Unconditionally escrita por Clary


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Saudades? Acho que tenho mais de vocês, que vocês tem de mim! VOLTEI COM AS DRAMIONES AWEEEEEEEEEEEEEEEEH!
ONE SHOT DE PRESENTE DE DIA DOS NAMORADOS PRA QUEM VAI PASSAR LENDO FIC E CHUPANDO O DEDO, BEIJOS SABOR MALFOY ENCALHADAS

XOXO



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Ou estava sonhando com a Ala Hospitalar, ou estava nela. Aliás, era até um sonho era melhor comparado aos pesadelos que teve durante o torpor do sono. Estava no Departamento de Mistérios com os amigos atrás da profecia quando foram surpreendidos por Comensais, mesmo que já esperassem por eles, imaginar é diferente de presenciar. Eles os atacaram. Ela viu Neville enfrentando a Lestrange, viu a Ordem chegando, viu Harry quebrando a profecia, viu a ira de Lucius Malfoy e viu Sirius lutando quando a Lestrange investiu contra ele e seus olhos perderam o foco.

Abriu os olhos de repente, e estes foram agredidos pela luz. Brilhavam de lágrimas pela perda, e com um aperto no coração, o nó que se formou na garganta acusou que era tudo real. Sentiu as lágrimas banhando sua face e sentou-se na cama, afundada em seus devaneios, não percebeu que alguém a observava.

- Chorando? - Malfoy riu-se, negando com a cabeça - É uma fraca mesmo.

A menina trincou os dentes.
- O que você está fazendo aqui?

Ele retribuiu todo o desprezo que ela emanava.
- Como você se atreve, sua imunda, sangue-sujo... - os olhos de Hermione se encheram de lágrimas quando ele a chamou por aqueles nomes terríveis - Vocês vão pagar caro pelo que fizeram, e vou começar por você, Granger. - ele olhou fundo nos olhos dela - Pode se amaldiçoar por ter escolhido o Potter, sua vida será um inferno.

E saiu da Ala Hospitalar como um raio, deixando Hermione tremendo de ódio na cama sem poder revidar. Ela odiava quando Malfoy saía sem aviso prévio como se estivesse ganhando. Odiava sua presunção e segurança mais do que pessoas ignorantes, que aliás, ele também era.

Começou com a primeira intriga, a primeira ameaça, era assim que Malfoy tinha sua atenção toda para si. Ele era o fardo de Hermione, o inimigo que ela sempre teria por perto. Mas nunca sentira tanta raiva quanto naquele momento, ela e seus amiguinhos mandou seu pai para Azkaban, ele tinha que vingar isso. Passou a mão pelo cabelo, parando no meio do corredor vazio. Maldita fosse. Por que eles sempre tinham tudo? Sempre venciam? Eram amados, queridos e se safavam de todas? Quantas regras haviam infringido para mandar seu pai a Azkaban no fim das contas? Draco estava farto de todos ficando cegos para o trio de ouro.

À essa época, ele não imaginava que o Trio de Ouro seria sua única esperança. Draco era uma criança que queria ser como o pai, porque este era seu espelho. A seu ver, o pai era bem sucedido e relacionado, tudo o que alguém pode querer para o futuro. Como não almejar isso? Como não ter ambições? Ele era um Sonserino, sua personalidade refletia sua casa. Foi por ambição que escolheu o Lorde das Trevas, afinal, era ele ou ver a família morrer.

Draco não teve escolha.

Mal esquecera a frustrante tentativa de dissuadir o comerciante Borgin sobre o que levara Malfoy até a Borgin & Burkes na Travessa do Tranco, e já se deparava com ele novamente.

Estava junto à vitrine, tentando desvendar o mistério de "Feitiços Patenteados para Devanear", achando, embora seus conceitos a contradissessem, que os gêmeos Weasley eram brilhantes. De longe, desaprovava o uso dos artigos por eles fabricados para benefício dos alunos que não almejavam nada nos estudos e ainda guardava certa mágoa pelo trabalho que tivera com a monitoria. Mas em tempos como estes, todos precisavam de motivos para sorrir, tinha que admitir: lutava contra seus instintos por um Kit Mata-Aula. Ao estender a mão na direção de um deles ela viu, por cima do ombro, uma figura de cabelos platinados se afastando. Quase deixou a prateleira inteira cair com o susto.

Olhou para os lados, apreensiva. Malfoy não estava voltando à Travessa, e tampouco fizera ir de encontro à mãe. Ele se encaminhava para uma ruela completamente desconhecida para alguém de boa índole que viesse fazer suas compras inocentemente no Beco Diagonal. Viu-se sozinha e, sem pensar duas vezes, rompeu a porta a tempo de vê-lo dobrar a esquina, silenciosamente, moveu-se ligeiro para acompanhá-lo e fugir da vista de Hagrid, que montava guarda.

Entraram em duas ruas antes de ele parar, sozinho, frente a uma casa velha e abandonada. Hermione viu a varinha escorregar por sua mão direita, e escondida atrás de uma lata de lixo, ela já sacara sua varinha há muito. Malfoy murmurou "Alohomora", e Hermione ouviu o estalido que a porta fez ao destrancar. Quando olhou novamente, ele não estava mais lá.

