pensamentos ao vê-la descendo as escadas, já com o uniforme e a mochila nas costas.

– Querida, está levando tudo? – perguntei, indo ao seu encontro. Ela assentiu, ajeitando a mochila nas costas.

– Está levando todas as armas? – Sasuke perguntou, vindo para o meu lado e se certificando que Sarada tinha tudo.

– Sim.- ela revirou os olhos. – Estou com tudo, pode deixar.

– Olha, já dissemos isso, mas vamos repetir. Tome cuidado, proteja sua retaguarda, proteja o cabeçudo do Boruto, você sabe como ele é. – falei, com as mãos nos ombros dela.

– Sim, sim.

– Cuidado para não usar muito o sharingan, você pode ficar sem chakra no meio da luta. – Sasuke falou.

– Não se esqueça de comer as pílulas que deixei na sua bolsa. Elas vão repor suas energias. – eu falei.

– Não esqueça de ler todos os movimentos do inimigo, não deixe ele tocar em você.

– Caso seus companheiros morram, fuja. Não adianta tentar bancar a heroína, um contra vários não dá certo, a não ser que você seja o Naruto, seu pai ou eu.

– Mãe, é sério isso?

– Sua mãe está certa.

– Trate de se hidratar bem. Está levando absorvente?

– Mãe! – ela gritou, ficando vermelha.

– É sério, uma vez eu esqueci e não foi nem um pouco legal. – Ah, aquela vez foi terrível. Me lembro que fiquei tentando me esconder dos outros, até o Naruto reparar e gritar no meio de todos, me fazendo morrer de vergonha.

– Ah! Está levando protetor solar?

– Sim, mãe.

– Ótimo. Mais alguma coisa, querido? – olhei para Sasuke, que tinha um vinco na testa.

– Está levando os óculos extra? – ele perguntou, e ela assentiu.

– Agora, posso ir?

– Sim, querida. – a abracei como se fosse a última vez – que Kami-sama nos livre, e lhe dei um beijo estalado.

– Mãe, não consigo respirar. – ela reclamou, como sempre.

– Ops... – o próximo foi Sasuke, que também a abraçou firme, dando um peteleco em sua testa depois.

– Trate de voltar viva. – foi o que ele disse, e eu assenti, concordando.

Imagina se algo acontecesse com ela? Pode apostar que uma chacina aconteceria. Ela assentiu, dando um sorriso antes de sair correndo porta a fora.

Esperamos um tempo, antes de olhar um para a cara do outro.

– Vamos? – Sasuke perguntou, e eu assenti.

Saímos de casa, e da forma mais disfarçada o possível, fomos atrás de Sarada.