What Happens into the Wood? escrita por Revoltada


Capítulo 2
The First


Notas iniciais do capítulo

Oiiii, (Revoltada, ou simplesmente deusa, aqui!!)
Gente precisamos de mais fichas para postar outro capítulo. Eu escrevi este ontem, espero que gostem.
Ahh possívelmente a Yurippe vai me matar, mas ela me deixou no vácuo sinistro, então é minha culpa sim, mostrar sem postar. Te amooo Helen



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É impossível dormir quando sua audição é aguçada. De novo fui acordada por vozes, mas surpreendentemente não foi pela bagunça dos deuses e espíritos, e sim pela confusão de uma taberna à poucas milhas. Fechei forçosamente meus olhos, na esperança de conseguir voltar a dormir. Era impossível, minha curiosidade não deixaria isso acontecer. Suspirei enquanto me levantava para ir em direção ao som do tumulto humano.

A trilha que levava a pequena taberna era bem formosa, com diversos frutos e flores. Grandes árvores brincavam de tocar o céu, o sol por conseguinte irradiava de forma alegre e atraente. Alguns esquilos brincavam com as nozes que ficavam perto da pequena cabana, onde humanos iam para beber, encontrar mulheres para passar um tempo e fazer negócios, particularmente a última era minha parte favorita. Cheguei bem perto da janela oval, empoeirada pela ausência de atenção.

Um homem forte e musculoso com a uma barba de porte médio loira, da mesma cor do cabelo raspado nos cantos, sentava-se em uma mesa no centro do salão. Em cima do seu colo uma mulher de cabelos encaracolados e castanhos ria demasiadamente, seu vestido descoberto que fluia livremente em seus abundantes seios, afagavam o soldado. Outra mulher se juntou a eles, dessa vez era uma ruiva.

Muito ansiosamente comecei a ouvir aquela conversa. Aqueles olhos penetrantes me chamavam a atenção, da mesma maneira que aquele sorriso sacana fazia aquelas duas garotas corarem.

— Então, damas, como vocês me prefeririam ter na cama?

Alguns risinhos estridentes seguiram daquelas bocas. A morena praticamente rebolava em seu colo tentando ter toda atenção para si. A loira percebeu os ataques, nada singelos, da adversária não deixou-se abalar. Suas mãos pousaram no peito do jovem loiro e sua voz melodiosa chegou a encantar até à mim.

— Não preferiria nadar no lago, juntos... — Chegou bem perto do ouvido dele e sussurrou — ... pelados?

Enquanto o soldado se dava bem com as jovens moças, um outro jovem passou por mim entrando na pequena taberna. Julgando pelos seu trajes pomposos e vistosos se tratava de um nobre, em seus anos de liberdade. Ele trajava uma feição preocupada e assombrada em seu delicado rosto. Seu olhar percorreu a sala, analisando um por um, por fim abriu a boca, e jurei ouvir a voz do deus Oengus.

— Quem atende pelo nome de Trystan Seamus?

O soldado, que a pouco se divertia com as donzelas, sem se levantar repondeu com um timbre alto e claro.

— Quem pergunta?

— Duncan Marin Grand nobre por direito, filho de Eleor Marin Grand.

— O que o filho riquinho de um traidor vem à minha procura no meio da floreta, sem guardas?

— Isso seria um assunto a tratar em particular, mas poderia adiantar que gostaria de contratar os seus serviços.

Essa última frase pareceu chamar a atenção do mercenário contingente, pois ele se levantou empurrando quase gentilmente as moças. Os dois homens seguiram para uma mesa afastada, aonde jazia um lampião velho pendurado bem acima cujo no momento encontravam-se as duas cabeças.

— Preciso achar a cura para a doença da minha mãe, que por conseguinte é a mesma que a minha. Nenhum curador conseguiu curar. Preciso da sua proteção enquanto faço esta busca. Pagarei diariamente duas libras...

— Contra exatamente o quê quer a minha proteção?

— Segundo uma bruxa que,..

— Desculpa, mas receio que não posso lhe ajudar!

— Como assim? Eu nem ao menos terminei de falar.