Lutou contra seu bom senso. Seria sensato entrar? Claro que não! Tinha que voltar, a Sra. Weasley devia estar furiosa! Se descabelando atrás da menina, sem dúvidas, uma hora dessas Hermione já estaria sendo procurada desesperadamente.

Então, uma voz murmurou dentro de sua cabeça: "Se já estão me procurando, é bom que eu não volte de mãos abanando.", e num ímpeto de coragem, ela adentrou a casa pela porta da frente, se esgueirando pela escada, que tinha certeza que Malfoy subira, já que numa das espiadas vira a luz se acender no cômodo. O barulho de coisas sendo arrastadas foi ficando cada vez mais nítido, a cada ruído que fazia Hermione podia sentir o perigo eminente, a onda de pânico que crescia em seu peito se Malfoy e ela não estivessem sozinhos. Tentou ignorar tudo isso, e se viu no corredor, a última porta estava aberta. Naquele quarto, Malfoy procurava alguma coisa.

Colou as costas perto da parede e deu uma espiada pela abertura, voltando rapidamente depois do que viu. Malfoy estava arrastando um roupeiro que revelava uma porta... Subitamente, o aposento tornou a um silêncio mortal. Ela prendeu a respiração e tentou fazer o mínimo barulho possível a um ser humano.

Passaram-se muitos minutos até sentir-se segura para ir embora, sumir daquele lugar. Fora um erro vir até aqui. Respirando tropegamente, saiu pelo corredor até a escada. Mal dera dois passos e uma voz arrastada cortou o silêncio.

- Suponho que tenha que adicionar às inúmeras disciplinas que você cursa naquela espelunca de escola a arte da discrição, Granger. - rosnou Draco, dirigindo a ela o pior dos seus olhares de desprezo.

Hermione virou-se imediatamente, com a varinha em punho. Não se surpreendeu ao encontrá-lo da mesma maneira.
- Se eu pudesse supor também, Malfoy - ela disse pausadamente - Diria que você está metido até o pescoço em Artes das Trevas, e suponho que eu esteja certa.

Ele sorriu com desdém.
- Você se acha inteligente, acha que andando prostrada do lado do Potter com aquela testa mutilada tem alguma superioridade, que por serem um bando de vassalos de Dumbledore, aquele velho caduco...

- Não fale de Dumbledore como se tiv...

Os olhos de Draco cintilaram de raiva.
- Como se tivesse moral?

Hermione o perfurou com o olhar de desprezo.
- Exatamente.

Ele riu com escárnio.
- Aí está - disse - vocês os escolhem a dedo - terminou, assustando a menina com o repentino tom displicente - Vocês são idênticos aos Comensais, Granger. Vocês não tem escolha. - diz o garoto, friamente.

- Claro que temos! - rebate ela imediatamente, mas sem certeza.

Ele se aproxima, erguendo as sobrancelhas.
- Tem mesmo? Você está do lado de Dumbledore por que Potter está com o velho e você está com o Potter ou por que...

Hermione o fulminou com o olhar.
- Você está insinuando q...

Ele tornou a interromper a castanha, se divertindo.
- Estou supondo, Granger - brincou, saboreando a confusão dela. - Ou você...

- Não os interfira na minha decisão. - disse a menina, repentinamente firme - Me orgulho mais dela do que você deve se orgulhar da sua. Não interfira Dumbledore!

- Já estava me esquecendo, imagino que deva colocar o Weasley...

- Imagino que deva pensar em Voldemort! - sua voz não vacilou ao pronunciar o nome dele, e se sentiu tremendamente satisfeita com a expressão de incredulidade no rosto de Malfoy.

Ele se embaralhou com as palavras à simples menção do nome.
- Sua sujeitinha de sangue-ruim... Como é que você se atreve...

- A dizer o nome do bruxo maligno que sua família serve? - disparou Hermione.

- Cale a boca! - Malfoy ergueu mais a varinha.

Hermione riu, abaixando a varinha.
- Você se esquiva da verdade, Malfoy? - disse, com um sorriso afetado.

- Estou avisando... Eu vou te azarar... Você não tem esse direito...

- E ser expulso? Ou pior, descoberto?

Malfoy abaixou a varinha num movimento rápido e avançou para Hermione, parando a meio metro da garota.
- Veio aqui por que, Granger? - interpôs Draco, com a voz amena.

- Eu é que pergunto a você. - rebateu a castanha.

Draco olhou fundo nos olhos da menina, sem o mínimo vestígio de emoção rondando seu rosto. Hermione sentiu calafrios, mas simplesmente não desviava o olhar do dele. Manteve-se firme, inabalável.

- As coisas que faço ou deixo de fazer não lhe dizem respeito.

- Mas não me impedem de tentar descobrir.

Ele sorriu, irônico.
- Admite que estava bisbilhotando?

Hermione corou ligeiramente, e dava um jeito de retomar a postura, porém, Malfoy foi mais rápido. E, apontando a varinha para o peito de Hermione, os dedos repentinamente trêmulos e o sorriso vacilante, ele se dirigiu a ela com desespero nítido na voz.

