Maternidade escrita por Xokiihs


Capítulo 10
Emburrando


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Era um belo dia em Konoha, daqueles que faz você querer sair cantando junto aos pássaros, como nos contos de fadas. O céu azul estava límpido, sem uma nuvem sequer, e o sol brilhava com todo o seu esplendor em um dia de primavera. Porém, infelizmente eu não podia aproveitar aquele belíssimo dia, passeando nos parques floridos com Sarada ou tomando sorvete perto do lago. Como uma boa mulher de família, que era mãe, esposa e médica, eu tinha que trabalhar, afinal, a hipoteca da casa não se pagará sozinha.

Apesar de tudo, eu estava feliz, pois recebi uma mensagem de Sasuke, através de Naruto, que mandou por Shikamaru, até finalmente chegar a mim. E, no pequeno pedaço de papel, ao qual guardei junto ao meu peito, pois iria ler para Sarada mais tarde, ele dizia que estava tudo bem. Era simples, nada muito rebuscado e ia direto ao ponto, como o próprio Sasuke. No entanto, só de saber que ele estava bem e vivo eu já ficava feliz.

As cartas ou bilhetes que Sasuke mandava eram poucos, e normalmente ele dava relatos de sua missão para Naruto, e dizia que tudo estava bem. Não era muita coisa, mas a cada vez que o Hokage me dava notícias, eu ficava feliz por não ser viúva. Tudo bem que Sasuke era Sasuke, o poderoso Uchiha sobrevivente, mas não podia deixar de me preocupar. Ele era poderoso, mas era meu marido e parte da minha querida família.

O hospital estava com o mesmo movimento de sempre, com pessoas doentes, alguns gennin que se machucavam, nada de demais. Contudo, eu e Ino estávamos bem atarefadas com a clínica para as crianças da vila, portanto tudo estava indo bem. Todos os dias tínhamos consultas, conversamos com as crianças, brincávamos, e analisávamos os pequenos. Era incrível como apenas dar atenção para alguns, principalmente os que tinham perdido os pais, fazia toda a diferença. A cada criança com quem eu conversava, eu via um Naruto ou um Sasuke, e pensava no quão difícil devia ter sido para os dois.

Pensava também na minha filha, que talvez não pudesse nem vir ao mundo se algo tivesse ocorrido comigo ou com Sasuke. Ao mesmo tempo, eu também tinha medo da relação de minha pequena filha, agora com quatro anos – e muito esperta, diga-se de passagem-, e o pai dela. Bem, ela sabia que tinha um. Afinal, eu falava de Sasuke constantemente. Algumas vezes ela fazia perguntas, como quando ele viria e se ele voltaria algum dia. No entanto, sua mente infantil não se preocupava muito com a falta da figura paterna, por enquanto.

Na verdade, ela tinha outros planos em mente, como me deixar louca, por exemplo. Sarada, apesar de ser muito parecida com o pai, na aparência e, as vezes, na personalidade, ela tinha herdado muito dos meus genes também. Era bem ativa, gostava de conversar e fazer perguntas, gostava também que eu lesse para ela, livros com diversos temas. Seus preferidos eram sobre as guerras ninjas. Ela também gostava de brincar, e sempre que eu podia, levava-a ao parque, para ficar com as outras crianças. Contudo, Sarada puxara bastante Sasuke no sentido de socialização.

Não que ela não socializasse com as crianças, mas geralmente brincava apenas com ChouChou, sempre brigava com Boruto, e algumas vezes se permitia brincar com os outros. Não só com as crianças, mas ela também era bem emburrada com os adultos. Só conversava com quem ela conhecia, e era raro ver um sorriso em seu rosto. Quando íamos a festas, ela ficava sempre atrás de mim, encarando os outros como se eles fossem animais.

Sendo assim, pensando no bem dela, resolvi coloca-la em uma escolinha. Por mais que Sasuke não gostasse da ideia, eu não podia deixar Sarada dentro de casa o tempo inteiro; não podia protege-la de tudo o tempo todo, por mais que eu quisesse. Em breve ela entraria na academia ninja, e eu queria que ela tivesse pelo menos um pouco de interação com as demais crianças antes de entrar.

Nos primeiros dias, foi muito difícil. Ela chorava, esperneava, fazia bico e dizia que não queria ir. Mesmo assim, com o coração na mão, eu a deixava na escolinha. Agora, depois de duas semanas, ela estava mais tranquila, embora pedisse várias vezes para faltar. Eu realmente não entendia o porquê.

De qualquer forma, algum dia eu descobriria.

~◊~

Quando finalmente meu turno no hospital acabou, por volta das 17hrs, me arrumei para ir para casa; as ruas naquele horário estavam lotadas, com pessoas saindo do trabalho e indo buscar os filhos nas escolas. Como uma boa mãe, fui em direção a escolinha de Sarada, sabendo que ela provavelmente estaria me esperando ansiosamente, como sempre fazia.

