O diário de Damon Salvatore escrita por Renata Ferraz


Capítulo 1
Querido diário


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e comentem bastante, please!



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Não vou começar com querido diário, nem coisa parecida, não sou assim, na verdade o plano era não ser sentimental, ou me importar, mas o triste desfecho da minha retórica é que me importo, e como me importo, não só com meus amores, mas também com meu eu, sei que apesar de tudo eu não me perdi, minha humanidade me mantém são, meus sonhos alimentam a esperança entorpecida envolta de uma alma atormentada com os próprios erros e escolhas.

Tenho vagado acompanhado da solidão, companheira essa fiel e seguidora, todos os dias brindo a ela minha pesarosa sorte. Mas para que me lamuriar de nada adiantaria, pois tudo o que perdi está perdido. Uma poetisa uma vez escreveu um poema acerca da arte de perder (Elizabeth Bishop- One Art) e nessa eu sou mestre, primeiro perdi a chance de uma vida plena e de um amor verdadeiro e como tenho perdido desde então, mas por outro lado é bom, pois só perdemos aquilo que possuímos, então mesmo tendo sido por um breve momento eu tive o mais perfeito amor, a mais perfeita vida, e esse momento eu não trocaria nem por toda a eternidade que me assola e que me brinda todos os dias com o escárnio de viver sem ter para onde ir.

Sim esse que vos fala é o que restou de um confuso sonhador que viu seus grandes amores partindo sem ter como impedir ou acompanhar. Primeiro a geniosa Katherine, hoje estou curado desse mal, mas já fui um doente equivocado, para mim a vida não teria sentido sem ela, e cada noite que vaguei era a lembrança dela que vinha em minha mente, durante tempos meu coração entorpecido se enganava para não encarar a dor de não tê-la junto a si, pobre e burro coração, eu falei que se apaixonar era perigoso, mas ele sempre foi tão teimoso, e assim passei mais de uma século ansiando a doce e perigosa musa que me encantara com suas artimanhas e depois por obra do destino havia sido tirada de mim, bem era o que eu pensava na época.

Por muito tempo culpei meu irmão pelos meus erros e me permiti odia-lo pelos motivos errados para assim alimentar meu ego e fazer meu sofrimento ter sentido nessa vida caótica. Não pense que vegetei nesse tempo, eu vivi outros amores, mas os amores da carne, pois amores da alma, para mim só existia um, era ela, e era seu nome que eu sussurrava cada vez que achava que não poderia mais suportar a solidão de não tê-la junto a mim, Katherine ecoava em minha alma e cada fibra do meu ser vibrava com a musicabilidade de seu nome proferido em meus impuros lábios.

Decidi que arriscaria tudo só para a chance de vislumbrar sua perfeita silhueta que tanto me encantara, e assim partir em uma longa jornada repleta de descobertas e desafios e no meio dessa jornada conheci a doce Elena e no mesmo instante praguejei o impetuoso senhor destino por ter me pregado tamanha peça. Elena era como um espelho de Katherine, a mesma face, a mesma silhueta, porém não o mesmo olhar. Enquanto Katherine refletia astucia, desejo e paixão, Elena refletia tristeza e desolação, eu disse a mim mesmo várias vezes que não me envolveria, mas posso te contar um segredo? Sou tão teimoso quanto o meu coração e tentei convencer a mim mesmo que se tratava apenas de uma maneira de frustrar meu irmão. Esse é o nosso carma, a nossa maldição, nos apaixonamos por Katherine e agora ele estava louco de amor por Elena, e eu não podia me apaixonar também, então tentei afasta-la e fazê-la me odiar, tudo isso para não precisar me importar.

Eu segui o plano original, e consegui entrar na tumba enfeitiçada, onde havia perdido a minha musa de outrora Katherine e para minha surpresa ela não estava lá, nunca esteve, o que posso dizer, ela nunca se importou da mesma forma que eu me importei, e agora eu estava destruído mais uma vez. Eu devia ter dados ouvidos à razão e ter partido, mas como não penso nas consequências eu fiquei e aos poucos a doce Elena começou a penetrar meus pensamentos, tais como agulhas, doloridas e intensas, e cada vez que eu a via meu coração sangrava de tristeza e eu já não era mais eu.

Comecei a me refugiar nesse amor insano e egoísta, fadado a repetir o mesmo erro, amar a mesma mulher que meu irmão e com o mesmo rosto, comecei a achar que devia ser alguma punição, eu devo ter feito algo muito grave para tal sina me perseguir. No começo eu tentei me convencer de que só a estava protegendo para me redimir, não queria admitir que mais uma vez eu havia sido fisgado, por mais que eu tentasse me afastar, ela vinha até mim, sempre indefesa.