- Você-sabe-quem. Um armário. Hogwarts.

- O quê? - os pelos de sua nuca se eriçaram com a ligeira mudança emocional de Malfoy, e ela se atrapalhou ainda mais quando ele voltou à sua pose ameaçadora, porém, seus olhos brilhavam em expectativa.

- Não consegue falar, é, Granger?

- Malfoy...

- Até mais ver. - avisou, indicando as escadas com um gesto de desdém. E com uma última troca de olhares que determinaria todo o conceito de Hermione sobre Malfoy dali em diante, a garota correu escadas afora, precipitando-se para a rua. Só parou, ofegante, na esquina que a levaria à rua da Gemialidades Weasley.

Sua mente estava explodindo em informação. Estava ficando maluca ou Malfoy tinha acabado de... Não. Tinha certeza, agora, que Draco Malfoy podia ser o garoto mais desprezível e repulsivo do universo, mas não era um Comensal da Morte, não servia a Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. E enquanto suas aptidões ainda pendiam para as trevas, ele gritava por socorro.

Ele servia a si mesmo, a única alternativa para que nada no mundo o fizesse questionar sua lealdade.

•••

Novembro, 7º andar

Draco caiu de joelhos pela quinta vez, esgotado. O suor empapava sua testa fazendo com que seu cabelo ficasse desalinhado e colado à ela. Socou a primeira superfície sólida que viu e as juntas de seus dedos arderam. Não está funcionando... Não está... Chutou mais uma pilha de inutilidades. Aquela sala estava virando um castigo, um vínculo inevitável com o Lorde das Trevas. É impossível passar por Dumbledore, lembrava a si mesmo.

Dumbledore.

Não aguentou nem mais um segundo e se pôs de pé, movendo-se com agilidade pelo labirinto de objetos até a saída. Afrouxou a gravata num movimento brusco. Magia das trevas o esgotava. Correu para os jardins, sentindo o vento frio revitaliza-lo imediatamente. Lembrou-se pela milésima vez, repassando mentalmente cada detalhe; será que não fora claro o suficiente? Quanto mais a Granger ia demorar? Perguntava-se. Ela estava deixando o Weasley distraí-la, fazendo o plano de Draco ruir. Dependia dela para não matar Dumbledore, e imaginava que ela soubesse disso.

Garota estúpida, pensou. Talvez tivesse que chamá-la de sangue ruim para refrescar-lhe a memória. Estava com raiva. O que o fizera pensar que ela o ajudaria? Apelou à ela por pensar que ela não o odiaria tanto como o Potter e o Weasley se tivesse um trunfo na mão, ela o tinha na mão. Ele faria qualquer coisa para não matar Dumbledore. Mas a Granger estava ocupada demais chorando pelo Weasley! Idiota! Os dois. Uma vida inteira a humilhando por se achar superior o bastante para tanto e agora contar com ela para uma missão suicida. Ela era amiga do Potter, não sua! Draco ofegou de repente, estarrecido. Era óbvio que ela nunca nem sequer pensara no que ele tinha dito. Com certeza aquilo apenas soara como uma esquisitisse para a castanha que logo esqueceria, afinal, ele era Draco Malfoy.

Draco Malfoy, um adolescente de dezesseis anos, que mataria Alvo Dumbledore a serviço do Lorde das Trevas.

Levou as mãos ao rosto e apoiou os cotovelos nos joelhos. Aquilo não iria dar certo. Algo lá no fundo o dizia que nada estava certo, o armário não tinha concerto, aquela menina, a Johnson, fora burra o suficiente para tocar o colar, Potter era melhor em poções e ele ainda não conseguira descobrir como, Snape estava no seu pé lhe tirando a paz, sedento de poder é o que era. Acima de tudo, algo lhe dizia que, embora não houvesse como saber já que nunca estava na escola, tudo isso não passara despercebido por Dumbledore.

Oculta pela capa da invisibilidade, Hermione o observava perto de uma macieira. Não sabia como lidar com a bomba que ele empurrara para suas mãos. Malfoy estava envolvido com Voldemort, por mais que duvidasse de Harry, ela sabia que ele estava a meio passo de se tornar um Comensal. Tentava tardar o momento em que não teria mais argumentos para rebater os de Harry, mas como poderia ajudá-lo, confiar a ele sua discrição enquanto podia ser apenas uma armação? Hermione nunca confiou em Draco Malfoy.

Mas sentia compaixão por ele. Era nítido o seu desgaste para proteger a família. Sabia que ele iria falhar, - ninguém passaria por Dumbledore - mas para um garoto sem oportunidades, ele era bem determinado.

Foi aí que o garoto se levantou, e começou a direcionar-se, em passos largos, de volta ao corredor do sétimo andar. Hermione tentou lutar contra seu impulso de ficar ou ir, mas a curiosidade venceu seu bom senso e ela precisou correr para alcançá-lo a tempo de dobrar o corredor e vê-lo sumir por uma porta de carvalho que já desaparecia quando ela entrou. Ela deixou os ombros penderem e a boca se abrir numa exclamação silenciosa. Não lembrava-se da Sala Precisa como um amontoado de objetos, um gigantesco amontoado.