Entretanto, quando cheguei a escola, vendo a movimentação de alunos saindo com seus respectivos pais, não vi minha filha no portão, onde ela geralmente ficava. Com o cenho franzido, fui falar com a velha senhora, Takeuchi, que tomava conta da creche.

– Oh! Sakura- chan, como está? – ela me perguntou, simpática como sempre. Sorri, encarando sua face gorducha e cheia de rugas.

– Olá, Takeuchi- san. Estou ótima! Vim buscar Sarada, mas ela não está aqui no portão. – a velha senhora pareceu lembrar de algo, e sorriu.

– Ora, Sarada- chan está lá dentro com Watanabe- sensei. Pode ir lá, vamos. – entrei pelo portão, vendo algumas crianças brincando, enquanto esperavam os pais, e alguns senseis os supervisionando.

Fui caminhando até a sala da sensei de Sarada, Watanabe Mariko, e no caminho acabei encontrando Inojin, que acenou para mim ao me ver e deu um sorriso igual ao do pai.

– Inojin- kun, o que faz aqui essa hora? – perguntei, me abaixando e encarando seus olhos azuis como os de Ino.

– Acho que meu pai me esqueceu de novo. E mamãe está no hospital. – revirei os olhos mentalmente, pensando em como um pai esquecia o próprio filho. Pelo visto algumas pessoas nunca mudam.

– Entendi. Você viu a Sarada? – o loirinho arregalou os olhos por um momento, antes de desvia-los.

– Bem... aconteceu uma coisa. – ele murmurou, sem manter contato visual. Franzi o cenho, sentindo o coração já apertando no peito.

– Inojin- kun, o que aconteceu? – mas antes que ele pudesse me responder, ele saiu correndo em direção ao portão, e ao me virar, pude ver Sai – com o mesmo sorriso falso de sempre.

– Sakura-san. – me cumprimentou, enquanto eu revirava os olhos.

– Sai. Só não esquece a cabeça pois está pendurada no pescoço, não é? – vi meu antigo companheiro de time arregalar os olhos, percebendo que eu sabia que ele tinha esquecido o filho.

– Não conte para Ino! – disse, antes de se virar com Inojin e partir. Suspirando, continuei meu caminho em direção a sala.

Meu pobre coração de mãe já estava batendo forte no peito, imaginando o que poderia ter acontecido com minha filha. Será que ela tinha caído? Se machucado? Talvez estivesse desacordada e os imbecis não a tivessem levado para o hospital.

Com esses pensamentos, apertei o passo, finalmente chegando a bendita sala. A porta estava fechada, por isso bati duas vezes. Não demorou para a jovem sensei abrir a porta.

– Sakura- san. – me cumprimentou, fazendo uma reverencia. Fiz o mesmo, e não esperei por seu convite antes de entrar na sala, varrendo com os olhos o local. Tinha brinquedos espalhados pelo tatame, alguns livros sobre as mesas, kanjis escritos no quadro negro... nada de anormal. No entanto, sentada em uma mesa, com os braços cruzados e um bico do tamanho do mundo estava minha filha.

– Sarada? – chamei sua atenção, mas ela não me olhou. Aquilo não era um bom sinal. – O que aconteceu? – perguntei para a sensei, que olhava para Sarada com um sorriso no rosto.

– Poderiamos conversar em particular, Sakura- san? – É. Definitivamente algo não estava bem. Assenti, mandando um olhar para Sarada e vendo-a me olhando pelo canto dos olhos; caminhei para fora, enquanto a sensei, ainda sorrindo, me relatava a situação.

– Bem, Sakura- san, hoje Sarada teve um desentendimento com um dos alunos, e acabou lhe dando um soco. Não sabemos ao certo o que aconteceu, no entanto Sarada estava bem raivosa, e o soco que ela deu... bom, foi bem forte. Não sabíamos que uma criança daquela idade já podia bater dessa forma. – não pude evitar perceber o olhar que a sensei me mandou. Afinal, eu era bem conhecida por meus socos poderosos, mas eu nunca tinha ensinado Sarada a bater. Nunca nem mesmo a bati.

– Que estranho. Sarada não é de fazer essas coisas... – eu disse, olhando de soslaio para minha filha, que agora nos encarava, interessada na conversa. Porém, quando me viu olhando, desviou o olhar.

– Oh, sabemos disso, Sakura- san. Por isso gostaria de conversar com você. Ela não nos contou nada, nem para mim nem para a conselheira da escola, mas talvez te conte o que aconteceu.

– Sim. Conversarei com ela. Obrigada pela preocupação. – fiz uma reverencia, agradecendo a mulher, e me virei para minha filha. – Sarada, vamos.