Nunca esquecerei do dia em que nós dançamos juntos pela primeira vez, meu irmão seria seu par, mas ele não apareceu e mais uma vez eu estava lá para salvá-la, e enquanto dançávamos senti como se fossemos apenas um, e seu olhar embora refletisse a tristeza da perda, refletia também a inocência de um ser que sabe amar.

E depois de um tempo tive que confrontar meu passado mais uma vez, Katherine havia voltado, mas não para meus braços, ela tinha seus motivos mesquinhos e eu não estava incluso neles, ao contrario ela brincou com meu velho e sofrido coração da maneira mais cruel que alguém poderia fazer, e o que fiz depois disso? Afoguei minha mágoas como um tolo beberrão, era isso que vinha me anestesiando há muito tempo. E para fugir da dor eu criei uma armadura, uma personagem forte, fútil e cruel e tem sido assim desde então, mas por dentro eu chorava de dor e tristeza pelo desamor , pela minha sina, por mim, e por tudo a minha volta, era como joias em uma tumba (Elizabeth Bishop- Imaginary Iceberg), por fora morto, se me importar, mas por dentro vivo e pleno.

Depois cheguei há um ponto em que não podia mais suportar ficar longe de Elena, a ideia de que algo pudesse acontecer a ela me deixava fora dos eixos, lembro quando sua vida foi colocada em risco, por ela ter o mesmo rosto de Katherine, ela teria que morrer para quebrar uma maldição, e isso me deixou louco, furioso e ao mesmo tempo estúpido e descuidado e quase coloquei tudo a perder, fui tão egoísta que depois que ela se salvou quem quase morreu fui eu devido ao veneno de um lobisomem enraivecido e nesse momento de pré-morte eu comecei a ver coisas e via Katherine vindo me confrontar a todo instante, mas na verdade quem estava ao meu lado era Elena, mas eu não conseguia ver.

Meu irmão para me salvar, sacrificou tudo o que tinha conquistado, sem pestanejar ele começou a seguir Klaus em troca da cura para a mordida que estava me matando e assim fiquei com a missão de cuidar de Elena, mas com um conflito interno, eu a amava, mas por outro lado, meu irmão havia sacrificado seu amor por ela para me salvar, e isso começou a pesar fundo em meu teimoso coração.

Por mais que eu tentasse não conseguia fugir e aos poucos ela começou a compartilhar de um sentimento tão intenso quanto o meu, porém a culpa estava corroendo-lhe a alma, e a negação foi o caminho mais fácil, pois a aceitação era admitir que sentia algo por mim, e ela estava confusa, pois amava meu irmão e ele a amava, só que estava perdido, ela tinha nas mãos um dilema, fazer meu irmão se reencontrar e matar o que sentia por mim, ou deixa-lo se perder cada vez mais e assumir que eu estava presente em seus sentimentos. Ela optou por salvar Estefan e eu tentei ajuda-la de todas as formas possíveis.

A todo instante eu tinha medo de perdê-la, sua vida era colocada em risco a todo instante, ela tinha um imã para problemas, acho que por isso me sentia tão atraído, sempre fui um problema e dos grandes, fiz muitas coisas ruins, coisa que não gosto nem de lembrar, mas o amor que sentia por ela estava me modificando, eu me sentia mais vivo.

E agindo sem pensar mais uma vez, eu a beijei, um beijo no qual eu não me arrependeria nunca, um beijo que me faria perecer eu sei, mas mesmo assim eu ansiava e eu precisava disso para anestesiar meu ego e comover minha alma controvérsia. Embora ela estivesse confusa eu sabia que ela também ansiava pelo beijo. E enquanto a beijava tudo a minha volta havia desaparecido, eu vibrava como a chama mais ardente, cada centímetro de mim era revigorado, ela era a cura para meu ser doentio e caótico, era também a minha perdição, por ela eu arriscaria tudo.

E para minha surpresa em outra ocasião ela também me beijou, me senti o ser mais feliz e poderoso nesse momento, cada fibra do meu ser gritava para meu ego que era real e que enfim eu seria amado afinal, eu queria me desmentir, falar que era o momento, que era ilusão, mas no fundo sabia que tal batalha nem valeria a pena, eu não me importava com as consequências, o presente já bastava e no futuro a lembrança desse presente que estaria distante acalmaria minha insanidade.