Antes que o perdesse de vista, a garota advertiu-se milhares de vezes para não tropeçar ou denunciar a sua presença. Por um triz não foi engolida por uma pilha de livros, e a capa de Harry quase de desfizera em pedacinhos quando as diabretes se aproximaram com tesouras. Não sabia se as criaturinhas podiam vê-la, esperava que não. Malfoy parou, e ela escondeu-se atrás de um sofá velho, despindo a capa e empunhando a varinha. Ele avançou para um armário, tocando-o com a varinha e murmurando encantamentos que ao ver de Hermione, não deveriam estar na boca de um bruxo decente. Ela se adiantou para escutar seus murmúrios nitidamente quando ele gemeu de dor em protesto. Num estalido metálico uma taça se chocou contra o chão seguida de mais coisas, fazendo Malfoy virar-se imediatamente.

- Quem está aí?

Hermione escorregou as costas até o chão de olhos fechados numa prece, se amaldiçoando com o fato de Malfoy a descobrir e ser sua culpa. O silêncio que se instalou a seguir foi o mais incômodo já sofrido pelos dois, uma pena pousando no chão produziria um som mais alto que a respiração deles. Malfoy olhou para o armário, e depois à sua volta. Tinha alguém ali ou era coisa da sua cabeça? Talvez estivesse tão ocupado insultando a Granger mentalmente que não se concentrara o bastante na sua tarefa, sua mente lhe pregara uma peça. Era isso. Não tinha ninguém ali.

Curvou-se para o armário novamente.

Nunca pensou que a simples menção de um encantamento das trevas retomado pudesse aliviá-la tanto. Escorregou para o lado quando Malfoy gritou, obtendo uma visão privilegiada do que estava fazendo. Levou a mão à boca repentinamente, horrorizada.

Hermione pensara que os gemidos e gritos eram parte do encantamento, mas enganou-se. O encantamento os estava provocando. Era pura dor que ele sentia. Magia das trevas era esgotante e perigosa, ela sabia, mas ele parecia se encontrar num torpor pior do que o da Maldição Cruciatus. Fechou os olhos com força ao escutar um grito, depois outro, depois...

Quando deu por si já estava de pé, podia sentir a dor e o desespero dele e se pudesse ajudá-lo, o faria. Se adiantou um pouco antes de gritar:

- Para!

Malfoy não soube distinguir o que era mais assustador, um susto com a Granger ou a dor do encantamento. Virou o rosto para contemplar sua miragem, com certeza era coisa de sua cabeça agora. Estava esperando tanto por aquilo que não pôde evitar um sorriso aliviado.

- Granger? - balbuciou, antes de escorregar até uma pilha de livros, recostando-se ali com as pernas estiradas no chão.

Observando Malfoy exaurido de forças, não conseguiu sentir raiva dele. Seus pés se moveram com rapidez até parar ao lado do garoto, ajoelhou-se ao lado dele e levou a mão à curva do seu pescoço, medindo sua temperatura. Draco estremeceu com o toque quente da castanha, que levou a mão à testa dele, arregalando ainda mais os olhos.

- Você está congelando, Malfoy.

O loiro rolou os olhos.
- Agora me diga algo que não sei.

Ela não deu ouvidos a ele.
- Como isso passa quando você sai daqui? - indagou.

- Não passa. - Draco respondeu, com amargura - Só vai passar se eu conseguir completar a tarefa.

Ela olhou para ele.
- Você está preso a ela? - perguntou Hermione.

- Com a minha vida. - disse, e pendurou seu olhar no dela.

- Isso é... Horrível. - ela retorquiu, sentando-se ao lado dele - Você está melhor?

Ele recostou a cabeça nos livros e deixou um sorriso mínimo habitar seu rosto, virando-a para a Granger ao seu lado.
- Por que está preocupada?

Hermione o encarou de volta.
- É verdade, eu não deveria me preocupar. - rebateu.

Draco soltou uma risadinha e voltou os olhos para a frente, instalando um silêncio confortavelmente intrigante entre os dois. Como ele esperava, foi ela quem o quebrou.

- Aquele dia... No Beco Diagonal - começou, olhando para o loiro - Aquilo não me pareceu uma de suas brincadeiras estúpidas, Malfoy.

Ele limpou o suor da testa e enxugou a mão na calça antes de responder.
- E não era. - olhou-a novamente, para que visse que estava sendo verdadeiro.

Ela franziu a testa, e perguntou timidamente.
- Por que eu?

Ele riu. Sério que ela se preocupava com isso?
- Quer mesmo que eu diga?

- Não.

- Tudo bem.

- O que Você-sabe-quem quer que você faça? - ela tentou soar displicente, mas não conseguiu evitar seu medo nas palavras.

Malfoy apontou para o armário.
- Você o reconhece?

- Claro, é um Armário Sumidouro. - respondeu, prontamente.

- Você sabe, então, o que ele faz. Uma das maiores ambições de Você-sabe-quem é tomar de Dumbledore seu bem mais precioso, isto é, Hogwarts.