— Não protejo pessoas contra bruxas!

— Mas não preciso de proteção contra ela — ele contestou com uma voz desconcertada — Preciso de proteção contra os seres brincalhões da floresta e contra futuros assaltantes... Como estava dizendo, a bruxa me disse que eu tenho que encontrar o deus Diancecht, ele saberá o que tenho que fazer.

— Você quer encontrar um deus? Não servia um espírito? Acho que até a famosa protetora Alys Seang Shanell!

— Ela é apenas uma história para crianças ficarem com medo.

— Se você diz, mas o que escutei por aí foi que ela vigia todos os viajantes… — Que barbaridades que falam de mim por aí, eu não “vigio”, apenas sou curiosa — E que a beleza dela é extraordinária deixando os homens enfeitiçados, ela é pior do que bruxas sensuais e belas.

— Como havia dito, é apenas uma lenda. Voltando aos negócios, os duendes e as ninfas me preocupam, estou doente e não tenho forças para me defender deles.

— Tudo bem, serão duas libras por dia na primeira semana, depois disso aumentarei para três! Negocio fechado?

— Sim! — Eles se levantaram e trocaram apertos de mão em sinal de pacto. O mais selvagem dos dois disse que só tinha alguns assuntos para resolver antes e depois partiriam.

Assim que a moça, com cabelos cor do sol, o viu voltando com um semblante safado e misterioso, tratou-se de ajeitar os cabelos e o busto, deixando-o mais à mostra do que o necessário. O soldado se aproveitando da situação agarrou a cintura dela e colou seus lábios nos ouvidos, sussurrando uma frase tentadora carregada cheia de luxúria.

— Que tal nadarmos pelados agora?

A donzela sorriu, piscando olhos em sua direção, delicadamente se afastou e seguiu em direção a porta da taberna. Afastei-me mais ao extremo para que não fosse vista. Assim que Trystan passou pela porta, a moça, que se me lembro outrora se chamava Ginessa, correu dando pulinhos e gritinhos até ser carregada por ele até o lago. Assim que chegaram ele se apressou em tirar a roupa, seu porte definido, porém com algumas cicatrizes — marcas de batalhas vencidas — arrancou um suspiro fértil da Ginessa, seus lábios se abriram em um sorriso satisfeito. A jovem não perdeu mais tempo do que o necessário para se despir e entrar atrás dele na gélida água.

Em um momento quente e prazeroso, para eles, me afastei, estava cansada de escutar gemidos. Andava devagar, com uma túnica cobrindo minha cabeça. Não precisava das ninfas me perturbando com as injurias contra as brincadeiras dos duendes. O pano se arrastava no chão, marcando minha presença ali. Meus ouvidos se mexeram, como os dos coelhos quando escutam algo, alguém vinha por este caminho, contudo estava um pouco distante. Melhor, duas pessoas, dois homens.

Corri silenciosamente pelas árvores, era mais seguro. Encostado em um tronco reclinado estava o nobre da taberna, um jovem moreno e delicado, com incríveis olhos cinzas, o beijava. Ducan suspirava abafado, suas mãos acariciavam o cabelo do menino à sua frente. Com um impulso reverteu as posições. Pareciam um deus e um espírito se amando. Estava empolgada com a cena que me descuidei caindo do tronco. A queda fez um baque, tirando os amantes da sua bolha.

— Quem está aí? — Ducan Marin perguntou, meio nervoso.

O silêncio se instalou, havia me escondido bem. Alguns minutos se passaram até o mais jovem dizer que devia ser algum esquilo que tinha caído da árvore. Com muito relutância ele aceitou e eu fui embora, antes que fosse vista.


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Notas finais do capítulo

Glossário
•Oengus: Deus da juventude, do amor, da beleza e da inspiração poética. Era filho de Dagda e Boann e, assim como o pai, possuía uma harpa mágica, que produzia um som doce e irresistível.
•Diancecht: Deus da cura foi o grande médico e curador dos Tuatha Dé Danann, responsável pela restauração do braço de Nuada por um outro braço de prata.

Qual outra dúvida, comentem :)