Eu estava agitada. Corria de um lado para o outro, preparando as coisas e olhando para o relógio. Daqui há quinze minutos Sarada chegaria da academia.

Aquele era o dia em que eles iriam finalmente sair da academia, e começar a fazer missões rank- D, e depois passaria para as mais complicadas. E, é claro, seria decidido o sensei que comandaria o time, e eu já sabia que seria Konohamaru – depois de muito insistir para que Naruto me contasse.

Fiquei feliz com a escolha, e não pude deixar de me sentir nostálgica e, é claro, velha, afinal Konohamaru era apenas um molecote anos atrás, e agora seria o sensei de minha filha. Infelizmente, não consegui descobri quem seriam os companheiros dela, já que Naruto se recusou a me dizer, e eu não poderia bater no Hokage.

Então só me restava esperar Sarada chegar da academia e pergunta-la. Além disso, tinha preparado um jantar especial para nós, com as comidas preferidas dela: sopa de missô, dangos e anmitsu. Coloquei tudo na mesa e fiquei a esperando.

Alguns minutos mais tarde, ela finalmente chegou, e eu dei um pulo do sofá, indo em sua direção. Ela me olhou com os olhos arregalados quando a peguei no colo e comecei a girar.

– Minha filha virou genin!

– M-mãe, que isso? Está tudo bem? – a apertei contra mim, em um abraço apertado e orgulhoso, dando um beijo estralado em sua bochecha. – Eca, mãe!

Eu ri, a colocando de volta no chão. Ela já não era uma pequena menina, agora sua cabeça já batia em meu ombro, mas ainda assim não conseguia a ver como uma menina grande. Agora eu conseguia entender o que meus pais pensavam quando me tratavam como uma criança, mesmo que eu fosse em missões perigosas e já fosse uma médica-nin.

– Está tudo ótimo, querida! – eu disse, dando um sorriso. Ela acabou sorrindo também, meio acanhada, do jeito que ela era. – Vá tomar banho e se arrumar, fiz o jantar para nós duas.

– Aé? E o que você fez? – ela farejou no ar, e me olhou com os olhos brilhando. – Sopa de missô?

– Sim! E tem mais. Só que só depois do banho, anda, vai logo.

– Sim! – ela assentiu e voou escada a cima. Eu fiquei a observando sumir, e dei uma risadinha. Ela realmente amava sopa de missô.

Voltei a assistir o programa que estava vendo na tv, enquanto ela tomava banho. Não demorou muito e ela já estava lá, com suas costumeiras roupas de ficar em casa. Fomos até a mesa de jantar, e eu a servi.

– Nossa, mãe! Se eu soubesse que você faria tantas coisas, eu teria virado genin antes.

– Ora essa, falando assim até parece que eu não cozinho. – ela riu, enquanto tomava um pouco da sopa. – Que tal?

– Está deliciosa! – voltou a comer avidamente, como se não tivesse comido há tempos. Eu ri e me servi, começando a comer também. Realmente eu tinha caprichado. A sopa estava uma delícia.

– Então... quem são seus companheiros de time? – perguntei, vendo-a revirar os olhos.

– O Boruto e o estranho do Mitsuki.

– Sarada! Não fale assim. – eu disse, mas no fundo concordava um pouco. O Mitsuki era filho do Orochimaru, sendo assim, logico que seria estranho. Mas era um bom garoto, nem um pouco parecido com o pai.

– Mas é verdade! Ele fala umas coisas idiotas as vezes. Já Boruto, nem preciso falar. – ela suspirou, tomando mais um pouco da sopa.

Eu prendi a risada, lembrando que Naruto e Sasuke eram exatamente assim. Não se bicavam, mas acabaram se tornando melhores amigos, praticamente irmãos. Seria bem engraçado se o mesmo acontecesse com Sarada e Boruto.

– Querida, agora que vocês são um time, deviam deixar as implicâncias para lá. Vocês precisarão um dos outros.

– Falando assim, até parece que você não dava uns tapas no Nanadaime. – ela revirou os olhos, e eu me perguntei se aquilo já estava se tornando uma mania.

– Como sabe disso?

– Eu já vi você discutindo com ele. Ele nem parece Hokage quando está perto de uma mulher, francamente.

Dessa vez eu ri, atraindo o olhar curioso dela. Me recompus, e fiz uma cara séria, apesar de estar morrendo de rir por dentro.

– Sarada, não se esqueça que ele ainda é o Hokage, a figura mais importante da vila.

– Sim, sim. Eu sei. – ela resmungou. Ficamos conversando sobre outras coisas, como a nota dela na academia, e ela me mostrou que realmente era minha filha com o Sasuke. Todas as notas impecáveis. Ela tinha passado com honras, e eu não podia ficar mais orgulhosa. Trataria de guardar aquilo para mostrar para Sasuke quando ele voltasse.

Por falar nele, não demorou muito para que Sarada abaixasse os olhos, como sempre fazia quando queria falar sobre o pai. Ela abaixava os olhos, mordia a bochecha e depois ajeitava os óculos.

– Você acha que o papai vai gostar? – perguntou, incerta. Eu sorri, pegando sua mão livre e apertando.

– Lógico. Você é o orgulho dessa família, a melhor aluna da turma! Ele ficará radiante quando descobri, você verá. – ela sorriu tímida, assentindo.

Não era muito normal ela aceitar o que eu falava sobre o pai tão facilmente, mas hoje ela parecia disposta.

– Bem, não foi só isso. – eu disse, logo após tirar as louças da mesa, com sua ajuda.

– Tem mais o que? – perguntou, confusa. Eu sorri, pedindo para ela esperar, e fui até a gaveta da cozinha, onde eu tinha guardado o presente de formatura dela. Era uma caixa com um laço rosa, e no formato retangular.

Ela olhou para o presente, sem entender, mas logo o abriu.

– Quando eu tinha sua idade, tinha uma parecida. – sorri, vendo-a tirar a bandana vermelha com o símbolo da vila de dentro da caixa. – Sei que já devem ter feito um discurso sobre isso na academia, mas ainda assim, como mãe, vou dizer. Essa bandana representa sua nova vida, como kunoichi da Vila oculta da Folha, e você realizará muitas missões usando-a. Nunca a tire, pois ela é sua identidade, mostra de onde você veio e o orgulho que tem por servir sua vila.

Ela assentiu, colocando a bandana na testa, com um sorriso.

– Como estou? – perguntou, me fazendo sorrir.

– Vá olhar, ora essa. – ela correu para o banheiro, para se olhar no espelho.

E eu fiquei como uma boba, observando minha neném se tornar uma mocinha. Ah, ser mãe era realmente difícil as vezes.