Hermione arquejou.
- Mas Hogwarts não é apenas um bem precioso! Dumbledore ama essa escola!

Draco negou com a cabeça.
- Amor, amor, amor... - riu-se - Voldemort não sabe o que é isso. Nenhum de seus seguidores sabe o que é isso, se soubéssemos não estaríamos lá.

Ela não pensou antes de perguntar.
- Você se inclui?

Draco foi pego de surpresa.
- Fui criado para ser um seguidor do Lorde das Trevas, Granger. Não dispuseram de nenhum afeto por mim. - ele pensou em contar a ela sobre sua mãe, mas refutou a ideia. Aquilo já estava indo longe demais.

Hermione relaxou um pouco. Seu ódio por Malfoy não a impedia de sentir pena do garoto.
- Então Você-sabe-quem quer entrar em Hogwarts?

- Exatamente.

Hermione tentou conter seu horror.
- E para o quê exatamente você precisa de mim?

Draco não iria contar sobre Dumbledore, ainda não confiava na Granger. E ela dispunha do mesmo sentimento por ele. Contou o suficiente, mesmo sabendo que ela iria correr para contar tudo ao Potter. Ele respirou fundo antes de revelar seu real objetivo.
- Para me certificar que vão ter dificuldade para tomar a escola.

- Você não pode estar falando sério. - ponderou Hermione, espantada.

- Granger, acha que eu bancaria o amiguinho da Ordem da Fênix se não soubesse exatamente as consequências disso? - ele respondeu, irritado.

Hermione precisava apenas de uma resposta.
- Por que você quer isso, Malfoy? - ele não respondeu - Por quê?

Ele cerrou os dentes ao lembrar das maldições que teve que usar, dos trouxas que teve que matar. Se sentia sujo de Artes das Trevas até o último fio de cabelo, então num murmúrio, ele respondeu:
- Por que não quero ser um assassino.

Hermione não soube distinguir o que sentiu, mas aquela frase dita por Malfoy provocou arrepios bons. Por isso, ajudou ele.

Se existia alguém que Draco adoraria matar era o Potter, do contrário o maldito Cicatriz já o teria feito com ele. Agora estava seguindo Draco, desconfiando dele. Só não tinha dado um sumiço nele ainda por que perderia tudo o que conquistara da confiança da Granger.

E tinha que admitir, ele também confiava nela.

Era a quinta tarde dela na Sala Precisa com Malfoy. Presenciá-lo esgotado era doloroso, no entanto, ele parecia render-se aos seus cuidados. A sala parecia responder aos seus pensamentos, esquentando à medida que Malfoy congelava, como um aquecedor. Hermione despiu sua capa e o cobriu enquanto ele batia os dentes de frio.

- Calma.. - Hermione murmurava - Você está esquentando, eu que estou derretendo. - resmungou, o suor escorrendo da testa. Despiu o suéter e ficou só com a blusa branca por baixo dele. - Temos que achar outra maneira de consertar o armário. - falou.

- Não existe. - o loiro respondeu - Procurei em todos os lugares, até apelar para a Ala Proibida e descobrir.

Hermione se levantou.
- Então vamos ter que dividir os turnos.

Draco pensou ter ouvido errado, levantando-se também.
- Malfoy, você tem que ficar aí! - contestou Hermione.

- Até parece que você vai fazer isso, você enlouqueceu! - ele começou, enfurecido.

Ela o empurrou de volta para o chão.
- É pra você ficar quieto! Vamos dividir isso, vai pesar menos. - ela ponderou.

- Vai destruir você, não vou deixar você fazer isso, Granger! - ele contestou, aturdido.

- Fuinha maldita, chega! Eu vou fazer isso e pronto! - abri a boca para rebater, mas ela colocou a mão sobre a minha boca me direcionado o pior dos olhares.

Ela mal se levantou e eu já estava de pé.
- Eu não vou deixar...

- Você não manda em mim. - ela disse, de costas, colocando uma maçã no armário.

- Eu desmaiei da primeira vez, pelo amor de Merlin, Granger, não faça is...

- Que bom que você está aqui para me socorrer, Malfoy. - ela cortou.

- Você não sabe os encantamentos...

- Escutei você milhares de vezes.

Draco a puxou pelo pulso, fazendo-a ficar de frente para ele, mais próximo do que deveria.
- Você não vai fazer isso.

Ela puxou o braço do aperto dele.
- Você pediu a minha ajuda.

- Não vou deixar que se mate! - ele gritou.

- Isso não importa! - ela gritou de volta.

- Importa pra mim! - ele gritou - Não faça isso, Hermione, por favor!

Hermione não soube discernir o que fez seu coração disparar no peito, mas a menção do seu nome unida à confissão fizeram-na ofegar, assim como Draco devido ao esforço. Ele precisava dela para completar a missão e ela não podia se sacrificar, mas a sensação de inutilidade ao vê-lo sofrendo todos os dias e ter de assistir impotente era inevitável. Os olhos de Hermione estavam arregalados, e Draco tentou emendar uma justificativa ríspida.

