O Draco ajudou-me a pôr a mesa enquanto eu contava-lhe como o Scorpius tinha-se dado muito bem com o resto da família Weasly.

— A Sra Weasly diz que se não te importares ela vai coser-lhe uma camisola como faz para todos os outros netos e filhos. – Comentei com um sorriso ouvindo mais uma vez o riso do Draco.

— Não me importo nada, eu vou escrever-lhe e agradecer pela simpatia.

— Okay, se não te importares... - Peguei na minha varinha após pousar a panela na mesa. - Expecto patronum. - Logo apareceu uma lontra que flutuou para fora da cozinha em direção às escadas. Em menos de dois minutos as três crianças vinham a correr e a rir para se sentarem a comer.

O jantar foi bastante agradável com muitos risos e conversas normais e divertidas.

— Esta comida é mesmo boa... - Comentou o Scorpius ao terminar de comer.

— Obrigada, se quiseres eu dou a receita ao teu pai para quando quiseres comer outra vez.

— Muito obrigado,... Hermione...

— De nada! Agora podem voltar a brincar enquanto arrumamos a cozinha.

Os três abriram largos sorrisos e saltaram das cadeiras para logo depois desaparecerem.

— Então e o Ron? Ele não foi convosco busca-los? - Questionou o Draco com certa cautela, e eu suspirei, negando com a cabeça.

— Ele ao menos sabia que era hoje que voltavam?

— Eu contei-lhe... mas ele apenas disse okay e foi para a biblioteca...

O Draco bufou e veio ajudar-me com a louça.

Após termos arrumado a cozinha fomos até à sala de estar para conversar melhor.

— A poção está pronta a tempo do ano novo...

— A Luna disse-te algo?

— Não, eu não quis saber, a primeira pessoa a saber tens de ser tu, não eu, Draco, eu não tenho esse direito.

— A Astória tem andado todos os dias enfiada num apartamento na zona muggle de Londres, mas a Luna só vê uma das suas amigas do tempo de escola, por isso...

— Isso é muito estranho... Mas o que achas que está para lá daquela porta?

— Não sei, mas até tenho medo de saber...

— É difícil mas vais conseguir ultrapassar isso, Draco, eu conheço-te, e tu não costumas ficar por baixo.

— Nem tu, Mi, porque não o pões fora de casa como deverias fazer? Tens dois filhos que são das crianças mais bem educadas e cultas para além de saudáveis e felizes que já vi, tu és uma lutadora de primeira e merecias alguém ao teu lado... Ele não vê a sorte na família que tem...

— Então e tu? O teu filho é tão educado e simpático, primeiro que ele só me chama-se de "Hermione" demorou meio dia, ele é um rapaz incrível e talentoso... Tu fazes tudo pelo teu filho e tentas fazer tudo pela tua esposa e ela não quer saber...

— Maldito dia que casei com ela... Não me arrependo do meu filho, ele é o meu bem mais precioso, mas da mãe dele, arrependo-me e muito...

— Não digas isso, Draco, de certeza que houve bons momentos entre vocês...

— Pior é que não houve, Mi... - Ele suspirou e virou o seu olhar para a lareira com um olhar triste. – Depois da guerra eu planeei uma vida que se tudo tivesse dado certo, hoje, não haveriam tantas pessoas infelizes com as suas vidas...

— Draco... Eu acho que está na altura de voltarmos aos tempos de Hogwarts. – Sugeri decidida, não ia deixar que me impedissem.

— Quais deles? – Questionou, virando o olhar para mim numa tentativa de perceber o que eu estava a dizer.

— O último ano, nós fomos obrigados a afastarmo-nos e no entanto não vejo a nossa amizade demasiado danificada, podemos voltar a ser o que éramos.

Os seus iluminaram-se um pouco e um sorriso nasceu-lhe no rosto.

— Isso é sem dúvida a melhor ideia que já tiveste, sabe-tudo!

— Muito obrigada, Malfoy. – Agradeci com um aceno da cabeça. Começamos a rir os dois.

Depressa chegou o dia da Véspera de Natal, durante a semana as crianças ficavam na Toca, incluindo Scorpius por insistência da Sra. Weasly, e durante essa mesma semana era eu quem ia buscar os três, para que depois Draco pudesse ir busca-lo a minha casa.

Também se teria ficado a saber que como o Ted e Andromeda passariam o Natal na Toca, Narcisa Malfoy e a sua restante família – Draco, Astória e Scorpius – tinham sido convidados para se juntarem às festividades. Draco aceitou prontamente o convite assim como a sua mãe, que também com o passar do tempo mostrou-se uma pessoa mais bondosa que antes, principalmente por voltar a passar tempo com a sua irmã.

Nessa manhã, Ron apareceu em casa com um monte de prendas para os filhos na esperança de eles não se lembrarem da sua constante ausência.

Ao chegarmos à Toca através da rede de Floo a Ginny logo nos recebeu com um sorriso muito amistoso para os seus sobrinhos e aumentou o mesmo, se possível, para o seu irmão, e eu percebi que aquele era o sorriso mais cínico que a ruiva deu a alguém.

— Maninho! Estás vivo e de boa saúde! Como tive saudades! – Exclamou ela enquanto o abraçava e piscou-me o olho.

— Mas claro que estou! Que raio de coisa para se dizer, Ginny...

— Mione, já não te vejo desde ontem!

— Olá, Gin. – Respondi, tentando não rir do sarro que ela estava a tirar ao irmão, e muito sinceramente, eu estava a adorar (muito convivência com um certo Slytherin)!

Fomos cumprimentados pelo resto da família e quando chegou a vez da Sra. Weasly ela deixou o Ron para último.

— Meu filho, eu hoje quero-te com o teu melhor comportamento. Vamos ter mais visitas para o Natal e também passagem de ano. – Informou-o enquanto o abraçava com saudades.

— Visitas? Que visitas?