Rapidamente ela se levantou, pegando sua mochila e vindo ao meu lado.

– Agradeça a Watanabe- sensei, Sarada. – minha filha fez uma reverencia curta, sem olhar a professora.

– Nos vemos amanhã, Sarada- chan. – a sensei disse, acenando para nós.

No caminho, que geralmente era preenchido com a falação de Sarada, que sempre gostava de contar como foi seu dia, foi silencioso. Ela apertava minha mão e a alça da mochila, olhando para baixo. Quebrava o meu coração vê-la fazendo aquela expressão, e tudo o que eu queria era abraça-la e dizer que não tinha problemas socar alguém, se a pessoa merecesse, logico. Mas eu sabia que não podia; primeiro, tinha que conversar com ela, saber o motivo dela ter feito aquilo. E era isso o que eu ia fazer.

Chegamos em casa e ela foi direto tomar banho, sem abrir a boca. Já eu fui colocar uma comida no fogo, para jantarmos. Assim que ouvi o barulho do chuveiro desligar, fui em direção ao seu quarto.

– Sarada, sente-se aqui. – eu disse, assim que a vi chegar no quarto, já vestida com seu pijama de ursinhos. Ela arregalou os olhos, mas com um suspiro, sentou-se ao meu lado em sua cama. –O que aconteceu?

Ela ficou em silencio, olhando para os próprios pés, que ficavam pendurados na cama. Depois de um tempo, seus ombros balançaram, e eu pude ver que ela chorava. Bem, pode me chamar de bunda mole, mas não aguentei vê-la chorando. Peguei minha filha no colo, como se fosse um bebê – o que para mim ainda era, mesmo com seus quatro anos -, e passei a mão em seu cabelo, tentando acalma-la.

– Querida, o que aconteceu? – perguntei depois de um tempo, vendo que ela tinha parado de chorar. Se remexeu em meus braços, fungando.

– Disseramqueeueraorfã.

– Hã?

– Disseram que eu era órfã. – franzi o cenho. Oi? Orfã de que?

– Mas querida, você tem pai e mãe, não tem como ser órfã. Talvez de avós paternos... – ela bufou, saindo do meu colo e cruzando os braços.

– Eu sei! Mas meus colegas não sabem. Eles acham que eu não tenho pai. – fez bico como sempre fazia quando estava brava, e novamente eu tive que me frear para não aperta-la.

– Mas você tem, não é? – perguntei, alisando seus cabelos.

– Uhum.

– Então por que liga para o que eles dizem? – seu bico aumentou.

– Eu não ligo. – ela murmurou, franzindo o cenho.

– Aé? E por que bateu em alguém? – ficou em silencio por um tempo, antes de cerrar os punhos e bufar.

– Ele mereceu. – vendo-a daquela forma só me mostrava o quão parecida com o pai ela era. Mas essa parte da personalidade, eu não queria que ela pegasse. Por isso, com toda paciência do mundo, conversei com ela.

–Querida, veja bem... por mais irritante que isso seja, você não pode dar ouvidos a essas implicâncias. A cada vez que você responde, só dá mais forças para a pessoa implicar. Você tem um pai, não é? – ela demorou mas assentiu. – E ele ama você. Eu também amo, e nós somos uma grande família. Então pare de dar bola para essas crianças bobas, elas não tem o que fazer.

Ela ficou quieta, encarando o chão. Mas eu sabia que ela tinha entendido, afinal, era esperta como a mãe. Dei-lhe um abraço, ao que ela reclamou que estava apertado, e um beijo em sua testa.

– Vamos jantar, e depois podemos jogar alguma coisa, o que acha? – com um sorriso, ela assentiu e pulou da cama, saindo do quarto e indo para a sala, provavelmente para ver tv.


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Notas finais do capítulo

Aqui estou eu novamente :D
Como vão? Espero que estejam todxs bem e aproveitando as férias...
Nesse capítulo, eu falei um pouco da vida da Sakura, do que ela anda fazendo e tudo mais, e também das coisas que Sarada anda aprontando (deixando a mãe louca). Não sei se ficou muito bom, eu tinha uma ideia na cabeça e acabou mudando conforme eu escrevia, mas espero que gostem! Criticas, sugestões, ou qualquer outra coisa, podem falar. Sou aberta a tudo!
Agora, gostaria de agradecer a todos vocês, que leem, acompanham, comentam, favoritam a fic. É muito importante para mim saber que alguém lê e gosta, e que até mesmo se distrai dos problemas da vida com ela. Estamos com 87 comentários, um punhado de acompanhamentos e favoritos, e eu realmente não esperava chegar até aqui. Obrigada pelo apoio de todxs, de coração! Vocês fazem essa pessoa aqui feliz ( ^ - ^)V
Até mais!



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