- Achou que eu fosse te chamar de sangue-ruim pra sempre? - resmungou.

- Mas é claro. - Hermione gaguejou.

Draco sentou-se novamente, apoiando a cabeça nas mãos atrás da mesma.
- Então você se enganou. - ele disse, saboreando o rubor e o embaraço da castanha - Você não é o tipo de garota que eu gostaria de desprezar, Hermione.

Hermione se embaralhou com as palavras, então apenas olhou para o loiro, descrente.
- Quem é você? - ela empunhou a varinha de repente - O que fez com o Malfoy?

- Ei, ei, calma! - Draco tentou reprimir o riso, inutilmente.

- Quando foi a primeira vez que me chamou de sangue-ruim?

Draco arqueou as sobrancelhas.
- No segundo ano, e se você continuar apontando isso pro meu lado eu chamo de novo.

Hermione ficou ainda mais ruborizada. Tentava ignorá-lo, mas as besteiras que ele dizia ecoavam na sua cabeça. Jogou-se no sofá empoeirado ao seu lado, repentinamente exausta de pensar.
- Estamos perdendo o foco.

- Geralmente, a distração te revitaliza - ele tentou - uma brincadeirinha e outra fazem você esquecer o real motivo de estar aqui - disse, e Hermione pareceu considerá-lo - Embora você com vergonha seja uma visão impagável. - completou, gargalhando.

Ela tornou a ficar vermelha e Draco riu ainda mais, segurando a barriga. Até ser atingido por uma almofada seguida de um livro, ele não parara, e Hermione teve que apelar para as próprias mãos, desferindo tapas e socos no garoto, que reclamava audivelmente.

- Ai! Granger, para! - ele disse, desviando de um soco bem no seu nariz, quando ela pulou sobre ele - Você vai me fazer em pedacinhos desse jeito - ela passou os joelhos ao redor do quadril dele agora estapeando qualquer pedacinho de Malfoy à sua frente - garota, você tem uma mão de aço! Ai!

- Seu energúmeno! Fuinha maldita! Doninha fedorenta! - trovejava Hermione. Em parte, bater em Malfoy era como uma válvula de escape. Descontava sua raiva por Rony e Lilá.

- Tudo isso é mentira! - ele rebatia, fugindo dos tapas da menina.

- Cala a boca! Arrogante! Convencido!

- Talvez, mas a gente não precisa resolver isso no tapa...

Ela o atingiu no rosto com a mão espalmada num tapa estralado, freou-se de repente vendo Malfoy se surpreender também. Ele agarrou os pulsos dela, que apoiava as mãos em seu tronco, com força, transmitindo toda sua raiva.

- Quer parar com isso? - mandou, irritado.

Hermione sentou-se novamente, e Malfoy resolveu que fazer o colo dela de travesseiro era uma forma de perdoar a castanha.

- Não precisa se desculpar - falou, se aconchegando.

Hermione percebeu que não poderia questionar.
- Eu não pretendia. - retorquiu.

- Você consegue ser um pouco mais amável, Hermione - ele brincou - Ou o Weasley está tirando o seu bom humor? - indagou inocentemente.

Ele viu Hermione enrubescer violentamente e crispou os lábios para não rir.
- O que Rony tem a ver com isso?

- Não temos tantos segredos quanto gostaríamos, Granger, especialmente você. - disse Draco, com simplicidade.

- O que você quer dizer? - ela insistiu.

- Não sei como você consegue gostar daquele idiota. Mas tudo bem, vá em frente - ele olhou para a Granger, que o encarava com um misto de pavor e surpresa - Que é? Você já engoliu muitas cenouras, digo, desaforos na sua vida para aguentar a Brown calada.

Hermione se levantou de súbito, esquecendo que Draco estava em seu colo e fazendo-no cair.

- Você não tem nada a ver com isso!

- Seja mais delicada, Granger! - ele protestou, acariciando a cabeça - Merlin, você me desgasta mais que esse armário desgraçado.

Draco, sem querer, despertara em Hermione todo desprezo e rancor que estava sentindo por Rony, fazendo-a trespassar todas as vezes que ele a irritou, colocando sua raiva numa escala desmedidamente alta.

Hermione fez um bico.
- Não quero falar do Weasley.

O loiro arqueou as sobrancelhas.
- Sobrenomes, um avanço.

- Malfoy, pare com isso.

- Isso o quê?

- De tentar fingir que somos colegas. - falou Hermione.

- Nunca pensei nisso como uma punição para você, nem para mim. Se eu te tratasse mal você não me ajudaria. - ele deu de ombros.

Ela semicerrou os olhos.
- Está dizendo que isso é temporário?

- É você quem está pedindo por isso. Estou praticamente implorando por uma trégua e você não vê! - explodiu o loiro, chateado com o comportamento dela. Virou-se para o armário - Você pode ir, se quiser - disse, sem olhá-la. Não queria saber se estava com raiva, ou se surpresa, ou se já tinha ido embora. Nem riria se estivesse vermelha. Ela conseguira atingir seu estopim, e Draco estava esgotado demais para discutir o porque de não poderem ser amigos, sendo que nem ele sabia o motivo, e vindo dele, era realmente incomum.