Então decidimos acabar com o problema pela raiz, teríamos que matar Klaus, muitos planos e teorias ganharam forma, mas em todos fomos derrotados e depois de tudo descobrimos que acabar com tal monstro resultaria no nosso fim também, uma vez que havíamos sido criados através de seu sangue, então teríamos que achar uma alternativa e assim tentamos e também fracassamos e nessa jornada perdemos muito mais do que esperávamos, perdemos Elena, ela foi beijada pela senhora morte e se transformado no ser que tanto abominava, é contraditório eu sei, por uma lado ela amava ao meu irmão e me amava também, mas por outro, ser como nós era o fim, o fim de tudo que ela havia idealizado em sua vida.

E assim seguimos a vida, tentando ensinar a ser mais fácil, tentando dar um atalho para ela, mas às vezes para chegarmos a algum lugar temos que seguir o caminho longo e difícil.

E então algo inesperado aconteceu, ela começou a compartilhar dos mesmo sentimentos que eu e mais que isso parou de esconde-los, ela me procurou e juntos fomos ao infinito, nos rendemos a nossa própria perdição, eu sabia que era errado, pois tal sentimento era uma ligação, mas nesse momento eu agi por impulso e fiz o que não devia ter feito, peguei o atalho.

A menção da cura fez novas esperanças surgirem para todos menos para mim, se Elena a tomasse voltaria a ser humana, e eu tinha medo desse sentimento não ser real e mais uma vez ter meu coração dilacerado, lutei contra mim mesmo mais uma vez, se salvaria Elena ou se seria egoísta e salvaria ao meu próprio ego, e temendo ser cruel com a pessoa que mais me importava, parti atrás da cura, no fundo não queria encontra-la, não queria perder Elena, mas eu sabia que tinha que fazer o que era certo, agora você vê, eu um vampiro que segue a fama de ser cruel, arrojado e atraente, doente de amor e com um grande dilema nas mãos. É meu lado humano estava mesmo me matando, só que dessa vez eu não podia desligar, eu queria me importar e sabia que o sofrimento era inevitável.

Conseguimos a cura e no fim de tudo quem “se curou” foi Katherine, foi um castigo mais que merecido, a dominadora estava dominada, a fortaleza estava ruída, ela era indefesa tal como Elena fora até a pouco tempo atrás e apesar de tudo não me compadeci dela, na verdade não me importava mais, engraçado alguém que passei quase toda a minha vida amando, não fazia mais falta, ao contrario causava asco e ressentimento, e seu castigo não foi só ter se curado, mas como descobrir que em breve sua vida seria ceifada pela própria humanidade que ela abominava.

E quanto a Elena, ela sofreu muito, é a pessoa com mais perdas que conheci, perdeu seu ultimo elo com a humanidade no momento em que seu irmão morreu e então ela desligou, pensei que nunca mais a traríamos de volta, e ela estava tão cruel que até me assustava, eu sabia que no momento em que se encontra-se novamente o remorso e a culpa iria ruir a armadura que ela tanto ostentava no momento, e eu temia não conseguir ajuda-la a trilhar o longo caminho que vinha pela frente.

Afinal Elena se encontrou recuperou sua humanidade e quebrou a ligação comigo, eu estava pronto para partir, pois o que havíamos vivido era a ilusão de uma mera ligação, porém ela revelou que apesar de tudo, apesar de eu ser o mal, a irresponsabilidade, apesar de ser aquilo que a afasta do que é certo, ela não conseguia mais lutar contra esse sentimento e cedeu à paixão, declarando-se para mim de uma maneira que eu nunca esperaria que ela fizesse.

E assim passamos a viver nosso próprio conto de fadas, foi eterno enquanto durou, foi mágico eu diria, mas o passado veio nos confrontar mais uma vez e com ele trouxe a insegurança, fazendo nosso conto de fadas não ser mais tão encantado assim, eu fiz de tudo para poder merecer o perdão e a dádiva de estar com ela outra vez, porém ela começou a se afastar e também começou ser cruel. Foi na mesma época em que Katherine morreu, eu achando que minha vida enfim entraria nos eixos, um fantasma a menos para me assombrar, e Elena começa a me desprezar.

Até que descobrimos que aquela não era Elena e sim Katherine com suas artimanhas, e mais uma vez trouxemos Elena de volta, mas infelizmente nosso conto de fadas estava quebrado, eu era ruim e despertava o pior dela, então cada um tomou seu rumo e deixamos nosso conto cair no esquecimento. Meu coração continuava sangrando de dor, desespero e desejo de estar com ela, mas eu não aguentaria estar perto e não poder toca-la, isso para mim era pior que a morte no sentido mais literal da palavra.

