Um amor que nunca falha escrita por Vickysmeow


Capítulo 1
Prólogo: A poção do esquecimento




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As estrelas brilhavam como nunca naquela noite. A lua estava cheia e iluminava as copas das arvores. Uma brisa quente e leve soprava os cabelos castanhos dourados da garota sentada em um dos troncos em volta da fogueira improvisada.
Peter Pan observava Wendy do outro lado do fogo alto. Os meninos perdidos dançavam em volta da fogueira e as chamas formavam sombras, escondendo os olhos azuis acinzentados da garota.
Peter com certeza não queria fazer o que tinha em mente. Mas, se Wendy permanecesse na Terra do Nunca, sua magia acabaria. Ele sabia - mesmo que não admitisse -, que sentia algo forte por ela. A única garota que quis ficar naquela ilha. Sabia também, que tinha vários problemas para resolver e segredos de seu passado que ela nunca poderia saber. E que nunca poderiam ficar juntos, era quatros mais velho que a garota, sendo que ela tinha apenas treze anos.
Os olhos da garota o flagraram encarando-a e Wendy sentiu o rubor subir as bochechas. Observou o garoto se levantar e se aproximar. Sentou-se ao seu lado e sorriu.
- Eles são felizes aqui. - Comentou a garota indicando com a cabeça os meninos perdidos em volta da fogueira. Peter observou-os por alguns segundos; os meninos que sua sombra trouxera. Meninos perdidos e sem ninguém.
- Sim. Eles são. - Peter concordou e discretamente, mexeu em sua bota para confirmar se ainda permanecia ali o que estava guardado. Ele tentou desviar o olhar depois de perceber que seu rosto fizera uma expressão estranha.
- Tudo bem, Peter? - Wendy perguntou preocupada.
- Vem comigo, Wendy. - Completou Peter.
Wendy o seguiu confusa e curiosa até uma das cabanas no acampamento. A pequena casa na arvore era simples e havia três camas feitas de folhas das arvores. As cobertas eram as mesmas que vinham com os meninos que resolviam ficar na ilha.
Peter a sentou em uma das camas e depois fez o mesmo. Ele não sabia por onde começar a explicar. Sabia que tinha que agir rápido, pois, logo a garota o encheria de perguntas.
- Peter, eu não estou entendendo. Aconteceu alguma coisa? Tá tudo bem? - Ela perguntou procurando o olhar do garoto.
- Wendy, eu preciso que entenda uma coisa. - Ela concordou com a cabeça. - Tem, tem algo muito errado com... Com a ilha. Corremos o risco de ela afundar. - Cada palavra mentirosa que Peter dizia, seu coração se apertava. Nunca havia se sentido assim na vida.
Depois de tudo o que tinha feito, depois de toda a tristeza que causara á outras pessoas, nunca tinha se sentido tão... Mal. Nunca se arrependera na vida, mas sentia que no futuro iria se arrepender.
- Então, temos que fazer alguma coisa! Talvez, pó magico ou...
- Não. - Disse Peter interrompendo-a sacudido a cabeça. - Não há nada. Wendy, tem que ir. Tem que partir.
- Sair da Terra do Nunca? Voltar pra casa e me tornar uma adulta sem graça? - Falou a garota negando. As ondulações do cabelo cobriam seu roso anguloso e fino.
- Tem que crescer Wendy! - Disse Peter com a voz firme. - Eu estou te deixando ir. Tem que voltar e viver sua vida... Com seus... Seus...
- Pais? - Ela completou vendo que Pan não conseguia dizer essa palavra. Ele concordou com uma expressão estranha. - Peter, eu não vou sair. Não quero voltar. Quero ficar aqui, com você e com os meninos perdidos. Minha casa é aqui.
Peter percebeu que a garota não se renderia facilmente. Se quisesse protege-lá, ou "se" proteger; se quisesse impedir que sua magia acabasse, teria que manda-lá embora. Era a decisão mais egoísta que já tomara na vida.
- Tudo bem então! - ele forçou um sorriso e caminhou até a mesinha de bambu com duas xícaras diferentes e um bule com chá. Com um simples pensamento, o frasco de vidro em
sua bota veio á sua mão e ele despejou a poção junto com o chá na xícara. - Pode ficar! Mas, tem que me ajudar em algo.
- O que? - Wendy perguntou sorrindo e encarando aqueles olhos brilhantes que Pan possuía. Ele entregou a xícara a ela, depois ergueu-a no ar.
- Salvar a Terra do Nuca!
- Vamos salvar a Terra do Nunca! - Wendy completou erguendo a xícara e tomando um pouco do liquido de dentro.
Seus olhos encontraram os de Peter quando ela abaixou a xícara e viu angustia e arrependimento neles. Wendy não entendia o motivo de tanta infelicidade da parte dele. Peter se levantou e ficou um tempo de costas para ela.
- Peter? - Chamou Wendy levantando-se e indo até ele. Pan virou-se e a olhou. Ele era muito mais alto que ela, tendo que se curvar para olhá-la nos olhos,
- Me desculpe, Wendy! - Disse ele por fim. - Eu... Eu nunca devia ter deixado você ficar!
- O que? Peter eu não estou entendendo. O que quer dizer? - O silencio dele foi suficiente para ela entender. - O que tinha naquele chá? A ilha não vai afundar não é? Não é?!
- Me desculpe.
Ambos ficaram se encarando. Wendy tinha fúria olhar e o fuzilava. Ela observou Peter Pan pela última vez. Sua roupa verde, seu corpo magro e alto e seu cabelo dourado bagunçado.
- Porque? Porque não me contou? Porque não me falou a verdade? - Começou a garota mas, ao notar que seu corpo estava perdendo a cor, estava ficando transparente e ela estava desaparecendo, esqueceu de toda sua raiva. - Peter! Peter! Não me deixe ir! Peter!
Peter a observou desaparecer cada vez mais. Os cabelos ondulados e compridos. Seus olhos cinzentos cheios de insegurança. A poção do esquecimento estava fazendo efeito. Wendy desaparecia em instantes e nunca mais se lembraria de nada do que viveu ali. Não se lembraria dele, e ele esqueceria dela. Ela voltaria para casa e cresceria. Wendy desaparecera. Apenas faíscas brilhantes sobraram no lugar da menina de treze anos que antes, ali estava.
Peter respirou fundo convencendo-se que fez a coisa certa. Notou um pequeno pingente brilhando no chão. Era um pequeno colar com um pingente de pedra. Fora um presente dele, feito de um pequeno pedaço da pedra dos desejos que encontrara uma vez. Observou o pingente balançar a sua frente e depois o guardou no bolso.
- Eu sinto muito, Wendy.


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