Sentiu uma mão pequena pousar no seu ombro esquerdo, e dando a volta por ele ela parou à sua frente, um sorriso sem dentes, mas que Draco nunca tinha notado o quão podia ser bonito. Vê-la sorrindo, algo extremamente raro, principalmente para ele. Ela estava ali, desarmada, o observando tomado pela surpresa. Foi quando estendeu a mão.

- Amigos?

Draco olhou para a mão dela, depois para seu sorriso. As maçãs salientadas de seu rosto eram delicadamente rosadas livres do rubor, seus olhos âmbar nunca estiveram tão bonitos. Ele, com algum embaraço inusitado, sorriu de lado, estendendo a mão e erguendo a de Hermione levemente até a sua boca, beijando-lhe as costas da mão enquanto a olhava nos olhos.

O rubor voltou com mais intensidade, assim como a confiança de Draco.
- Amigos.

A missão tornou-se menos maçante para Draco, que a concluía o mais rápido que podia para voltar a alfinetar Hermione. Começaram a perder o jantar, logo, cabularam aulas também.

- Você está me desencaminhando. - ria-se Hermione.

Draco apenas sorria. Falando em sorrir, ele nunca sorriu tanto quanto no dia em que ela o chamou de Draco pela primeira vez, sentiu borboletas no estômago e um torpor de alegria que fez com que terminasse a poção primeiro e impecavelmente na aula com a Corvinal e que fosse bem sucedido em tudo. Ela tinha esse efeito, tudo que tocava renascia.

Ela demorou a ceder, já não pensava mais no Weasley, e sim no Rony, como amigo, mas isso não era desculpa para pensar no Malfoy. Perguntou aos céus o porque de estar pensando nele então, se não queria.

Ele guardou para ela as suas partes boas. As suas palavras mais doces, os seus gostos musicais mais clássicos e os seus apreços literários mais bem conceituados. Se moldou para o teu amor. E ela trouxe a realidade. Expôs seus medos, ciúmes, inseguranças e silêncios. Expôs toda a sua face perdida na vida. Ela aflorou os seus cantos mais imundos. Foi assim que Draco aprendeu: o amor nos quer imperfeitos.

- Não faça isso, Draco - ela pediu, pela milésima vez.

- Hermione, faça o que te mandarem fazer - ele cortou, andando rápido.

A menina o alcançou de cenho franzido.
- Draco, por favor - pediu Hermione - Você pode entrar na Ordem...

- Não! - ele acelerou o passo - Você não entende, eu não pertenço ao seu mundo, Hermione!

- Dumbledore sabe, ele vai ajudar! - apelou.

Draco freou, olhando fundo nos olhos de Hermione desta vez.
- Ninguém pode me ajudar. - confessou, e seus olhos brilharam de lágrimas que ele segurou ao perceber que o rosto de Hermione estava banhado por elas.

Ela se aproximou, acariciando o rosto dele com a mão, gesto que fez Draco fechar os olhos para apreciar seu toque. Deixou uma lágrima cair e ela a secou, colando a testa dos dois.

- Rompa seus elos com ele - ela chorava - Não vá embora...

- Eu não quero isso tanto quanto você, Mione.

- Eu amo você. - segredou Hermione.

Draco roçou os lábios nos dela e essa proximidade era como estar no céu.
- Eu vou voltar - soluçou Draco - Eu também te amo.

E achou seus lábios num beijo urgente e desesperado que fez seu coração parar e sua mente esvaziar, pela primeira vez Hermione não estava pensando em nada, só parou para raciocinar quando tiveram que se separar, e a porta para a escada da Torre foi selada enquanto ela o via correr sem olhar para trás. O nó na garganta foi inevitável, e teve que correr e se concentrar na tarefa para não desabar ali mesmo, algo a dizia que aquela fora a última vez.

Ele foi o primeiro a partir, e Hermione não teve escolha senão fazê-lo também, mas em direções opostas. Rony notou a existência dela só para abandoná-la depois, Hermione não tinha coragem de contar a Harry. Nem a ninguém. Draco e ela eram inimigos, viraram amigos e de repente se apaixonaram? Soava inacreditável demais até para ela mesma.

Agora sabia mesmo o que era a dor. Dor não era apanhar até desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na Ala Hospitalar, não era ser estuporado. Dor era aquilo que doía o coração todinho, que você tinha que morrer com ela, sem poder contar para ninguém o segredo. Então Harry a tirou para dançar, e a fez sorrir pela primeira vez em meses. Mas a felicidade logo se foi quando Harry o chamou pelo nome e os sequestradores chegaram. Não sabia o que mais temer, o Lorde das Trevas ou revê-lo.

Belatriz a olhou nos olhos antes de gritar a maldição, e Hermione viu o inferno refletido neles. Viu todo o seu nojo e ira, e sentiu-se arrepiar dos pés à cabeça ao constatar que teria que resistir até morrer, não havia ninguém para socorrê-la.