E quando enfim ela se rendeu ao sentimento, quem se perdeu fui eu, fui para um mundo paralelo, no qual fiquei vagando com Bonnie revivendo o mesmo dia todos os dias de nossa jornada solitária nem tão solitária assim. Nesse período que passamos juntos os laços da amizade entre nós que nunca foram forte, se tornaram indestrutíveis, ela era uma menina assustada em um lugar conhecido desconhecido e eu era um vampiro vivendo no meu próprio inferno particular, até encontrarmos alguém que pôs a prova nossa amizade, fazendo Bonnie se sacrificar para que eu pudesse voltar para Elena.

Mas mais uma vez Elena havia se perdido, não totalmente, mas o seu sentimento por mim sim, a dor da minha ausência era tão grande para ela que ela pediu para ter suas lembranças comigo retiradas, era a forma dela conseguir seguir sem mim. E mais uma batalha teria que ser travada, fazê-la me amar novamente sem se lembrar que tínhamos um conto de fadas juntos, onde ela era a bela donzela e eu o cavalheiro errante que sempre a salvara.

Tentamos recuperar as memórias de Elena, porém mais uma vez o destino nos pregou uma peça e tal feito seria impossibilitado,e assim eu parti numa missão solitária e arriscada de fazê-la se apaixonar por mim novamente, já que agora ela só via o pior de mim. Com o tempo ela conseguiu enxergar que apesar de tudo eu também tinha sentimentos e me importava com os outros, principalmente com Bonnie, e aos poucos ela foi cedendo e nossos sentimentos aflorados falaram mais alto.

E assim seguimos nossas vidas criando novas lembranças, novos momentos e novas perspectivas, até que Bonnie para minha total felicidade consegue retornar do nosso mundo prisão paralelo psicótico e consigo trouxe um presente incomum, “ a cura”, eu achando que nunca mais ouviria falar disso novamente. Eu sabia que a coisa certa a ser feita era dar a cura para Elena, mas uma parte de mim fraquejava da mesma maneira que antes, não queria perde-la, porém percebi que ela estava infeliz, ela queria uma vida normal e eu fazendo talvez a coisa mais altruísta que já fez dei a cura para ela, na verdade fui forçado a dar pela minha querida “mamãe Salvatore” que de querida não tem nada, pelo contrario ela era cruel, louca e calculista ( será que estou me descrevendo?).

Prometi então para minha amada Elena que tomaria a cura com ela e juntos teríamos uma vida breve, mortal e feliz. Eu não estava certo se queria tomar a cura, mas para tê-la ao meu lado faria qualquer sacrifício e assim comecei a me convencer que era isso o que eu queria, eu estava emotivo e apaixonado, ainda mais com o casamento de meu amigo Alaric, porém a vida estava para me pregar mais uma peça, só que dessa vez era definitiva.

No casamento de Alaric, o bruxo psicopata que Bonnie e eu conhecemos no inferno prisão mundo paralelo, apareceu e causou uma carnificina e lançou um feitiço muito poderoso em Elena, tal como a bela adormecida ela iria dormir por muito tempo, e infelizmente não seria um beijo de amor verdadeiro que a acordaria e sim o dia em que minha amiga Bonnie morresse, pois tanto a vida de Bonnie como a de Elena estavam interligadas.

Confesso que cheguei a pensar em dar prioridade para Elena, mas eu não poderia ser egoísta a tal ponto, pois além de perder a Bonnie eu perderia o amor de Elena.

E esse é o meu verdadeiro inferno seguir em frente sem poder vislumbrar o doce sorriso de minha musa amada. Seguir os dias vazios e sem emoção, tendo o toque dela somente como lembrança. Lembra do que eu disse sobre a arte de perder? Eu falei que era mestre em tal arte, pois cada dia perdemos algo, e o que eu perdi não da para descrever. Por amor a ela resolvi me manter são, não posso manchar o que vivemos e me entregar, resolver não me importar é covardia, e como eu disse antes, eu preciso sentir essa dor para saber que tudo foi real.

Espero um dia ter tudo de volta, enquanto isso vou seguir meu caminho me alimentando da esperança, dos sonhos e de nossos terno eternos momentos juntos.

E como sou inconsequente pode ser que eu me desvie um pouco, pode ser que eu deixe de me importar quando a dor foi demais para suportar, mas uma coisa é certa, sempre usarei a força desse amor para retornar, esse sentimento sempre será minha maior força, minha ancora que me fixa no mundo e diz que sempre haverá uma esperança, um meio de voltar e uma forma de ser feliz outra vez ao lado dela.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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