Lá em cima, trancado no quarto, Draco tapava os ouvidos com as mãos espalmadas e ainda assim os gritos ecoavam dentro de sua cabeça, os apelos, as súplicas. Correu para a porta pela milésima vez e tentou arrombar a maçaneta, já que magia não funcionava. Nada funcionava. Frustrado, escorregou as costas até sentar-se no chão com os cotovelos apoiados nos joelhos - Ela vai morrer - pensava, impotente - E eu não vou conseguir evitar - sentia uma ardência atrás dos olhos, um nó que se formava na garganta e uma dor que nunca sentira na vida tomou seu peito por inteiro. Queria gritar, quebrar, morrer agora seria menos doloroso, mas não conseguiu move um dedo enquanto sua visão embaçava e encostou sua cabeça na porta. Era a voz de Hermione por trás do sofrimento, queria senti-lo já que não podia fazer nada por ela.

- Eu nunca pensei - começou pausadamente - Que um servo meu pudesse me decepcionar tanto, acima de tudo um Malfoy, contudo, há um problema com todos da sua família - as risadas não abalaram Draco, e seu pai abaixando a cabeça fez seu sangue ferver - Se envolvendo com uma sangue - ruim - disse sua voz ofídica - Menino Malfoy, não pensei que me decepcionaria. Já não posso somar as suas falhas. Cruccio!

Draco caiu de joelhos, cerrando os dentes. Sentiu cada parte do seu corpo se rompendo e contorceu-se, suportando até o fim, que não parecia chegar. Os vultos negros foram embora, todos desapareceram. Os gritos de Hermione zuniam em seus ouvidos quando se calou. E antes de tudo ficar preto, a última coisa que ele pensou foi: Hermione.

Os raios de sol perfuraram seus olhos e semicerrou-os para entender onde estava. As janelas estavam abertas, ele estava estirado no chão, no mesmo lugar onde desmaiou. Ao erguer o pescoço, ele estalou e foi obrigado a paralisar. Porém, outra coisa o fez gelar até os dentes. Foi invadido de esperança ao rastejar até ela, rezando para que não estivesse morta. Abraçou seu corpo inerte e segurou seu rosto com as mãos trêmulas. Draco estremeceu. Não estava morta.

De repente, havia alguém entre eles. Esse alguém lhe oferecia a sua varinha e incumbia-o de uma tarefa que ele não podia recusar.

- Torture-a, Draco. Mate-a. - sussurrava, fazendo a mente do garoto embaralhar.

Apanhou a varinha sem se precipitar para Hermione, a voz agora mandava que ele usasse o Cruccio nela. Não faria isso nunca. Resistiu, sabia que Voldemort queria que ele fosse amargurado o resto de sua curta vida se culpando por matá-la, queria ver Draco acabando com sua própria vida, assim como ele acabou com a dele. Comensais não amavam.

Draco apontou a varinha para a garota inerte no chão, hesitante. Voldemort o ladeou, deixando-a entre os dois. Então, quando ele menos esperou, Draco apontou sua varinha para o Lorde das Trevas, usando o Imperio com tanta veemência, que o fez aparatar no mesmo instante.

Não hesitou ao envolver o corpo de Hermione e aparatar para as celas, ajudando-os a fugir. Analisou cada centímetro de seu rosto, em seguida, partiu, novamente, na direção oposta a dela. Manteve-se escondido, por perto, mas ao mesmo tempo longe. Rezando para que derrotassem Voldemort.

Esquivou-se de tantos feitiços que já estava até tonto, mas lutava como uma bala. A viu subindo as escadas com Potter e Weasley, e tinha que correr caso quisesse preveni-los do plano de Voldemort. Ele não queria, ele tinha que matar o Potter. Suas esperanças estavam ruindo no peito quando finalmente resolveu gritar seu nome no meio da escada.

Ela olhou para trás com os olhos arregalados, procurando desesperadamente entre as pessoas. Um arrepio perpassou todo corpo de Hermione quando o avistou, ofegante, correndo na sua direção. Ela arfou, sentindo as lágrimas embaçarem sua visão, enxugou os olhos enquanto corria também, e se deixava cair em seus braços sendo embalada pelo melhor abraço que conhecia. O cheiro de orvalho ainda estava ali, e o aroma das rosas do cabelo dela era anestésico, como uma cura.

Procurou os olhos dela, e automaticamente, matou os centímetros que faltavam entre seus lábios num beijo desesperado.

- Aconteça o que acontecer - ela ofegou - Eu amo você.

Draco fechou os olhos e encostou a testa na dela.
- Você ainda vai me dizer isso todos os dias, Hermione - segredou.

- Cuidado. - ela pediu, se afastando.

Ele arqueou as sobrancelhas.
- Cuidado? Eu não preciso disso - se gabou - Só preciso fazer uma última coisa. - e a puxou para si num beijo cheio de sentimentos, fazendo com que os dois esquecessem completamente onde estavam - Amo você, Hermione. – disse, e quando ela sorriu, seu coração deu um salto olímpico.

Ela se obrigou a correr.

Incondicionalmente, pensaram.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Falem comigo pelos reviews que eu respondo!
Obrigada por lerem, e me deem parabéns por que amanha é meu aniversario, amores.
BEIJOS